segunda-feira, 27 de novembro de 2017

AS PESSOAS QUE AMO VÃO PARA O CÉU?

Perder uma pessoa querida é uma coisa devastadora - sei disso por experiência própria. O sofrimento é grande, mas pode ficar ainda pior quando há dúvida a pessoa que morreu foi mesmo para o céu.

Se você estiver com essa dúvida, esta postagem é para você. Vou tentar esclarecer essa questão em duas etapas. Primeiro, discuto quem será salvo/a, de acordo com o ensinamento da Bíblia. Depois, mostro para você como analisar a situação do seu ente querido.

Quem será salvo/a?
A Bíblia é clara sobre a condição para salvação:
Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Romanos capítulo 10, versículo 9
Repare que há duas coisas incluídas aí: Acreditar (ter fé) que Jesus é o salvador e assumir essa fé abertamente.

Agora, há algumas coisas adicionais a considerar. Primeiro, nem toda a pessoa que se declara cristã entrará de fato no céu, conforme o próprio Jesus alertou (Mateus capítulo 7, versículos 21 a 24). 

E a razão é simples: A fé que salva é viva. Em outras palavras, ela não pode ser uma simples crença que não gera qualquer consequência, pois não transforma a vida da pessoa (Tiago capítulo 2, versículos 14 a 17). A fé precisa gerar resultado (obras).

Depois, nosso julgamento a respeito dessa questão é sempre imperfeito. Nós sempre julgamos as aparências, o exterior das pessoas com quem convivemos, e só Deus conhece o interior delas. 

E um bom exemplo disso é o ladrão, crucificado ao lado de Jesus. Ele aceitou Cristo como seu salvador nos minutos finais da sua vida e recebeu a garantia de ir para o céu (Lucas capítulo 23, versículo 43). Repare, esse homem nada fez de bom - ele mesmo admitiu isso - e ainda assim foi salvo. 

A explicação é que uma fé verdadeira tomou conta dele nos minutos finais da sua vida. Essa fé teria gerado mudanças nele, caso ele tivesse sobrevivido. E Deus sabia disso. 

A forma como a pessoa vive e os resultados que produz são boas pistas sobre a fé de determinada pessoa, mas nossa percepção sempre é limitada e pode falhar. Só Deus vê o quadro completo. Portanto, nunca acredite quando alguém, mesmo que seja pastor/a, afirme que determinada pessoa vai para o inferno, pois ninguém pode ter tal tipo de garantia.

A terceira coisa a considerar é o tamanho da misericórdia de Deus. Ele é muito mais misericordioso do que você ou eu. Por exemplo, eu nunca teria aceito a conversão do ladrão ao lado de Jesus e Deus fez isso. Eu pensaria que aquele homem queria apenas escapar da justa punição, mas Deus viu nele o que eu nunca conseguiria ter visto. 

E como fica a pessoa que amo
Acho que já deu para você perceber que ninguém pode ter certeza quanto à salvação ou não de outra pessoa. Simplesmente porque não temos informação suficiente e nosso julgamento é falho. 

A pessoa pode parecer ser um/a crente verdadeiro/a, mas seus problemas podem estar mascarados pela hipocrisia que engana a todo mundo. Ou a pessoa pode ter sido grande pecadora, mas se converteu no último minuto, como o ladrão ao lado de Jesus. Quem pode garantir uma coisa ou outra? Simplesmente, ninguém.

E nunca deixe de levar em conta a enorme misericórdia de Deus, conforme comentei acima. Onde você ou eu não vemos esperança, Deus pode operar e mudar as coisas.

Concluindo, meu conselho para você é apenas confie em Deus! Exerça sua fé, aceitando que Ele é justo, amoroso e misericordioso. Portanto, Ele fará o melhor e o certo.

A pessoa que você ama está nas melhores mãos possíveis, tenha certeza disso. E descanse em Deus.

Com carinho

sábado, 25 de novembro de 2017

A GRAÇA DE DEUS TODO O TEMPO

A Bíblia começa e termina falando da Graça de Deus e isso não acontece por acaso. E há um grande ensinamento aí para nossas vidas.

Mas o que é a Graça de Deus? Quando uma loja diz que um produto é grátis afirma que o consumidor vai recebê-lo sem pagar nada, sem dar qualquer retribuição. E a palavra grátis tem a mesma raiz da palavra graça, apontando para o mesmo conceito.

A Graça de Deus, portanto, é aquilo que Ele dá para o ser humano sem receber qualquer retribuição. E a manifestação dele é o sacrifício de Jesus na cruz para nos salvar. Afinal, nenhum de nós fez nada para merecer esse presente.

A Graça no princípio
Voltando a presença da Graça de Deus no princípio e no fim da Bíblia, o texto bíblico começa falando da criação do universo (Gênesis capítulo 1, versículo 1):
No princípio criou Deus o céu e a terra.
Ora, Deus não tinha qualquer obrigação de criar o universo e muito menos a vida que nele existe, incluindo nós, seres humanos. Ele fez isso porque entendeu ser bom. Assim, a vida é um presente de Deus, é um produto da sua Graça. E é exatamente sobre isso que a Bíblia começa falando.

A graça no fim
Agora, a Bíblia termina no Apocalipse, livro que relata uma série de visões dadas ao apóstolo João sobre o que acontecerá no final dos tempos (veja mais). E o livro termina, no capítulo 22, versículo 21, da seguinte forma:

A graça do Senhor Jesus seja com todos

O que é lembrado nessa passagem é que Deus é a fonte de todas as bençãos recebidas pelo ser humano. E, como ninguém merece ser abençoado, pois todos/as pecam, quando recebemos algum benefício d´Ele isso se deve à sua Graça. Simples assim.

A Graça todo o tempo
O ensinamento decorrente do fato que acabamos de falar é muito importante: A Graça está presente em toda a história da relação de Deus com seu povo, começando com Israel (no Velho Testamento) e concluindo com o povo cristão (no Novo Testamento).

Tenha certeza que dependemos dela para tudo, começando pela nossa existência, continuando pela proteção que precisamos receber d´Ele contra os desafios das nossas vidas e finalizando na nossa salvação, recebida gratuitamente através do sacrifício de Jesus Cristo. 

A nós, cabe unicamente reconhecermos esse fato e sermos gratos a Deus, para sempre.

