terça-feira, 4 de agosto de 2015

SEGUINDO PASSO A PASSO PELA ESTRADA DO MAL

Há uma grande confusão acontecendo nos Estados Unidos por conta de uma organização chamada "Planned Parenthood" (em português "Paternidade ou Maternidade Planejada"), que fornece serviços para mulheres que desejam abortar (legal naquele país).

A questão do aborto, por si só, já gera enorme controvérsia, pois muita gente (eu incluído) é contra o aborto como prática anti-concepcional. Mas a questão que gerou celeuma vai bem além do aborto em si. 

Num vídeo, filmado de forma clandestina, uma executiva dessa organização aparece falando sobre diversos assuntos e defende a prática, que já vem sendo utilizada, de recolher órgãos dos fetos abortados para uso em práticas médicas. Ela defendeu tal medida alegando que os fetos vão ser mesmo descartados e nada mais natural que seus corpos sejam usados para salvar vidas. 

Essa notícia me fez pensar em como as pessoas vão trilhando o caminho do mal - vão andando por ele, passo a passo, muitas vezes sem perceber as consequências do que estão fazendo. E isso acontece porque, ao avaliar a moralidade do próximo passo, essas pessoas olham apenas para a diferença entre ele e a situação imediatamente anterior, quando deveriam olhar para sua trajetória (desde o ponto de partida). 

Por exemplo, imagine que alguém já admite o aborto como coisa aceitável. Aí o próximo passo parece simples: muitos fetos vão ser mesmos descartados, não seria melhor então aproveitá-los para salvar outras vidas? E colocada dessa forma, a decisão parece fazer sentido. E o mesmo raciocínio simplista vai fatalmente levar a um novo passo: gerar fetos apenas para coletar seus órgãos para fins médicos. 

Cada passo parece simples de dar pois é quase a consequência natural da posição imediatamente anterior. E assim a pessoa vai se perdendo, pouco a pouco, sem parar para pensar para onde está indo. É como se a pessoa fosse anestesiada e se acostumasse a praticar o mal (muitas vezes até pensando que está praticando o bem).

Essa tipo de atitude é mais comum do que você possa imaginar. Há muitos exemplos que posso dar desse tipo de situação, além do que acabei de mencionar. Basta lembrar lembrar do famoso Pastor Jim Jones, que levou sua congregação para o suicídio coletivo - ele começou seu ministério muito bem e foi se desviando e enlouquecendo pouco a pouco.  

Outro exemplo, também do meio evangélico brasileiro, é o caso de um pastor muito querido e famoso que caiu em desgraça, pouco mais de dez anos atrás, depois de confessar ter cometido diversas ações imorais. Meses depois desses acontecimentos, ele teve coragem de dar uma entrevista onde explicou o que tinha acontecido, de forma muito simples: "fui me perdendo pouco a pouco, passo a passo, sem nem perceber".  

E descreveu sua vida de "estrela de primeira grandeza" do mundo evangélico, que o levou a fazer cerca de 300 pregações por ano, sem contar os outros compromissos ligados a seu ministério. Deixou de ter tempo para orar, estudar a Palavra, enfim para viver uma vida espiritual plena. E aí perdeu sua ligação com o Espírito Santo e a capacidade de perceber que estava se perdendo, um pouquinho a cada dia.

O tal pastor começou ocupando seu tempo de forma excessiva, julgando estar ajudando a obra de Deus - afinal, sempre é bom fazer mais, não é? Depois, meteu-se em atividades que dependiam de verbas públicas e, portanto, de algum envolvimento político. A seguir, entendeu que precisava ter atuação política para poder apoiar suas atividades na obra de Deus e ajudar a mudar o país. O passo seguinte foi se envolver numa denuncia, que depois percebeu-se ser forjada (o pastor não sabia disso), para prejudicar os adversários políticos do partido que ele apoiava. E tal armação acabou exposta pelas pessoas prejudicadas pela denúncia irresponsável e o fato levou-o à desgraça pública. 

Se no início dessa caminhada, alguém lhe perguntasse se ele iria ter tal tipo de envolvimento político, o pastor certamente diria que nunca. Mas passo a passo ele se envolveu nessa teia tenebrosa, sem perceber direito o que estava fazendo.

O adultério também tende a seguir o mesmo tipo de trajetória. Muitas vezes, começa numa amizade inocente, em conversas que duas pessoas fazem porque muitas vezes se sentem sem diálogo com o(a) esposo(a). Das confidencias, passa-se para a admiração mútua e para a comparação com o(a) esposo(a). Daí vem os toques ocasionais e assim os dois vão trilhando o caminho do mal, passo a passo, quase sempre sem ter noção clara de onde tudo isso vai acabar. 

Voltando ao caso da tal organização que explora o aborto, as pessoas que apoiam essa causa costumam entrar nesse caminho pensando proteger as mulheres menos favorecidas, que são as que mais sofrem com a concepção não planejada. Depois, passam pelo passo da negação da humanidade do feto (antes dele atingir determinado tempo de gestação). Em seguida, dão à gestante o direito de escolher o que fazer com o feto, inclusive descartá-lo nas fases iniciais da gravidez, pois não se trata de um ser humano. Mais adiante, pensam em aproveitar os órgãos dos fetos descartados. E terminam apoiando a ideia de gerar fetos de propósito para que eles possam ter seus órgãos aproveitados. 

Passos pequenos, que começaram com uma intenção pura - defender mulheres que sofrem com gravidez indesejada - e acabaram defendendo a criação de fetos para ter seus órgãos aproveitados para fins médicos. Um caminho em que a pessoa vai se perdendo aos poucos, dando passos sucessivos, fazendo escolhas que parecem lógicas, mas cujo resultado final é desastroso.

É triste perceber que é possível a alguém seguir pela estrada do mal sem se dar conta sequer de ter entrado por ela. E quando percebe o que fez, a pessoa pode já estar de tal maneira envolvida que fica difícil dar meia volta.

Somente uma vida espiritual sólida, que proporcione à pessoa contato constante e estreito com o Espírito Santo pode proteger a pessoa desse tipo de risco. Dar-lhe condições de discernir ainda no começo as consequências a médio e longo prazo do que está começando a fazer.  

E que Deus nos proteja hoje e sempre.

Com carinho 

Um comentário:

  1. Claras palavras e é isso que realmente acontece nas nossas decisões do dia a dia, vamos dando espaço para certas coisas e depois vemos o mal... enfim, procuremos discernir as consequencias logo no começo como o Sr. comentou. Valeu!

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