Kyle Schwartz é uma professora do ensino fundamental de uma escola pública, na cidade de Denver, nos Estados Unidos. Ela queria conhecer melhor seus alunos e fez algo bem simples: distribuiu para cada um(a) uma folha de papel que começava com a seguinte frase "eu gostaria que minha professora soubesse..." e pediu que eles(as) completassem com seu próprio pensamento.
As respostas foram tão surpreendentes que ela acabou por escrever um livro ("I wish my teacher knew"), ainda não traduzido para o português. Algumas repostas revelaram os dramas familiares que as crianças viviam, como por exemplo:
"Eu gostaria que minha professora soubesse que meu pai trabalha em dois empregos e eu quase nunca consigo falar com ele".
"Eu gostaria que minha professora soubesse que minha família mora num abrigo para pessoas sem teto".
"Eu gostaria que minha professora soubesse que eu não tenho lápis em casa".
"Eu gostaria que minha professora soubesse que eu sinto muita saudade do meu pai, porque ele foi deportado para o México quando eu tinha três anos".
"Eu gostaria que minha professora soubesse que eu não tenho amigos com quem brincar".
A principal conclusão do livro é que os(as) professores(as) sabem pouco sobre seus alunos(as) e isso limita muito o quanto podem ajudar essas crianças. E citou o caso de um menino, obcecado com ciência. A professora pensou estar uma coisa boa quando conseguiu para ele uma vaga num seminário de verão, focado em ciência. Mas sua iniciativa esbarrou no fato que o evento iria ocorrer em outra cidade e durar vários dias e os pais do menino não tinham recursos financeiros para bancar isso e nem condições de se ausentar de seus trabalhos. Resultado: um garoto profundamente frustrado.
Ao ler sobre isso, veio à minha mente o mandamento de Jesus para amarmos o próximo como a nós mesmos. Eu pergunto: como fazer isso, se não conhecemos nosso próximo. Não sabemos quase nada sobre seus problemas e menos ainda sobre seus sonhos.
Assim, sempre corremos o risco de fazer algo que parece ser bom, mas cujo resultado final seja frustrante, como aconteceu com o garoto que não tinha dinheiro para viajar.
Entramos e saímos dos lugares e temos contato com as pessoas de quem quase nada sabemos. São quase invisíveis para nós.
Se queremos viver o mandamento de Jesus e realmente amar o próximo, precisamos investir tempo em conhecer as pessoas com as quais convivemos. E essa é uma tarefa profundamente desafiadora, pois requer gastar tempo e fazer um esforço permanente.
Mas o exemplo daquela professora mostra que, quando se quer realmente conhecer as pessoas com que se convive, é possível fazer mais. E muitas vezes a resposta está em atos simples, sem muita pretensão.
Com carinho
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