Com carinho

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

DIA DE AÇÃO DE GRAÇAS

Hoje comemoramos o dia mundial de Ação de Graças. Essa é uma tradição que começou nos Estados Unidos e acabou se espalhando por muitos países. No Brasil, apenas as igrejas evangélicas/protestantes comemoram de fato essa data, pois ela não consta da tradição católica. 

Nos Estados Unidos, o "Thanksgiving" é o dia em que a família come junta um farto almoço, onde não pode faltar peru assado, e depois as pessoas ficam na frente da televisão acompanhando as programações especiais. Bebe-se muito e come-se mais ainda. 

E no dia seguinte, o chamado "Black Friday", o comércio faz grandes promoções, dando descontos gigantescos, que atraem multidões às lojas e aos sites da Internet. 

Assim, como acontece no Natal e na Páscoa, a grande questão no dia de Ação de Graças é preservar o significado espiritual da data, quase sempre abafado pelas comemorações e promoções do comércio. 

Esse é um dia dedicado a mostrar gratidão a Deus pelas inúmeras bênçãos que recebemos ao longo do ano, a começar pelo dom da vida. E gratidão é algo que agrada muito a Deus.

Um exemplo de gratidão na Bíblia
A Bíblia conta que, certo dia, Jesus ia passando e ouviu o chamado desesperado de dez leprosos, pedindo para serem curados. 

Naquela época, eram consideradas leprosas todas as pessoas que sofressem de doença na pele, como a psoríase - não era necessário ter lepra (hanseníase) de fato para ser taxado de leproso/a. 

O problema para os/as leprosos/as era a exclusão da sociedade. Essas pessoas viviam totalmente segregadas do convívio social, inclusive das suas famílias, por causa do possível contágio da lepra. Como não podiam trabalhar, elas eram sustentadas, de forma muito precária, pela caridade pública. Era uma vida terrível, por isso é perfeitamente compreensível o pedido desesperado daqueles dez homens a Jesus (Lucas capítulo 17, versículos 11 a 19). 

E Jesus atendeu o pedido e disse para aqueles homens se apresentarem aos sacerdotes, a quem, de acordo com a Lei Mosaica, cabia atestar a cura e reintegrar as pessoas à sociedade. Os ex-leprosos foram falar com os sacerdotes e foram considerados curados.

Agora, o que surpreende nesse relato é o que aconteceu depois: apenas um dentre eles voltou para agradecer a Jesus. Somente um homem mostrou gratidão, enquanto os demais, preocupados em comemorar sua restauração, se esqueceram do que Jesus tinha feito. 

E somente para quem foi grato, Jesus reservou a benção maior: a cura espiritual e a salvação (versículo 19). Os outros tiveram a saúde física restaurada, mas perderam o mais importante.

Experimentando a gratidão
Gratidão é o reconhecimento explícito de termos experimentado a Graça de Deus, na forma de alguma benção derramada nas nossas vidas. 

E também o reconhecimento de que somos totalmente dependentes d´Ele. Afinal, é por causa da sua Graça que o sol continua a nos aquecer e dar luz, a chuva cai na medida correta, a Terra não é destruída pelo impacto de um asteroide, a vida se multiplica e por aí vai. 

Tudo que existe é mantido em funcionamento pelo poder de Deus. É simples assim. E quando reconhecemos isso, de forma sincera, e nos curvamos diante d´Ele, em gratidão, aprofundamos nosso relacionamento com Deus e a vida passa a ter mais sentido.

E um coração reconhecido atrai mais bênçãos de Deus, como aconteceu com o único ex-leproso que voltou para agradecer. Portanto, gratidão é sentimento que precisamos enfatizar hoje. Precisamos ser gratos/as por tudo aquilo que Deus já fez, vem fazendo e ainda fará em nossas vidas. 

Feliz dia de Ação de Graças.

Com carinho

terça-feira, 21 de novembro de 2017

BASTA A CADA DIA O SEU MAL?


"Portanto,... não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal." Mateus capítulo 6, versículos 34

Jesus ensinou a não ficarmos ansiosos/as quanto ao dia de amanhã e a confiarmos mais em Deus. Agora, é interessante perceber que, na última parte desse importante ensinamento, Ele falou do "mal de cada dia". O que será que Jesus quis dizer com isso?

Para responder essa pergunta, vou começar dando o exemplo de um homem gordo que precisa perder peso por causa da sua saúde. Como esse homem pode vir a conseguir fazer isso? Há três formas dele tentar atingir esse objetivo:
  1. Submeter-se uma dieta radical para perder todo o excesso de peso de uma só vez - e pode ser preciso até tomar remédios. A ideia é voltar à vida normal depressa, assim que o peso ficar ideal. O princípio que governa essa estratégia é sofrer tudo de uma só vez e acabar logo com o sofrimento.
  2. Seguir uma dieta menos radical, menos sofrida, mas que vai durar longo tempo. O princípio que governa essa alternativa é minimizar o sofrimento, mesmo sabendo que ele vai durar bom tempo (talvez até o fim da vida). 
  3. Reeducar os hábitos alimentares, aprendendo a comer coisas saudáveis e nas quantidades certas. O princípio que governa essa estratégia é mudar para não precisar sofrer. 
Acho que ninguém tem dúvida que a terceira alternativa é a melhor e mais eficiente. Mas, na prática, a maioria das pessoas segue a primeira alternativa (dieta radical) ou a segunda (dieta limitada). Poucas pessoas mudam seus hábitos alimentares e nunca mais sofrem com o problema do excesso de peso. 

Ligando esse exemplo com o ensinamento de Jesus, o "mal diário" é similar ao desejo de comer mais do que se deve ou aquilo que não se pode que as pessoas enfrentam a cada dia. Trata-se dos problemas que parecem fugir ao controle e as soluções fáceis para eles, mas que levam as pessoas a fazerem o que é errado (mentir, ser hipócritas, cometer pequenas desonestidades, promover fofocas, etc), bem como as tentações de toda sorte. 

As três estratégias que comentei acima, usando o exemplo da necessidade de perder peso, são mais ou menos aquelas que as pessoas usam para enfrentar o "mal diário". 

Sofrer de uma vez só 
A estratégia radical acha ser possível eliminar o mal e a tentação da vida através de um grande esforço concentrado. A pessoa se converte e meio que suspende sua vida secular, passando a se dedicar quase tempo integral à sua religião. Vai a todos grupos de oração e cultos que pode frequentar, vive agarrada à Bíblia, só ouve música gospel e quer converter todo mundo à sua volta. 

