domingo, 28 de fevereiro de 2016

DEUS SE AUTO-LIMITA PARA NOS BENEFICIAR

Num vídeo que vi certa vez um jogador de basquete profissional dos Estados Unidos disputou um jogo-treino com alguns alunos pré-adolescentes de uma escola. Durante o jogo-treino, a diferença de capacidade entre os garotos e o atleta profissional não parecia ser tão grande assim - desavisados(as) poderiam até pensar que os garotos eram bons jogadores ou o atleta não era tão bom assim.

Agora, quando o jogo-treino acabou, o atleta profissional deu uma exibição, quando enfim mostrou todo o seu talento. Aí a diferença de categoria entre ele e os garotos ficou evidente.

Isso exemplifica bem a distinção que há entre a capacidade da pessoa para fazer determinada coisa e seu desempenho real. O atleta profissional propositadamente limitou seu desempenho durante o jogo-treino para dar emoção aos garotos - se tivesse jogado tudo o que sabia, nem teria havido graça de olhar o jogo-treino.

Talvez eu surpreenda você ao afirmar que Deus faz exatamente isso na sua relação com as pessoas: há uma significativa diferença entre sua capacidade real e o que Ele de fato faz. E age assim exclusivamente para nos beneficiar. 

O melhor exemplo que posso dar em relação a isso é a questão do livre arbítrio: Deus deu às pessoas a capacidade de escolher o que querem fazer (livre arbítrio) e isso é um enorme bem. Afinal, sem livre arbítrio, não poderia haver amor sincero, criatividade artística, invenções, etc.

O livre arbítrio só é possível porque Deus, embora seja onipotente, limita voluntariamente sua ação sobre a vida das pessoas para dar-lhe espaço para fazer suas próprias escolhas. Isso não quer dizer que Deus tenha perdido a capacidade de obrigar as pessoas a fazer o que Ele quer, mas sim que escolheu não agir assim, resolveu se auto-limitar.

Essa auto-limitação divina tornou-se uma necessidade porque  Deus não poderia, ao mesmo tempo, dar o livre arbítrio para as pessoas, por um lado, e forçá-las a cumprir seus mandamentos (evitando que venham a pecar), por outro, pois isso contraria a lógica. E nem Deus pode contrariar as lógica. 

Era preciso fazer uma escolha e Deus preferiu se auto-limitar para poder permitir às pessoas escolher o que desejam, mesmo correndo o risco de pecar. Infelizmente, essa realidade não é bem entendida e muita gente culpa Deus pelo mal que existe no mundo, achando que Ele poderia evitar todos os problemas, esquecendo-se que as coisas ruins são fruto das escolhas das próprias pessoas.

Outro exemplo de auto-limitação de Deus pode ser encontrado na dupla natureza (humana e divina) que Jesus teve quando viveu na terra. E essa convivência das duas naturezas somente foi possível, segundo a própria Bíblia, porque Jesus "esvaziou-se" da sua natureza divina. Ou seja, conservou o poder associado à sua natureza divina intato, mas nunca o usou. 

Por isso, enquanto viveu aqui, Jesus não podia tudo, nem sabia tudo, nem esteve em todos os lugares ao mesmo tempo, como acontece com Deus Pai e o Espírito Santo. E isso fica bem claro quando o relato bíblico fala, por exemplo, das inúmeras vezes em que Jesus perguntou coisas que desconhecia.

Sendo assim, os milagres feitos por Ele não tiveram por base seu próprio poder, como Deus. Jesus realizou essas obras maravilhosas usando apenas sua fé e invocando o poder do Espírito Santo. Por isso Ele também pode afirmar que seus seguidores conseguiriam fazer o mesmo, bastando ter fé suficiente - foi assim que Paulo, Pedro e outros discípulos conseguiram fazer muitos milagres, ressuscitando pessoas, promovendo curas impressionantes, dentre outras realizações.

Outros exemplos de situações onde Deus se auto-limitou podem ser facilmente encontrados na Bíblia, como quando Ele interagiu com Moisés ou Elias, no Monte Sinai, ou fez aliança com Abraão. Esses contatos não teriam sido possíveis se Deus tivesse demonstrado todo o seu poder e majestade - nenhum ser humano poderia chegar perto d´Ele nessas condições. Ele teve que se auto-limitar. Simples assim.

Deus é um Ser impressionante - sua dimensão, poder e santidade chegam a ser incompreensíveis. Só pode interagir conosco porque se auto-limita. E você precisa se lembrar disso quando se dirigir a Ele em oração ou louvor, ou quando pedir a presença do Espírito Santo em sua vida.

Com carinho 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

O ENSINAMENTO DO ENXERTO NO LIVRO DE PROVÉRBIOS

Não tenha o teu coração inveja dos pecadores; antes no temor do SENHOR perseverarás todo dia.     Provérbios capítulo 24, versículo 17
O livro de Provérbios, de acordo com a tradição, foi escrito pelo rei Salomão, considerado por muitos o homem mais sábio da história - tal sabedoria lhe foi dada pelo próprio Deus (1 Reis capítulo 3).

Trata-se de texto escrito por Salomão para ensinar seu filho a viver uma vida correta e governar bem - infelizmente, isso não funcionou muito bem pois o rapaz teve um reinado desastroso e acabou perdendo a maior parte do reino para um rival. 

