sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

O DIFÍCIL ANO DE 2016

O ano que está se encerrando parece que durou bem mais do que 12 meses, tantos foram os acontecimentos ocorridos ao longo dele.

Veja um breve resumo daquilo que vivemos nos últimos 12 meses:
  • O impeachment da Presidente Dilma Rousseff, ao fim de uma longa agonia política.
  • A recessão em nosso país que já dura dois anos e ainda não tem data para acabar, problema que gerou mais de 12 milhões de desempregados e jogou muita gente de volta na miséria. 
  • O aprofundamento das investigações da Lava Jata que já atingiram centenas de pessoas, muitas das quais presas. E muito mais gente será atingida.
  • A deposição pelo Supremo Tribunal Federal de um Presidente da Câmara e outro do Senado, fato inédito na nossa história, comprovando que mesmo aos trancos e barrancos as instituições estão funcionando e justiça aos poucos vai sendo feita.
  • As gigantescas manifestações de rua em nosso país, demonstrando que o povo brasileiro acordou para a realidade que precisa participar mais da política, se quiser que as coisas mudem mesmo. As pessoas finalmente estão aprendendo que não há políticos(as) salvadores da pátria.
  • A eleição nos Estados Unidos de Donald Trump, homem totalmente despreparado para dirigir um país dessa importância. Esse fato vem gerando muita ansiedade na opinião pública mundial.
  • A crise na Venezuela, que vem demonstra ndo mais uma vez como um país pode ser destruído por um governo irresponsável.
  • A morte de Fidel Castro, ditador cubano que dirigiu um regime que, por uma lado, promoveu avanços sociais, mas por outro, conduziu uma perseguição política implacável, com milhares de vítimas, dentre aqueles(as) que ousaram discordar.
  • A continuação do drama dos refugiados (sírios e de outros países árabes), levando ao desespero e à morte milhares de pessoas, muitas delas crianças.
  • A queda do voo que levava a delegação da Chapecoense, causando a morte mais de 70 pessoas, tudo por conta de irresponsabilidades das pessoas envolvidas.
  • Vários ataques terroristas em países europeus (principalmente na França), nos Estados Unidos e em países árabes.
  • Os jogos Olímpicos e Paraolímpicos em nosso país, que deram certo, coisa que surpreendeu a muita gente. 
Vou parar por aqui, mas deixei muita coisa de fora. O que pensar de um ano tão atribulado como esse? Quais ensinamentos bíblicos podemos usar para nos ajudar a compreender o que aconteceu e a preparar para enfrentar o ano de 2017?

A primeira coisa é reconhecer a carência de Deus na sociedade atual. Violência, corrupção desenfreada, desigualdade social, uso indiscriminado de drogas, pornografia, promiscuidade e outras mazelas da nossa sociedade somente demonstram a distância das pessoas de Deus.

E essa não é uma constatação nova: Em 1 João capítulo 5, versículo 19, o apóstolo declarou simplesmente: "O mundo jaz no Maligno". Ou seja, ele reconheceu que a sociedade humana é comandada pela forças do mal. E é fácil de constatar isso nos diversos campos como a política, a mídia, o mundo dos negócios, o entretenimento, etc.

Somente a presença de Deus pode tornar esse mundo melhor. E foi isso que Jesus falou numa parte da oração do "Pai Nosso": "e venha até nós o seu Reino, onde será feita sua vontade aqui na Terra, assim como ela já é feita no céu".

Por mais que ações como a Lava Jato tenham mérito, somente a presença real do Espírito Santo na nossa sociedade trará mudanças duradouras no comportamento das pessoas.

A segunda coisa é reconhecer que cabe em boa parte a nós, cristãos(as), ajudar a mudar o atual estado de coisas. Não podemos nos omitir: precisamos falar e dizer aquilo que pensamos, mesmo sob risco de sermos ridicularizados e taxados de retrógrados e intolerantes.

E precisamos sempre oferecer a receita para mudar o atual estado de coisas: Jesus Cristo. Os ensinamentos d´Ele - amar ao próximo, não dar lugar à hipocrisia, perdoar que causa mal, etc -, se seguidos por boa parte da sociedade, fariam deste mundo um lugar muito melhor (mais justo, pacífico e feliz). 

A terceira coisa que nos cabe fazer é orar. Pedir a Deus que tenha misericórdia e que não exerça já seu juízo sobre nossa sociedade. E pedir também pela ação do Espírito Santo, tocando e modificando o coração das pessoas para que elas mudem de fato os seus caminhos.

Finalmente, precisamos manter a esperança, assim como fizeram as gerações de cristãos(ãs) que vieram antes de nós. Eles lutaram contra enormes dificuldades, como perseguições, e conseguiram se manter firmes e ainda assim contribuir para melhorar as coisas. Em outras palavras, é preciso perseverar. Não desanimar.

Se cada cristão(ã) fizer sua parte, 2017 será um ano muito melhor do que 2016 foi.

Com carinho e grande esperança

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

OS NOMES DE DEUS

A Bíblia dá diferentes nomes e títulos para Deus visando revelar características importantes da sua natureza e/ou modo de agir. 

Agora, o nome pessoal de Deus foi revelado por Ele numa conversa que teve com Moisés: "Eu sou quem sou" (Êxodo capítulo 13, versículo 12 e capítulo 6, versículo 3). E aí nasceu o famoso Tetragrama, uma palavra de quatro letras - "IHVH" ou "JHVH" - que representa essa frase. 

Os judeus nunca pronunciavam o Tetragrama para não violar o mandamento que proíbe tomar o nome de Deus em vão. Por causa disso, quando precisavam falar o nome de Deus, usavam em seu lugar a palavra "Adonai" (Senhor). E com o tempo, perdeu-se a pronúncia original do Tetragrama.

