Pentateuco é simplesmente o conjunto formado pelos cinco primeiros livros do Velho Testamento: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Essa é a parte da Bíblia mais importante para os judeus, sendo chamada por eles de Torah, ou a Lei.
A autoria desse conjunto de textos é tradicionalmente atribuída Moisés, conforme registrado em Êxodo capítulo 17, versículo 4 e Números capítulo 33, versículos 1 e 2. Agora, lendo os textos com cuidado, é fácil de ver que eles passaram pelas mãos de outros autores, que provavelmente editaram o conteúdo inicial e acrescentaram algum material, como é o caso do relato da morte de Moisés no final do Deuteronômio.
Agora, o fato dos textos originais de Moisés terem sofrido acréscimos em nada diminui a importância do Pentateuco, pois se acreditamos que o Espírito Santo inspirou Moisés a escrever, a mesma inspiração pode ter vindo para esses outros autores, que deram a forma final ao material.
Há muita discussão sobre quantos autores participaram do texto final, além de Moisés. Alguns estudiosos, pelo estilo de escrita, identificam até quatro autores adicionais, que costumam ser apelidados de Javista (por se referir a Deus como Iaveh), Eloista (por se referir a Deus como Elohim), Sacerdote (pela preocupação com as leis) e o Deuteronomista (que teria editado o último livro do Pentateuco).
Esses estudiosos argumentam que a existência de relatos repetidos no Pentateuco - por exemplo, os Dez Mandamento aparecem no Êxodo capítulo 20, versículos 1 a 17 e Deuteronômio capítulo 5, versículos 1 a 21 - comprovam essa última autoria. Com efeito, leia os dois textos sobre os Dez Mandamentos que você vai perceber claramente a diferença de estilo - não há diferenças no conteúdo dos dois relatos, mas claramente eles foram escritos por mãos diferentes.
O livro do Gênesis fala do início das coisas. Começa com a criação do universo e da vida, inclusive dos seres humanos. Depois, fala sobre o início da história do povo de Deus, começando por Adão e Eva, continuando por Noé, até chegar às quatro gerações da família de Abraão. É nesse livro onde aparece o relato da Aliança que Deus fez com Abraão e notamos as primeira referencias ao Messias (Jesus).
Êxodo fala sobre a formação do povo de Israel, começando com o relato da sua libertação do cativeiro do Egito. A família de Jacó, neto de Abraão, tinha migrado para aquele país por causa da fome em Canaã (Palestina), território onde viviam, conforme o relato do final do Gênesis.
Essa família se multiplicou e acabou gerando um povo, Israel. Em dado momento esse povo foi escravizado para ser usado como mão de obra barata na construção das grandes obras dos faraós. Depois de mais de quatrocentos anos de cativeiro, Deus mandou Moisés libertar o povo e conduzi-lo de volta a Canaã (a Terra Prometida).
É no Êxodo que estão contadas as dez pragas que o povo egípcio sofreu, sendo forçado a libertar os escravos, a cerimônia da Páscoa (na noite anterior à saída do Egito), a abertura do Mar Vermelho e a peregrinação do povo até o Monte Sinais, onde Deus deu a Moisés os Dez Mandamentos e instruções sobre como o povo deveria ser organizado.
O livro do Levítico é considerado por quase todo mundo o mais chato da Bíblia: trata-se de uma coleção de leis dados por Deus a Moisés e uma lista das punições relacionadas com o descumprimento dessas leis.
É nele que estão contidas leis que hoje consideramos ultrapassadas – por exemplo, proibição de comer carne de porco ou condenação à morte por apedrejamento de quem cometer heresia. Mas também tem muitas outras leis, que continuamos seguindo até hoje.
O livro de Números fala essencialmente da organização de Israel e da sua peregrinação pelo deserto por longos quarenta anos, fruto de um castigo dado por Deus porque o povo não teve fé, quando se viu às portas da Terra Prometida - duvidou da sua capacidade de conquistar aquele território (Números capítulo 13, versículos 1 a 25 e 14, versículos 1 a 38).
Na prática, esse período de quarenta anos no deserto serviu para Israel se organizar melhor e amadurecer, passando de um bando de escravos a um povo guerreiro e confiante.
O livro do Deuteronômio tem uma história interessante: por algum motivo acabou esquecido e somente foi encontrado por acaso, séculos depois de ter sido escrito (2 Reis capítulo 22, versículos 1 a 10 e capítulo 23, versículos 1 e 2) e incorporado ao Pentateuco.
O livro fala dos últimos dias antes de Israel entrar na Terra Prometida. Relembra muita coisa contada no Êxodo e repete/aprofunda várias leis dadas anteriormente.
Conta também os últimos dias de Moisés (que não entrou na Terra Prometida junto com Israel) e fala da Aliança de Deus com seu povo - as bençãos para a obediência e punição para o desvio da vontade de Deus.
Resumindo, o Pentateuco é um conjunto de textos fundamentais para entendermos como o povo de Israel foi formado e como sua Aliança com Deus foi estabelecida. E serve também para sabermos como Deus espera que venhamos a nos comportar, o que fica claro a partir das leis que estão contidas ali.
Com carinho
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