Depois de ver o milagre que Jesus tinha realizado, o povo começou a dizer: "Sem dúvida este é o Profeta que devia vir ao mundo". Sabendo Jesus que pretendiam proclamá-lo rei à força, retirou-se novamente sozinho para o monte. Ao anoitecer seus discípulos desceram para o mar, entraram num barco e começaram a travessia para Cafarnaum. Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha ido até onde eles estavam. Soprava um vento forte, e as águas estavam agitadas. Depois de terem remado cerca de cinco ou seis quilômetros, viram Jesus aproximando-se do barco, andando sobre o mar, e ficaram aterrorizados. Mas ele lhes disse: "Sou eu! Não tenham medo! " Então se animaram a recebê-lo no barco, e logo chegaram à praia para a qual se dirigiam. João capítulo 6, versículos 14 a 21
Jesus andando sobre as águas para encontrar os discípulos que estavam num barco no meio do lago da Galileia é um milagre bem conhecido. A maioria dos estudos sobre esse tema costuma ressaltar a figura de Pedro (Mateus capítulo 14, versículos 22 a 33), que quis também andar sobre as águas e quase se afogou, centrando a discussão na questão da falta de fé.
Mas é interessante perceber que o relato do Evangelho de João, reproduzido acima, não fala nada sobre Pedro. Ou seja, esse texto foca em outro aspecto do milagre de Jesus e é isso que gostaria de discutir aqui.
A primeira coisa que chama a atenção no relato é o fato de Jesus ter-se separado dos discípulos. E o texto explica a razão: Pouco antes, Jesus tinha feito um milagre extraordinário - multiplicando a comida para alimentar uma grande multidão - e as pessoas ficaram tão impressionadas que quiseram fazer d´Ele um rei (versículo 14).
Mas Jesus não tinha vindo ao mundo com essa missão e não teve outra alternativa senão afastar-se da multidão para acabar com aquele tipo de conversa. E foi aí que se separou também dos discípulos, provavelmente porque eles queriam a mesma coisa que a multidão.
E os discípulos ficaram esperando Jesus voltar. Ao cair a noite, cansados de esperar, foram para as margens do lago da Galileia, onde seu barco estava atracado, e partiram, deixando Jesus para trás.
Há aqui um ensinamento importante: os discípulos desistiram de esperar e resolveram fazer as coisas por conta própria. E quantas vezes não agimos exatamente assim? Pensamos que Deus está demorando a responder nossos pedidos e resolvemos fazer as coisas do nosso próprio jeito. E normalmente quebramos a cara...
E não foi diferente com os discípulos: O vento começou a soprar e as águas ficaram agitadas, o que representava enorme perigo, já que o barco já estava cinco a seis quilômetros distante da margem. Foi um momento de tensão.
Aí Jesus veio até eles, andando sobre as águas. E lhes disse: "Sou eu! Não tenham medo." E só assim foi reconhecido e recebido pelos passageiros do barco.
Há outro ensinamento aqui: Jesus foi até eles e encontrou-os onde estavam. Acalmou-os e só então foi recebido. E é exatamente assim que o Espírito Santo trabalha na vida das pessoas: vai buscá-las onde estiverem, revela-se a elas, e as acalma. E só então é recebido e consegue entrar no "barco" das suas vidas.
Essa disponibilidade de Deus é um aspecto maravilhoso da sua personalidade. Apesar de toda a sua grandeza e poder, Ele vem nos buscar - nos procura onde estivermos - e entra no nosso "barco", simplesmente porque nos ama e quer estar conosco.
Mas nem sempre reconhecemos de imediato que Deus está nos procurando, assim como os discípulos tiveram dificuldade para reconhecer Jesus. E há outro ensinamento aí: a necessidade de aprendermos a discernir as coisas espirituais para podermos perceber a ação do Espírito Santo nas nossas vidas.
Frequentemente, vejo pessoas reclamarem que Deus não está fazendo nada nas suas vidas quando, na verdade, são elas que têm dificuldade para perceber a ação do Espírito Santo. Não conseguem discernir espiritualmente o que está acontecendo, pois falta-lhes intimidade no relacionamento com Deus.
O texto de João traz um último ensinamento: logo depois que os discípulos reconheceram Jesus e aceitaram sua presença, o barco chegou a salvo na praia, já em Cafarnaum.
Quando Jesus está conosco no barco, todas as dificuldades são superadas. Não importa o que venha a acontecer, o resultado final é sempre o melhor possível.
Com carinho
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