Mais recentemente, os estudiosos da Bíblia adotaram o hábito de agregar algumas vogais para facilitar a pronúncia do Tetragrama. Como as vogais agregadas nem sempre são as mesmas - variam de estudioso(a) para estudioso(a) -, apareceram diferentes versões para o nome de Deus, como "IAHVEH", "JAHVEH" ou "JEHOVAH". A última versão deu origem ao nome "Jeová", o mais conhecido entre nós 

Alguns títulos dados a Deus 
  • Elohim (p. ex. Isaías capítulo 54, versículo 5): É a forma plural do nome El, que significa "o Forte". O plural é usado para significar majestade e também aponta para a Trindade. 
  • JEHOVAH El Shaddai (p. ex. Salmo 91, versículos 1 e 2): Significa Deus Onipotente. 
  • JEHOVAH El Elyon (p. ex. Salmo 9, versículo 2): Significa Deus Altíssimo. 
  • JEHOVAH El Olam (p. ex. Gênesis capítulo 16, versículo 13): Significa Deus Eterno. 
  • JEHOVAH Jireh (p. ex. Gênesis 22, versículo 14): Significa o Deus que provê. 
  • JEHOVAH Nissi (Êxodo capítulo 17, versículo 15): Significa Deus é minha bandeira. 
  • JEHOVAH Shalom (p. ex. Juízes capítulo 6, versículos 24): Significa Deus da Paz. 
  • JEHOVAH Sabbaoth (p. ex. 1 Samuel capítulo 1, versículo 3): Significa o Senhor dos Exércitos. 
  • JEHOVAH Tsidkenu (p. ex. Jeremias capítulo 23, versículo 6): Significa o Senhor da Justiça.
  • JEHOVAH Shammah (p. ex. Ezequiel capítulo 48, versículo 35): O Senhor está aqui.

Concluindo, Deus pode ser invocado de muitas formas. E qualquer que seja a forma usada - chamando-o pelo seu nome ou por um dos seus títulos ou simplesmente por "Pai" -, pode ter certeza que Ele sempre ouvirá você.

Com carinho

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

OS MILAGRES DE DEUS SÃO SOB MEDIDA

Acho que muita gente conhece a história dos 40 anos que o povo de Israel andou pelo deserto do Sinai. Para quem não lembra, vou dar uma rápida pincelada. 

O povo foi tirado da escravidão no Egito por Moisés, em meio a uma impressionante série de milagres (as dez pragas, a abertura do Mar Vermelho, etc). Quando Israel chegou na fronteira da Terra Prometida (Canaã ou Palestina), foram enviados doze homens para espionar os cananitas e falar sobre as dificuldades de uma possível invasão.

Esses espiões, com exceção de Calebe e Josué, contaram ter encontrado cidades muito bem fortificadas e inimigos poderosos e, portanto, previram ser impossível conquistar aquelas terras. E naõ levaram em conta o poder de Deus. Faltou-lhes fé.

Por causa disso, Deus puniu o povo, obrigando Israel a vagar pelo deserto do Sinai por quarenta anos, para que aquela geração de homens incrédulos fosse substituída por outra. E assim aconteceu: nenhum dos homens adultos que saiu do Egito, com exceção de Calebe e Josué, entrou na Terra Prometida. Só a nova geração teve esse privilégio.

Assim, Israel ficou por quarenta anos andando pelo deserto e não podemos esquecer que as condições de vida de vida naquele ambiente eram muito difíceis. Mas Deus é misericordioso e continuou ao lado do povo mesmo após o pecado da incredulidade. E Ele realizou diversos milagres para prover o povo de comida (maná) e água, coisas muito difíceis de obter em grande quantidade num deserto.

Agora, as pessoas não vivem só de comida e água. Elas também precisam de outras coisas, como roupas (para se proteger do frio e sol) e calçados (particularmente importantes para andar em terreno pedregoso). Como será que o povo de Israel se arranjou em relação a essas outras necessidades?

Nesse caso, uma parte do que elas precisavam foi provido por Deus. Veja o que a Bíblia diz: “E quarenta anos vos fiz andar pelo deserto; não se envelheceram sobre vós as vossas vestes, e nem se envelheceu o vosso sapato no vosso pé” (Deuteronômio capítulo 29, versículo 5).

Isso quer dizer que, mesmo depois de muitos anos, as roupas e calçados das pessoas estavam nas mesmas condições de quando saíram do Egito. Os muitos anos de uso não geraram desgaste nas peças de vestuário, um grande milagre.

Mas o que dizer do vestuário das crianças? Elas saíram pequenas do Egito e naturalmente cresceram ao longo do tempo. A Bíblia não fala de milagre para fazer suas roupas aumentarem de tamanho, portanto, não podemos imaginar que isso aconteceu. E não podemos falar de milagre se não há referencia a isso no texto bíblico. Outra coisa aconteceu aqui.

Precisamos lembrar que os israelitas saíram do Egito levando com eles bois, cabritos e ovelhas. Portanto, tiveram acesso a peças de couro e também contaram com lã em abundancia (evidentemente as ovelhas precisaram ser periodicamente tosquiadas). Isso quer dizer que contaram com material suficiente para fazer boa quantidade de roupas e atender as necessidades das crianças à medida que cresciam.

Em outras palavras, houve sim milagres quando isso foi preciso. Na medida das necessidades. Mas Deus não fez milagres que não foram necessários, ou seja não fez aquilo que os próprios israelitas podiam fazer.

Nosso Deus é prático: seus milagres levam em conta as necessidades das pessoas que Ele quer beneficiar. Mas nunca faz por nós aquilo que podemos fazer por nossa própria conta. O que está ao nosso alcance fazer é nossa responsabilidade – Deus não irá fazer isso por nós.

E há um outro excelente exemplo bíblico que comprova o que acabei de dizer. Quando Jesus ressuscitou Lázaro, encontrou o amigo enterrado fazia quatro dias. Aí disse aos discípulos para removerem a pedra que vedava a entrada do túmulo onde Lázaro estava enterrado (João capítulo 11, versículos 17 a 39).

Vamos analisar esse acontecimento: se Jesus tinha poder para ressuscitar Lázaro, também o tinha para remover a pedra. Ele não precisava em absoluto da ajuda dos discípulos, mas pediu aos discípulos que tirassem a pedra porque esse ato estava ao alcance deles.

Podemos contar com Deus para preencher nossas necessidades e fazer por nós aquilo que está fora do nosso alcance. Mas Ele não fará por nós aquilo que podemos fazer. Simples assim.

Com carinho

sábado, 24 de dezembro de 2016

O VERDADEIRO PRESENTE DESTE NATAL

Hoje é dia de Natal. E quero falar aqui não dos presentes que compramos em lojas, embrulhamos em lindos pacotes e colocamos debaixo da árvore de Natal. Muito menos da ceia, servida numa mesa toda enfeitada e cheia de comidas gostosas, que será comida pela família reunida.

Quero falar e comemorar o presente verdadeiro deste Natal: Jesus Cristo, que nasceu numa estrebaria de uma humilde cidade da Judeia, chamada Belém, cerca de 2.000 anos atrás. Ele veio ao mundo para nos ensinar como viver de forma correta e, principalmente, para nos reconciliar com Deus, abrindo-nos as portas da salvação.

Minha mensagem está dividida em duas partes. Espero que você goste

A primeira parte é um vídeo que não foi feito por nós, aqui no site. Na verdade, não sei quem é o autor para dar o devido crédito.

