sexta-feira, 31 de março de 2017

DISQUE 9 PARA FALAR COM DEUS

Há momentos na vida em que é preciso falar com Deus - pedir socorro, buscar consolo e até ouvir uma palavra de orientação. Mas a pessoa não sabe como fazer isso.

Se você é uma dessas pessoas, meu novo vídeo é para você. A referencia que usei foi o Salmo 9, de Davi - um texto de louvor e adoração, mesmo em meio de dificuldades e lutas. Veja o vídeo

quarta-feira, 29 de março de 2017

QUEM É VOCÊ QUANDO NINGUÉM OLHANDO?

A história está repleta de situações em que o poder público entrou em colapso - em casos de guerras ou revoluções, desastres naturais ou até mesmo greves - e as pessoas mostraram seu pior lado. Os saques, depredações e mortes ocorridos em New Orleans (Estados Unidos), depois da passagem do furacão Katrina, e a violência que recentemente aterrorizou o Estado do Espírito Santo, por causa da greve da polícia, são exemplos bem vivos disso.

Quando "ninguém está vigiando" - isto é, quando deixou de haver controle externo, pois o poder público entrou em colapso -, é que o caráter verdadeiro das pessoas aflora. E os exemplos da história comprovam que os resultados não costumam ser bons.

A Bíblia ensina que, se deixadas por conta própria, as pessoas fazem escolhas erradas (pecam). E é por isso que governos são necessários - a Bíblia diz que a ideia de haver um governo veio de Deus (Romanos capítulo 13, versículos 1 a 7). 

Não estou afirmando que todos(as) que governam são de Deus, pois é claro que a história está cheia de exemplos de ditadores violentos e políticos corruptos - a operação Lava Jato provou claramente no caso do Brasil. Também não estou afirmando que todas as regras (leis) são corretas e justas e menos ainda que a age da forma correta. Agora, a sociedade humana seria ainda pior se os governos não existissem - o que aconteceu recentemente no Espírito Santo deixou isso bem evidente.

Mas os governos, mesmo quando bons e sérios, nunca chegam a tempo e a hora para controlar tudo e resolver todos os problemas. É preciso mais: Aí entra o caráter das pessoas - a forma como elas se comportam quando ninguém está olhando.

É isso que Deus busca fazer nas vidas das pessoas (através da ação do Espírito Santo): reformar seu caráter. Ensiná-las a fazer a coisa certa em qualquer circunstância.

E aí está o significado mais profundo do mandamento dado por Jesus de "amar o próximo como a si mesmo". Amor aqui não é um sentimento e sim uma decisão: passar a tratar o próximo como se esse tipo de amor existisse. Trata-se de uma escolha que leva a uma mudança no caráter.

Talvez isso fique mais fácil de entender quando se enxerga esse mesmo mandamento de outra forma, a chamada Regra de Ouro: "faça com a outra pessoa da mesma forma que você gostaria que ela fizesse com você" (veja mais). Isso significa sempre se preocupar com as consequências dos próprios atos sobre o próximo. Assim, se você não quer ser enganado(a), não vai enganar. Se não quer sofrer violência, não será violento(a). Se espera ser tratado(a) com justiça, será justo(a). Se espera receber ajuda, deve ajudar. Se quer ser amado(a), deve amar. E assim por diante. 

Se todo mundo agissem assim, ninguém precisaria ser controlado e o mundo seria um lugar muito melhor para se viver.

O cristianismo é uma religião transformadora exatamente porque investe na mudança do caráter das pessoas - a Bíblia chama esse processo de "santificação". 

E tudo começa na conversão - no momento em que a pessoa aceita Jesus como Salvador. A partir daí, movido pela fé e debaixo da orientação do Espírito Santo, a pessoa vai percebendo o que fazia de errado e sendo incentivada a mudar. Vai assumindo, pouco a pouco, e mais e mais, o caráter do próprio Jesus.

Com carinho

segunda-feira, 27 de março de 2017

O ESPINHO NA CARNE DO APÓSTOLO PAULO

 "Para que não me ensoberbecesse com a grandeza das realizações, foi-me colocado um espinho na carne, Mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disso, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então Ele me disse: a minha Graça te basta..."                                      2 Coríntios capítulo 12 versículos 7 a 10 
O "espinho na carne" que Deus deu a Paulo sempre causou muitas dúvidas, tanto em relação à causa do sofrimento do apóstolo, como também no que se refere ao motivo pelo qual ele teve que passar por aquele tormento. 

Inúmeras teorias têm sido propostas, a maioria delas propondo que o "espinho" foi uma doença física - como malária, epilepsia ou problema nos olhos - ou de natureza emocional. Alguns estudiosos chegam até mesmo a dizer que o apóstolo enfrentou um problema de ordem sexual que nunca conseguiu superar completamente.



Essas explicações nunca me convenceram completamente. Sempre pensei que essas teorias ou são ideias absurdas (como as questões de natureza sexual) ou não explicam o impacto desse "espinho" na vida de Paulo. Afinal, o apóstolo foi homem de grande coragem pessoal, que passou por naufrágios, prisões e fome (2 Coríntios capítulo 11, versículos 16 a 33) e nunca se impressionou com essas enormes dificuldades como fez com o tal "espinho". 




Um problema, para ter tão grande impacto na vida dele precisaria estar diretamente relacionado com aquilo que Paulo mais prezava: seu ministério de evangelização e pastoreio de igrejas. 

Recentemente, li um estudo que finalmente me convenceu, pois sua conclusão vai exatamente na direção a que me referi acima: a resposta do enigma está no ministério de Paulo. E é essa explicação que vou dividir com vocês hoje. 


Vou começar lembrando que Paulo faz, nos capítulos 11 e 12 de 2 Coríntios, uma ampla discussão sobre suas fraquezas (leia esses capítulos, se tiver tempo, antes de prosseguir na leitura deste post). E ele começa o capítulo 11 falando dos falsos profetas, líderes religiosos que desviavam os fiéis dos seus caminhos e eram verdadeiros enviados de Satanás (versículos 13 a 15). 