Deixa de lado qualquer lazer, pouco se dá com amigos/as (a menos daqueles que sigam a mesma fé), deixam de se interessar pela situação política e social do Brasil e assim por diante. Passam a viver como numa "bolha".

O problema é que essas estratégia só funciona bem por pouco tempo. A pessoa faz um grande esforço para viver dessa maneira nova, mas não de fato, não deixou verdadeiramente de lado os hábitos antigos que dominavam sua vida. Apenas suprimiu essas vontades que antes a dominavam. Como o homem que suprime a fome artificialmente com remédios.

O problema é que quem segue esse tipo de estratégia cedo ou tarde acaba por voltar, aos poucos, à situação anterior. Como o homem gordo que cedo ou tarde vai precisar deixar de tomar remédios, pois não pode fazer isso o resto da vida, e aí a fome volta.

As pessoas acabam cansando dessa estratégia radical e se consolam com o pensamento que já fizeram o suficiente para ficarem livres para sempre dos maus hábitos e tentações. E sem perceber, voltam à condição anterior. São vencidas pelo "mal diário".

A verdade, é que fraquezas e tentações que corroem as vidas das pessoas teimam em continuar vivas - são como "pecados de estimação" - e um tratamento de choque não as vence. 

Já cansei de ver pessoas agindo assim e que quase sempre acabam de volta onde começaram. E o pior é que elas passam a ter muita dificuldade para novamente tentar mudar novo, pois já fracassaram.

A estratégia de minimizar o sofrimento 
Muita gente gosta da estratégia "sofrer um pouco a cada dia". É como quem tenta fazer dieta limitada por longo tempo e fica sempre lutando contra a balança. 

As pessoas se convertem mas mantém suas prioridades de vida e boa parte do comportamento anterior anterior à conversão (os tais "pecados de estimação"), mesmo que muitos dos seus hábitos são errados.

Elas se convenceram que não faz mal continuar com seus "pecados de estimação" e que será possível mantê-los sob controle. E lutam diariamente para manter tentações e hábitos ruins sob controle, para vencer o "mal de cada dia".

É uma luta diária, cansativa, pois não acaba nunca. Um bom exemplo é a pessoa que gosta muito de consumir, além do que precisa, e fica sempre lutando para não gastar mais do que ganha - frequentemente, acaba estourando o orçamento e se endividando.

Essas pessoas acham que vão conseguir viver uma vida correta aos olhos de Deus sem precisar se sacrificar muito. Aceitam mudar nalguns aspectos, mas não em outros, pois seu compromisso com Deus é limitado. E passam a vida lutando com as mesmas dificuldades, sem nunca superá-las de fato.

Foi assim que o governo brasileiro agiu durante décadas, como respeito à inflação: Aceitava um pouco de inflação para não prejudicar o crescimento do país e poder ficar bem com o eleitorado. O resultado sempre foi uma inflação que tendia a escapar ao controle. Só quando o governo adquiriu consciência que a inflação é um real mal a ser combatido sempre com rigor, foi que o Brasil superou esse problema.

A estratégia de mudar de fato
A terceira alternativa é a pessoa mudar seu interior, ajustando suas prioridades e hábitos, colocando-os em dia com a vontade de Deus. A Bíblia apelidou essa estratégia de santificação. 

E trata-se de mudar, aprendendo a valorizar outras coisas, conseguir tirar prazer de novas coisas. É equivalente ao caso do homem gordo que aprende a comer de forma mais saudável e efetiva e passa a gostar do alimento que é lhe faz bem. Ele nunca mais vai precisar passar pelo sofrimento de fazer dieta. 

Mudança interior não significa se abster de fazer todas as coisas da vida das quais a pessoa antes gostava. Eu tenho uma experiência pessoal nesse sentido, com o futebol. 

Quando era mais jovem, minha devoção ao meu time do coração era enorme. Na hora de um jogo importante, eu não via mais nada na minha frente. Se o time ganhava, ficava alegre e sentia a vida mais leve. Se perdesse, o mal humor era certo. 

O futebol, de certa forma, me dominava, embora eu não percebesse isso. Até que tomei consciência desse problema e trabalhei para mudar minhas prioridades. Hoje, continuo a gostar de futebol e não me privo desse prazer quando é possível. Mas, o destino do meu time não mais controla a minha vida.

Mudei porque entendi que o hábito anterior não era saudável. Não era bom minha vida ser controlada por um time de futebol pois há coisas muito mais importantes que precisam vir antes. Aprendi a mudar minha prioridade e não sofro quando não assisto a um jogo. 

A santificação funciona exatamente isso mas em grande escala. A pessoa coloca Deus em primeiro lugar na sua vida e aprende a ter prazer nisso. Aprende a gostar de estar na igreja, de estudar e discutir a Bíblia, de louvar e de ajudar quem precisa. Passa a fazer isso tudo porque tem prazer e não porque é obrigada. Adquire novos hábitos e se sente bem com isso.

Pode até continuar a gostar de muitas coisas que apreciava antes, mas aprende a vê-las sob uma perspectiva maior, aquela estabelecida por Deus. E nunca mais será dominada por maus hábitos.

Portanto, não há mais sacrifício em se manter no bom caminho. O "mal diário" não mais conseguirá desestabilizar a pessoa. 

A mudança do interior - a santificação - consegue dar à pessoa uma estrutura muito mais sólida para lutar e vencer o "mal diário". 

Com carinho

domingo, 19 de novembro de 2017

DEVEMOS DISCUTIR RELIGIÃO?


Existe um ditado que diz: “Religião, política e futebol não se discutem”. E a razão para esse conselho é simples: Esses temas tendem a gerar discussões acaloradas e facilmente descambam para brigas, que podem até acabar com amizades antigas. 

Mas será que a Bíblia ensina que não devemos mesmo evitar discutir nossa religião com quem pensa diferente? Ou será que o cristão tem obrigação de defender sua fé, sempre que tiver oportunidade, apesar das situações onde haja resistência?