Esse vídeo transmite, de forma muito bonita, exatamente a mensagem que Jesus é nosso verdadeiro presente do Natal. Tenho certeza que ele vai "aquecer" seu coração neste Natal. Confira abaixo:


A segunda parte é um vídeo que fiz, com minha mensagem pessoal de Natal para você, feita com muito carinho. Confira abaixo. E um Feliz Natal.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

UM GRANDE ENSINAMENTO PARA ESTE NATAL

A época do Natal tornou-se uma das mais afetadas pelo desejo de consumir. A figura de Papai Noel, carregado de presentes, passou a competir com a de Jesus, ainda recém-nascido, deitado numa manjedoura. E infelizmente, essa é uma batalha que Papai Noel vem ganhando.

E isso é fruto do fato que vivemos numa sociedade voltada para o consumo. Tudo hoje em dia chama a pessoa para consumir e essa tendência pode ser facilmente notada.

Um bom exemplo é a propaganda de novos produtos que vem de todos os lados. Um estudo recente do jornal New York Times avaliou que um(a) americano(a) médio(a) é exposto(a) a uma quantidade assustadora de anúncios todos os dias: cerca de 3500. Não tenho dados similares para o Brasil, mas não ficamos muito abaixo disso.

Outro bom exemplo da predominância da sociedade de consumo é a “obsolescência programada” dos produtos. Eu me explico: os produtos consumidos são cada vez mais concebidos para ficarem obsoletos e serem trocados periodicamente.

E em dois setores isso fica muito evidente. Primeiro, nos celulares: a cada ano uma nova leva de aparelhos aparece no mercado, com mais funcionalidades. E os novos softwares (aplicativos) são feitos para tirar proveito dessas novas funcionalidades e assim os celulares antigos vão ficando rapidamente obsoletos. Então, a cada dois ou três anos é preciso trocar de celular.

O outro setor onde a “obsolescência programada” domina as relações de consumo é a moda, especialmente a feminina. Num ano, os sapatos da moda são de bico fino; já no ano seguinte, o bico passa a ser arredondado. Num ano, os estampados estão na moda; enquanto no ano seguinte, predominam as listras. E o que está fora da moda não pode mais ser usado, sob pena da pessoa ficar se sentindo mal. 

As coisas já nascem para saírem de moda ou ficarem tecnologicamente atrasadas, dando assim origem a novas compras. A obsolescência programada está presente em quase todos os mercados, não apenas nos celulares e na moda. A mesma coisa acontece com os automóveis, os eletrônicos em geral, os artigos para maquiagem e assim por diante.

A força da sociedade de consumo é tão grande que inúmeras datas comemorativas foram criadas para incentivar as pessoas a comprar, como o dia dos namorados, o dia das mães, o dia dos pais e o dia das crianças. E o Natal, antes uma data essencialmente religiosa, também passou a ser dominado pelo consumo.

O que está por trás disso é simples: a necessidade do capitalismo moderno. É necessário produzir cada vez mais, para gerar mais lucro, e a produção existente precisa ser escoada, o que somente pode ser conseguido se as pessoas consumirem mais e mais.

Um famoso analista do mercado de vendas em massa, Victor Lebow, declarou lá atrás, em 1955, o seguinte (referindo-se à economia dos Estados Unidos): “Nossa economia tão produtiva... requer que venhamos a tornar o consumo nosso meio de vida, que venhamos a transformar a compra de coisas em rituais, de onde iremos tirar satisfação tanto espiritual, como para nossos egos...”.

Ela preconizou que o consumo deveria virar uma verdadeira “religião” e isso de fato aconteceu. E essa "religião" começou dominando os Estados Unidos e, a partir de lá, contaminou o mundo todo. E a "religião do consumo" também dá as cartas no Brasil hoje em dia.

O(a) consumidor(a) é ensinado(a), com base na propaganda, a nunca ter seus desejos saciados. Sempre deve haver algo diferente, mais moderno e mais bonito apelando para ser consumido. É uma roda viva que não tem fim.

E para que isso aconteça, as pessoas são doutrinadas a pensar antes de tudo em si mesmas. Primeiro vêm seus desejos e necessidades. A palavra de ordem é “eu mereço”. Não é por acaso, portanto, que na sociedade atual a solidariedade humana esteja em baixa e o egoísmo em alta.

O cristianismo sempre lutou contra essa tendência: Jesus falou bastante contra o egoísmo e a falta de solidariedade. E sempre enfatizou que o importante não são as coisas materiais e sim os valores espirituais.

O fato é que os valores cristãos estão em choque com os valores da sociedade de consumo. O cristianismo, de certa forma, prega contra o consumo e por isso tornou-se um inimigo - é preciso minimizar sua importância. A substituição de Jesus pelo Papai Noel, nas comemorações de Natal, exemplifica bem o que acabei de dizer.

O que fazer? Como enfrentar esse estado de coisas? Pode ter certeza que há sim muita coisa que pode ser feita. E a base da resistência é o que se chama “mordomia cristã": o incentivo às pessoas para investir seu tempo e outros recursos, inclusive dinheiro, no desenvolvimento da obra de Deus. 

Mas para que a "mordomia cristâ" floresça, é preciso cultivar alguns princípios de vida contrários às tendências atuais. E começo falando da generosidade. A mentalidade consumista foca no egoísmo, no atendimento antes de tudo das próprias necessidades e desejos. Mas quando se tem a generosidade como prática de vida, o foco passa a ser "dar" em lugar de "receber" ou "adquirir". O foco passa da própria pessoa para o próximo.

Outro princípio de vida que precisa ser cultivado é a gratidão a Deus. Ser grato a Ele por tudo aquilo que se tem e usufrui diariamente - o teto sobre a cabeça, a comida disponível, as roupas que se veste, a família que dá carinho e conforto, etc. 

E essa é a visão embutida na oração que Jesus ensinou, o Pai Nosso: a orientada dada foi pedir apenas pelo “pão de cada dia”, ou seja pedir pelo atendimento das necessidades diárias. E quando atendidas, isso deve ser sempre motivo de agradecimento a Deus.

Finalmente, é preciso afastar-se periodicamente do ambiente contaminado da sociedade de consumo para manter uma perspectiva diferente. É preciso sair da “roda viva” que escraviza a tudo e todos.

E a forma de fazer isso é particpar de atividades que incentivem o florescimento espiritual e minimizem a importância das coisas materiais. Por exemplo, frequentar cultos semanais numa igreja. Participar pelo menos quinzenalmente de estudos bíblicos e/ou grupos de louvor. Estar presente, sempre que possível, em retiros espirituais, em companhia de uma comunidade de fé, com o objetivo de “descontaminar” e “recarregar as próprias baterias”.