Ora, há  precedentes no texto bíblico de chamar pessoas que sejam inimigas do povo de Deus de "espinhos" que incomodam - veja por exemplo Números capítulo 33, versículo 55. Portanto, é entre os falsos profetas que o "espinho" na carne de Paulo deve ser procurado. 



E essa explicação encontra suporte no fato de que, logo após falar que seu "espinho na carne" era um mensageiro de Satanás (ver texto acima), Paulo voltou a citar os falsos profetas (capítulo 12, versículos 11 e 12).


Mas será que Paulo sofreu mesmo algum tipo de perseguição desse tipo? Sim e os relatos da Bíblia nos contam que, quando Paulo tentava implantar uma nova igreja cristã, durante suas viagens missionárias, sempre enfrentava a oposição de um grupo de pessoas que procurava desacreditar seu trabalho e difamá-lo. Há inúmeras referencias a esse tipo de situação - por exemplo, Atos dos Apósotolos capítulo 13, versículos 50 a 52; capítulo 14, versículos 2 a 6 e 19 a 22;  e capítulo 17, versículos 5 a 9. 

Uma oposição tão constante não aconteceu por acaso. Foi obra de um grupo de pessoas que detestava o ministério de Paulo e se organizou para atrapalhar seus passos (Gálatas capítulo 1 versículo 7; capítulo 5, versículo 12). Esse grupo deve ter tido um líder e, provavelmente, é a essa pessoa que Paulo se referiu como o "espinho" na sua carne. 


Três vezes Paulo pediu que Deus removesse esse homem do seu caminho, pois era fonte de tormento, frustração e embaraço. Mas Deus respondeu que não ia fazer isso e sua Graça seria suficiente - já perto do final da sua vida, Paulo refletiu sobre o que passou naquela época, na Galácia e como Deus sempre o apoiou (2 Timóteo capítulo 3, versículos 10 e 11). 



Agora, quem perseguia Paulo? O próprio apóstolo nos falou (2 Corintios capítulo 11, versículos 19 a 23) que eram judeus (hebreus) convertidos ao cristianismo, originários da igreja de Jerusalém, mas provavelmente operando fora da orientação de Tiago, irmão de Jesus, que liderava aquela comunidade



A razão para seu ódio derivava de verem o apósotolo Paulo como um herege, pois o apósotolo defendia que as pessoas não precisavam seguir os mandamentos da lei Mosaica (circuncisão dos homens, restrições alimentares, dentre outros) para seguir o cristianismo. Para Paulo, bastava a fé em Jesus para fazer da pessoa um cristão, posição que acabou aceita por toda a igreja cristã.

O que aconteceu com Paulo não é incomum no meio cristão. Já aconteceu com muita gente boa, como Lutero, Wesley e Martin Luther King, e vai continuar a acontecer. Muitas pessoas cometem o erro de atrapalhar o trabalho dos enviados por Deus tornando-se, consequentemente, mensageiros de Satanás, achando que estão lutando pela fé verdadeira, preservando os princípios mais puros do Evangelho de Jesus Cristo. 


São pessoas bem intencionadas, mas que cometem erros terríveis. E foi assim que aconteceram a Santa Inquisição, a conversão de judeus à força na Espanha em em Portugal, a caça a mulheres apontadas como bruxas nos Estados Unidos e tantos outros episódios vergonhosos. Infelizmente, tas "espinhos" na carne dos enviados de Deus são muito frequentes.  



Com carinho

sábado, 25 de março de 2017

A RAIVA É PECADO?

Felipe Moura é psicanalista e especialista na Bíblia Hebraica (Velho Testamento). Escreve neste site periodicamente, como convidado.

Imagine se uma pessoa, na sua frente, agredisse o seu filho. Você certamente sentiria muita raiva e voaria no pescoço daquela pessoa, para proteger seu filho. Movido pela raiva, você protegeria a criança.

O que quero dizer com esse exemplo é que a raiva é um instinto que não é bom nem ruim. O que pode ser boa ou ruim é a forma de dar vazão a esse instinto.

Revoltar-se contra o mal, contra a injustiça e a opressão são coisas saudáveis. Arrumar briga no engarrafamento de trânsito, porque levou uma fechada, não é assim tão bom, até porque se a outra pessoa estiver armada, você está colocando sua vida em risco.

Muita gente acaba se sentindo mal porque sente raiva. Mas pense bem: Você controla o que sente? Você consegue, por exemplo, controlar sua fome, suas lágrimas, ou mesmo suas risadas? Se nós não conseguimos controlar facilmente nem um bocejo, imagine controlar um sentimento tão intenso e poderoso quanto a raiva.

Você não controla o que sente, mas pode controlar o que faz com o que sente – suas atitudes e ações. O pecado está fazer uma escolha errada a partir do sentimento.

Ou seja, sentir raiva não é pecado. O que você faz com essa raiva é que pode ser ou não pecado.

E o que podemos fazer com a raiva? Veja a lição deixada por Davi nos salmos. Ele disse, falando de seus inimigos:


“FIQUEM ÓRFÃOS OS SEUS FILHOS E A SUA ESPOSA, VIÚVA.” SALMO 109, VERSÍCULO 9

Muita gente fica com vergonha de ler isso na Bíblia, mas na verdade essa passagem é um desabafo de Davi diante do Senhor! E devemos sempre lembrar que os inimigos de Davi não estavam simplesmente fazendo intriga. Eles queriam literalmente matá-lo.

Mas repare que no começo do mesmo Salmo ele disse:


“Ó SENHOR, A QUEM LOUVO, NÃO FIQUES INDIFERENTE!” VERSÍCULO 1

Davi não agiu em cima da raiva. Ele pediu ao Senhor que fizesse justiça. Mesmo sendo rei sobre Israel e general de guerra, Davi não tomou a justiça nas próprias mãos.

Quando você sente raiva, é fundamental desabafar. Guardar a raiva dentro de você e fazer cara de feliz só vai te fazer arrumar uma gastrite ou coisa pior.

Apresento a seguir sete passos que vão ajudar você a lidar com sua raiva. Siga-os, e até sua vida espiritual irá se transformar para melhor:

1) Ore ao Senhor em voz audível. Verbalize o que sente, pois é uma forma de extravasar.