O que a Bíblia diz 
Na verdade a Bíblia é clara em dizer que precisamos sim falar sobre nossa fé. Por exemplo, veja o que está dito na primeira carta de Pedro capítulo 3, versículo 15:
...estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós.
Portanto, é nossa obrigação, como cristãos/ãs, estarmos sempre em condições de falar sobre nossa fé e justificá-la perante quem pense diferente. Trata-se de um mandamento.

E a primeira consequência desse mandamento é que você precisa adquirir o preparo necessário para desempenhar essa tarefa. 

Por exemplo, ter capacidade de explicar porque tem certeza ser a Bíblia a autêntica Palavra de Deus (veja mais), conhecer os versículos fundamentais sobre a fé cristã (veja mais), saber falar sobre o plano de salvação de Deus, através de Jesus Cristo, etc.

Outra consequência direta desse mandamento é que você não pode se omitir, ficando numa posição confortável de “agente secreto/a" de Jesus Cristo (mais detalhes). 

Mas, isso tudo não significa que você deva brigar, partir para o confronto. Ser desrespeitoso/a. Ao contrário, o objetivo deve ser argumentar, trocar ideias e esclarecer dúvidas que as outras pessoas possam ter sobre o cristianismo. 

Nunca se esqueça que o cristianismo prega o amor ao próximo e uma atitude agressiva somente daria testemunho contraditório da nossa fé. 

Eu já tive inúmeras conversas sobre religião e nunca precisei brigar. Sempre respeitei e fui respeitado. Uma única vez as coisas passaram dos limites e, por minha culpa, pois era muito jovem e afoito. Mas, aprendi muito com aquela experiência ruim.

Cuidados para discutir religião 
Agora, para que a conversa sobre religião seja produtiva, é preciso tomar alguns cuidados. Em primeiro lugar, tenha sempre em mente que a luta não é contra as pessoas e sim contra as ideias erradas delas (Efésios capítulo 6, versículo 12). 

Lembre-se que gente tão sincera como você pode estar seguindo um caminho espiritual errado, acreditando estar fazendo a coisa certa. Basta lembrar do caso do pastor Jim Jones, que levou toda sua congregação ao suicídio, com o poder da sua pregação.

Depois, não tente "enfiar seus argumentos pela goela abaixo” da outra pessoa. Muitas vezes ficamos tão motivados a tirar a pessoa do caminho espiritual errado, que acabamos por forçar demais. 

A partir de determinado ponto da conversa, a pessoa que discorda do seu pensamento vai se fechar para novos argumentos e não adianta insistir. O melhor é parar e, se possível, aguardar outra oportunidade.

Afinal, ninguém gosta de reconhecer que vem seguindo ideias erradas durante muito tempo. É necessária uma grande dose de humildade que pouca gente costuma ter. 

Lembre-se que a palavra sobre Jesus Cristo, dada durante a conversa, não foi em vão (Isaías capítulo 55, versículo 11). De alguma forma, o Espirito Santo vai fazer com que ela frutifique no coração da pessoa, mesmo que o resultado final somente apareça tempos depois. 

Uma vez estava num táxi e o motorista me contou sobre uma palavra dada a ele, por outra pessoa, um tempo antes da nossa conversa. Essa palavra não saia da cabeça dele e ele me pediu mais explicações sobre seu significado. 

Ele saiu da conversa comigo afirmando que iria procurar uma igreja. Não sei se isso aconteceu, mas tenho certeza que o Espírito Santo estava trabalhando no coração daquele homem.

Em terceiro lugar, nunca se aproxime da outra pessoa com críticas diretas ao que ela acredita ou faz. Ao invés de dizer, por exemplo, que a religião dela é "coisa do Demônio", fale das coisas boas do cristianismo - sua agenda deve ser sempre positiva. 

Outras dicas importantes
Apoie-se nos ensinamentos de Jesus para construir sua argumentação e pode ter certeza que não haverá argumentos melhores. 

E lembre-se que você não é dono da verdade. É sempre possível que você esteja errado/a em algum aspecto da doutrina cristã. Afinal, todo mundo erra, mesmo quando quer acertar. 

Certa vez vi um pastor subir ao púlpito da sua igreja e dizer que, depois de estudar e orar muito, tinha chegado à conclusão que determinada doutrina, que sempre ensinara, estava errada. E explicou que iria conduzir a igreja a uma mudança de posição teológica. 

A atitude desse pastor foi correta – ele se convenceu que estava errado e não teve vergonha de reconhecer isso e mudar.

Finalmente, lembre-se sempre que quem muda a outra pessoa não é o seus poder de argumentação, por melhor que ele seja. Quem gera mudança verdadeira é o Espírito Santo. 

Se Ele não agir, você poderá ficar até rouco de tanto falar, que nada vai acontecer. Faça sempre sua parte, mas lembre-se que sem o Espírito Santo, não haverá resultados concretos.

Com carinho

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

POR QUE AS PESSOAS SAEM DA IGREJA?

Já vi muitas pessoas afirmarem que não gostam de ir à igreja. Não conseguem se encontrar em nenhuma das comunidades cristãs que já conheceram.

Até tentaram, testando locais que seguem diferentes orientações ideológicas (mais rígidas ou mais liberais, mais tradicionais na visão dos dons do Espírito Santo ou mais carismáticas), formas diversas de ser e praticar a fé cristã, etc, mas não se sentiram em casa em lugar nenhum. 

Em muitos desses casos, o problema real está nas próprias pessoas - na sua falta de compromisso com o Evangelho de Cristo. Falo sobre isso em diversas postagens aqui no site (por exemplo, aqui e aqui). 

Mas, conheço muitos casos de pessoas feridas pelas comunidades cristãs que frequentaram ou que não conseguiram efetivamente se encontrar em nenhum lugar. Nesta postagem, portanto, vou falar do "outro lado da moeda": os problemas que afastam as pessoas das igrejas cristãs.

Muitas delas simplesmente não conseguem cumprir sua missão adequadamente, pois não dão às pessoas o que elas de fato precisam para exercer bem sua fé cristã. Vamos ver alguns dos problemas que são comuns por aí: 

A geração de ansiedade
Hoje em dia ficou difícil viajar de avião para o exterior, principalmente para os Estados Unidos. Os incômodos tornaram-se enormes, por causa das regras de segurança impostas aos passageiros nos aeroportos. 

Viajar para o exterior de avião - uma coisa que deveria ser boa - virou motivo de ansiedade. E há aí um ponto de semelhança com algumas igrejas.