Concluindo, não é possível escapar da sociedade de consumo – de uma forma ou outra todos(as) vivem dentro dela. Mas é possível sim aprender a resistir. A não se deixar dominar por ela. A mater os olhos abertos para o que realmente importa. E é isso que Deus espera de cada um(a) de nós.

Feliz Natal!

Com carinho

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

A FAMÍLIA DE JESUS

O período do Natal é voltado para a família - nenhuma outra festa tem essa característica. Seguindo a tradição, as pessoas viajam longas distâncias para passar a ceia de Natal e o almoço do dia 25 com seus parentes.

E já que o Natal é um período tradicional para a família, acho apropriada falar um pouco sobre a família de Jesus. Como Ele viveu seu ministério rodeado pelos apóstolos e discípulos e disse, a certa altura, que aquelas pessoas eram sua família (Mateus capítulo 12, versículos 49 e 50), esquecemos que Jesus teve uma família de sangue e que a Bíblia fala bastante sobre ela. 

Pai e mãe
Maria foi a mãe natural de Jesus - ela engravidou ainda muito jovem (tinha 14 ou 15 anos apenas) por ação do Espírito Santo. Já José, marido de Maria, foi o pai adotivo de Jesus. 

Essas duas pessoas são muito conhecidas por todos e acho que não preciso falar mais sobre elas. 

Irmãos e irmãs
Os Evangelhos de Mateus (capítulo 13, versículos 55) e Marcos (capítulo 6, versículo 3) listam quatro irmãos de Jesus.Tiago e José eram os mais velhos (nessa ordem) e depois ainda são citados Judas e Simão, mas não sabemos quem era o mais velho. 

Tiago foi o mais importante dentre eles: foi o primeiro chefe da igreja cristã em Jerusalém, sendo conhecido pelo apelido "o Justo", pela sua vida extremamente correta. Morreu apedrejado por ordem do sumo-sacerdote. Foi ele quem escreveu o livro de mesmo nome que consta do Novo Testamento. 

Judas também escreveu um livro do Novo Testamento que leva seu nome. Mas não há na Bíblia informação específica sobre os outros dois. 

Os "irmãos do Senhor", provavelmente uma referencia aos três mais jovens, são citados em 1 Corintios capítulo 9 versículo 5, onde é dito que eles levavam suas esposas nas viagens - isso quer dizer que eram missionários. Tiago permaneceu em Jerusalém até o fim da sua vida, como é descrito em várias passagens de Atos dos Apóstolos. 

Os textos de Mateus e Marcos citados acima indicam ainda que Jesus teve mais de uma irmã, mas não sabemos quantas eram, seus nomes e como viveram. E isso não é de estranhar, pois naquela época as mulheres tinham muito pouca importância.

Tios e outros parentes
Temos informações sobre tios, sobrinhos-netos e primos de Jesus, tanto na Bíblia como nos registros históricos.

De acordo com alguns desses registros, o pai adotivo de Jesus, José, tinha um irmão chamado Clopas. Ora, esse é um nome muito pouco comum nos tempos de Jesus. Sendo assim é mais fácil identificá-lo na Bíblia.

Há duas referencias a ele. Uma delas, no Evangelho de João (capítulo 19, versículo 25), durante o relato da crucificação, quando são citadas as mulheres que estavam ao pé da cruz - uma delas era Maria, esposa de Clopas. Isso quer dizer que além da mãe de Jesus, provavelmente sua tia também estava aos pés da sua cruz.

Quando Jesus, já ressuscitado, apareceu para dois viajantes, na estrada para Emaus (Lucas capítulo 24, versículo 18), um deles foi identificado como Cleopas. O nome é ligeiramente diferente de Clopas, mas muito parecido, e assim provavelmente essa é outra referencia bíblica ao tio de Jesus. 

Os registros históricos citam ainda um Simão (ou Simeão), filho de Clopas e Maria, que sucedeu seu primo-irmão, Tiago, como chefe da igreja cristã em Jerusalém. Ele foiu uma das figuras mais importantes do cristianismo por cerca de 40 anos, até ser martirizado pelo imperador Trajano. 

Os registros históricos ainda falam de dois sobrinhos-netos de Jesus, chamados Zoker e Tiago, parentes pelo lado do seu irmão Judas. 

A Bíblia conta ainda que Isabel, mãe de João Batista, era prima de Maria - portanto, esse profeta era primo em segundo ou terceiro grau de Jesus. As duas mulheres, já grávidas, encontraram-se e o momento que eles viveram está descrito em Lucas capítulo 1, versículos 36 a 45. 

Aí está o que sabemos sobre a família de Jesus. Várias dessas pessoas, conforme comentei, foram importantes para o cristianismo, e tiveram a honra de poder dizer que tinham o mesmo sangue que Jesus.

Com carinho

domingo, 18 de dezembro de 2016

A VIDA DOS PRIMEIROS CRISTÃOS ERA MUITO DIFÌCIL

Outro dia estava conversando com um amigo sobre as exigências desse período de final de ano, que costuma gerar muitos compromissos: festas de confraternização às quais não podemos faltar, idas a shoppings lotados para comprar presentes de Natal, viagens para passar as festas com a família e assim por diante.

Mas a gente reclama de "barriga cheia", quando comparamos nossa vida com aquela que os primeiros(as) cristãos(ãs) levaram. A vida daquela gente sim é que foi difícil. E basta alguns exemplos para demonstrar isso.

Jesus nasceu numa estrebaria porque não havia lugar para abrigar sua família na pequena cidade de Belém, que estava lotada de viajantes. Imagine a sujeira, o cheiro ruim e o desconforto que Maria precisou aguentar para dar à luz naquelas condições tão precárias - a gente tende a esquecer disso quando vê os lindos presépios usados nas decorações de Natal.

As pessoas precisavam andar longas distâncias a pé para se deslocar. E não podemos nos esquecer que o ministério de Jesus e dos apóstolos foi itinerante e, portanto, eles precisaram viajar com frequência.

Para ir de Nazaré (onde Jesus foi criado) a Jerusalém (onde ficava o Templo) era necessário caminhar cerca de 130 km - vários dias de viagem.

Quando ia a Jerusalém, Jesus ficava hospedado na casa de Marta, Maria e Lázaro, em Betânia, que ficava a cerca de 7 km fora da capital. Todos os dias Jesus e os apóstolos faziam o trajeto entre Jerusalém e Betânia, já que passavam o dia na capital e voltavam para dormir na casa dos amigos. Eram 14 km, fora o que andavam em Jerusalém. Só de pensar nisso eu já fico cansado!