2) Diga a Ele tudo o que está sentindo. Procure não ocultar nada, nem use meias palavras. Fale sobre sua raiva, mágoa, decepção, etc.

3) Diga também o que você tinha vontade de fazer com a pessoa que te ofendeu. O Senhor já sabe mesmo, logo não há porque esconder. E ouvir a si mesmo também ajuda.

4) Diga para o Senhor o que você gostaria que Ele fizesse. Como você gostaria que retribuísse a injustiça, sofrida por você ou o que gostaria que fizesse a seu favor. Mais uma vez: Esconder do Senhor para quê, se Ele já sabe mesmo?

5) Peça ao Senhor para fazer a vontade d´Ele. Diga-lhe que, independente do que sente, você reconhece que a justiça pertence a Ele, e não a você. É importante dizer que abdica do controle da situação.

6) Repita os passos anteriores quantas vezes forem necessárias. A raiva leva um tempo para passar. Até lá, fale com o Senhor sempre que necessário. Se precisar fazer isso várias vezes ao dia, faça.

7) Lembre-se: Raiva guardada gera explosão ou implosão. Não é bom nem que você tenha uma crise de raiva, nem ficar doente porque aguentou tudo calado.

É muito importante verbalizar o que sente em palavras audíveis. E sem medo nem vergonha, pois Ele já sabe como você se sente. E o Senhor sabe das suas razões e do que aconteceu com você.

O importante é não usar a raiva contra o próximo, agora desabafar perante o Criador é fundamental. Vimos acima o exemplo de Davi fazendo isso - e ele fez o mesmo em diversas outras ocasiões.

Se ainda assim tiver dificuldade de lidar com a raiva, por ser algo muito grave, um psicoterapeuta ou psicanalista pode ajudar.

Felipe Moura

quinta-feira, 23 de março de 2017

VIVER CADA DIA

No mais novo vídeo do Rogers, ele fala sobre viver bem cada dia da vida. Essa ideia me ocorreu quando completei 60 anos, data comemorada numa festa com familiares e amigos dias atrás.

Para falar sobre esse tema, recorri ao livro de Provérbios, que está cheio de conselhos úteis. Veja o vídeo

domingo, 19 de março de 2017

ENFRENTANDO O BULLYING

Felipe Moura é psicanalista e especialista em Bíblia Hebraica (Velho Testamento). Escreve periodicamente no site como convidado.
Bullying é um tema bastante atual, e muitos de nós já tivemos que lidar com esse tipo de situação.

O termo bullying vem do inglês - um "bully" é literalmente um valentão. Refere-se, portanto, à prática de oprimir, de forma física ou moral, pessoas mais fracas que não têm capacidade para se defender.

Como podemos lidar com isso, de um ponto de vista bíblico? Bem, a primeira coisa a saber é trata-se de prática detestável aos olhos do Senhor. A Bíblia diz:

“NÃO OPRIMAM A VIÚVA E O ÓRFÃO, NEM O ESTRANGEIRO E O NECESSITADO. NEM TRAMEM MALDADES UNS CONTRA OS OUTROS.” ZACARIAS CAPÍTULO 7, VERSÍCULO 10

Nos tempos bíblicos, viúvas, órfãos e estrangeiros eram as pessoas mais humildes e fracas da sociedade, e geralmente não tinham bens. Em diversas situações, o Senhor mostra o quanto lhe desagrada qualquer tipo de opressão a pessoas em condições desfavoráveis.

O que fazer quando testemunhar o bullying?

1) Não devemos ser omissos 
Muita gente logo pensa: “Isso não é da minha conta. Eles que se resolvam. Não vou comprar problema.”

Porém, essa não é a atitude que a Bíblia ensina:

“NÃO FICARÁS INATIVO PERANTE O SANGUE DO TEU PRÓXIMO. EU SOU O ETERNO.” LEVÍTICO CAPÍTULO 19, VERSÍCULO 16

Se nós testemunhamos uma injustiça, temos sim a obrigação de fazer alguma coisa. Claro, isso não significa que você precise se colocar em risco, nem tentar agredir o valentão. Mas, você pode denunciar, ou pedir ajuda a alguém que esteja capacitado a prestar auxílio.

2) Ofereçamos carinho e solidariedade 
É muito comum que as pessoas sofrendo bullying se sintam sozinhas. Nesse caso, o Criador espera que os Seus servos tenham para com o inocente gestos de amor:

“O AMIGO AMA EM TODOS OS MOMENTOS; É UM IRMÃO NA ADVERSIDADE.” PROVÉRBIOS CAPÍTULO 17, VERSÍCULO 17

E se for você que estiver sofrendo bullying? 
Há três coisas que você deve fazer:

1) Ore e peça ajuda ao Senhor
Os salmos frequentemente falam sobre isso: Pedido de auxílio quando se está diante de uma perseguição ou injustiça. Exemplo:

“INVOCAREI O NOME DO SENHOR, QUE É DIGNO DE LOUVOR, E FICAREI LIVRE DOS MEUS INIMIGOS.” SALMO 18, VERSÍCULO 3

2) Não tenha vergonha ou receio de procurar ajuda
Você não é fraco nem inferior porque pede auxílio. Todos nós, em algum momento, precisamos de ajuda. O Senhor sempre deseja que ajudemos uns aos outros - por exemplo, veja a história das tribos de Israel em Números capítulo 32.

3) Aconselhe-se com alguém
Pessoas sábias sempre buscam um bom conselho:

“OUÇA CONSELHOS E ACEITE INSTRUÇÕES, E ACABARÁ SENDO SÁBIO.” PROVÉRBIOS 19, VERSÍCULO 20

4) Lembre-se que ter medo é normal e não significa falta de fé.

5) Mesmo tendo medo, enfrente a situação, pois, normalmente, valentões só costumam oprimir aqueles que não têm coragem para se defender, e a maioria desiste quando é confrontada.

Concluindo, lembre-se: Sofrer bullying não é motivo para ter vergonha. Pelo contrário, vergonhoso é oprimir uma pessoa, ou se omitir diante do sofrimento de um inocente quando se pode fazer alguma coisa para ajudar.