Mas esse resultado não invalida a qualidade dos conselhos dados por Salomão e foi exatamente por isso que Provérbios foi incluído na Bíblia. Veja, por exemplo, o versículo acima, onde Salomão ensinou a não termos inveja da prosperidade dos pecadores, como os políticos corruptos que acabam ricos nos dias de hoje - pensamento muito importante e útil. 

Agora, talvez seja uma grande surpresa para você saber que um pedaço do livro de Provérbios - do capítulo 22, versículo 17 ao capítulo 24, versículo 22 - não foi originalmente escrito por Salomão. Esse mesmo texto é encontrado em escritos atribuídos ao faraó Amenotep, que viveu muito antes de Salomão. Tais ensinamentos foram considerados relevantes por Salomão e, depois das necessárias adaptações (como fazer referencias a Deus), incluídos nos Provérbios.

Esse fato, comprovado por muitos estudiosos da Bíblia, gera consequências importantes. A primeira delas é nos ensinar a não rejeitar ideias somente por não estarem expressamente incluídas na Bíblia, posição defendida por muitos(as) líderes cristãos(ãs). Para quem pensa assim, só é verdade o que foi incluído na Bíblia e nada mais. 

Mas quando percebemos o que Salomão fez - aproveitar um texto que não era seu - e que sua ação foi sancionada pelo Espírito Santo, fica claro que essa posição exclusivista não é sustentável. 

Salomão simplesmente colheu algumas verdades que julgou importantes, mesmo tendo sido formuladas por um rei pagão, e entendeu que elas deveriam ser incluídas na Bíblia. Fica claro, portanto, que o critério para incluir uma verdade na Bíblia não é sua origem e sim sua relevância para os propósitos de Deus.

Como a Bíblia tem espaço limitado, não caberiam nela todas as verdades existentes e, portanto, houve necessidade de fazer uma seleção do que seria incluído, tarefa que foi orientada pelo próprio Espírito Santo. Assim, tudo que está na Bíblia é verdadeiro, mas nem toda a verdade existente foi incluída ali.

Assim, há muitas verdades importantes que podem ser encontradas em livros seculares e usadas para orientar nossas vidas. Mas elas não podem ter contradições entre elas e o que a Bíblia estabelece.

Quando parece haver contradição entre um ensinamento extra-bíblico, que parece ser verdadeiro (por exemplo, algo sancionado pela ciência) e aquilo que está escrito na Bíblia, aí sim é preciso tomar cuidado.

Primeiro, é preciso verificar se existe mesmo tal contradição ou se é possível harmonizar as coisas. Por exemplo, a Bíblia afirma que Deus criou o universo a partir do nada e a Teoria do Big Bang fala de um "ovo cósmico" de energia que se expandiu para formar o universo. Parece ser que essas declarações são contraditórias, mas não é bem assim: basta entender que Deus foi o criador do tal "ovo cósmico" e o usou para promover a criação do universo. E tudo se encaixa. Perfeitamente.

Existe também a possibilidade que a contradição nasça de uma interpretação errada do texto bíblico. Afinal, nem sempre aquilo que as pessoas entendem estar escrito na Bíblia está correto. Por exemplo, durante muito tempo os principais teólogos entenderam que a Bíblia estabelecia ser a terra o centro do universo - foi por isso que Galileu teve problemas com a Igreja Católica, pois defendeu que a terra girava em torno do sol. Mas sabemos hoje que a Bíblia não afirma nada disso.

Agora, quando não é possível reconciliar a sabedoria humana (extra-bíblica) com o que a Bíblia diz, aí sim é preciso dar prioridade ao que está na Palavra de Deus. Simples assim.

Com carinho

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

FALTA DE AMOR

John Gottman é um cientista do comportamento que tem feito grande trabalho na área da comunicação dentro do casamento. Ele consegue prever com 90% de acerto se determinado casal vai ou não se separar depois de ouvi-los dialogar por apenas 10 minutos.

Segundo Gottman, um dos aspectos que caracteriza o fim do casamento é a indiferença, o que caracteriza o fim do amor. Casais que atingem esse estágio nem brigam mais, porque não vale mais à pena.

Gottman ensinou que o oposto do amor não é o ódio e sim a indiferença. Enquanto há ódio, ainda existe ligação e vontade para discutir os problemas, mesmo que seja pelos motivos errados (por exemplo, culpar a outra pessoa).

Esse ensinamento pode nos ajudar muito a aplicar na prática a chamada Lei do Amor, mandamento dado por Jesus para amarmos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (veja mais).

Se o contrário do amor é a indiferença, uma forma de avaliarmos se amamos mesmo a Deus é medirmos a importância que lhe damos no dia a dia. E basta responder a algumas perguntas para avaliar bem isso: você fala com frequência com Deus em oração, lembra-se dos seus ensinamentos e lê a Bíblia para reforçar sua fé? Ou seu contato com Ele se limita ao culto de domingo (isso quando você não está viajando, cansado(a) ou tem coisa melhor para fazer)? 

Se você briga com Deus - talvez porque ache que Ele não foi justo em determinada situação ou outro motivo qualquer -, a situação é um pouco melhor do que a indiferença. Se você ficou aborrecido(a) com Deus é porque tinha alguma expectativa, mesmo errada, a respeito do seu relacionamento com Ele. 

Houve decepção e provavelmente será preciso "discutir" a relação, mas pelo menos ainda há alguma relação. Mas muito pior é o vazio, temperado por religiosidade ocasional. Aí a situação é mesmo preocupante.