Elas também geram ansiedade nas pessoas que as frequentam e fazem isso por duas razões. Primeiro, porque estabelecem um monte de regras de conduta e acusam de pecadoras todas as pessoas que não as seguem - há pastores/as que ameaçam as pessoas com o inferno com a maior facilidade.

Pior ainda, é frequente existir nas igrejas pessoas que se auto-elegem "vigilantes da moral e dos bons costumes" e ficam permanentemente fiscalizando as outras. E não é fácil enfrentar essas pessoas acusadoras, especialmente se surge algum problema.

Era exatamente assim que agiam os fariseus no tempo de Jesus: eles transformaram a religião judaica numa coisa legalista, tornando pecado até curar um doente no sábado. E os fariseus ficavam vigiando todo mundo à sua volta, apontando o dedo acusador para quem entendiam estar em pecado. 

Jesus travou uma longa batalha de ideias contra os fariseus, mostrando que essa religião estava alienando as pessoas, afastando-as de Deus e, de certa forma, incentivando-as a serem hipócritas. E é exatamente isso que se deve dizer a respeito das igrejas cristãs que se tornam legalistas e fiscalizadoras da vida dos frequentadores/as.

O tratamento de "rebanho"
Outra questão que torna os aeroportos tão desagradáveis hoje em dia é que as pessoas são tratadas ali como um "rebanho", tangido daqui para ali. Todo mundo tem que passar pelos mesmos controles, esperar nos mesmos lugares e entrar na mesma hora, com exceção de alguns pequenos privilégios para gestantes, crianças e idosos. 

Seres humanos não gostam de ser tratados assim. Elas preferem ver suas individualidades e necessidades específicas levadas em conta. 

Infelizmente, a maioria das igrejas atua da mesma forma que os aeroportos: tudo nelas é pré-estabelecido e rígido, até os momentos de oração. Existe uma programação para ser cumprida e todo mundo precisa segui-la, não importa suas necessidades individuais.

Já conversei com lideranças de diferentes igrejas sobre essa questão e sempre ouvi que não é possível fazer as coisas de forma diferente, pois os recursos são limitados. Mas preste atenção: Há um tipo de organização que consegue individualizar o tratamento dado às pessoas, mesmo com recursos limitados. Refiro-me aos hospitais. 

Não faria sentido uma médica aparecer na emergência de um hospital particular e dizer para todos/as os/as pacientes esperando por atendimento ali: "Dentro de meia hora vamos começar a dar a mesma medicação para todo mundo". Ninguém aceitaria porque o atendimento hospitalar, por definição, precisa ser individualizado. 

Por que, então, aceitamos tratamento impessoal nas igrejas? Afinal, todo domingo, há em qualquer comunidade cristã algumas pessoas "doentes" espiritual e/ou emocionalmente, que precisam de atenção individual e não conseguem receber.

E a forma de resolver essa questão não é tão difícil como parece. Começa por decidir que o atendimento personalizado é uma prioridade e as atividades devem ser organizadas com esse objetivo em mente. Pode existir um "pronto socorro" espiritual para atender emergências e devem ser treinadas lideranças leigas para auxiliar os/as pastores/as, seguindo o exemplo de Jesus, que preparou diversos discípulos. E há várias outras providencias nessa mesma linha.

A exigência de adesão completa
Outro problema muito comum é a exigência de que as pessoas adotem integralmente o "pacote" doutrinário pregado pela denominação à qual pertencem, sob pena de serem rejeitadas.

Um tipo de organização que também lida com a questão da fidelidade às ideias é o partido político - se você se filia num deles é porque, em princípio, acredita e apoia as ideias defendidas ali. 

Agora, mesmo nos partidos políticos, o que é cobrado na prática não é a adesão total às ideias e sim a fidelidade às decisões partidárias. Por exemplo, se houver orientação partidária para os/as deputados/as da bancada na Câmara Federal votarem de determinada forma, todos/as precisam seguir essa determinação. 

Mas, repare, é preservado o direito desses/as deputados/as de discordar e lutar pelos seus pontos de vista dentro do partido, durante o debate político que precede cada votação.
E porque as igrejas não podem agir de forma semelhante, preservando algum espaço para ideias divergentes? Por que uns poucos "luminares" podem decidir por todas as demais pessoas e quem discordar torna-se rebelde e/ou pecador/a?

Certa vez uma denominação evangélica perdeu seu líder e fundador. E assumiu seu lugar o filho do líder morto, o que já não me parece uma coisa boa. Mas, deixando isso de lado, o novo líder decidiu, seguindo sua própria convicção teológica, que a denominação não podia mais ter pastoras ordenadas. E isso gerou um enorme problema para várias mulheres que vinham servindo a Deus naquela denominação.

Evidentemente precisa haver uma disciplina doutrinária dentro das igrejas, pois se cada pessoa praticar livremente o que lhe der na mente, vira bagunça. Mas é preciso haver espaço para discutir ideias e para acomodar pessoas que pensem de forma um pouco diferente. 

O desvio do foco
Uma lâmpada gera tanto calor quanto luz. O calor é indesejado, mas acaba aparecendo no processo de gerar a luz. As lâmpadas mais eficientes (p. ex. as frias) são aquelas que transformam a maior parte da energia elétrica em luz, minimizando o calor.

Há organizações que são pouco eficientes, pois geram mais "calor" do que "luz". Um bom exemplo é, de forma geral, o serviço público no Brasil - uma parte importante dos recursos se perde na ineficiência da máquina por falta de treinamento das pessoas, infraestrutura inadequada, desinteresse, corrupção, etc. Gasta-se muito dinheiro para se obter resultado final pouco expressivo.

Existem igrejas que também são assim: Tornam-se ineficientes por causa da sua estrutura complexa, burocracia excessiva, concentração de poder, etc. Acabam desperdiçando seu "capital espiritual". 

Um exemplo clássico é a igreja católica, com a enorme burocracia e os problemas de comportamento da Cúria Romana, instalada no Vaticano. Mas há diversas denominações evangélicas que sofrem do mesmo mal, no afã de ter controle de tudo e fazer tudo certinho e acabam produzindo pouco resultado em termos de vida salvas, no atendimento de pessoas necessitadas, etc.

Nunca podemos esquecer que Jesus conseguiu resultados fantásticos usando estrutura muito simples (um punhado de discípulos/as). O mesmo aconteceu com o apóstolo Paulo.
 