Felipe Moura

sexta-feira, 17 de março de 2017

CADÊ A FELICIDADE QUE ESTAVA AQUI? Parte 3

No terceiro e último episódio da série sobre "felicidade", a pastora Carol e a Alícia conversam sobre o papel da fé na construção de uma vida feliz.

Abordam também a necessidade de se aceitar bem as mudanças naturais da vida, pois mudança não é necessariamente uma coisa ruim. Confira o vídeo abaixo.

Perguntas e comentários para a pastora Carol devem ser dirigidas para pastoracarol@sercristao.org . 

quarta-feira, 15 de março de 2017

JOGUE SEU "JONAS" NO MAR


Jonas foi um profeta bem diferente. Deus lhe pediu que ele pregar em Nínive, capital da Assíria, para que o povo local se arrependesse dos seus pecados. Mas Jonas não gostou da missão que recebeu e pegou um navio que ia na direção oposta a Nínive, porque não queria obedecer ao chamado que recebeu (Jonas capítulo 1, versículo 2).

Jonas se esqueceu que não há como fugir de Deus e foi forçado a obedecer. E é muito interessante a forma como Deus fez Jonas se curvar: mandou uma terrível tempestade que colocou o navio onde Jonas viajava sob grande risco.

Os marinheiros jogaram no mar toda a carga do navio, para diminuir seu peso e melhorar as condições de flutuabilidade. Mas nada adiantou e o naufrágio parecia certo. Foi aí que, de alguma forma, os marinheiros perceberam haver uma força sobrenatural agindo e concluíram ser preciso fazer algo mais. 

Jonas, percebendo que era a causa de toda aquela dificuldade, identificou-se aos marinheiros e pediu para ser jogado ao mar. E assim foi feito e a tempestade imediatamente cessou (Jonas capítulo 1, versículos 7 a 15).

Jonas acabou engolido por um grande peixe e mais adiante foi pregar em Nínive, cumprindo o chamado de Deus. Mas isso já é outra parte da história, na qual não vou entrar hoje.

Penso que toda essa situação traz um ensinamento muito importante para sua vida: você precisa saber quando for preciso jogar seu "jonas" ao mar. Eu me explico. 

Pense na sua vida como um "barco": à bordo dele estão todas as pessoas que têm importância na sua vida - esposa(a), filhos(as), amigos(as), parentes, chefe, colegas de trabalho, etc. Agora, quando uma das pessoas dentro do seu "barco" é do tipo "jonas", ficar perto dela pode ser extremamente perigoso. 

Antes de continuar, preciso esclarecer melhor quem é a pessoa tipo "jonas". É alguém rebelde em relação a Deus - sabe com clareza que Ele ordenou fazer determinada coisa, mas se recusa a obedecer e, por teimosia, faz exatamente o oposto.

Não se trata simplesmente de uma pessoa pecadora, porque todos somos pecadores. Também não é aquele(a) de quem você discorda. Muito menos a pessoa da qual você não gosta ou com quem tem um relacionamento conturbado. Nada disso.

A pessoa tipo "jonas" tem um problema é com Deus e não necessariamente com você. Ela está rebelde à orientação divina - conscientemente não quer fazer aquilo que Deus lhe pediu. Decidiu que é melhor fazer exatamente o contrário. 

A pessoa tipo "jonas" é um perigo enorme para o "barco" da sua vida, pois quando Deus vier a pesar sua mão sobre ela, esse "barco" pode vir a ter problemas sérios e levar todos(as) para o "fundo". 

A Bíblia ensina que Deus é paciente e demora a se irar. Assim, uma pessoa do tipo "jonas" pode viver um bom tempo sem que nada aconteça. Mas, vai chegar o momento em Deus vai dizer "basta" e aí é melhor você não estar perto do "jonas". 

Você poderia alegar - eu mesmo já pensei assim - que os marinheiros nada tinham a ver com os atos do profeta e foi injusto o que aconteceu com eles. Da mesma forma, você poderia alegar que se houver um "jonas" no "barco" da sua vida não é justo que você sofra as consequências da rebeldia dessa pessoa.

A resposta para essa argumentação é simples: você sempre pode escolher sair de perto e jogar seu "jonas" ao mar, salvando o "barco" da sua vida. Os marinheiros tiveram essa oportunidade e você também terá, pois Deus é justo. 

Agora, afastar-se de uma pessoa importante na sua vida pode ser muito difícil de fazer, especialmente se ela nada tiver feito diretamente contra você e sei disso por experiência própria. Afinal, como o problema não é especificamente com você parece ser uma injustiça se afastar dessa pessoa.

Mas precisa ser feito - é como uma cirurgia dolorosa que tem de acontecer. Pode ser que você não queira, mas se há uma doença que exige isso, precisa se operar. 

É importante, na medida do possível, você dizer para a pessoa tipo "jonas" porque você está se afastando dela. E contar-lhe que, caso ela resolva sua questão com Deus (arrepender-se, pedir perdão e curvar-se à vontade d´Ele), o problema estará resolvido. 

Sei muito bem e por experiência própria, que jogar seu "jonas" ao mar não é tarefa fácil, especialmente quando você gosta da pessoa em causa. Mas é uma tarefa que precisa ser feita.

Com carinho

segunda-feira, 13 de março de 2017

O JOGO DA CULPA

O jogo da culpa - aquela situação onde uma pessoa responsabiliza outra pelo erro cometido e ninguém assume nada - começou com Adão e Eva, lá no jardim do Éden. 

E desde então, esse jogo é uma contante na história da sociedade humana. É exatamente sobre isso que o Rogers fala no seu novo vídeo. Confira abaixo:

sábado, 11 de março de 2017

FIQUE LIVRE DAS SUPERSTIÇÔES

Felipe Moura, autor desta postagem, é psicanalista e especialista em Bíblia Hebraica (Velho Testamento). Passará a escrever regularmente para este site. 

Superstição é uma praga que parece erva daninha: Nasce em todo lugar!

