quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O ÚLTIMO NATAL DE MARIA

Texto de ficção apoiado nos relatos da Bíblia

Sentada à porta da sua casa, seus dedos hábeis teciam uma nova túnica para seu filho. Sua mente estava longe, bem longe, nos fatos ocorridos quase trinta anos antes. 

Ela ainda era uma garota, com apenas quatorze anos. Todos diziam que era bonita e por isso já estava até noiva de José, homem bom, temente a Deus e respeitado na sua comunidade. 

Inesperadamente uma figura parecida com um homem, usando trajes resplandecentes, lhe apareceu e disse  chamar-se Gabriel. Era um mensageiro do Deus Altíssimo que ali estava para trazer-lhe uma notícia maravilhosa: ela seria fecundada pela semente do próprio Deus e daria à luz um filho, que haveria de ser o tão esperado Messias.

Quando percebeu que estava grávida, passou a enfrentar um grande problema: como explicar sua situação? Todos sabiam que seu noivo ainda não tinha estado com ela, seguindo o costume. Alegar que tinha sido fecundada pelo próprio Deus seria cair no ridículo. Ninguém iria acreditar nela. Alías ninguém acreditava mesmo no que as mulheres afirmavam.  

Felizmente José veio em seu auxílio e evitou que fosse punida. Não somente aceitou a situação (falou algo a respeito de um sonho), escolheu o nome da criança, como defendeu sua noiva perante todos. E, o mais importante, casou-se com ela, tornando-se o pai de Jesus diante da Lei. 

Mas as fofocas nunca cessaram totalmente e voltaram com mais força depois da morte do seu marido, pois ele não estava mais ali para defendê-la com a força da sua autoridade. Recentemente passaram a identificar seu filho apenas como “filho de Maria”, como se José não fosse seu pai legal. Ela sabia que no íntimo Jesus sofria com isso, mas nada podia fazer.

Seu pensamento voltou para o final da sua gravidez, quando chegou a terrível notícia do recenseamento e da necessidade de irem até Belém da Judeia para se cadastrar. Ela estava pesada e não tinha mais posição para dormir. Não seria fácil viajar de Nazaré até Belém por estradas esburacadas e enlameadas. José fez o melhor que pode, arrumando emprestado um burrico, para que ela viajasse sentada, sem precisar caminhar.

Foram vários dias de viagem num terrível desconforto. Ela não sabia como Jesus não nascera durante o trajeto. Quando chegaram a Belém, ela estava morta de cansaço, tinha fome e frio. E a dorzinha no ventre, que vinha sentindo nas últimas horas, aumentara bastante.

Precisavam conseguir logo um lugar para ficar. José saiu perguntando para todos. Qualquer lugar serviria. Mas não encontraram nada, pois as hospedarias estavam todas ocupadas pelos viajantes que tinham vindo a Belém por causa do recenseamento.

Afinal, um dono de hospedaria, com pena dela, permitiu que ficassem no estábulo, junto com os animais. O lugar era escuro, muito sujo e o cheiro horrível. Mas não havia o que fazer. Pelo menos não ficariam ao relento, na noite fria.

As dores começaram a vir em intervalos regulares. Parecia que seu ventre ia rasgar. E ela entendeu que a hora chegara. Seu coração tinha uma ponta de tristeza por saber que seu filho viria ao mundo naquele lugar tão feio. Ele merecia coisa melhor, muito melhor. 

Não havia nenhuma parteira disponível e José teve que ajudar. Os partos eram arriscados e as mulheres sempre corriam risco de vida. Muita coisa podia dar errado, tanto com ela como com o bebê. Mas ela não tinha medo, pois confiava cegamente no Deus Altíssimo.

Perto da meia noite o bebê enfim nasceu. Foi um parto difícil, mas não dos piores. O bebê estava bem e era saudável. 

Esgotada pela viagem e pelo parto, ela mal tinha forças para abrir os olhos. Mas pegou o bebê, enrolou-o em faixas, como era tradição, e o colocou no cocho onde os animais comiam. Não era um bom lugar, mas era o melhor que tinham. 

Como por milagre, os animais ficaram imediatamente quietos e não reclamaram de perder seu lugar de comer. E ela e o bebê puderam dormir por umas poucas horas.

Quando acordou, José lhe contou que havia uma estrela nova no céu, que estava exatamente sobre Belém. Era um fato extraordinário e todos estavam dizendo que um rei havia nascido.

Logo depois chegaram uns pastores. Contaram que tinham recebido uma mensagem vinda do Deus Altíssimo, que o Messias estaria ali, deitado num cocho. Entraram no estábulo, mas nem se atreveram a chegar perto. E adoraram o menino de longe mesmo. 

José ficou muito confuso com aquilo, pois não era adequado para um judeu adorar outro ser humano, muito menos um simples bebê. Já ela disfarçou um sorriso, tendo a mensagem do anjo Gabriel ainda bem viva na sua mente. 

Quando os pastores saíram, ela aconchegou seu flho ao seio e lhe deu alimento pela primeira vez. O bebê comeu gulosamente e depois voltou a dormir em paz. Ela nunca esqueceria aquele momento, quando ela e Jesus dividiram uma intimidade somente reservado às mães e seus filhos.