Palavras finais
Igrejas acolhedoras e produtivas não podem gerar ansiedade, precisam tratar adequadamente a individualidade dos/as frequentadores/as, não podem exigir adesão ideológica completa à sua visão teológica, porque seria a única forma de ir para o céu e muito menos gastar boa parte dos seus recursos e tempo em questões burocráticas e internas. 

Se sua igreja sofre de um ou mais desses problemas, você precisa olhar com atenção se está frequentando o lugar certo. Se você ainda não tem igreja, e procura uma, preste atenção nesses sinais, antes de escolher. E nunca desanime de procurar, pois certamente há comunidades que conseguem lidar bem com a maioria dessas questões, tornando-se fonte de luz para o mundo.

Com carinho

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

O TRIÂNGULO DA LIBERDADE

A ideia da liberdade está sob ataque no Brasil. Vivemos tempos difíceis - corrupção generalizada, grande violência, injustiça social muito presente, desgaste dos valores familiares e outras coisas assim -, quadro que vem gerando profundo "mal-estar" na sociedade. Hoje ninguém parece estar satisfeito. 

E estão começando a aparecer "salvadores/as da pátria", líderes que garantem ter soluções rápidas e fáceis para todos os problemas brasileiros. Mas as ideias apresentadas ferem de morte a democracia e a noção de liberdade - ideias como intervenção militar, grande repressão policial, censura, maciça intervenção do governo nas atividades da sociedade e por aí vai.

Ora, liberdade individual e democracia são muito importantes, essenciais para a vida e esses direitos foram a duras penas no Brasil, depois de cerca de 20 anos de ditadura. E posso garantir que não é nada bom viver numa ditadura - sou testemunha disso.

O que fazer então? É preciso entender onde está o problema, senão vamos ficar atirando em todas as direções, sem nunca acertar o alvo. E o ponto de partida é analisar o que sustenta a ideia da liberdade. 

O autor cristão Os Guiness criou o conceito do "triângulo da liberdade" que ajuda muito nessa reflexão. Cada vértice desse "triângulo" trata de um conceito diferente e os três conceitos se apoiam mutuamente. 

O primeiro vértice é justamente a liberdade individual: Direito de crer livremente no que se desejar, de ir e vir como se quiser e agir segundo a própria vontade, naturalmente respeitando o direito das outras pessoas. Vamos aos outros vértices.

Liberdade requer virtude
O segundo vértice do triângulo é a virtude, ou seja, a ideia que as pessoas precisam ter princípios morais governando suas vidas. São esses princípios que caracterizam "quem você é quando ninguém está olhando" (veja mais). 

Ora, só é possível uma sociedade administrar bem a ideia de liberdade individual quando as pessoas tem virtude, ou seja, seguem padrões morais adequados. Só aí elas irão se comportar da forma correta mesmo quando não forem obrigadas a isso. 

Liberdade individual sem virtude (princípios morais) gera bagunça, desrespeito, a ideia de cada um por si.
 
Virtude requer fé
A virtude requer um processo para estabelecer os princípios morais, ensiná-los às pessoas e cobrar delas o compromisso de se submeter ao que tiver sido estabelecido. E é preciso ter fé (confiança) na integridade de todo esse processo. 

Portanto, a fé é o terceiro vértice do triângulo e, sem ela, a virtude nunca prospera.

Fé requer liberdade
Fechando o ciclo, precisamos lembrar que a fé requer liberdade de escolha e crença. E é preciso que a sociedade reconheça tal direito. 

É claro que, havendo tal tipo de liberdade, irão florescer crenças absurdas e estranhas, inclusive aquelas que promovem o mal, mas esse é o preço a pagar. 

O que está acontecendo com o Brasil
Resumindo, o "triângulo da liberdade" começa na liberdade. O segundo vértice é a virtude (a aceitação e o cumprimento de regras morais), sem o que a sociedade caminha para o caos. E para aceitar o processo que estabelece e faz cumprir esses princípios morais é preciso fé. Fechando o triângulo, sabemos que a fé só pode florescer num meio onde haja liberdade.

E onde o Brasil está falhando? Por que esse esse "triângulo está se rompendo entre nós? Acho que a resposta é evidente: O problema nasce na falta virtude, isto é na presença de princípios morais adequados. 

A sociedade brasileira é caracterizada pela ambiguidade no aspecto moral. Somos adeptos do "jeitinho", da ideia que é sempre bom levar vantagem em tudo e de outras pequenas espertezas. Os princípios morais no Brasil são frágeis e muita gente pensa ser possível viver assim. 

E o Brasil fez, em 1988, uma Constituição bastante liberal, garantindo a liberdade. Mas nada foi feito quanto à virtude, quanto à falta de princípios morias. O resultado é aquele que estamos vendo. 

Sentido na pele os efeitos dessa situação meio caótica, os/as brasileiros/as começaram a perder a fé no processo como um todo e aí passaram a aparecer as ideias de acabar com a liberdade, que parece ser a causa de tudo. Essa é a origem das ideias de um governo forte, de restringir a liberdade individuais, de aumentar a repressão, etc. 

Mas a raiz de todo o problema é a falta de virtude., de princípios morais adequados presentes e governando a vida das pessoas. E os/as cristãos/ãs têm papel muito importante nessa missão. 

Sabemos que os princípios morais nos quais acreditamos, dados por Deus, são os melhores. Portanto, temos total confiança neles. E precisamos passar isso para sociedade. Primeiro, dando o exemplo daquilo que pregamos e depois ensinando e mostrando que essa é a única saída. 

Enquanto isso não for alcançado, o "triângulo da liberdade" continuará instável e o Brasil sempre estará correndo o risco de aventuras políticas.

Com carinho

sábado, 11 de novembro de 2017

COMO DAR CONSOLO

Vez por outra, encontramos alguém que precisa de consolo. Uma pessoa que passa por grande sofrimento por ter perdido um ente querido. 

Queremos consolar a pessoa na sua dor, mas temos dúvida sobre o que devemos dizer. E também sobre o que não devemos falar.

Neste vídeo eu faço uma reflexão sobre o tema de "como dar consolo" e uso o exemplo de Jó, quando foi consolado pelos seus amigos - veja aqui

Outros vídeos meus aqui no site:
Um convite para você trabalhar na obra de Deus - veja aqui
Como lidar com os pesadelos que a vida nos trás - veja aqui

terça-feira, 7 de novembro de 2017

A BíBLIA SEMPRE DEFENDEU OS DIREITOS HUMANOS

Revelação é aquilo que Deus conta sobre Ele mesmo e sobre seus planos para a humanidade. Sem essa revelação, há uma série de coisas que nunca saberíamos, como por exemplo que Jesus é o nosso Salvador (ver mais). 

Agora, Deus revelou um monte de coisas de maneira progressiva, para levar em conta a capacidade dos seres humanos de absorverem o que estava sendo transmitido. 

É exatamente assim que agimos com as crianças - elas vão adquirindo conhecimento sobre as coisas passo a passo, de forma que o conhecimento já adquirido serve de base para o que elas vão aprender mais adiante. Por exemplo, antes de estudar álgebra, as crianças aprendem aritmética. 

Essa abordagem progressiva da revelação de Deus fica muito clara na questão do tratamento que devemos dar ao nosso próximo. O início do relato bíblico – onde se fala de Abraão e seus descendentes - fala de um povo que nômade (pastores de cabras e ovelhas), com nível cultural muito baixo. 

A sociedade, naquela época, era organizada em tribos baseadas em laços de sangue. E era preciso que cada tribo conquistasse o respeito das demais, pois era essa reputação que protegia seus membros quando estavam numa condição vulnerável (por exemplo, ao serem encontrados sozinhos). Afinal, tribos menores nunca queriam provocar a ira de uma tribo mais poderosa, com medo da retaliação que certamente viria. 

Num ambiente assim, vingar qualquer ofensa de forma feroz era uma questão de manter o respeito e, portanto, de sobrevivência. E a regra seguida era preciso exercer vingança no mais alto grau possível, retribuindo qualquer ofensa (agressão, roubo, estupro, etc) em grau muito maior. 

Foi exatamente isso que fizeram Simeão e Levi, filhos de Jacó, quando um rapaz, Siquem, foi acusado de violentar a irmã deles, Diná. Em represália, e usando de um engodo, os irmãos mataram todos os homens da cidade natal daquele rapaz (Gênesis, capítulo 34).

Cerca de 400 a 600 anos depois desse fato, Moisés apresentou a lei de Deus para o povo de Israel (descendente de Jacó). Nela estava incluída a orientação para que a vingança fosse proporcional à ofensa cometida – daí vem o ditado “olho por olho e dente por dente”. 

Ora, isso já era um grande avanço, pois a retribuição passou a ser limitada, proporcional à ofensa cometida, o que era muito mais justo do que a ideia de causar o máximo de mal possível a quem cometeu alguma ofensa.

Jesus viveu cerca de 1.500 a 1.300 anos depois de Moisés, numa época em que o mundo era muito mais civilizado e estava sob domínio do Império Romano. O Império Romano seguia determinadas leis, que embora injustas aos nossos olhos modernos, já eram grande avanço sobre o que tinha vigorado até então. 

Nesse ambiente mais desenvolvido, Jesus enfatizou novas regras sobre como tratar o próximo: Amá-lo como a si mesmo/a e retribuir o mal com o bem. 

Esse era um passo revolucionário, pois Jesus ensinou que somente o amor constrói de forma permanente. E tanto esse ensinamento é verdadeiro que o Império Romano desapareceu cerca de 1.500 anos atrás e o cristianismo está aí até hoje.

Jesus com o ensinamento baseado no amor também mostrou que o perdão é necessário para se viver em sociedade. Afinal, se levarmos a ferro e fogo a ideia do “olho por olho, dente por dente”, a longo prazo todos acabarão cegos e/ou banguelas. O perdão é uma necessidade fundamental e sem ele vida vira uma escalada de vinganças. 

Foi com base nesses e em outros ensinamentos que as sociedades, onde o cristianismo se firmou como a religião preponderante, desenvolveram o conceito dos "direitos humanos" e as pessoas aprenderam a se importar e ajudar os necessitados. 

Antes do cristianismo, não se pensava em tais direitos e as pessoas mais fracas – crianças indesejadas, velhos, doentes e viúvas – eram largadas à própria sorte. 

Portanto, é fácil de perceber que Deus jamais poderia ter ordenado o amor ao próximo na época de Abraão, marcada pela luta sem tréguas entre as tribos, pois a tribo que adotasse esse ensinamento teria sido dizimada. Ou mesmo na época do reino de Israel, sempre sujeito a invasões de vizinhos poderosos.

Deus agiu em dois passos. Primeiro, a partir da época de Moisés, tornando a retribuição justa, proporcional à ofensa cometida. A sociedade já não era nômade e a organização em cidades já começava a acontecer. Num segundo momento, veio o passo final, ordenado por Jesus, quando a sociedade estava sob a lei do Império Romano. 

Portanto, é injusta a crítica de alguns pensadores /as, que tentam analisar os ensinamentos de Deus à luz dos costumes atuais e aí falam que Ele é violento e bárbaro, por exemplo por ter orientado o povo de Israel a conduzir guerras de extermínio, num mundo onde a prática vigente era “matar ou ser morto”. 

Analisar fatos de uma época muito anterior, com base nas práticas atuais, é um erro chamado anacronismo, coisa muito frequente entre historiadores/as e pensadores/as. 

Outro exemplo de anacronismo é taxar Deus de perverso porque a Bíblia não abriu guerra contra a escravidão, prática absolutamente comum na antiguidade. O caminho adotado pela Bíblia foi bem outro: Cobrar dos donos de escravos que tratassem seus servos com humanidade. E tanto é assim que, em Israel, muita gente preferia continuar como servo do que ganhar a liberdade.

A escravidão em israel nada tinha a ver com aquela, por exemplo, que foi praticada no Brasil. Não havia nada parecido com o tráfego negreiro que infelicitou milhões de pessoas. Era coisa bem diferente.

Na verdade, os ensinamentos bíblicos sempre estiveram na vanguarda dos direitos humanos, coibindo excessos, cuidando dos mais fracos, dando atenção aos direitos das mulheres (numa sociedade francamente machista), etc. 

E tanto isso é verdade que os/as primeiros/as cristãos/ãs foram justamente as pessoas menos favorecidas da sociedade na época de Jesus. Essas pessoas sentiram na própria pele como a doutrina encaminhada por Jesus era boa para os/as mais fracos/as. Por isso, escravos/as, mulheres, pobres e oprimidos/as atenderam em massa ao chamado do Evangelho. E essa é a melhor prova de tudo que acabei de falar. 