Jesus e os apóstolos tinham pouco dinheiro e como não podiam trabalhar, pois viajavam constantemente, pregando o Evangelho, dependiam da ajuda das pessoas que encontravam pelo caminho ou da boa vontade de seguidores(as), que lhes faziam doações.

Ora, quem vive assim não pode ser muito exigente: precisa aprender a aceitar a ajuda que recebe. A pessoa não pode ter comida preferida, pois precisa comer aquilo que colocam na sua frente e ainda se sentir satisfeito. Não pode também escolher sua roupa, pois vai ter que usar aquilo que lhe derem. E assim por diante.

Nas suas viagens, para cá e lá, os primeiros(as) cristãos(ãs) frequentemente não tinham onde passar a noite, pois hospedarias eram escassas e caras (para o poder aquisitivo dessas pessoas). Aí era preciso dormir ao relento ou na melhor hipótese numa caverna. 

Essas viagens eram perigosas já que as estradas passavam por locais desabitados e malfeitores aproveitavam-se da vulnerabilidade dos viajantes - a parábola do bom samaritano, onde Jesus falou de um homem caído à beira da estrada, depois de atacado por malfeitores, na estrada que ia de Jericó a Jerusalém, reflete exatamente essa situação.

E não podemos esquecer as perseguições que começaram pouco anos depois da morte de Jesus. Aí, a todo o desconforto que acabei de descrever, juntou-se o perigo constante. As pessoas nunca sabiam se iriam ser presas e torturadas simplesmente por professarem fé em Jesus. 

Eu podia falar muito mais, mas acho que você já conseguiu formar uma boa ideia de como as coisas eram difíceis para os(as) primeiros(as) cristãos(ãs). E ainda assim essas pessoas não desanimaram. Não desistiram. Mantiveram-se firmes e fizeram aquilo que Deus esperava delas.

Esse é um grande ensinamento para gente, como eu, que reclama de um simples período de final de ano cheio de compromissos.

Com carinho

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

A IMPORTANCIA HISTÓRICA DA CARTA AOS CORÍNTIOS


Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. Depois apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos. Depois destes, apareceu também a mim... 1 Coríntios capítulo 13, versículos 3 a 8
Estes versículos da primeira carta de Paulo à igreja de Corinto talvez componham o trecho do Novo Testamento mais estudado pelos historiadores(as), sejam eles(as) cristãos(ãs) ou não.

Isso porque aí está contido aquilo que se acredita ser uma mais antigas tradições cristãs. Algo como o primeiro credo da Igreja cristã, cuja origem pode ser rastreada até poucos meses depois da morte de Jesus.

E tal constatação tem enorme importância. Afinal, um dos ataques mais frequentes que o cristianismo sofre parte da tese que os(as) primeiros cristãos - as pessoas que testemunharam os fatos ocorridos e sabiam o que aconteceu mesmo - não pregavam que Jesus morreu para nos salvar. Essa crença teria surgido bem depois e não passaria de uma lenda. 

O texto citado acima é uma prova importante que essa crítica não corresponde à verdade: logo depois da morte de Jesus, os(as) primeiros(as) cristão(ãs) já acreditavam na sua ressurreição e no seu sacrifício para nos salvar. Não há qualquer lenda construída posteriormente.

Mas antes de explicar porque afirmo isso, é preciso que você entenda uma coisa importante: para o(a) historiador(a) não cristão(ã), os textos bíblicos não são a Palavra de Deus e sim apenas textos antigos, que têm valor histórico, mas não são diferentes de qualquer outro texto da mesma época.

E vamos aceitar essa posição dos(as) historiadores(as) não porque eu concorde com ela, mas para poder construir um argumento que eles(as) não possam deixar de lado, afirmando que não concordam com as conclusões tiradas.

O ponto de partida, portanto, será tomar o Novo Testamento apenas como uma coleção de textos antigos e somente usar como evidência apenas fatos com os quais todos(as) concordem, mesmo quem não for cristão(ã). E feita essa introdução, vamos então ao que interessa.

A primeira carta de Paulo aos coríntios é uma das seis cartas aceitas quase universalmente como tendo sido realmente escritas por ele - os(as) cristãos acreditam que há diversas outras, mas isso não importa no momento. Essa carta foi escrita mais ou menos por volta do ano 55 da nossa era e Paulo se referiu, no trecho citado acima, a uma visita anterior que fez a Corinto três anos antes. 

Ou seja, no ano 52, pouco mais de 20 anos depois da morte e ressurreição de Jesus - para efeito deste post considerei que a paixão de Cristo ocorreu na Páscoa do ano 30 - Paulo ensinou aos coríntios que Jesus morreu pelos nossos pecados. Mas quando foi que Paulo aprendeu essa mensagem?

Para responder, precisamos recorrer a outra carta, também universalmente reconhecida como da autoria de Paulo. Refiro-me a Gálatas, onde ele escreveu:
Quando lhe agradou revelar o seu Filho em mim, para que eu o anunciasse entre os gentios, não consultei pessoa alguma... Depois de três anos, subi a Jerusalém para conhecer Pedro pessoalmente, e estive com ele quinze dias. Não vi nenhum dos outros apóstolos, a não ser Tiago, irmão do Senhor. Gálatas capítulo 1, versículos 15 a 19
Três anos depois da conversão de Paulo, ele foi a Jerusalém e se encontrou apenas com Pedro e Tiago (irmão de Jesus), tendo ficado ali por quinze dias. Ora, Paulo se converteu cerca de dois anos depois da morte de Jesus, portanto, essa visita ocorreu por volta do ano 35.

É evidente que as conversas que Paulo teve naquela oportunidade com Pedro e Tiago não versaram sobre o tempo ou a situação política na Palestina. O interesse que esses três homens tinham em comum era o Evangelho de Jesus e certamente foi disso que falaram.

Foi nessa oportunidade que Paulo ficou sabendo o que Pedro e Tiago ensinavam a seus discípulos. E foi essa mesma mensagem que Paulo passou para diante, inclusive na visita que fez a Corinto. 

Como podemos ter certeza disso? Simples: quatorze anos depois da primeira visita (no ano 35), Paulo foi lá de novo e dessa vez conversou com Pedro, Tiago e João. Seu objetivo foi justamente verificar se estava pregando o mesmo Evangelho que eles. Veja o relato dessa segunda visita em Gálatas:
Catorze anos depois, subi novamente a Jerusalém, dessa vez com Barnabé, levando também Tito comigo. Fui para lá por causa de uma revelação e expus diante deles o evangelho que prego entre os gentios, fazendo-o, porém, em particular aos que pareciam mais influentes, para não correr ou ter corrido em vão... tais homens influentes não me acrescentaram nada. Reconhecendo a graça que me fora concedida, Tiago, Pedro e João, tidos como colunas [da igreja], estenderam a mão direita a mim e a Barnabé em sinal de comunhão... Gálatas capítulo 2, versículos 1 a 10
Os demais líderes cristãos reconheceram que a teologia de Paulo estava em linha com a deles e o abençoaram, impondo-lhe as mãos. 