Agora, se alguém perguntar a quem estiver próximo, se você se preocupa com ele(a), o que essa pessoa vai responder? E não me refiro a membros da família ou amigos(as) queridos(as), pois aí é fácil. Falo de empregados(as), porteiros, manicures, cabeleiros, guardadores de carro, faxineiros, ou até mesmo pessoas com quem você cruza na rua. O que uma dessas pessoas diria a respeito do seu comportamento com ela? Indiferença ou amor?

Não se engane: o cristianismo não é uma forma de viver que permite deixar para amanhã aquilo que Deus nos mandou fazer, pois hoje as preocupações são outras e mais importantes. O amor de que Jesus falou - a Deus e ao próximo - não é algo que pode ser "ligado" no domingo e "desligado" na segunda feira ou quando for mais conveniente.

A relação de amor esfria quando não é alimentada, assim como ocorre dentro do casamento. E Deus não gosta disso nem um pouco. No livro do Apocalipse, Cristo fez uma análise de sete diferentes igrejas da Ásia Menor, que se tornaram "tipos" para todos(as) os(as) cristãos(ãs). Veja o que Ele disse para a igreja de Laodiceia (capítulo 3, versículos 14 a 20):
"Eu conheço bem suas obras, sei que você não é quente nem frio; eu desejaria que você fosse uma coisa ou outra! Porém, já que você é meramente morno, eu estou a ponto de vomitar você da minha boca."
Deus não tolera indiferença e falta de compromisso. E faz sentido. Afinal, depois de tudo que Jesus fez por nós, indiferença é no mínimo um desrespeito a Ele.

Sei bem como é viver um cristianismo "morno", pois agi assim durante muitos anos. E atribuo à misericórdia de Deus as oportunidades que tive para corrigir minha postura. Agora, pelo menos, vou caminhando embora ainda distante da meta que preciso atingir.

Se não for esse seu caso, mude o quanto antes.

Com carinho

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

A PERSEGUIÇÃO AOS CRISTÃOS

A perseguição começou assim que o cristianismo nasceu. Os primeiros perseguidores foram os líderes judeus, que não se conformaram com o fato de Jesus ser considerado como o Messias.

O livro de Atos dos Apóstolos relata como tudo começou: Pedro e João foram presos e agredidos por pregarem o Evangelho de Jesus (capítulo 5, versículos 17 a 42). Depois, um dos primeiros diáconos, Estevão, foi apedrejado até a morte (capítulo 7, versículos 54 a 60). O texto relata também que Paulo, antes de se converter, foi enviado a Damasco para liderar a perseguição ao povo cristão naquela cidade (capítulo 9, versículos 1 e 2).

Mais adiante, a perseguição passou a ser liderada pelos próprios dominadores romanos, porque o povo cristão não aceitava adorar o Imperador, que era considerado pelos romanos como um deus. Muitos(as) cristãos(ãs) foram sacrificados(as) durante essa fase da perseguição, como os apóstolos Paulo e Pedro. As pessoas eram crucificadas, queimadas ou atiradas na arena para serem mortas por gladiadores ou animais ferozes. 

Já no reinado do Imperador Constantino, no começo do século IV da nossa era, a religião cristã foi aceita pelo Império romano e as perseguições cessaram. Mas, continuaram em outras regiões, especialmente quando missionários chegavam para falar da nova fé - muita gente foi torturada e martirizada. 

Minorias cristãs também sempre foram vulneráveis a perseguições ao longo da história, como aconteceu nos países de maioria muçulmana. E esse problema permanece até hoje, por incrível que possa parecer: cristãos(ãs) continuam a ser perseguidos em muitos países muçulmanos, como Nigéria, Senegal ou Egito, ou em ditaduras comunistas, como Coréia do Norte.

Se você quiser saber mais sobre esse assunto, veja este site - a organização internacional por trás desse trabalho tem feito um trabalho muito importante para ajudar pessoas perseguidas em diversos lugares do mundo, algumas em países onde você nunca poderia imaginar que isso acontecesse, como o Equador.

Agora, há uma promessa na Bíblia para as pessoas que vierem a passar por perseguição por conta da sua fé em Cristo - elas receberão atenção especial de Deus por ocasião do Julgamento Final. Jesus afirmou isso expressamente, conforme registrado no Evangelho de Mateus (capítulo 5, versículos 11 e 12). É a essa promessa que milhões de pessoas se agarraram (e continuam a se agarrar) para para conseguir enfrentar o sofrimento a que são submetidas.  

Portanto, quando você sentir preguiça de ir à igreja num domingo de manhã ou a um estudo bíblico durante a semana, lembre-se que há milhões de pessoas que nunca puderam (ou podem) fazer isso livremente. Precisaram (ou ainda precisam) arriscar sua segurança pessoal para fazer coisas simples como essas.

Com carinho

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

CUIDADO PARA NÃO "DEMONIZAR" O OUTRO

"Demonizar" outra pessoa é um erro muito comum. Trata-se de atribuir defeitos e/ou erros sérios a quem é visto(a) como adversário(a) - em caso extremo, chega-se a afirmar que tal pessoa faz o trabalho de Satanás. 

A demonização pode começar com coisas simples, como torcedores(as) de um time de futebol afirmando que os(as) torcedores(as) do time adversário não tem educação ou bom comportamento - isso fica bem evidente nos apelidos que são dados, como urubu, pó de arroz, bambi, porco e por aí vai. 