Seus pensamentos voltaram ao presente, quase trinta anos depois. Os dedos teciam automaticamente e a túnica já estava quase pronta. Era uma túnica especial, pois não teria qualquer costura, já que fora tecida como peça única. Decidira tecê-la pouco dias antes, por causa do aniversário de Jesus. Seria seu presente para Ele. 

Sabia que Ele iria partir em breve, chamado pelo Deus Altíssimo para desenvolver sua missão. E a túnica que ela tecia iria sempre envolvê-lo com seu amor de mãe. Iria aquecê-lo no inverno e mantê-lo sempre bem apresentável. Era feita da melhor lã e iria durar bastante, mesmo com uso diário.

A comemoração do aniversário seria dali há dois dias. O último aniversário comemorado em família. Por isso precisaria ser especial. Dando um suspiro, afastou aqueles pensamentos da mente. Tinha muito serviço para fazer. Queria ainda preparar a comida que Ele mais gostava. Era seu papel de mulher e de mãe.


Com carinho
Vinicius

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A CRISE FINANCEIRA É UM PASSO PARA O FIM DO MUNDO?

Diversas pessoas têm me perguntado se a crise financeira seria mais um sinal que o final do mundo está próximo.  Antes de responder, é preciso esclarecer, para aqueles que não sabem, que o fim da civilização, tal como a conhecemos, ocorrerá com a volta de Cristo. A maioria dos teólogos defende que, antes dessa volta, haverá um período de 7 anos de terríveis dificuldades, período esse que a Bíblia chama de Grande Tribulação. O nome em si já é assustador, mas a descrição do que irá ocorrer (ver Apocalipse capítulos 8 a 11) é verdadeiramente de arrepiar.

Assim, quando as pessoas ficam em dúvida se o fim do mundo está se aproximando, é porque estão eventualmente percebendo possíveis paralelos entre as descrições bíblicas do que ocorrerá durante a Grande Tribulação e os eventos do dia a dia.

Em alguns casos é simples fazer essa correlação. Por exemplo, foi profetizada a volta do povo judeu para seu território, a Palestina, o que se confirmou com a fundação do Estado de Israel em 1948. Mas outros eventos, como catástrofes naturais - terremotos, pestes, vulcões, etc -, são mais difíceis de caracterizar como profecias cumpridas pois esse tipo de problema sempre ocorreu ao longo da história da humanidade.

Mas, recentemente, temos tido problemas de outra natureza: quebra de organizações colossais e muito poderosas, que se desfizeram em questão de meses. Tudo começou com os Estados Unidos, em 2007/2008, onde literalmente quebraram vários dos maiores bancos, a General Motors, a maior seguradora, etc. A maioria dessas organizações ainda existe porque o governo americano injetou cerca de 1 trilhão de dólares – quase meio Brasil – nessas empresas para salvá-las.

Depois vieram os países. A pequena Islândia quebrou ainda em 2008, depois, no ano passado, quebraram a Grécia (que voltou a quebrar esse ano), a Irlanda e Portugal. Agora é a Itália que está quebrando, com uma dívida de “apenas” 2 trilhões de dólares. E atrás dela, caso a Itália quebre mesmo, virão outros países. Isso sem contar os Estados Unidos que são uma “bomba" relógio pois devem 14 trilhões de dólares – um buraco quase seis vezes o tamanho do Brasil.

Não posso afirmar que aí está o fim do mundo, até porque a Bíblia nos diz com clareza que ninguém sabe quando isso se dará e, portanto, seria perda de tempo ficar especulando. Mas isso tudo prova que há algo muito errado com o sistema capitalista, tão cantado em prosa e verso. 

Trata-se de uma crise estrutural profunda, que vai forçar a sociedade mundial a repensar muitas coisas para não perecer. Não dá mais para as pessoas, empresas e países desfrutarem de um padrão de vida acima daquilo que podem e o sustentarem com empréstimos, que não são nunca pagos, mas sim substituídos por outros empréstimos. 

E essa crise decorre da sociedade moderna estar estruturada em torno de uma permanente luta para “ter”, mais e mais dinheiro, conforto, sucesso, etc. Nessa luta, o que importa é a vitória e não os meios para obtê-la. Vale tudo para “chegar lá”. 

Assim, a pessoa ao lado pode se tornar um obstáculo para a “vitória”, um “inimigo” a ser derrotado”. Não é por acaso que a literatura de negócios tem tantos livros com referencias militares: "Marketing de Guerra", "Marketing de Guerrilha" ou "Como vencer a guerra do seu negócio". Isso explica também porque os esportes são tão populares: um jogo de futebol é como uma “guerra” em que uma torcida acaba vitoriosa sobre a outra.

A sociedade tornou-se, assim, um campo de batalha, onde não se pode nem pensar em misericórdia. E o impacto dessa postura é, muitas vezes terrível. Por exemplo, nos Estados Unidos, os alunos das escolas se classificam a eles mesmos como “perdedores” e “ganhadores”. O “perdedor/a” não é popular, não consegue namorar com pessoas interessantes, é feio/a e/ou gordo/a, etc. É claro que essa classificação acaba por gerar grandes traumas nos “perdedores” - há alguns anos, dois alunos classificados assim promoveram um massacre na escola Columbine para se vingar. Já na Coréia do Sul, cujo sistema educacional estimula a disputa entre alunos pela obtenção dos melhores resultados escolares, a taxa de suicídio entre os jovens vem crescendo muito.