Quantos evangélicos você conhece que sentem a necessidade de dizer “tá amarrado” quando passam na frente de um despacho? Quantos católicos ficam apavorados com a ideia de um filho morrer “pagão” porque não foi batizado a tempo? Quantos judeus você já viu ficarem muito apreensivos se alguma letra apagar no pergaminho da mezuzá, colocada no batente da sua porta? 

Os exemplos acima são para mostrar que a superstição não escolhe religião. Aliás, também não escolhe raça, ideologia, nem mesmo posição social. E quanto mais simples a superstição, mais popular. Quantas pessoas evitam passar debaixo de escada? Não custa nada dar um passinho e se desviar. Afinal, como dizem os espanhóis: Não creio nas bruxas, mas que elas existem, existem...

O Senhor sabe que a superstição pode ser escravizadora. Quantas pessoas não deixam de fazer coisas importantes por pura superstição? Por isso a Bíblia diz:


"ASSIM DIZ O ETERNO: “NÃO APRENDAM AS PRÁTICAS DAS NAÇÕES NEM SE ASSUSTEM COM OS SINAIS NO CÉU, EMBORA AS NAÇÕES SE ASSUSTEM COM ELES. OS COSTUMES RELIGIOSOS DAS NAÇÕES SÃO INÚTEIS: CORTA-SE UMA ÁRVORE DA FLORESTA, UM ARTESÃO A MODELA COM SEU FORMÃO; ENFEITAM-NA COM PRATA E OURO, PRENDENDO TUDO COM MARTELO E PREGOS PARA QUE NÃO BALANCE. COMO UM ESPANTALHO NUMA PLANTAÇÃO DE PEPINOS, OS ÍDOLOS SÃO INCAPAZES DE FALAR, E TÊM QUE SER TRANSPORTADOS PORQUE NÃO CONSEGUEM ANDAR. NÃO TENHAM MEDO DELES, POIS NÃO PODEM FAZER NEM MAL NEM BEM.” JEREMIAS CAPÍTULO 10, VERSÍCULOS 2 A 5

Você não precisa ter medo de uma imagem num despacho. Nem precisa se preocupar se o seu horóscopo diz que o seu dia será terrível. Muito menos ainda deve ter medo de ter feito a oração errada, ou ter saído sem levar sua Bíblia.

Nada disso tem poder sobre você. Cada segundo da sua vida está nas mãos do Altíssimo, Criador dos céus e da terra. E que poder poderia tirar você das mãos d´Ele?

Repare que a Bíblia não diz: Os costumes religiosos das nações são terríveis pois abrem portais para demônios! A Bíblia diz que esses costumes são inúteis, incapazes de nos fazer qualquer mal. Pois o Senhor assim o disse.

Quando a superstição não é muito racional, como por exemplo acender a luz e apagar três vezes ao sair de casa, ou quando chega ao ponto de nos paralisar de medo, chamamos isso de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo).

A maioria das pessoas tem algum sintoma assim. Isso só se torna um problema quando prejudica a vida da pessoa. Nesse caso, recomenda-se uma análise ou psicoterapia para poder aprender a lidar melhor com a questão.

Porém, quando é um caso menor, ou é mesmo superstição religiosa, um pequeno exercício pode ajudar: Se um medo vier à sua mente, faça a seguinte oração:


“SENHOR, SEI QUE MINHA VIDA ESTÁ NAS TUAS MÃOS E SEI QUE TU CUIDAS DE MIM. MEU CORAÇÃO TEM FÉ EM TI, MAS MINHA MENTE ÀS VEZES É TOMADA POR MEDOS QUE EU NÃO CONTROLO. AJUDA-ME E FORTALECE MINHA CONFIANÇA EM TI.”

Além disso, procure enfrentar a situação. Por exemplo, se alguém veio te dizer que, segundo seu horóscopo, hoje é um dia ruim para comer fora, vá a uma pizzaria, e diga:


“SENHOR, VOU ENFRENTAR ESSE MEDO IRRACIONAL POR MEIO DA FÉ EM TI.”

A fé não é ausência de medo. Fé é um exercício de confiar apesar do medo.

Felipe Moura

quinta-feira, 9 de março de 2017

CADÊ A FELICIDADE QUE ESTAVA AQUI? Parte 2

A pastora Carol e a Alícia desenvolveram uma série em três módulos com o tema “felicidade”. No primeiro módulo, elas falaram sobre o conceito de felicidade, mostrando como ele é muito diferente no mundo secular e na Bíblia.

Agora, no segundo vídeo da série, elas explicam como fazer para ser feliz, com base nos ensinamentos da Bíblia. Confira o vídeo abaixo.

terça-feira, 7 de março de 2017

MULHERES MUITO CORAJOSAS

Há muitas histórias de mulheres corajosas, que arriscaram tudo por um ideal ou o por amor.

Como uma homenagem ao dia internacional da mulher, que comemoramos nesses dias, escolhi alguns exemplos admiráveis de mulheres, todos tirados da Bíblia.

Espero, com isso, dar minha colaboração para que essas seis mulheres tão corajosas - Tamar, Cifrá, Puá, Jael, Vasti e Ester - continuem a ser lembradas com o respeito e a admiração que merecem.

1) Tamar, aquela que tomou seu futuro nas mãos 
Gênesis capítulo 38 
Tamar rompeu com todas as convenções sociais para influir no seu próprio destino. E teve sucesso porque soube usar as leis e costumes da época em que viveu a seu favor - agiu de forma não só corajosa, como inteligente.

Ela se casou com Er, o primogênito de Judá, e ficou viúva antes de ter um filho. Pela lei do levirato, cabia ao parente mais próximo - o segundo filho de Judá, Onã - ter relações com ela, para gerar um descendente legítimo para o marido morto. 

Mas Onã não cumpriu com suas obrigações, pois não queria que Tamar gerasse um filho, o qual viria lhe tirar o direito da primogenitura. E Onã acabou punido por Deus por ter desobedecido a lei.

Judá, o chefe do clã, não soube do pecado de Onã e ficou pensando que havia uma maldição sobre Tamar - afinal, já era o segundo filho seu que morria após se relacionar com ela. E com medo de perder outro filho, Judá deu a desculpa que Selá era muito jovem e pediu a Tamar que esperasse. E deixou o assunto cair no esquecimento.