O processo torna-se mais sério quando o assunto é política: por exemplo, a esquerda acha que o pessoal da direita não se preocupa com as pessoas menos favorecidas e só defendem as elites. Por sua vez, a direita acha que a esquerda pretende dar vida mole para quem não trabalha, às custas dos impostos pagos pelo restante da sociedade. E assim por diante.

Basta frequentar as mídias sociais para perceber uma verdadeira guerra de opiniões acontecendo nos dias de hoje - as discussões sobre o impeachment da Presidente Dilma são excelente exemplo desse tipo de situação, pois há ofensas sendo trocadas pelos dois lados e amizades antes sólidas acabaram abaladas.

Agora, o processo de "demonização" costuma ser ainda mais perigoso quando envolve crenças religiosas. Quando as pessoas acham que quem pensa ou age de forma diferente está pecando e/ou fazendo a obra de Satanás. Por causa disso, rios de sangue foram derramados (e continuam a ser), por exemplo, entre cristãos e muçulmanos, ao longo da história. A perseguição religiosas aos judeus na Península Ibérica, o massacre dos cátaros pelos católicos e as lutas entre católicos e protestante após a Reforma são outros exemplos importantes desse tipo de situação. 

Falo tudo isso porque vejo a demonização por motivos religiosos acontecendo hoje em dia. Por exemplo, pregadores televisivos evangélicos costumam atacar a igreja católica, acusando-a de ser idólatra e fazer a obra de Satanás. E muitos(as) evangélicos(as) "compram" essas afirmações e nem verificam se isso está correto. 

O processo de demonização não atinge apenas a fé católica. Há disputas também entre as próprias denominações evangélicas. Até coisas simples, como a forma de batizar ou hábitos de comportamento, podem servir de motivo suficiente para afirmar que outras pessoas estão em pecado, não serão salvas e/ou fazem a obra de Satanás. Eu mesmo já fui acusado aqui no blog por ideias que defendi.

O procedimento é ainda pior quando outras religiões não cristãs entram na discussão. Aí é que o bicho pega mesmo: tudo que não vem do cristianismo é visto como obra do Demônio. Simples assim. 

As causas para a demonização

A principal razão para a demonização é a ignorância pura e simples. Recentemente, conversei com um rapaz - cristão bom e dedicado - e ele mostrou alguns vídeos de mágicas que achou na Internet, daquelas que deixam a gente pensando como foi possível fazer aquilo. E em certo momento, o rapaz declarou: "essas mágicas têm tudo a ver com Satanás". Expliquei para ele não ser nada disso - são apenas truques de ilusionismo. Não há qualquer aspecto espiritual envolvido.

Aquele rapaz não sabia explicar determinada coisa e pulou de imediato para uma conclusão simplista: ação satânica. Mas a consequência de sua atitude poderia ser séria... 

É muito frequente as pessoas fazerem o que aquele rapaz fez e atribuírem ao Inimigo aquilo que não conseguem explicar. Um exemplo histórico vem bem a propósito aqui: no início do cristianismo, as pessoas foram acusados de canibalismo pois "comiam" a carne e "bebiam" o sangue de Jesus e acabaram sendo perseguidos. Ora, sabemos que a referencia a carne e sangue é apenas uma metáfora que Jesus usou para falar da Santa Ceia (comunhão).

Outro exemplo bem fácil de encontrar por aí é a crítica da mídia à prática do dízimo. Não há nada de errado ou abusivo em dar o dízimo - trata-se de uma necessidade prática para poder sustentar as igrejas. É claro que podem existir abusos por parte de gente inescrupulosa, mas isso não invalida o conceito. Mas a mídia não entende a fé que está por trás do ato de dar com o coração alegre e acha que todas as pessoas que estão dando o dízimo estão sendo iludidas. 

A ignorância costuma ser fruto da preguiça mental e/ou da acomodação. A pessoa não quer fazer o esforço necessário para entender o que não consegue explicar e procura caminhos fáceis. Por exemplo, recorre a fontes pouco confiáveis mas bem acessíveis, como televisão ou Internet, para buscar respostas. E frequentemente encontra, e aceita, quase qualquer coisa, mesmo coisas francamente absurdas. 

É comum também a pessoa aceitar, sem questionar, simplesmente aquilo que alguém em quem confiam - por exemplo determinado(a) pastor(a) - fala. E esquecem que essa pessoa pode ter motivações próprias ou mesmo nem ter o conhecimento necessário para tratar o tema em questão.

Tempos atrás houve uma inundação séria na região serrana do Rio de Janeiro. Naquela época, uma pessoa, participante de determinado grupo de discussão evangélico na Internet, do qual eu também fazia parte, declarou ter sabido, de fonte confiável, que havia milhares de pessoas soterradas na lama e iria haver uma epidemia muito grave nos próximos dias naquela região. E, mais ainda, que as autoridades estavam escondendo esses fatos. É claro que choveram mensagens de revolta contra o governo no tal grupo, algumas até pedindo punição divina para os governantes da época.

Dois meses depois, como nada disso aconteceu, eu coloquei no mesmo grupo um comentário lembrando que o alarmismo tinha sido desnecessário, inclusive acusando pessoas de forma injusta, o que é pecado. A autora da mensagem original se defendeu dizendo que tinha ouvido a informação no cabeleireiro que frequentava... O moderador do grupo colocou "panos quentes" na discussão. E eu acabei saindo do grupo.