Portanto, os documentos que temos provam que Paulo esteve pela primeira vez com Pedro e Tiago, apenas cinco anos depois da morte de Jesus, quando foi instruído numa série de coisas. No ano 49, Paulo voltou a Jerusalém e checou com Pedro, Tiago e João, que sua mensagem continuava correta e foi essa mensagem que ele passou para os coríntios. 

Agora, desde quando os líderes cristãos estavam falando que Jesus tinha morrido por nós e ressuscitado? Sabemos que Paulo recebeu esse credo 5 anos após a morte de Jesus. Mas segundo quase todos os(as) estudiosos(as) essa mensagem, na mesma forma como Paulo a reproduziu, data de meses depois dos acontecimentos.

Em outras palavras, sabemos com certeza que muito pouco tempo depois da morte de Jesus, os(as) primeiros(as) cristãos(ãs) já acreditavam no seguinte: Ele morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, tendo aparecido depois para uma série de pessoas. E esse é o núcleo da fé cristã.

Se tudo fosse uma lenda, como algumas pessoas hoje afirmam, não haveria razão para que as testemunhas dos fatos estivessem dispostas a morrer por sua fé, como de fato aconteceu - praticamente todos os apóstolos foram martirizados.

Na verdade, os(as) historiadores(as) mais responsáveis, cristãos(ãs) ou não, acreditam que naõ se trata mesmo de lenda e que várias daquelas pessoas viram sim Jesus depois da sua morte.

Nós, cristãos(âs) acreditamos que a para isso é sua ressurreição. Já os(as) historiadores(as) não cristãos(ãs) atribuem essas visões a outras causas, como alucinações. Mas não negam sua existência. Nem consideram o relato como lenda.

É claro que a tese de alucinações coletivas não se sustenta e há bons argumentos para rebatê-la. Mas seria necessário outro post para fazer isso e este já está muito longo. Falarei sobre isso em outra oportunidade.

Com carinho

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O MOSAICO DA SUA VIDA

Nossa vida é como um mosaico - um monte de peças quebradas e espalhadas pelos problemas, pelas lutas, pelas dificuldades, etc. Há momentos em que parece ser que nunca mais será possível juntar essas peças formando alguma coisa coisa, íntegra e completa de novo. 

Quando a gente se converte, Deus pega esse monte de peças e forma com elas um lindo mosaico. Forma-se uma nova realidade que somente Ele pode criar.

É sobre isso que falo no vídeo abaixo. Confira:

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

O PRIMEIRO CREDO CRISTÃO


Creio em Deus Pai Todo-poderoso, o Criador dos Céus e da terra. E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo Espírito Santo. Nasceu da virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado. Ao terceiro dia ressuscitou dentre os mortos. Subiu ao céu e está assentado a direita de Deus Pai, Todo-poderoso, de onde virá para julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja de Cristo, na comunhão dos santos, no perdão dos pecados, na ressurreição do corpo e na vida eterna. Credo apostólico
Credo é uma declaração da fé que a pessoa professa. É um resumo daquilo que ela acredita e procura viver.

O "Credo Apostólico" é a declaração de fé da Igreja Cristã. A versão apresentada acima é a aceita pelas igrejas evangélicas, de uma forma geral. A versão aceita pela Igreja Católica é muito parecida, sendo a principal diferença a troca da expressão "Igreja de Cristo" por "Igreja Católica", por razões óbvias. 

A necessidade de contar com um Credo decorreu da tentativa da liderança cristã de proteger a doutrina "verdadeira", ou seja aquela que todo(a) cristão(ã) deve seguir. E isso aconteceu por causa das inúmeras heresias - doutrinas estranhas - que começaram a florescer no meio da Igreja Cristã ao longo da sua história. 

A partir da adoção de um "credo", de um resumo da doutrina "verdadeira", tornou-se mais fácil apontar aquilo que é uma heresia - trata-se da doutrina que não está contida ou entra em choque com o "Credo Apostólico".

A palavra "credo" vem da expressão que dá início ao "Credo Apostólico", na versão em latim,: "Credo in Deum Patrem". Portanto, "credo" significa apenas "creio", ou ainda melhor "aquilo que eu creio".

O conceito de "credo" é anterior ao cristianismo. O judaísmo tem o seu "credo", chamado "Shema", declaração que todo judeu praticante repete várias vezes por dia:
Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração. Deuteronômio capítulo 6, versículos 4 a 6
Diz a tradição que o "Credo Apostólico" foi concebido pelos apóstolos no dia anterior à sua partida para cumprir a missão que Jesus lhes dera: pregar o Evangelho para todas as nações. Eles teriam se colocado em comum acordo quanto a qual deveria ser o conteúdo teológico da sua pregação. 

Na verdade, provavelmente não foi assim que as coisas aconteceram. Provavelmente, essa declaração se desenvolveu ao longo de algum tempo, sendo refinada aos poucos. De qualquer forma, sabemos que o "Credo Apostólico" é muito antigo, sendo citado, pelo menos parcialmente, em escritos datado de apenas um século depois da morte e ressurreição de Jesus.

Agora, há na Bíblia indícios de pelo menos uma declaração de fé ainda mais antiga que o "Credo Apostólico", citado numa passagem escrita por Paulo:

Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: "que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras. Foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. Depois apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos." 1 Coríntios capítulo 15, versículos 3 a 7 

Paulo escreveu esse texto no ano 55 da nossa era onde se referiu a uma visita anterior que fez a Corinto, onde já pregou a mesma mensagem. Na verdade, é possível traçar essa versão inicial de "Credo" a poucos meses depois da morte de Jesus (veja mais).

Sabemos que se trata de um "credo" porque o texto no grego foi claramente concebido para facilitar a memorização, coisa fundamental para uma declaração de fé - praticamente todos os estudiosos da Bíblia concordam com essa tese. 

Repare, que no primeiro credo as informações são muito mais resumidas que no "Credo Apostólico". O primeiro credo se limita a dizer Jesus morreu pelos nossos pecados, conforme previsto no Velho Testamento (as Escrituras no tempo de Paulo). Ressuscitou ao terceiro dia, também conforme previsto nas Escrituras, e isso foi testemunhado por muita gente. 