A luta constante pelo “ter” incentiva e faz aflorar o que há de pior no ser humano: egoísmo, vaidade, inveja, etc. Ao invés de procurar “domar” esse pior lado, exercitando o amor ao próximo, como Jesus nos ensinou, a sociedade faz o contrário. O lema da moda é "eu mereço". E para obter aquilo que se merece vale usar quaisquer armas, inclusive mentira, corrupção e violência. 

Nós, cristãos, precisamos entender o que se passa em torno de nós para podermos resistir a essas influências tão poderosas, quanto negativas. Por exemplo, evitar a contaminação do consumo desenfreado, da obtenção do prazer a qualquer custo, de medir o sucesso pelos bens materiais e status que a pessoa tem e assim por diante. 

Não é tarefa fácil pois somos bombardeados diariamente por esses conceitos, presentes em todas as campanhas de marketing divulgadas na mídia. Eu mesmo enfrento essa luta diariamente e tenho às vezes que tapar os ouvidos para não cair no "canto da sereia", tão lindo quanto mortal. 

Estude sempre a Bíblia para entender o que verdadeiramente importa para Deus; ore sempre para buscar forças junto Ele para conseguir ser diferente dos padrões esperados; e busque sempre a companhia daqueles que também colocam os ensinamentos de Jesus antes de tudo, onde você poderá encontrar palavras de conforto e incentivo.

Com carinho
Vinicius 

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O "EVANGELHO" DE STEVE JOBS

Existe um ditado popular que diz assim: “todo mundo que morre vira santo”. Estamos assistindo mais uma vez a confirmação da sabedoria popular com o caso de Steve Jobs, mentor da empresa Apple.  Os jornais, sites, Twitter, Facebook, etc estão cheios de manifestações sobre o “gênio” que mudou o mundo em que vivemos.

Tenho todo o respeito pela figura de Jobs, pois acho que ele fez coisas admiráveis. E me solidarizo muito com a dor da família dele (deixou 4 filhos), ao perder um ente querido de forma tão trágica – câncer aos 56 anos de idade apenas. Sem dúvida Jobs deixou sua marca no mundo dos negócios e na sociedade de consumo e realizou em vida muito mais do que a média das pessoas.

Mas daí a elevá-lo quase à figura de "santo" e atribuir a ele uma mudança do mundo, vai uma grande distância. Se Jobs mudou o mundo, por contribuir para o desenvolvimento de vários produtos de grande sucesso – iPod, iPad, iPhone e outros – que palavras teríamos para elogiar os inventores da lâmpada elétrica, do telefone, do microchip ou da Internet;  ou para quem desenvolveu a penicilina ou a vacina contra a poliomielite? Indo para o campo das ideias, onde verdadeiramente acontecem as mudanças de rumo da humanidade, o que deveríamos dizer então do apóstolo Paulo, de Platão, de Ghandi, de Mandela e de outros mais, que revolucionaram o mundo?


Jobs, pois mais admirável que tenha sido sua trajetória, foi apenas uma pessoa com fantástica capacidade de perceber o que as pessoas queriam, no mundo da informática e do entretenimento, e em desenvolver produtos adequados para preencher essas necessidades. Ficou rico por isso e fez muita gente rica com ele. Mas daí a dizer que o mundo mudou por causa dele, é exagerar.

Além disso, coisa que não é comentada pela imprensa, Jobs tentou ter um impacto no mundo espiritual também, fundando quase uma “religião” própria, que levou muita gente a se afastar de Cristo. No post de 21/07/2011, intitulado “Encontrando sentido na vida”, discuti exatamente esse aspecto - naquele post citei um comentário de Jobs, que volto a repetir aqui:
 “Ninguém quer morrer. Mesmo pessoas que querem ir para o céu, não querem morrer para chegar lá. E mesmo assim, a morte é o destino que todos compartilhamos. Ninguém escapou dela. E isto é o que deveria ser mesmo, porque a morte é muito provavelmente a invenção mais importante da vida. É o agente de mudança da vida; ela nos livra do velho, para dar espaço ao novo... Desculpe ser tão dramático, mas é a pura verdade. Seu tempo é limitado, então não o desperdice vivendo a vida de outra pessoa. Não se deixe entrar na armadilha, que é resultado do pensamento de outras pessoas. Não deixe o barulho das opiniões dos outros afogar a sua própria voz interior, seu coração e a sua intuição...”  
Acho que os comentários que fiz lá atrás, que cito abaixo, continuam extremamente válidos:
Jobs ... foi adiante e criou também um novo “evangelho”, totalmente materialista e secular. Essa nova filosofia de vida não tem nenhum dogma e não faz qualquer promessa, a não ser deixar as pessoas viverem suas próprias vidas, pois elas são sempre únicas, já que nenhuma vida pode ser igual a outra. Jobs, de certa forma, está tentando se posicionar como o “pastor” de uma comunidade que somente acredita no próprio ser humano ... e naquilo que é material e, portanto, pode ser tratado pela ciência e a tecnologia.

O problema é que o evangelho de Jobs e daqueles que pensam igual a ele, não oferece nenhuma esperança que não seja gerada pela própria pessoa e o único conforto que proporciona é aquele da pessoa ter sido fiel a si mesma. Mas, nenhuma pessoa pode viver  sem esperança de algo que dê um sentido maior à sua vida e ter sido fiel a si mesma - seja lá o que isto significa - não pode prover esse sentido. 

As palavras de Jobs são bonitas, mas seu discurso é vazio, pois não consola ninguém que passe por problemas na vida.  Imagine você chegar para alguém que perdeu tragicamente um ente querido e procura consolo, para dizer: "fulano morreu, é verdade, mas pelo menos ele foi fiel a si mesmo". Tenho para mim que nem Jobs ficou realmente consolado com suas belas palavras ...

Muitos que já passaram por essas ideias e encontraram a porta de saída, aprenderam como é difícil construir uma vida que não esteja baseada em nenhum sentido mais profundo, que simplesmente o de estar vivo, e não compartilhe da esperança de algo maior e mais duradouro, do que a vida material nessa terra. 

E só Jesus Cristo nos dá acesso a esse sentido profundo e permanente nas nossas vidas. 

Com carinho
Vinicius

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A LUTA CONTRA O CRISTIANISMO

Há uma guerra de comunicação em curso entre ateus e cristãos em diversos países do mundo, inclusive no Brasil. No último Natal, nos Estados Unidos, os ateus colocaram um outdoor, próximo a uma das mais importantes entradas da cidade de Nova York, com o seguinte texto: “Você sabe que é um mito. Neste ano, celebre a razão”. Em contra partida, um grupo cristão, colocou o seguinte outdoor, um pouco mais adiante: “Você sabe que é real. Neste ano, celebre Jesus”.

Anúncios ateus semelhantes foram colocados em ônibus de algumas capitais brasileiras no ano passado, pagos por uma associação chamada ATEA. Neles, o cristianismo é chamado de genocida enquanto que os ateus são figuras boas e simpáticas. Essa iniciativa, por sua vez, se inspirou emações  que são frequentes hoje na Europa.

Em paralelo a isto, vários intelectuais, que se dizem cristãos, intencionalmente ou não, procuram minar os fundamentos da fé cristã. Por exemplo, um texto de 2010 de Plínio de Arruda Sampaio, publicado em vários sites da Internet,  intitulado “Cristão e Comunista”, diz textualmente:
“Muitas pessoas se surpreendem com o fato de alguém declarar-se cristão e comunista...A fé de quem é cristão consiste numa aposta baseada nos valores que o Cristo veio anunciar. Acontece que esses valores são os mesmos que o comunismo proclama: igualdade, liberdade, fraternidade. O fato de que um os atribua a Deus e outro à História não afeta a identidade entre eles e, portanto, a possibilidade das duas posições sem incidir em incoerência...”

Outro exemplo é o texto de Paulo Coelho, postado no começo deste ano no seu blog, com o título “Mito: Deus é sacrifício”:
“Muita gente busca o caminho do sacrifício, afirmando que devemos sofrer neste mundo, para ter felicidade no próximo... Estamos muito acostumados com a imagem de Cristo pregado na cruz, mas nos esquecemos que sua paixão durou apenas três dias: o resto do tempo passou viajando, encontrando as pessoas, comendo, bebendo, levando sua mensagem de tolerância....”

Ora, os valores do cristianismo vão muito além de liberdade, igualdade e fraternidade, pois envolvem principalmente a necessidade do ser humano ser redimido do pecado mediante o sacrifício de Jesus Cristo. Isto não é nem nunca poderá ser reconhecido pela doutrina comunista. Por outro lado, Jesus não sofreu apenas enquanto foi preso e crucificado, nem tão pouco passou seu tempo viajando, encontrando pessoas e se divertindo. Essa é uma distorção triste do ministério de Jesus na terra. Ele foi homem de dores (ver Isaias cap 53, versículos 3 a 7) e não tinha recursos materiais (ver Lucas capítulo 9, versículo 58). Sofreu diversos tipos de perseguições e discriminações, por causa da sua origem, considerada obscura (ver Mateus capítulo 13, versículos 53 a 58), por causa da incompreensão dos seus próprios familiares em relação à sua missão, e por causa do conteúdo da sua pregação.

Essas manifestações, tanto de ateus, como de pseudo-cristãos,  demonstram que há uma disputa em curso pelos corações e mentes das pessoas. De um lado, estão aqueles que defendem o cristianismo e, de outro, os que estão, de alguma forma, contra isso. 

A seguir, apresento alguns comentários sobre esses dois grupos de opositores ao cristianismo - os novos ateus e os pseudo-cristãos, para facilitar a identificação das suas estratégias básicas de atuação:

Novos ateus
Esse grupo é cada vez mais barulhento e tenta, a todo custo, livrar o mundo do “engodo” da crença em Jesus Cristo. “Apóstolos” dessa nova “fé” são escritores e cientistas como Richard Dawkins e Richard Denett. Seu “evangelho” é composto de livros como “Deus um Delírio”.

O novo ateísmo se baseia no materialismo -  tudo que existe é a matéria e o universo todo foi gerado somente por processos naturais. Na verdade, o novo ateísmo não deixa de ser uma “religião”, onde a crença básica, além do materialismo, envolve a primazia absoluta da ciência, como a única forma válida para se obter conhecimento em geral.

Por causa disto, os novos ateus não admitem, de forma nenhuma, que os cristãos  tenham uma fé racional. Num livro publicado no ano de 2000, contendo o debate entre o então Cardeal Ratzinger (hoje Papa Bento XVI) e o intelectual ateu Paolo Flores D’Arcais, o segundo disse literalmente que é perfeitamente possível haver boa convivência entre a fé cristã e o ateísmo, desde que os cristãos reconheçam que suas crenças não são racionais. Não foi dito, mas ficou claro pelo contexto, que uma fé racional (como defendo aqui neste blog) iria concorrer com a ciência, que precisa ter sempre a primazia.

O ponto fraco do novo ateísmo é ser uma fé “parasita” – não uso esse termo com qualquer tom pejorativo. Isto por que a “doutrina” do ateísmo é desenvolvida apenas para combater o cristianismo. Ela têm argumentos respeitáveis para aqueles pontos  que  são espinhosos  para o cristianismo – como, por exemplo, para explicar por que o mal existe – e é fraca nos demais aspectos.

Não tenho espaço neste post para discutir em detalhes os pontos fracos do novo ateísmo, mas basta lembrar que há coisas que não são materiais, como os sentimentos, mas que têm grande impacto em nossas vidas. Além disto, a ciência não explica e nem jamais explicará, por que este não é o campo de atuação dela, as questões relacionadas com o significado da vida - essas questões têm sido tradicionalmente o objeto de estudo da filosofia e da religião. E quando essas questões não são respondidas, a vida fica sem um sentido maior, que possa inspirar e iluminar a caminhada do ser humano.

Pseudo-cristãos
O outro grupo contrario ao cristianismo é formado por intelectuais, muitos dos quais se dizem cristãos, que querem podar dos ensinamentos de Jesus aquilo que incomoda: Ele disse, por exemplo, que é o único caminho para Deus (ver João, capítulo 14, versículo 6),  que o sofrimento faz parte da vida de todos, inclusive do cristão (ver Mateus, capítulo 10, versículos 38 e 39) e que existe um inferno (ver Mateus capítulo 26, versículos 31 a 46) e por aí vai.

Acho que esse grupo é até mais perigoso do que os neo-ateus, por que ele não “bate de frente” com a doutrina cristã, pelo contrário diz que a aceita, mas tenta desvirtuá-la.

A melhor forma de identificar se uma pessoa pertence a esse grupo é analisar como ela se refere a Jesus. Se Ele é visto como uma pessoa muito boa, com ensinamentos preciosos, que deveriam ser seguidos, mas nunca como o Salvador da humanidade, pode ter certeza que essa pessoa pertence ao grupo dos pseudo-cristãos.

Jesus foi amoroso e lutou pelos pobres, pelos marginalizados e mesmo pelos pecadores, mas nunca se preocupou em ser politicamente correto. Quando teve que criticar, o fez sem dó nem piedade: expulsou vendedores do Templo debaixo de chicotadas, chamou os fariseus de hipócritas – comparou-os a túmulos caídos de branco por fora e por dentro cheio de podridão –, chamou o rei Herodes de raposa e assim por diante.

O “adoçamento” do cristianismo faz com que ele perca parte de suas características mais importantes e deve ser combatido com firmeza. Não se trata de intolerância, mas sim de preservar a mensagem original de Cristo, tal qual nos foi transmitida cerca de 2.000 anos atrás.

Conclusão
Se o cristianismo não fosse tão importante e não incomodasse tanto, não haveria por que combatê-lo com tanta ênfase. Cabe a nós cristãos percebermos isso e defendermos a nossa fé, não com violência, mas sim com ideias e com o testemunho dos resultados que os ensinamentos vivos de Jesus têm trazido para tanta gente.


Esteja atento.


Vinicius

quinta-feira, 12 de maio de 2011

QUANDO NOSSA PRISÃO ESTÁ EM NÓS MESMOS


PODE SER QUE VOCÊ SEJA "AMARRADO" PELOS OUTROS E PRECISE REAGIR. MAS TAMBÉM PODE SER QUE VOCÊ MESMO SE "AMARRE" COM SEUS MEDOS, SUA INSEGURANÇA, SUAS ANSIEDADES, ETC, E PRECISE PARAR DE FAZER ISTO.

"DESSAMARRE-SE"! ENTREGUE O CONTROLE DA SUA VIDA A CRISTO E SINTA-SE SEGURO E CONFIANTE.

VINICIUS

quinta-feira, 31 de março de 2011

UM HOMEM SIMPLES QUE CONSEGUIU IMITAR JESUS

O site do jornal O Globo, em notícia dada no dia 29/03/2011, trouxe o seguinte texto:

“O pai das adolescentes Josely Laurentina e Juliana Vânia de Oliveira, encontradas mortas na manhã de 28/03/2011, em Cunha, no Vale do Paraíba, em São Paulo, afirmou logo após o enterro das filhas que perdoa o criminoso. José de Oliveira, que é católico, afirmou que as filhas deixarão muita saudade e que a família vai rezar para superar a perda. “Jesus diz para perdoar, por mais que a pessoa tenha cometido uma ofensa, tem de perdoar - só espero que quem fez isso não faça de novo com outras pessoas”, disse ele. Oliveira tinha três filhas. Agora, só resta uma: Betânia, de 17 anos, a mais velha... O enterro no cemitério da cidade contou com muitos jovens, a maioria amigos de escola das garotas. Mais de mil pessoas participaram do velório e do enterro.” 


Temos aqui um exemplo admirável de perdão: um pai de duas filhas adolescentes mortas por um criminosos foragido da justiça, declara, alto e bom som, o seu perdão e cita Jesus para justificar sua posição. E o mais impressionante é que o perdão foi incondicional, ou seja, esse pai não sabe se o criminoso está ou não arrependido e se irá ou não se regenerar.

Perdoar é difícil, sem dúvida alguma. Quando o ofensor mostra sinais de arrependimento, a tarefa fica um pouco mais fácil. O grande exemplo bíblico é o caso de José, filho de Jacó, que foi vendido como escravo pelos seus próprios irmãos. Anos depois, quando a família precisou dele, José socorreu os irmãos e os perdoou. Mas antes precisou se certificar que os irmãos tinham verdadeiramente se arrependido (ver Gênesis capítulos 37 e 42 a 45).

O perdão oferecido por Jesus foi um pouco diferente: quando estava pregado à cruz, em meio a grandes sofrimentos, Ele disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” (ver Lucas cpítulo 23, versículo 34). 

Jesus perdoou àqueles que o torturavam, sem qualquer pré-condição. E o perdão incondicional oferecido por Jesus, que é incompreensível para as pessoas do mundo, tem trazido muitas pessoas para Deus. Para Jesus, é o perdão que dá início ao processo de aproximação com Deus e é por causa desse perdão, que as pessoas mudam suas vidas. 

E é esse exemplo que José de Oliveira – vale a pena citar de novo o nome desse homem – deu ao Brasil. Não tenho dúvida que Deus haverá de guardar como um tesouro precioso o testemunho que foi dado por esse homem simples, num momento de terrível sofrimento, que conseguiu - vejam bem o alcance do seu ato - imitar Jesus.

Que Deus nos permita crescer na fé para chegar ao nível do exemplo desse homem.

Vinicius

segunda-feira, 28 de março de 2011

QUANDO AS IGREJAS VALEM O MESMO QUE GOMA DE MASCAR

No meio de um livro que estou lendo, havia uma referencia a uma estatística que me chamou a atenção. Tão chocado fiquei, que fui pesquisar na Internet e acabei confirmando que o relato do livro era verdadeiro: os americanos doam anualmente para igrejas e organizações cristãs o mesmo que gastam em guloseimas, como goma de mascar! É isto mesmo que você acabou de ler: as organizações cristãs valem o mesmo que mascar chiclete!

Os americanos não são menos dedicados à causa cristã do que nós, brasileiros. Eles inclusive têm uma tradição maior do que a nossa de ajuda a trabalhos comunitários e de assistência social, especialmente entre os membros da classe média. Logo, aqui no Brasil, a situação não deve ser melhor.

É claro que, quando falamos de doações para igrejas e organizações cristãs, vem logo à mente pastores que exploram suas comunidades e se apropriam do resultado, o que é reprovável. Mas a discussão aqui é outra. Não se trata de avaliar onde e com que critérios as organizações cristãs usam as doações recebidas, e sim, o quanto é doado - aquilo que as pessoas abrem mão de consumir para investir na obra de Deus. E isto é pouco, surpreendentemente pouco – em média, nos Estados Unidos, não chega a 3% da renda disponível das pessoas.

É interessante ainda notar que os mais pobres doam proporcionalmente mais do que os mais ricos – essa proporção chega a ser quase três vezes maior. Uma pessoa da classe média alta, em média, tende a doar apenas 0,5% da sua renda disponível. Eu não tenho estatísticas para o Brasil, mas minha experiência nas igrejas me aponta que não é diferente por aqui e os pobres doam proporcionalmente muito mais.

Quando o assunto discutido é o tempo dedicado pelas pessoas às instituições cristãs, aí os resultados são ainda piores - afinal, é mais fácil doar um pequeno valor em dinheiro do que acordar no sábado pela manhã para fazer trabalho voluntário.

Ora, qualquer cristão sabe que depende de Deus para tudo, até para estar vivo. Sem a ação constante do Espírito Santo em nossas vidas, nada seríamos ou conseguiríamos fazer. E, em agradecimento, as pessoas pouco se lembram Dele e investem tão pouco na sua obra, em tempo ou em recursos financeiros, que o objetivo deve ser, na verdade, apenas acalmar um pouco suas próprias consciências.

Há muito pouca gratidão e reconhecimento no coração humano para aquilo que Deus faz. Mas, quando chega uma "tempestade" na vida, tudo muda: as pessoas correm para Deus e clamam desesperadamente por ajuda. 

Quando vejo isto, eu sempre me surpreendo com a Misericórdia de Deus, pois Ele muitas vezes atende esses pedidos e continua pacientemente a esperar que as pessoas se voltem para Ele. Se meus dois filhos, a quem muito amo, me tratassem com esse tipo de descaso, eu confesso que não sei se seria misericordioso assim – pelos menos eles ouviriam “poucas e boas” de mim.

Pense nisto quando você vir uma oportunidade para investir seu tempo e dinheiro em prol do Reino de Deus aqui na terra.

Com carinho

Vinicius

sexta-feira, 25 de março de 2011

POR QUE É TÃO DIFÍCIL PERDOAR

Peço a você que dê preferência para ler este mesmo texto no meu novo site no endereço  http://www.sercristao.org/2011/03/25/por-que-e-tao-dificil-perdoar/  . Conto com sua colaboração.

Post adaptado de um texto do psicanalista Luis Felipe de Melo Moura.

Existem muitos motivos que podem levar alguém a ter dificuldade em perdoar. Hoje vou abordar um motivo que é muito comum: a necessidade de nos cercarmos de pessoas a quem atribuímos características negativas.