Voltando à questão da demonização da igreja católica, a esmagadora maioria dos(as) evangélicos(as) sabe muito pouco sobre a doutrina defendida por ela e o que sabe vem de pregadores que evidentemente têm interesse em demonizar quem pensa diferente deles. 

Qual evangélico(a) já leu sobre a posição oficial da igreja católica (exposta no seu catecismo) sobre santos, imagens ou sobre a figura de Maria? Praticamente ninguém. Alguns poderiam alegar que não precisam ler sobre isso, pois testemunham como os(as) católicos(as) se comportam (p. ex. agarrando-se de forma excessiva às imagens), e eu responderia lembrando que, se formos avaliar a doutrina evangélica com base no que alguns pastores inescrupulosos fazem, chegaríamos à conclusão que está tudo errado. 

É comum haver diferença entre o que a doutrina diz e o que as pessoas fazem com base nela (isto é como a aplicam na prática). A história conta que cristãos cometeram massacres, entendendo estar justificados pela sua fé, mas na verdade agiram de forma contrária ao que Jesus ensinou. Agora, esses atos maus não desqualificam os mandamentos de Jesus - comprovam apenas que quem os cometeu não eram seguidores do nosso Mestre. Somente isso.

A mesma ignorância costuma estar presente quando gente de uma denominação evangélica demoniza pessoas que seguem denominações diferentes. Por exemplo, alguém ouve do seu pastor que o batismo só vale se for assim ou assado e nem se preocupa de conhecer os argumentos contrários. E acaba concluindo que quem for batizado de forma diferente daquela aceita pela sua denominação não estará salvo. Pode ir além e pensar que um(a) pastor(a) que batiza da forma "errada" está fazendo a obra de Satanás. 

O mesmo pode acontecer quando pessoas de denominações diferentes discutem hábitos de vida (ouvir música dita "profana", ver determinados programas de televisão, colocar enfeites de Natal em casa, etc). Quem discorda dessas práticas pode demonizar quem as aceita.

Outro fonte de erro muito frequente e perigosa é a generalização. Trata-se de usar termos genéricos para classificar pessoas num mesmo grupo quando, na prática, elas são bem diferentes entre si. 

Por exemplo, "evangélico" é um termo aplicado tanto a pessoas liberais como conservadores(as), tanto a carismáticos(as), como tradicionais. Quando alguém faz uma crítica aos evangélicos - por exemplo, alegando que os pastores só estão atrás de dinheiro -, atinge tanto quem de fato faz isso como também quem se opõe a essa prática. 

Quem são os(as) evangélicos(as)? Os pentecostais (como a Assembléia de Deus), os protestantes históricos (como metodistas ou presbiterianos) e/ou os seguidores da Teologia da Prosperidade (como os fiéis da Universal do Reino de Deus)? Essas pessoas pensam de forma muito diferente mas acabam sendo todas jogadas num mesmo "saco". 

Mesmo onde parece haver unicidade, como na igreja católica, a realidade é diferente. Existem nela muitas vertentes, como a Renovação Carismática (Padre Marcelo Rossi e outros) e a Opus Dei (super conservadores). E o primeiro grupo está mais próximo teologicamente dos evangélicos carismáticos do que do segundo. E não é por acaso que a Renovação Carismática usa cânticos lançados pelos evangélicos, faz retiros e encontros iguais aos deles e assim por diante.

Cuidado cuidado com generalizações. Certifique-se sempre de estar identificando corretamente as pessoas (ou as ideias) sendo criticadas.

Palavras finais

Precisamos, como cristãos(ãs), assumir nossa responsabilidade: demonizar outras pessoas vai contra o que prega o cristianismo. Afinal, Jesus mandou que tratássemos o(a) próximo(a) como também gostaríamos de ser tratados e ninguém gostaria de ouvir que faz a obra de Satanás. 

É claro que há diferenças de pensamento que separam as pessoas, como acontece entre cristãos e muçulmanos. Devemos, quando necessário, argumentar a favor da nossa fé, mas precisamos fazer isso sempre de forma educada e respeitosa. Jamais construindo ataques pessoais e/ou incentivando discriminações contra quem quer que seja. E tomar muito cuidado quando alguém fizer correlação entre pessoas e Satanás. 

Não podemos esquecer que o apóstolo Paulo ensinou que nossa "luta" não é contra "carne e sangue" (outras pessoas) mas sim contra aquilo que está por trás das ideias que elas seguem (Efésio capítulo 6, versículo 12).

Com carinho

domingo, 14 de fevereiro de 2016

O SEGREDO DOS VITORIOSOS

Estamos nos aproximando das Olimpíadas e Para-Olimpíadas do Rio de Janeiro. Certamente veremos atletas heroicos, fazendo o impensável na busca por resultados - lembro-me de edições anteriores quando atletas deram uma volta inteira pela pista do estádio olímpico com a perna quebrada,  saltaram com os ligamentos do joelho rompidos, lutaram com a mão fraturada e assim por diante. 

O exemplo desses atletas prova que há duas coisas fundamentais para sermos vitoriosos, tanto na vida material como espiritual: compromisso e atitude.

Compromisso  
É o comprometimento em fazer alguma coisa ou perseguir um ideal. Mesmo quando não há obrigação formal, quando o compromisso é assumido, passa a haver uma obrigação.