O primeiro credo não fala sobre como Jesus morreu, sua concepção por ação do Espírito Santo, sua volta no final dos tempos e algumas outras coisas contidas no "Credo Apostólico". Esse conteúdo adicional não está errado - creio firmemente em todas essas doutrinas. Mas é preciso entender que o conteúdo adicionado à declaração da fé cristã foi fruto de reflexões teológicas posteriores - obtemos essas informações dos quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João) e do livro do Apocalipse, todos escritos em data posterior à carta de 1 Corintios. 

Isso prova com clareza que o credo sofreu alterações, buscando explicar melhor qual é o conteúdo teológico correto da fé cristã. O próprio "Credo Apostólico" foi expandido, dando origem a outras versões da declaração da fé cristã, como o "Credo de Niceia".

Mas o "Credo Apostólico" permanece sendo a declaração de fé cristã mais reconhecida e adotada. Sendo assim, incentivo você a ler esse pequeno texto com calma e, se possível, memorizar seu conteúdo. Pode ter certeza que isso será muito útil na sua caminhada cristã. 

Com carinho

sábado, 10 de dezembro de 2016

QUEM TEM PODER PARA PERDOAR PECADOS?

Dias atrás, o Papa Francisco surpreendeu o mundo ao mudar as regras que a Igreja Católica adotava até então para lidar com a questão do pecado relacionado com o aborto. De acordo com a regra anterior, esse tipo de pecado, pela sua gravidade, só poderia ser perdoado por um bispo. A partir de agora, os padres passaram a ter tal direito. 

Essa decisão foi muito elogiada, pois caminha no sentido da descentralização do poder dentro da Igreja Católica. E eu não questiono que isso é positivo.

Também reconheço o papel firme que a Igreja Católica tem na questão da condenação do aborto, que infelizmente para muita gente se transformou num em mais um processo para evitar a concepção indesejada, o que é um absurdo. A Igreja Católica não tem se envergonhado em afirmar, alto e bom som, que aborto é pecado e deve ser reconhecida por isso, pois as pressões que sofre para flexibilizar sua posição são muito grandes.

Mas a questão que quero tratar aqui é bem outra e tem a ver com o princípio que está implícito nessa notícia: padres ou bispos, podem perdoar pecados. Será que esse princípio adotado pela Igreja Católica é sancionado pela Bíblia? Acredito que não.

E vou explicar minhas razões, começando por citar um texto do Evangelho de Marcos:
Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: "Filho, os seus pecados estão perdoados". Estavam sentados ali alguns mestres da lei, raciocinando em seu íntimo: "Por que esse homem fala assim? Está blasfemando! Quem pode perdoar pecados, a não ser somente Deus?" Marcos capítulo 2, versículos 5 a 7
Jesus foi questionado pelos mestres da Lei porque perdoou os pecados de um paralítico. E esse questionamento lhe foi feito porque, segundo o Velho Testamento (por ex. Isaías capítulo 43, versículo 25), somente Deus tem poder para perdoar pecados. Portanto, ao perdoar os pecados de um homem, Jesus se auto-declarou Deus, o que, aos olhos dos doutores da Lei, constituiu uma blasfêmia. 

Ora, se apenas Deus pode perdoar pecados, onde a Igreja Católica busca respaldo para o princípio que adota? A resposta está na seguinte passagem:
Novamente Jesus disse: "Paz seja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu os envio". E com isso, soprou sobre eles e disse: "Recebam o Espírito Santo. Se perdoarem os pecados de alguém, estarão perdoados; se não os perdoarem, não estarão perdoados". João capítulo 20, versículos 21 a 23
Jesus deu aos seus apóstolos o direito de perdoar pecados e a Igreja Católica entende ser herdeira desse mesmo direito. E essa "herança" estaria estabelecida por outra passagem:
"E vocês? ", perguntou ele. "Quem vocês dizem que eu sou? " Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Respondeu Jesus: "Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não lhe foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus. E eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não poderão vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino dos céus. O que você ligar na terra terá sido ligado nos céus, e o que você desligar na terra terá sido desligado nos céus". Mateus capítulo 16, versículos 15 a 19
A interpretação da Igreja Católica é que a chefia da Igreja Cristã foi dada por Jesus a Pedro e como o Papa é o sucessor desse apóstolo, ele tem os mesmos direitos, dentre os quais o de perdoar pecados. E pode transmitir para seus bispos e padres, através da imposição de mãos, os mesmos direitos.

Ora, na construção desse raciocínio há uma série de pressupostos importantes que ficam implícitos, ou seja não estão muito claros. O primeiro é que o direito de perdoar pecados, dado por Jesus aos apóstolos, poderia ser passado por esses a outras pessoas. E a Bíblia não afirma isso em lugar nenhum.

A passagem em que Jesus dá esse direito aos seus apóstolos está inserida no contexto em que Ele os enviou pelo mundo para pregar o Evangelho E é nesse contexto supre especial que esse ato de Jesus deve ser entendido, não havendo nenhuma razão para crer que se estendeu para outras pessoas.

A segunda premissa implícita é que Jesus fez de Pedro o chefe da Igreja cristã. E isso não está expressamente dito no texto bíblico e muito menos encontra sustentação na história. O líder de fato da primeira comunidade cristã, em Jerusalém, foi Tiago, irmão de Jesus, conforme o relato de Atos dos Apóstolos deixa claro - basta notar que Tiago é o último a falar, quando dos debates do primeiro concílio da Igreja (capítulo 15, versículos 12 a 20). Além disso, o apóstolo Paulo foi muito mais importante para o desenvolvimento do cristianismo do que Pedro e sua autoridade espiritual ia ao ponto dele dar broncas em Pedro, como está dito no relato da carta aos Gálatas (capítulo 2, versículos 11 a 21).

Outra premissa implícita absolutamente questionável é o fato do Papa ser o sucessor do apóstolo Pedro. Esse dogma vem do próprio ensinamento da Igreja Católica, não tendo qualquer suporte bíblico.

Concluindo, não há porque afirmar que qualquer ser humano, por melhor e mais desenvolvido espiritualmente que seja, tenha poder para perdoar pecados. Isso não tem respaldo na Bíblia.

Somente Deus tem esse poder e o direito que os apóstolos receberam de Jesus para fazer isso foi algo específico para eles, para o momento em que viviam.

Com carinho

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

OS ÓCULOS QUE VOCÊ USA E NEM PERCEBE...

Você usa um óculos com lentes coloridas e que colore tudo que você vê. E nem sabia disso. 