Semana passada presenciei uma situação inusitada. Um senhor que, após conseguir brigar com a última pessoa com quem tinha amizade em seu ambiente de trabalho, afirmou não aguentar mais tanta gente ruim. É bastante claro que a maldade que esse senhor não aguenta, reside nele mesmo, e não nos outros.


O ser humano tem uma dualidade de sentimentos - todos nós sentimos amor e ódio. Nenhum ser humano é unicamente amoroso, assim como nenhum ser humano é apenas maligno.

Perdoar pode ser difícil porque frequentemente temos a necessidade de que alguém seja o vilão. O que seria do Batman sem o Curinga? O que faria o corintiano sem o palmeirense? A razão é simples de entender: se o outro é o vilão, então eu sou bom.

Quanto mais eu preciso ser bom, mais eu preciso que o outro seja ruim. Quem não se lembra de, nos tempos de escola, torcer para que a turma tirasse nota pior do que a sua? Quanto pior fossem os outros, melhor eu seria. Ou quem nunca sentiu uma pontinha de satisfação quando seu irmão esqueceu o aniversário da mãe, enquanto você ostentava, orgulhoso, um belo presente?

Quanto mais frágil emocionalmente estiver a pessoa, maior a necessidade de dividir o mundo em bom e ruim. Porque para uma pessoa fragilizada emocionalmente, a frustração de lidar com seu lado ruim é quase intolerável.

Em termos bem leigos, funciona da seguinte forma: eu não dou conta de olhar para aquilo que em mim mesmo eu considero ruim, mau, ameaçador. Tenho medo de que esse meu lado ruim venha a me dominar. Devido a isso, eu projeto essa maldade, esse lado ruim, em uma série de pessoas e circunstâncias. Assim, consigo me manter longe da ameaça do meu lado ruim.

Mas isso tem um preço: eu preciso de pessoas onde possa projetar esse sentimento ruim. Assim, não sou eu que sou agressivo, é o meu colega de trabalho. Não sou eu que sou falso, são as pessoas da minha comunidade. Não sou eu quem é severo e punitivo, é o meu chefe. E assim por diante.

É claro que as pessoas ao nosso redor não são perfeitas, e muitas vezes elas irão fazer algo que nos atinge. E isso se torna justamente o pretexto emocional ideal para que eu dê incío a esse processo contra o outro. Em outras palavras, se eu tenho um colega de trabalho que bate boca comigo, ele acaba justificando a minha agressividade contra ele.

Voltando à pergunta do título: Por que é tão difícil perdoar? Em muitos casos, é porque significa desistir de tomar o outro como mau.


Se tenho dificuldade de perdoar alguém, devo então me perguntar: O que é há nessa pessoa que tanto me incomoda? Se eu encontrar a resposta, e for capaz de lidar com ela, o perdão será muito mais fácil. Perdoar o outro passa por "perdoar", ou aceitar, a mim mesmo.


Nem sempre é possível encontrar essa resposta sozinho, especialmente quando ela é dolorosa demais. Aí é preciso ajuda especializada. Mas, em outros casos mais simples, mesmo uma simples reflexão pode trazer as respostas necessárias.






quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

DIÁRIO DE UMA PAIXÃO




Donald Dix, de 85 anos, desmaiou em casa, em Cardiff (País de Gales), e a mulher, Rosemary, de 76, ligou para a emergência. Pouco depois, o marido foi levado de ambulância para um hospital. Quando a abalada Rosemary estava ligando para a filha do casal a fim de comunicar o ocorrido, ela passou mal e morreu na hora. Ela foi encontrada com o telefone na mão. A caminho do hospital, Donald não resistiu e faleceu. Nos atestados de óbito: mortes separadas por um minuto! "Um não sabia viver sem o outro", testemunhou a consternada filha, Jacqueline.   Jornal "Daily Mail", edição online de 03/02/2011

 Talvez você tenha tido oportunidade de ver o filme  "Diário de uma paixão". Para aqueles que não viram, conta a história de uma linda mulher idosa, com doença de Alzheimer, em estágio avançado, que estava internada numa clínica. Um homem ia lá diariamente para ler para ela a história que estava escrita num diário.

Era uma linda história de amor, que contava a vida de um casal – ela muito rica e ele muito pobre – que se apaixonou e lutou contra tudo e todos para conseguir ficar juntos. Apesar de todas as chances em contrário, eles se casaram, constituíram família, com vários filhos, e foram muito felizes.

Na verdade, o diário tinha sido escrito pela própria mulher, antes de ficar doente, mas, devido à doença, ela não conseguia reconhecer a própria história de vida, a não ser em alguns momentos. O narrador era o próprio marido, que se mudou para a clínica onde ela estava internada, mesmo contra a vontade dos filhos, para estar com ela o quanto podia. 

Ao fim - e me permitam, aqueles que não viram o filme, contar aqui o fim, pois é absolutamente necessário-, quando ela estava  morrendo, o marido deita na cama dela e os dois amanhecem mortos, sempre juntos, abraçados e sorridentes. Alcançaram a graça de viver e morrer juntos.

Ao ver a notícia acima, do casal Donald e Rosemary, logo me ocorreu um paralelo entre esse filme e o caso real vivido por essas pessoas. Eram almas gêmeas, que se amavam muito e não podiam viver uma sem a outra. Quando  Rosemary percebeu que o marido ia morrer, deixou-se ir também, pois não queria ficar para trás.