Atletas vencedores são os(as) compromissados(as) em ganhar medalhas - esse objetivo vem na frente de tudo. Lazer, família, vida amorosa ou qualquer outra coisa fica em em segundo plano.

Muitos cristãos tiveram compromisso verdadeiro com Jesus. Começo lembrando dos seus discípulos, que deixaram tudo para segui-lo e quase todos morreram martirizados. Não podemos esquecer de Paulo, incansável nas suas viagens missionárias, enfrentando todo tipo de dificuldade (fome, violência, falta de recursos, etc). Muito menos de Francisco de Assis (distribuiu tudo que tinha pelos pobres), de Dietrich Bonhoeffer (pastor martirizado pelos nazistas) e tanto outros.

Ter compromisso com Jesus significa dar a Ele o lugar de destaque na sua vida. Deus não pode ser alguém com quem você apenas fala rapidamente durante o culto de domingo ou em orações curtas, durante a semana, normalmente só para pedir coisas. Ou de quem você só se lembra nos momentos de aflição, para buscar socorro e alívio.

Deus precisa ser figura presente no seu dia-a-dia. E os ensinamentos de Jesus precisam realmente dirigir sua vida. É isso que significa ter compromisso de fato com Deus. 

Atitude
É agir de maneira coerente com o compromisso assumido. E a atitude têm dois componentes importantes: dedicação e persistência.

Atletas vencedores são dedicados: investem anos da sua vida em treinamentos extenuantes, evitam alimentos gostosos mas não saudáveis, deixam de lado atividades de lazer pois precisam dormir cedo e assim por diante.

Persistência é permanecer no rumo traçado, não se deixando desviar por distrações ou pelas dificuldades. E nos momentos cruciais, atletas persistentes são aqueles(as) que dão um passo a mais: por exemplo, passam por cima da própria dor e vão em frente.

Cristãos verdadeiros têm atitude. Basta lembrar, por exemplo, da vida de Madre Teresa entre os pobres de Calcutá, cuidando dos párias da sociedade hindu (leprosos, deficientes em geral, órfãos abandonados para morrer, etc) e enfrentando as autoridades que eram contra seu trabalho (pelo menos no início).

Dedicação às coisas de Deus - oração, louvor, estudo da Bíblia, caridade com quem precisa, etc - é o que se espera de cada cristão(ã). E essa deve ser a realidade diária.

Persistência também é fundamental na vida espiritual. Por exemplo, imagine a persistência necessária para andar em lombo de cavalo uma distância equivalente a três voltas ao mundo, enfrentando desconforto, mau tempo, perigos, etc. Foi isso que John Wesley fez para conseguir levar o Evangelho para muita gente na Inglaterra.

Palavras finais
Qual é o compromisso que você tem com Jesus? Qual é a importância real que Ele tem na sua vida?. Você é dedicado(a) e persistente na sua vida espiritual? Será que você é candidato(a) a ganhar uma medalha na "Olimpíada" da vida espiritual?

Com carinho

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

CONSELHOS DE GRANDES PENSADORES CRISTÃOS

Venho colecionando pensamentos de diversos autores cristãos que ensinam lições preciosas para nossas vidas. Aí vão alguns deles: 
  • Se você está contando quantas vezes perdoou alguém, não está realmente perdoando mas apenas adiando a vingança (N. T. Wright).
  • A Bíblia não é o livro da semana, nem do mês, nem do ano, mas o livro da eternidade  (Adrian Rogers).
  • Você é livre para fazer suas escolhas, mas prisioneiro das consequências geradas por elas (autor desconhecido).  
  • A falta de conhecimento sobre Deus tem tudo a ver com a falta de amor por Ele (Cornelius VanTil).
  • Se não houvesse pressão, não existiriam pedras preciosas; se não houvesse fogo, não existiria ouro puro; e se não houvesse dor, não existiriam pérolas  (Frank Viola).
  • Eu sei que Deus não vai me dar nenhuma dificuldade que não possa suportar. Mas gostaria que ele não tivesse confiado tanto em mim (Madre Teresa de Calcutá). 
  • Oração não é ficar fazendo pedidos. É nos colocarmos nas mãos de Deus e ouvir sua voz no fundo dos nossos corações (Madre Teresa de Calcutá).
  • Sabedoria é ter clareza quanto ao próximo passo que precisa ser dado, conhecimento é saber como dar esse passo e virtude é efetivar bem esse passo na prática (David Starr). 
  • Humildade não é pensar menos de você mesmo, mas sim pensar menos em você mesmo (C. S. Lewis).
Com carinho

sábado, 6 de fevereiro de 2016

COMO APLICAR HOJE AS LEIS DO VELHO TESTAMENTO

O Velho Testamento contém um extenso conjunto de regras de vida (leis) dadas por Deus para o povo de Israel, através de Moisés. Esse conjunto é conhecido como "Lei Mosaica" ou simplesmente "Lei". 

A Lei foi transmitida por Deus depois da saída de Israel do cativeiro no Egito, conforme o relato dos livros Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Assim, é importante ter em mente que o povo de Israel já tinha presenciado inúmeros milagres - como as dez pragas lançadas contra o Egito, a abertura do Mar Vermelho e outros - antes de Deus transmitir seus mandamentos. Em outras palavras, a Lei foi dada para um povo que já tinha experimentado a Graça de Deus de forma intensa. 