Refiro-me ao "óculos" da cultura onde você foi criado e/ou vive - tudo que você avalia se está certo ou errado, comenta, escolhe, etc sofre influência dessa cultura (as "lentes coloridas dos seus óculos").

E essa influência está tão entranhada e se dá de forma tão automática que você nem se dá conta. Daí eu ter dito que há um "´óculos de lentes coloridas" que você nem percebe que está lá.

Trinta anos atrás, quando fui fazer meu mestrado na Universidade de Londres, cheguei na Inglaterra para morar e passei por um "choque cultural" significativo, embora a Inglaterra seja um país ocidental, cujos hábitos e costumes não são tão diferntes assim dos brasileiros. Se eu tivesse me mudado para a Índia ou a China, o choque teria sido bem maior.

Achei que muita coisa era diferente na Inglaterra. Por exemplo, as pessoas dirigiam na mão errada (para nós). A comida era bem diferente - as pessoas adoravam um feijão em calda doce ("baked beans"), que achei insuportável. E assim muitas outras coisas.

A vida era bem diferente lá quando comparado ao Brasil. Certas coisas eram bem melhores (por exemplo, tudo era mais organizado) e outras piores (foi difícil fazer amigos). 

Os tais "óculos coloridos" pela cultura, que usamos e nem percebemos, também impactam o estudo da Bíblia. Não há como deixar de reconhecer que nossa interpretação do Evangelho sofre influência da cultura onde estamos imersos.

Feche seus olhos e tente mentalizar as figuras de Deus Pai e Jesus. Você muito provavelmente imaginou Deus Pai como um senhor bonito, poderoso, de barbas e cabelos brancos. E Jesus, como um jovem branco, bonito, com cabelos compridos e cara de sofrimento.

Ora, Deus Pai não é assim como você imaginou. Você tem na sua mente, sem perceber, a imagem que diversos pintores ocidentais, como Michelangelo, fizeram consturiam nas suas obras e a visão deles acabou se tornando a sua - veja abaixo a figura que Michelangelo pintou de Deus na Capela Sistina:

A imagem que você provavelmente tem de Jesus é aquela que viu em filmes de Hollywood, onde os diretores mostraram nosso Mestre como um jovem branco, bonito e de cabelos brancos. Agora, compare sua imagem mental com aquela que estudiosos construíram, poucos anos atrás, com base em estudos arqueológicos, de um homem de trinta e cinco anos no tempo de Jesus:


Confesso, que quando eu vi essa concepção artística, tomei um choque.

Construir imagens físicas de Deus Pai ou Jesus erradas não tem tanta importância assim - é mais uma curiosidade. Mas o problema é que fazemos o mesmo com os conceitos teológicos.

Tempos atrás, uma leva de estudantes da Coreia do Sul, país asiático, mas de maioria cristã (lá estão as maiores igrejas protestantes do mundo, algumas com mais de 200.000 membros), foram estudar em seminários dos Estados Unidos.

E nas discussões em grupo, os(as) coreanos(as) perceberam valorizar muito mais a autoridade e a liderança pastoral do que os(as) americanos(as). A cultura coreana, de matriz oriental, é muito mais reverente com as posições de autoridade do que a cultura americana. 

Os(as) coreanos sempre olhavam para passagens bíblicas que enfatizam a importância dos(as) líderes espirituais, enquanto os(as) americanos(as) traziam para a discussão os versículos que falam dos limites que a ação desses(as) líderes devem estar sujeitos - e acreditem em mim, há na Bíblia versículos que falam as duas coisas.

As pessoas com predisposição cultural para aceitar lideranças mais fortes, buscavam versículos que reforçavam sua orientação e o mesmo ocorria com aquelas que tinham posturas mais democráticas. 

Outro ponto onde as diferenças culturais costumam gerar posturas distintas é na questão das riquezas. A Bíblia tanto diz que Deus abençoou Abraão e ele enriqueceu, como mostra Jesus falando que é mais fácil uma corda grossa passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus.

Assim, numa igreja povoada por pessoas de classes economicamente mais favorecidas, o normal é enfantizar a prosperidade de gente como Abraão e dar pouca importância à advertência de Jesus às pessoas ricas. Já numa igreja onde as pessoas lutam para sobreviver e elas se sentem exploradas economicamente por chefes insensíveis, a advertência de Jesus tende a fazer eco muito mais forte.

E foi o mesmo fenômeno do "óculos" cultural que fez com que muitos(as) cristãos(ãs) defendessem fortemente a escravidão, inclusive encontrando passagens bíblicas para justificar sua posição. E o mesmo corre ainda hoje com o machismo.

Concluindo, não há como tirar os "óculos" da cultura quando se vai interpretar a Bíblia - esses "óculos" são parte integrante da forma como cada um é. Simples assim. 

Mas podemos estar conscientes que os tais "óculos" existem e que, portanto, não somos donos(as) da verdade. As conclusões que tiramos da Bíblia, muitas vezes, não são absolutas, pois foram coloridas pela cultura onde estamos imersos.

Precisamos deixar nossas mentes abertas a outras abordagens, vindas de pessoas pertencentes a outros extratos socioeconômicos, ou faixas etárias, ou mesmo vindas de outros países. Todas essas diferenças tendem a gerar olhares distintos sobre as coisas - um bom exemplo é o choque cultural que o comportamento dos jovens, com seus piercings, tatuagens e música barulhenta, causa nos mais velhos.

Pessoas com matrizes culturais distintas vão olhar para os ensinamentos bíblicos de forma diferente e precisamos ser tolerantes a isso. Não digo que devemos comprometer, por conta dessa tolerancia, os ensinamentos básicos do cristianismo, mas aceitar que as diferenças existem e são saudáveis. parte da vida.

Em outras palavras, não há uma maneira única e exclusiva de viver corretamente os ensinamentos do Evangelho de Jesus Cristo.

Com carinho

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

QUANDO O PEQUENO VENCE O GRANDE

A história de Davi e Golias é bem conhecida: um jovem pastor de ovelhas venceu a luta contra um guerreiro gigantesco e poderoso. Davi venceu quando todos esperavam sua derrota. Para o mundo, a vitória do jovem pastor foi uma surpresa enorme.

Davi venceu porque tinha o mais importante: fé em Deus. E por causa disso, Deus lutou por ele.

A história da vitória de Davi contra Golias guarda uma grande lição de vida para todos nós. Não importa o tamanho dos problemas que venhamos a enfrentar - os nossos "Golias" - a vitória é certa, quando Deus está do nosso lado.

Veja a seguir o vídeo onde faço essas e outras reflexões, que tenho certeza irão abençoar sua vida: