sexta-feira, 17 de junho de 2011

A LUTA CONTRA O CRISTIANISMO

Há uma guerra de comunicação em curso entre ateus e cristãos em diversos países do mundo, inclusive no Brasil. No último Natal, nos Estados Unidos, os ateus colocaram um outdoor, próximo a uma das mais importantes entradas da cidade de Nova York, com o seguinte texto: “Você sabe que é um mito. Neste ano, celebre a razão”. Em contra partida, um grupo cristão, colocou o seguinte outdoor, um pouco mais adiante: “Você sabe que é real. Neste ano, celebre Jesus”.

Anúncios ateus semelhantes foram colocados em ônibus de algumas capitais brasileiras no ano passado, pagos por uma associação chamada ATEA. Neles, o cristianismo é chamado de genocida enquanto que os ateus são figuras boas e simpáticas. Essa iniciativa, por sua vez, se inspirou emações  que são frequentes hoje na Europa.

Em paralelo a isto, vários intelectuais, que se dizem cristãos, intencionalmente ou não, procuram minar os fundamentos da fé cristã. Por exemplo, um texto de 2010 de Plínio de Arruda Sampaio, publicado em vários sites da Internet,  intitulado “Cristão e Comunista”, diz textualmente:
“Muitas pessoas se surpreendem com o fato de alguém declarar-se cristão e comunista...A fé de quem é cristão consiste numa aposta baseada nos valores que o Cristo veio anunciar. Acontece que esses valores são os mesmos que o comunismo proclama: igualdade, liberdade, fraternidade. O fato de que um os atribua a Deus e outro à História não afeta a identidade entre eles e, portanto, a possibilidade das duas posições sem incidir em incoerência...”

Outro exemplo é o texto de Paulo Coelho, postado no começo deste ano no seu blog, com o título “Mito: Deus é sacrifício”:
“Muita gente busca o caminho do sacrifício, afirmando que devemos sofrer neste mundo, para ter felicidade no próximo... Estamos muito acostumados com a imagem de Cristo pregado na cruz, mas nos esquecemos que sua paixão durou apenas três dias: o resto do tempo passou viajando, encontrando as pessoas, comendo, bebendo, levando sua mensagem de tolerância....”

Ora, os valores do cristianismo vão muito além de liberdade, igualdade e fraternidade, pois envolvem principalmente a necessidade do ser humano ser redimido do pecado mediante o sacrifício de Jesus Cristo. Isto não é nem nunca poderá ser reconhecido pela doutrina comunista. Por outro lado, Jesus não sofreu apenas enquanto foi preso e crucificado, nem tão pouco passou seu tempo viajando, encontrando pessoas e se divertindo. Essa é uma distorção triste do ministério de Jesus na terra. Ele foi homem de dores (ver Isaias cap 53, versículos 3 a 7) e não tinha recursos materiais (ver Lucas capítulo 9, versículo 58). Sofreu diversos tipos de perseguições e discriminações, por causa da sua origem, considerada obscura (ver Mateus capítulo 13, versículos 53 a 58), por causa da incompreensão dos seus próprios familiares em relação à sua missão, e por causa do conteúdo da sua pregação.

Essas manifestações, tanto de ateus, como de pseudo-cristãos,  demonstram que há uma disputa em curso pelos corações e mentes das pessoas. De um lado, estão aqueles que defendem o cristianismo e, de outro, os que estão, de alguma forma, contra isso. 

A seguir, apresento alguns comentários sobre esses dois grupos de opositores ao cristianismo - os novos ateus e os pseudo-cristãos, para facilitar a identificação das suas estratégias básicas de atuação:

Novos ateus
Esse grupo é cada vez mais barulhento e tenta, a todo custo, livrar o mundo do “engodo” da crença em Jesus Cristo. “Apóstolos” dessa nova “fé” são escritores e cientistas como Richard Dawkins e Richard Denett. Seu “evangelho” é composto de livros como “Deus um Delírio”.