Portanto, o povo de Israel sabia que a obediência à Lei não era um meio para garantir as bençãos de Deus, pois elas já vinham sendo derramadas. O objetivo da Lei era outro: estabelecer um padrão de vida que tornasse Israel uma sociedade onde os valores de Deus estivessem refletidos e que esse povo servisse de testemunha diante das outras nações. 

Deus deu um chamado missionário para Israel (Levítico capítulo 18, versículos 3 e 4 e Deuteronômio capítulo 4, versículos 6 e 8) e foi exatamente por isso que o Messias, Jesus, nasceu desse povo.

A Lei Mosaica continua válida? 
Precisamos continuar a seguir a Lei Mosaica hoje em dia? A posição predominante no meio cristão é: depende do mandamento do qual se está falando. Somente os mandamentos validados no Novo Testamento permanecem em vigor, continuando a ser obrigatórios para os(as) cristãos(ãs). Os demais não. 

Alguns mandamentos dados a Israel não foram validados pelo Novo Testamento pois se referem a questões que não mais se aplicam à realidade depois de Jesus. E é fácil de entender isso. 

Por exemplo, alguns mandamentos do Velho Testamento, como aqueles relacionados com o sistema de sacrifício de animais que acontecia no Templo de Jerusalém, retratavam uma realidade espiritual que deixou de existir depois da vinda de Jesus (Hebreus capítulo 5, versículos 1 a 10). 

O sistema de sacrifícios era usado para obter perdão dos pecados das pessoas e essa necessidade foi totalmente cumprido por Jesus Cristo na cruz - o sacrifício final e último - e não mais se faz necessário. Assim, todo o extenso conjunto de mandamentos que trata dessa questão no Velho Testamento não tem mais sentido para os(as) cristãos(ãs).

Outro exemplo semelhante é a questão da separação dos alimentos entre puros e impuros, abolido com base no relato de Atos dos Apóstolos capítulo 10, versículos 1 a 22. O objetivo do mandamento original era caracterizar a separação entre Israel e os demais povos, o que foi superado a partir do ministério de Jesus - todo aquele(a) que aceita Jesus passa a fazer parte do povo de Deus (a Igreja cristã), não importa sua origem (Efésios capítulo 2, versículos 11 a 22). 

Há leis que não mais têm validade porque deixaram de estar de acordo com as normas sociais vigentes - algumas práticas tratadas nessas leis seriam até consideradas ilegais hoje em dia, como é o caso da poligamia - leis desse tipo são culturalmente limitadas e somente aplicáveis em determinada época e local. 

O Velho Testamento tratou da poligamias por que era uma realidade. E essa prática deixava as mulheres em condição vulnerável - elas podiam ser rejeitadas pelos seus homens pelos motivos mais insignificantes e não tinham qualquer direito. Assim, a Lei Mosaica procurou garantir um tratamento mais justo para essas mulheres, mas nada do que foi nela tratado é aplicável hoje em dia.  

Há leis do Velho Testamento que se relacionam a práticas que continuam a existir, como o casamento. Mas é lógico que o casamento numa sociedade poligâmica não podia ser igual ao que praticamos hoje em dia - o nome é o mesmo, mas as situações são distintas. Dentre outras coisas, as esposas daquela época não tinham direitos iguais aos maridos, especialmente sobre filhos(as) e bens. A consequência lógica dessa constatação é que o rol de mandamentos do Velho Testamento relacionados com o casamento não pode ser diretamente aplicado à realidade atual.

Concluindo, há razões teológicas, sociais e legais para que alguns mandamentos incluídos no Velho Testamento não mais sejam aplicáveis aos(às) cristãos(ãs). Mas, cada caso deve ser analisado com cuidado, principalmente à luz do que fala o Novo Testamento.

Como usar a Lei Mosaica hoje 
O tipo de mandamento sob consideração tem grande importância para estabelecer sua aplicabilidade nos dias de hoje. Vejamos isso em maior detalhe: 
  • Leis Criminais: compreendiam ofensas sérias contra os fundamentos da sociedade israelita. A maioria era punida com a pena de morte para caracterizar sua seriedade - esses casos eram ligados direta ou indiretamente à violação de um dos Dez Mandamentos. 
  • Leis civis: regulavam as disputas entre cidadãos no que se refere à terra, propriedades, etc. Estabeleciam as compensações em caso de danos a uma das partes. 
  • Leis de família: envolviam questões como herança, casamento e divórcio. 
  • Leis relacionadas com o culto: falavam do sistema de sacrifícios, do sacerdócio, das festas religiosas, etc. 
  • Leis de compaixão: envolviam questões relacionadas com os pobres, os sem teto, as minorias étnicas, etc. 

Como já vimos, os mandamentos relacionados com o culto não tem qualquer aplicação hoje em dia, por isso não seguimos os feriados judaicos, não fazemos mais sacrifícios, etc. Já os mandamentos de compaixão continuam a ter aplicabilidade. 

Agora, mesmo que não possam ser mais aplicados, ainda assim os mandamentos da Lei Mosaica têm o que nos ensinar: precisamos entender a razão para sua existência e para não mais serem válidos. 

E a melhor forma para entender essas questões é fazer algumas perguntas sobre o mandamento que estiver sendo analisado: 
● Que tipo de situação o mandamento pretendia evitar?
● Que tipo de mudança na sociedade ou no comportamento humano aquele mandamento queria provocar?
● Que tipo de situação tornava o mandamento necessário?
● Quem seria protegido(a) pelo mandamento?
● Quem teria sua ação limitada pelo mandamento?
● Que valores morais foram priorizados pelo mandamento?
● No que o mandamento reflete o caráter de Deus?