Com carinho

domingo, 5 de novembro de 2017

NÂO TROQUE DEUS POR ÍDOLOS HUMANOS

Por que as pessoas costumam sentir tanta atração por celebridades (políticos, artistas famosos/as, esportistas vencedores/as, etc)? E por que essas celebridades acabam se tornando modelos de vida para as pessoas, que procuram imitar a forma como elas se vestem, falam e se comportam? 

Penso que há duas razões para isso. A primeira delas é que as celebridades parecem ser quase perfeitas naquilo que são e/ou fazem (no esporte que praticam, na sua forma de cantar ou de representar, na sua beleza física ou na sua inteligência). E as pessoas comuns anseiam por alcançar a perfeição. 

Como não conseguem atingir essa perfeição nas suas próprias vidas, ou seja, não vivem a perfeição diretamente, acabam tentando vivê-la de forma indireta, através das vidas das celebridades que idolatram. 

A segunda razão para as pessoas serem tão atraídas pelas celebridades é que essas os/as famosos/as parecem ter total controle sobre suas próprias vidas. Parecem ter tudo aquilo que desejam materialmente, são amadas, recebidas bem em qualquer lugar, etc. 

Assim, para os/as fãs, que muitas vezes mal conseguem pagar as contas no final do mês e vivem vidas sem muito atrativo, a vida das celebridades torna-se irresistível. 

E essa atração algumas vezes chega a virar uma forma de religião e até causa histeria entre os/as fãs- a foto que ilustra esta postagem é clássica e mostra a polícia inglesa contendo, com muita dificuldade, as adolescentes que queriam tocar nos cantores da banda "The Beatles", em meados da década de 60 do século passado. Prestem atenção no rosto dessas adolescentes.

É interessante perceber que as celebridades incentivam essa "idolatria" por parte dos/as fãs. Gostam de se sentir "deuses/as". Por exemplo, Pelé se disse um predestinado por Deus para ser o maior jogador de futebol da história, John Lennon declarou que os Beatles eram mais conhecidos do que Jesus Cristo e a cantora Madonna se comparou à Virgem Maria (veja a música "Like a Virgin"). 

Muitos fã-clubes de celebridades se parecem com seitas: Objetos usados pelos ídolos (roupas, sapatos, etc) são guardados como relíquias pelos/as fãs e conseguir tocar no ídolo pode levar fãs ao êxtase. Tornou-se muito comum que fãs extremados/as tatuem no próprio corpo o nome ou a imagem do ídolo adorado. 

O que as pessoas ditas comuns não percebem é que aquilo que as atrai nas celebridades - o anseio pela perfeição e pela liberdade ampla de escolha - são vontades que Deus colocou em nós, quando nos criou. 

Mas Ele fez isso para que as pessoas viessem a satisfazer esses enseios na relação com o próprio Deus, pois só Ele é perfeito e pode ter ou fazer tudo o que quiser. 

É por isso que não podemos ser completamente felizes, não importa o que sejamos ou tenhamos na vida, se não estamos em comunhão com Deus. Somente n´Ele podemos nos sentir plenos/as e saciados/as naquilo que desejamos. 

Diversas celebridades aprenderam essa lição da forma a mais dura, pois tinham tudo e não se sentiam felizes. Apelaram para drogas, sexo desenfreado ou consumo sem limites, para preencher o vazio das suas próprias vidas, sem qualquer resultado. E algumas celebridades chegam até ao suicídio.

A morte da cantora inglesa Amy Withehouse, aos 27 anos de idade apenas, é um dos muitos exemplos trágicos dessa verdade. Outros exemplos conhecidos são Marylin Monroe, Whitney Houston, Elvis Presley e Ellis Regina. 

Gostar de um artista ou de um esportista de sucesso é natural. Eu me emocionei quando vi Pelé fazer o milésimo gol no estádio do Maracanã. Senti a morte de Tancredo Neves como se fosse de alguém da família e tenho uma série de memórias importantes, que ajudam a explicar quem eu sou criadas em cima de artistas talentosos. Ellis Regina trazendo esperanças, em plena ditadura militar, através do show “Falso Brilhante”, os Beatles cantando meus amores da adolescência, o protesto de Chico Buarque na letra da música "Construção" e Tom Jobim falando das "águas de março fechando o verão” no Rio de Janeiro. 

Celebridades podem fazer parte de nossas vidas, assim como amigos queridos, virando referências nas nossas vidas, memórias essas que sempre vão nos acompanhar. Mas idolatrar seres humanos, mesmo aqueles de grande sucesso e fama, é coisa bem diferente.

Quando as pessoas comuns idolatram celebridades, duas coisas muito ruins acontecem. Em primeiro lugar, elas pecam pois violam o mandamento e não termos outros deuses na diante do nosso Deus. E isso é muito sério.

A segunda coisa ruim é que ídolo humanos sempre acabam por gerar decepção. Eles/as envelhecem, perdem a beleza, deixam de ser quase perfeitos nas coisas que faziam (por exemplo, não conseguem mais praticar o esporte que os/as fez famosos/as ou perdem a voz para cantar lindas canções). 

Também costumam se comportar mal, pois afinal são seres humanos - por exemplo, o Pelé rejeitou a própria filha (reconhecida depois em exame de paternidade), diversos políticos queridos foram pegos em grandes atos de corrupção, artistas famosos/as, dirigindo embriagados/as feriram ou até mataram pessoas. E assim por diante. 

E quando a decepção chega, os/as fãs costumam se voltar contra seus próprios ídolos e os destroem, sem dó nem piedade. Um exemplo que me vem à mente é a ascensão e queda do cantor Wilson Simonal, que morreu cedo, de cirrose, sem nunca entender por que perdeu a fama. Ele chegou a reger um coro de 40 mil vozes no Maracanãzinho, no final de um festival da canção da Rede Globo (eu estava lá e posso confirmar que foi uma apoteose), mas no final da vida não conseguia nem cantar numa churrascaria sem ser vaiado.

Concluindo, nunca troque Deus por qualquer ídolo humano, seja ele/a quem for. Deus precisa sempre vir em primeiro lugar na sua vida.

Com carinho