O novo ateísmo se baseia no materialismo -  tudo que existe é a matéria e o universo todo foi gerado somente por processos naturais. Na verdade, o novo ateísmo não deixa de ser uma “religião”, onde a crença básica, além do materialismo, envolve a primazia absoluta da ciência, como a única forma válida para se obter conhecimento em geral.

Por causa disto, os novos ateus não admitem, de forma nenhuma, que os cristãos  tenham uma fé racional. Num livro publicado no ano de 2000, contendo o debate entre o então Cardeal Ratzinger (hoje Papa Bento XVI) e o intelectual ateu Paolo Flores D’Arcais, o segundo disse literalmente que é perfeitamente possível haver boa convivência entre a fé cristã e o ateísmo, desde que os cristãos reconheçam que suas crenças não são racionais. Não foi dito, mas ficou claro pelo contexto, que uma fé racional (como defendo aqui neste blog) iria concorrer com a ciência, que precisa ter sempre a primazia.

O ponto fraco do novo ateísmo é ser uma fé “parasita” – não uso esse termo com qualquer tom pejorativo. Isto por que a “doutrina” do ateísmo é desenvolvida apenas para combater o cristianismo. Ela têm argumentos respeitáveis para aqueles pontos  que  são espinhosos  para o cristianismo – como, por exemplo, para explicar por que o mal existe – e é fraca nos demais aspectos.

Não tenho espaço neste post para discutir em detalhes os pontos fracos do novo ateísmo, mas basta lembrar que há coisas que não são materiais, como os sentimentos, mas que têm grande impacto em nossas vidas. Além disto, a ciência não explica e nem jamais explicará, por que este não é o campo de atuação dela, as questões relacionadas com o significado da vida - essas questões têm sido tradicionalmente o objeto de estudo da filosofia e da religião. E quando essas questões não são respondidas, a vida fica sem um sentido maior, que possa inspirar e iluminar a caminhada do ser humano.

Pseudo-cristãos
O outro grupo contrario ao cristianismo é formado por intelectuais, muitos dos quais se dizem cristãos, que querem podar dos ensinamentos de Jesus aquilo que incomoda: Ele disse, por exemplo, que é o único caminho para Deus (ver João, capítulo 14, versículo 6),  que o sofrimento faz parte da vida de todos, inclusive do cristão (ver Mateus, capítulo 10, versículos 38 e 39) e que existe um inferno (ver Mateus capítulo 26, versículos 31 a 46) e por aí vai.

Acho que esse grupo é até mais perigoso do que os neo-ateus, por que ele não “bate de frente” com a doutrina cristã, pelo contrário diz que a aceita, mas tenta desvirtuá-la.

A melhor forma de identificar se uma pessoa pertence a esse grupo é analisar como ela se refere a Jesus. Se Ele é visto como uma pessoa muito boa, com ensinamentos preciosos, que deveriam ser seguidos, mas nunca como o Salvador da humanidade, pode ter certeza que essa pessoa pertence ao grupo dos pseudo-cristãos.

Jesus foi amoroso e lutou pelos pobres, pelos marginalizados e mesmo pelos pecadores, mas nunca se preocupou em ser politicamente correto. Quando teve que criticar, o fez sem dó nem piedade: expulsou vendedores do Templo debaixo de chicotadas, chamou os fariseus de hipócritas – comparou-os a túmulos caídos de branco por fora e por dentro cheio de podridão –, chamou o rei Herodes de raposa e assim por diante.

O “adoçamento” do cristianismo faz com que ele perca parte de suas características mais importantes e deve ser combatido com firmeza. Não se trata de intolerância, mas sim de preservar a mensagem original de Cristo, tal qual nos foi transmitida cerca de 2.000 anos atrás.

Conclusão
Se o cristianismo não fosse tão importante e não incomodasse tanto, não haveria por que combatê-lo com tanta ênfase. Cabe a nós cristãos percebermos isso e defendermos a nossa fé, não com violência, mas sim com ideias e com o testemunho dos resultados que os ensinamentos vivos de Jesus têm trazido para tanta gente.


Esteja atento.


Vinicius