O código de regras contido na Lei Mosaica deve funcionar como modelo de ética pessoal e social aplicável a todas as áreas da vida humana hoje em dia. Nele há prioridades claras estabelecidas por Deus como, por exemplo, a importância do amor ou a luta contra a injustiça social. E que essas questões têm precedência até sobre os rituais religiosos (1 Samuel capítulo 15, versículo 22 e Oseias capítulo 6, versículo 6). 

Agindo assim estaremos usando os mandamentos dados no Velho Testamento, mesmo que não mais precisem ser seguidos ao pé da letra, para serem luz para nosso caminho (Salmo 19, versículos 7 a 10). 

Com carinho

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O GRANDE VALOR QUE VOCÊ TEM


Pegue uma nota de R$ 50,00. O que dá a esse pedaço de papel colorido o valor escrito na própria nota? Na verdade, as coisas têm valor por conta de três aspectos: origem, projeto e propósito.

A origem tem a ver com quem fez ou de onde veio aquilo que está sendo avaliado. Por exemplo, o relógio de bolso que tenho do meu avô tem mais valor para mim do que teria para você. Um quadro de Picasso tem enorme valor porque foi pintado por um artista super famoso, reconhecido quase universalmente. Enquanto a nota citada acima vale R$ 50,00 porque teve origem na Casa da Moeda e tem a chancela do Banco Central do Brasil - não é um pedaço de papel qualquer.

O segundo aspecto que estabelece valor para uma coisa é seu projeto. Quando vou comprar um carro não me preocupo muito com a marca. Olho para o projeto do carro - seu tamanho, conforto interno, motor, etc. É isso que me interessa e me faz escolher um modelo de carro no lugar de outro.

Os quadros de Picasso não têm todos o mesmo valor: há pinturas mais importantes, aquelas que tem "projeto" melhor. Alguns são tão importantes que não têm preço, como o famoso quadro Guernica, que retrata os horrores da Guerra Civil Espanhola.

A nota de R$ 50,00 tem projeto cuidadoso para garantia contra fraudes: é feita de papel especial, tem várias coisas embutidas na impressão para dificultar a falsificação. Tem também um número que é só dela. 

Finalmente, propósito é outro aspecto que estabelece valor. O relógio do meu avô conserva hoje a memória dele - esse não era o propósito original do relógio. O propósito de uma nota de R$ 50,00 é estabelecer e conservar determinado valor - aquele pedaço de papel sempre irá valer aquele montante certo de reais.

Agora, o mais importante propósito de uma nota de dinheiro é facilitar as trocas comerciais - imagine a dificuldade que seria pagar um simples cafezinho se não houvesse dinheiro, sendo preciso trocar a bebida por outra coisa de valor. A nota de dinheiro estabelece um valor claro, reconhecido por todos.

Resumindo, cada coisa é valorizada por conta da sua origem, seu projeto e seu propósito. É a maior ou menor importância desses fatores que fazem o valor de cada coisa variar. E isso é definido por quem faz a avaliação - por isso o relógio do meu avô tem maior valor para mim do que para você.  

Qual é o valor que você tem?
Você tem um valor enorme, não importa quem seja. Primeiro, você foi criado(a) por Deus - essa é sua origem. E não pode haver origem mais nobre.

E quanto ao seu projeto, a forma como você foi feito(a)? Veja o que está escrito no Salmo 8, versículos 4 e 5:
"...Afinal por que Deus dá tanta atenção ao homem? Quem é o filho do homem para que o visite? No entanto, o Senhor o fez apenas um pouco menor do que Deus...
O projeto do ser humano é tão especial que só estamos abaixo de Deus e dos anjos. Você tem um intelecto capaz de desenvolver pensamentos - pode criar algo belo, ter consciência de quem é, tem poder para tomar decisões e escolher entre o certo e o errado, consegue louvar a Deus e assim por diante.

Finalmente, o seu propósito na vida - a razão pela qual foi criado(a) é se relacionar com Deus, numa ligação marcada pelo amor. Não pode haver propósito mais importante.

Ora, se sua origem é Deus, se o seu projeto foi feito por Ele mesmo e o propósito para sua vida é estar numa relação com seu Criador, é evidente que você tem enorme valor. Esteja certo disso.

E o nome que damos ao valor de cada ser humano é dignidade. E do conceito de dignidade humana decorre a ideia de direitos humanos. Tudo aquilo que fere a dignidade humana viola um direito das pessoas e precisa ser combatido. Por exemplo, isso vale tanto para agressões físicas (assassinato ou tortura) como para as agressões morais (discriminação de qualquer tipo ou falta de coisas básicas como saúde ou moradia).

Não foi por acaso, que a ideia de dignidade e direitos humanos humanos nasceu e se desenvolveu no seio das sociedades cristãs - essa foi uma gigantesca contribuição do cristianismo para o bem comum que é frequentemente esquecida.

Seu valor não decorre do que você fez, dos resultados que alcançou na vida ou da posição social que ocupa. É claro que todas essas coisas podem agregar valor, mas seu valor principal não vem daí. Vem de Deus. E ninguém pode tirá-lo de você. E nunca deixe ninguém, inclusive você mesmo(a), convencê-lo(a) do contrário.

Com carinho