Tempos atrás morreu Nelson Mandela, o Madiba, aos 95 anos de idade. Ele talvez tenha sido o maior líder político mundial das últimas décadas. E sua trajetória, indo de prisioneiro político, até Presidente da República, parece enredo de filme. Mas, sua grande contribuição para a África do Sul foi a política de reconciliação entre as populações branca e negra.
A África do Sul adotou durante séculos uma política oficial de discriminação racial (o apartheid), que deixava os negros, maioria da população local, destituída de boa parte dos direitos políticos e econômicos. E para manter os negros obedientes, os dirigentes do país cometeram muitas e sérias violações aos direitos humanos.
Mas, com o passar do tempo, a política do apartheid foi ficando cada vez mais difícil de manter. A ONU chegou a decretar um embargo econômico contra a África do Sul. E a elite branca finalmente percebeu que seria preciso promover uma abertura política. Os brancos temiam que os negros, ao tomarem o controle do governo, viessem a se vingar, como aconteceu em outros países da África, como a Rodésia (hoje Zimbabwe).
Então, Mandela entrou em cena. Ele estava preso havia décadas, por conta da sua luta contra o apartheid e era um ídolo para os negros. O governo racista o procurou e perguntou se ele toparia conduzir um processo de transição do poder, que desse aos negros os direitos devidos, mas que garantisse a integridade física e econômica da população branca.
Mandela aceitou, mesmo contra a opinião de muitos dos seus seguidores, que estavam sedentos por vingança. Ele foi libertado da cadeia, concorreu em eleições livres e foi eleito Presidente. E tornou-se, a partir daí, o garantidor da paz social na África do Sul.
Mandela teve a grandeza de saber perdoar aqueles que lhe tinham causado sofrimento, pois tinha sido torturado na cadeia. E pregou a conciliação para toda a população. E, por conta da sua forte liderança, os negros aceitaram esse compromisso e a transição foi feita de forma pacífica.
Para facilitar a transição, Mandela instituiu tribunais onde as violações dos direitos humanos cometidas pelos brancos racistas foram reveladas, mas as pessoas que tinham cometido esses delitos não sofreram qualquer punição. A punição foi apenas moral. Assim, quem tinha sofrido violência teve sua voz ouvida, mas isso foi feito sem desequilibrar o delicado equilíbrio político do país.
O famoso autor cristão Philip Yancey fez, num dos seus livros, o relato de uma sessão desse tribunal. Naquela vez, uma mulher negra se levantou para acusar um policial branco de ter matado seu marido e filho e tocado fogo nos corpos deles, tudo isso na presença dela. Ao falar no tribunal, olhando para o criminoso, sentado à sua frente, a mulher disse que o perdoava. E comentou que esperava receber visitas dele, pois não tinha mais família e queria que aquele homem passasse a fazer parte da sua nova família. O criminoso e aquela mulher se abraçaram, aos prantos, e se reconciliaram, dando um grande exemplo para todos.
Foi exatamente por usar a arma do perdão e da tolerância que Nelson Mandela conseguiu evitar um banho de sangue na África do Sul. E, por causa disso, ganhou um muito merecido Prêmio Nobel da Paz. Ao longo do tempo, até os brancos passaram a amá-lo, e ele se tornou o "Madiba", o pai de toda a nação.
Mandela era cristão (metodista) e encarnou, como ninguém, o ensinamento do perdão e da reconciliação que Jesus nos deu. E provou que Jesus estava certo, pois só o perdão constrói. O mundo ficou menor quando o Madiba morreu. Descanse em paz, Nelson Mandela. Pode ter certeza que seu exemplo frutificou.
Com carinho
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