Judá, sem perceber o que tinha feito, condenou Tamar a uma vida terrível – sem filhos e estrangeira (era canaanita), nunca teria um lugar de direito no clã e passaria a viver como uma morta-viva. 

Tamar não se conformou com essa situação e resolveu agir por conta própria. Sabendo que Judá iria viajar, disfarçou-se de prostituta e colocou-se à beira da estrada. Judá a viu, a desejou e manteve relação sexual com ela. E como não tinha dinheiro para pagar, deixou-lhe seu selo, cordão e cajado como penhores da dívida. Mais tarde, tentou fazer o pagamento e recuperar seus penhores, mas ninguém conseguiu encontrar a tal “prostituta”. 

Tempos depois, Tamar apareceu grávida e quando as pessoas do clã descobriram, levaram-na à presença de Judá para que fosse castigada (a pena era a morte na fogueira). Aí ela mostrou para Judá os penhores que tinha guardado, deixando claro que ele mesmo era o pai das crianças (gêmeos). Judá reconheceu seu erro, reconheceu os filhos com Tamar e o mais novo deles, Perez, acabou entrando na linhagem de Jesus.

2) As parteiras que desobedeceram o faraó 
Êxodo capítulo 1, versículos 15 a 22
O faraó do Egito foi avisado pelos seus astrólogos que haveria de nascer um libertador para tirar o povo de Israel da escravidão. Para prevenir que isso acontecesse, faraó deu ordem a duas parteiras - Cifrá e Puá - que matassem todos os recém-nascidos israelitas do sexo masculino. 

Essas mulheres, arriscando a própria vida, desobedeceram ao faraó e salvaram os bebês, dentre eles Moisés, que viria ser o libertador do povo.

3) Jael, que matou o general cananeu 
Juízes capítulo 4, versículos 17 a 24 
Essa história se passou no tempo dos juízes, depois da volta de Israel à Terra Prometida (Canaã). Em dado momento, houve uma invasão dos canaanitas, comandados pelo terrível general Sísera. Nessa oportunidade, a profetisa Débora trouxe a mensagem de Deus que o povo seria salvo pelas mãos de uma mulher. E foi isso que aconteceu.

Os israelitas venceram uma batalha contra Sísera e o general foi obrigado a fugir à pé. Seu objetivo era reagrupar suas forças, conseguir novos soldados e voltar a atacar. Ou seja, mesmo depois da derrota, o perigo para Israel continuava, pois Sísera era um general muito poderoso.

Durante sua fuga, o general acabou entrando na tenda de Jael, mulher de Héber, onde foi convidado ficar e descansar. E cansado, acabou adormecendo.

Jael aproveitou-se desse descuido para matá-lo, no que demonstrou grande coragem, pois qualquer passo em falso e ela é quem teria sido morta.

4) Vasti, que se recusou a ser um simples objeto
Ester capítulo 1, versículos 10 a 22 
A história de Vasti talvez surpreenda você, pois ela foi esquecida pela maioria dos estudiosos da Bíblia.

Vasti era a rainha de Assuero, rei da Pérsia, sendo mulher de grande beleza. Por isso, o rei gostava de exibi-la como a um troféu.

Certa feita, o rei deu uma grande festa, que durou sete dias - imaginem o que deve ter acontecido nesse evento. No último, embriagado, o rei ordenou que Vasti viesse a sua presença, usando sua coroa e vestes reais, para exibi-la aos convidados.

E ela, para espanto geral, recusou-se a desempenhar tal papel humilhante. Os conselheiros do rei pediram-lhe para punir Vasti de forma rigorosa, para que as mulheres do reino não seguissem o exemplo dela, rebelando-se contra seus maridos. E Vasti foi punida, perdendo sua posição rainha (pelo menos escapou com vida). 

A história de Vasti não terminou em sucesso, mas seu testemunho não deve ser esquecido: mulheres nunca devem permitir que seus homens a tratem como objetos. 

5) Ester, a salvadora do seu povo
Ester capítulos 4 e 7
A rainha que sucedeu a Vasti chamava-se Ester. Ela era israelita e foi escolhida por Assuero também por sua grande beleza. 

Certo dia, Ester ficou sabendo haver um complô para destruir o povo israelita que vivia exilado no meio dos persas. Tomou coragem, vestiu-se com as vestes reais e foi à presença do Rei, para desmascarar a trama.

Caso o rei não aceitasse bem sua atitude, poderia mandar matá-la, pois a rainha não podia tomar a iniciativa de ir até o rei - segundo a lei, tinha que aguardar ser chamada por ele.

E antes de ir até o rei, advertida do risco que corria, Ester pediu a seu povo que orasse e jejuasse com ela e declarou corajosamente: “Se perecer, pereci”. 

O rei desarmou o complô e o povo de Israel foi salvo. A coragem de Ester é comemorada até hoje pelos judeus na festa chamada Purim.

Com carinho

domingo, 5 de março de 2017

COMO JESUS SALVA O SER HUMANO

A crença central do cristianismo é a realidade de Jesus ser o Salvador da humanidade.

É nisso que acreditamos e o que nos permite ter esperanças de alcançar a vida eterna.

Hoje eu gostaria de discutir aqui o mecanismo desse processo de salvação - como a morte de Jesus na cruz consegue resolver o problema do pecado humano e gera reconciliação com Deus? 

O pecado humano 
A relação do ser humano com o pecado começou com Adão - quando ele e Eva desobedeceram a Deus e comeram o "fruto proibido". Esse é o chamado "pecado original". 

Mas como o ato de Adão veio a impactar todos os seres humanos que vieram depois dele? O apóstolo Paulo explicou que Adão foi considerado por Deus o representante de toda a raça humana (Romanos capítulo 5, versículos 12 a 21).

Isso pode parecer estranho para você, mas a ideia de haver um representante para as pessoas é muito usada - por exemplo, elegemos periodicamente deputados, senadores e vereadores para nos representarem. E as leis que essas pessoas fazem valem para todo mundo eles(as) representam todo o povo - é como se o próprio povo tivesse feito as leis.

Mas você poderia argumentar que Adão não foi eleito e sim escolhido para assumir esse papel tão importante. Não fomos consultados para dar essa representação a Adão. E nem precisaríamos, pois foi Deus quem nos criou e, portanto, Ele tem total soberania sobre nossas vidas. É direito de Deus escolher um representante para nós, gostemos ou não dessa ideia - assim como vai existir um Congresso Nacional nos representando, mesmo que sejamos contra isso.

E se olharmos para a história humana, sempre existiram representantes das pessoas não eleitos por elas, como reis, rainhas e papas. E essa representação assumia alcance extraordinário - por exemplo, na época da Reforma Protestante, se o soberano de determinado território mudasse de religião, deixando de ser católico para tornar-se luterano, todo o seu povo era obrigado a fazer o mesmo. 

Adão foi feito nosso representante por Deus e como ele pecou, abriu as portas para o pecado - os teólogos(as) dizem que o ser humano passou a ter natureza pecaminosa ou "caída" (Salmo 51 capítulo 5). 

Por causa dessa natureza caída, todos(as) pecam. E é fácil perceber essa tendencia já nas crianças bem pequenas: não precisamos lhes ensinar a mentir, a bater nos mais fracos, a ser egoístas, etc. Os adultos precisam sim ensinar as crianças pequenas a terem virtudes - falar a verdade, repartir aquilo que têm e assim por diante.

A primeira abordagem para o problema do pecado
A abordagem mais lógica para resolver o problema do pecado parece tornar-se bom. Conquistar a aceitação de Deus pelos próprios méritos (boas obras).

E foi preciso que Deus mostrasse ao ser humano que esse caminho não o levaria a lugar nenhum. E o ponto de partida foi Deus estabelecer o que era considerado pecado aos seus olhos. E isso foi feito por Moisés e os profetas que deram continuidade ao seu ministério, através de um grande conjunto de mandamentos, contido no Velho Testamento. Vem daí as leis para não matar, roubar, honrar pai e mãe, dar dízimo, etc.

Mas como já expliquei, as pessoas não conseguem ficar sem pecar - não é da sua natureza. E como os padrões morais de Deus são muito altos, pois Ele é santo, ninguém consegue juntar mérito bastante, ou seja, fazer boas obras suficientes, que lhe garanta a salvação.

A salvação não pode vir por mérito. Esse parece ser o caminho mais fácil, mas é uma grande ilusão. E demorou um tempo, mas as pessoas acabaram percebendo isso - basta ler os relatos do Velho Testamento que isso fica claro.

Outro problema: o sistema sacrificial
A Bíblia explica que o "preço" do pecado, a forma de pagar por ele, é o sangue do(a) pecador(a). Isso significa que o(a) pecador(a) somente sente de fato a punição quando é diretamente afetado(a) por ela, como no caso de castigo físico, prisão, perda de dinheiro ou bens, etc. 

Ora, como os seres humanos pecam continuamente, não haveria "sangue" humano que bastasse. Por conta disso, Deus permitiu o "sistema de sacrifícios", pelo qual o sangue de animais era derramado como expiação (em intenção) pelos pecados dos seres humanos. Assim, bodes, carneiros, bois e outros animais eram continuamente sacrificados no Templo de Jerusalém - para cada pecado, um sacrifício precisava ser feito. Um ciclo sem fim. 

O problema com o sistema sacrificial é que ele não concorre para corrigir as pessoas, pois não gera arrependimento verdadeiro e mudança interior. Pelo contrário, de certa forma as anestesia diante do pecado, ao fornecer uma saída aparentemente fácil (basta pagar o preço do animal a ser sacrificado).

Entra a Graça de Deus 
Era preciso haver outra solução que as boas obras, conjugada ao sistema sacrificial, para levar o ser humano de volta a Deus. E a solução que Ele nos deu foi tão surpreendente como brilhante: a sua Graça, corporificada em Jesus.

Ele veio ao mundo e morreu por nós na cruz, num sacrifício em intenção por todos os pecados humanos - a Bíblia explica isso dizendo que Jesus carregou sobre si os nossos pecados. E ao morrer na cruz, Jesus recebeu em nosso lugar a punição que nos era devida. 

Em outras palavras, Jesus ofereceu-se como cordeiro para o sacrifício definitivo em prol da eliminação dos pecados humanos. E com esses pecados eliminados, podemos nos reconciliar com Deus e alcançar a salvação. É por isso que Jesus é chamado de "Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo".

Como Jesus, além de humano, também é divino, seu sacrifício não tem efeito limitado, como o do sangue dos animais. O sangue de Jesus tem poder extraordinário e apaga todos os pecados cometidos por qualquer ser humano, tanto quem viveu antes da sua vinda ao mundo, como aqueles(as), como nós, que viemos depois. 

E é por causa disso que o sistema de sacrifícios foi abolido: Jesus é o sacrifício final e suficiente. Nada mais precisa ser feito.

Jesus substituiu Adão
Outra coisa que o sacrifício de Jesus fez foi superar o "pecado original", aquele trazido por Adão como nosso representante. Deus estabeleceu outro representante para a humanidade, o próprio Jesus.

Assim como Adão pecou e seu pecado nos afetou a todos(as), Jesus viveu uma vida reta aos olhos de Deus e foi obediente até a morte, e isso conta a nosso favor e supera o pecado cometido por Adão. 

E essa é a principal razão pela qual Ele precisava também ter natureza humana, caso contrário não poderia nos representar. Por isso Ele foi gerado por obra do Espírito Santo, junto a uma mulher, Maria.

Aí está a explicação das duas naturezas de Jesus: divina e humana. A natureza divina era necessária para que seu sacrifício tivesse o alcance necessário e durasse para sempre. A humana era necessária para que Jesus pudesse nos representar, substituindo Adão. 

Como o sacrifício de Jesus se torna efetivo
Agora, existe uma condição para que o sacrifício de Jesus possa ter efeito na vida de qualquer pessoa: é preciso que ela reconheça ser pecadora, arrependa-se e perceba que precisa da Graça de Deus, aceitando Jesus como seu Salvador pessoal. Nem mais, nem menos. 

Alguns pensadores chegam a dizer que, ao estabelecer essa condição, o ser humano que aceita Jesus passa a ter, pelo menos em parte, algum mérito na sua própria salvação. Mas essa visão está errada.

Um exemplo ajuda a explicar a razão para essa afirmação. Imagine que alguém deu para você um presente - um cheque nominal de valor elevado.

Se você não for ao banco depositar o tal cheque, ficará sem o dinheiro. E se depositar o cheque, a quantia recebida não terá deixado de ser um presente. Seu ato não dará a você qualquer mérito - o depósito será um ato que simplesmente tornará efetivo o presente recebido. Nada mais. 

É a mesma coisa com a salvação: não há mérito em aceitar Jesus como Salvador. Mas sem cumprir essa condição, ou seja, sem fé n´Ele como Salvador, a Graça de Deus não se torna eficaz. Simples assim.

Com carinho

sexta-feira, 3 de março de 2017

QUEM ESTÁ CERTO E QUEM ESTÁ ERRADO?

Frequentemente, surgem aqui no site debates sobre temas onde minhas interpretações da doutrina cristã não são aceitas por algumas pessoas. E elas colocam aqui seus comentários discordando de mim, de forma livre e respeitosa, como acredito deva acontecer numa comunidade cristã.

Há vários temas polêmicos num corpo de doutrina tão amplo como a do cristianismo. Por exemplo, predestinação (Deus preestabeleceu, ou não, quem será salvo?), permanência da salvação (a salvação pode ser perdida?), forma correta de batizar (imersão, aspersão ou derramamento?), batismo infantil (crianças podem ser batizadas?), permanência dos dons do Espírito Santo (cura, profecia e outros dons continuam aplicáveis hoje em dia?), submissão da mulher (até que ponto esposas devem ser submissas a seus maridos?) e assim por diante.

Essas divergências são naturais: afinal, centenas de milhares de teólogos(as), pastores(as) e outros estudiosos(as) vem estudando a doutrina cristã, e sua aplicação prática, há quase dois mil anos. Não é de se estranhar, portanto, que essas pessoas tenham chegado a conclusões diferentes a respeito de muitos temas, como nos exemplos que citei acima. 

Diferenças de opinião não me preocupam muito, pois as considero naturais e até saudáveis, desde que sejam sinceras. E elas geram incentivo para estudar mais a Bíblia (nossa única regra de fé) - os momentos em que mais aprendi sobre doutrina cristã foram aqueles em precisei debater com quem pensava diferente de mim.

Diferenças de opinião sinceras geram outro efeito positivo: tornam as pessoas mais humildes porque as leva a perceber não serem "donas da verdade". E mais ainda, que ninguém foi nomeado por Jesus como o(a) guardião(ã) da santa e pura doutrina cristã - embora, ao longo da história, muita gente pensou deter tal poder.

Repito, diferenças de opinião sinceras não são ruins. Preocupam-me muito mais as certezas arrogantes, apresentadas por determinadas pessoas como "verdades" absolutas, como sendo a "vontade" de Deus. Foram posições absolutistas assim que levaram à Santa Inquisição (dentro da Igreja Católica) ou à caça das bruxas em Salém (numa denominação protestante nos Estados Unidos). Em ambos os casos e em muitos outros similares, grandes arbitrariedades foram conduzidas por quem dizia falar em nome de Deus e conhecer a "verdade".

Como disse no começo desta postagem, frequentemente recebo comentários nos quais as pessoas dizem discordar do que escrevi. Sempre leio as argumentações apresentadas por elas para justificar suas discordâncias e quando penso que elas têm razão, não tenho problema em voltar atrás e me corrigir - afinal, estou bem longe de saber tudo. 

Outras vezes, eu discordo dos comentários feitos e contra-argumento, explicando melhor o que quis dizer, terminando por convencer quem discordava. 

Mas há casos - felizmente, têm sido poucos - em que ninguém convence ninguém e cada um(a) permanece com sua opinião original. Nesses casos, eu normalmente uso uma expressão ao encerrar minha participação no debate: "vamos ter que concordar em discordar sobre esse assunto".

E tudo bem. Quem continuou a discordar de mim não se tornou, aos meus olhos, pior do que aquelas pessoas que se convenceram. Acredito que quem discorda de mim pode estar buscando Jesus de forma tão sincera quanto eu e, se Deus permitir, vamos continuar a caminhar juntos na estrada que Jesus estabeleceu.

Penso que esse tipo de tolerância está ensinado na Bíblia - veja o que Paulo disse em 1 Coríntios capítulo 3, versículos 4 e 5:


POIS QUANDO ALGUÉM DIZ: "EU SOU DE PAULO", E OUTRO: "EU SOU DE APOLO", NÃO ESTÃO SENDO MUNDANOS? AFINAL DE CONTAS, QUEM É APOLO? QUEM É PAULO? APENAS SERVOS POR MEIO DOS QUAIS VOCÊS VIERAM A CRER, CONFORME O MINISTÉRIO QUE O SENHOR ATRIBUIU A CADA UM.

Para você entender melhor a situação em que Paulo estava, lembro que havia outro missionário cristão, chamado Apolo, ministrando na mesma região que Paulo. E a doutrina que Apolo ensinava não era exatamente igual à de Paulo. Por isso algumas pessoas se consideravam de Apolo, enquanto outras se diziam de Paulo - vemos a mesma coisa hoje em dia quando crentes se dizem "ovelhas" do pastor fulano ou enquanto outros(as) são da bispa sicrana ou do "apóstolo" beltrano...

O texto citado colocou o dedo na ferida ao perguntar: quem é Paulo ou Apolo? Na verdade, não eram ninguém - ambos eram apenas servos de Cristo. Da mesma forma, quando aparecem diferenças aqui no site, é preciso perguntar: quem é Vinicius ou quem é a pessoa quem discordou dele? E a resposta correta é: ninguém, são apenas servos(as) de Cristo.

Com carinho