Eu não sei como é a vida eterna, pois Deus não nos revelou isto em detalhes. Também não sei se Donald e Rosemary chegarão lá, pois não nos cabe discernir tal tipo de coisa, mas iamgino que sim. Pois um Deus cuja essência é o amor, certamente saberá compreender e valorizar um exemplo de vida como o de Donald e Rosemary. 


É certo que a vida com Deus é diferente da vida aqui  e não  viveremos nos mesmos relacionamentos a que estamos acostumados - marido/ mulher, pai/filho, etc -, pois a Bíblia é clara a esse respeito. Mas, aqueles que a vida uniu tão completamente, certamente serão, de alguma forma, mantidos juntos por Deus. Essa é a minha esperança e a minha crença.

Com grande admiração e inveja do casal Donald e Rosemary,

Vinicius

domingo, 16 de janeiro de 2011

UMA BOA AÇÃO QUE SE FRUSTROU. E AGORA?

Zeca (vou chamá-lo assim para proteger a identidade real) é morador de rua e vive perto do meu apartamento. Ganha a vida catando papel, latas e outras coisas. Ele tem família – filha, irmãs e irmãos – e já teve uma vida bem confortável, mas jogou tudo fora por causa do vício do álcool. A família tentou por inúmeras vezes recuperá-lo, mas sem sucesso.

Alicia, minha mulher, acabou desenvolvendo uma amizade com ele, nas várias vezes em que se aproximou dele para dar roupas, cobertor e outras coisas que ele necessitava. Um dia, a conversa avançou um pouco e ele disse para Alicia que contava com Deus para tirá-lo daquela vida. Movida pelas palavras dele, ela se mobilizou para ajudá-lo: conseguiu vaga numa entidade evangélica que trata dependentes de drogas – o Projeto Nova Vida –, arranjou apoio financeiro para fazer frente aos custos e avisou a família, que concordou com o internamento.

Tudo arranjado, conversamos, Alicia e eu, com Zeca e ele – sóbrio naquele momento – confirmou que estava disposto a mudar de vida. Sendo assim, Alicia, junto com nosso amigo Carlão, levou-o até Ribeirão Pires, onde fica o Pronovi, uns dias antes da passagem de ano. Chegando lá, ele foi  internado e Alicia voltou para casa feliz – afinal tinha sido feita a vontade de Deus.

Duas horas depois, veio a notícia que Zeca tinha fugido – sem dinheiro, sem documentos e sem qualquer bagagem. Todos ficaram angustiados por dois dias, até que ele reapareceu, de volta para o mesmo lugar, sempre perto de nossa casa.

Apesar do alívio por vê-lo bem, sobrou uma grande frustração para todos. Afinal, mais uma oportunidade foi perdida para tirá-lo daquela vida terrível. E a vontade de Deus parece ter sido frustrada.

Esse é daqueles momentos em que a perplexidade aparece e ficamos tentando fazer sentido das coisas. Por que não foi possível arrancar Zeca daquela vida? Se estava sendo feita a vontade de Deus, por que Ele não interveio?

Deus nos deu o livre arbítrio, o que permite ao ser humano fazer as escolhas que quiser, inclusive aquelas que contrariam a vontade de Deus – por que Deus nos dá essa liberdade de escolha, é uma questão que foge ao escopo deste post e será tratada futuramente.

Zeca tinha o direito de escolher e exerceu esse direito. É claro que a própria doença – o alcoolismo – teve um papel importante nessa decisão, não há como negar isto. Mas, segundo o depoimento da própria família, ele sempre tem desperdiçado as oportunidades que lhe foram dadas ao longo da vida. Deus poderia ter forçado Zeca a sair do seu caminho autodestrutivo, mas, não é assim que Deus faz as coisas, ou não nos teria concedido o livre arbítrio.  

O que nos cabe então fazer numa situação como essa? Em primeiro lugar, ter disponibilidade para ajudar de novo, quando a oportunidade se apresentar. Não importa que as tentativas anteriores tenham sido frustradas, sempre se deve continuar a tentar, pois  uma semente foi plantada e nunca se sabe quando e como ela dará frutos.

Em segundo lugar, continuar a interceder junto a Deus pela pessoa, para que ela tenha forças para deixar a prisão em que o Mal a colocou e a mantém. Sabemos que a oração sincera tem poder e esse poder pode até mover montanhas, como Jesus bem nos ensinou.

Não sei qual é futuro de Zeca – espero que seja ao lado de Jesus Cristo. Mas, nosso compromisso, da minha mulher e o meu, é continuar a interceder por ele e estar presente para ajudá-lo, se a oportunidade se apresentar de novo.

Vinicius

domingo, 2 de janeiro de 2011

BOAS VINDAS AO BLOG

Os cristãos são incentivados pelo próprio apóstolo Paulo a aprender como explicar os fundamentos e as razões da sua fé (ver Primeira Epístola de Pedro capítulo 3, versículo 15), pois ele sabia muito bem que os seguidores de Cristo teriam, eles mesmos, dúvidas frequentes a serem enfrentadas, e seriam continuamente desafiados a mostrar, para os não cristãos, as razões para sua fé. 


De fato, os cristãos enfrentam muitas dúvidas que frequentemente ficam sem respostas objetivas. Por exemplo: por que sofrem os bons? Se Deus é bom e onipotente, por que o mal existe? Como podemos, se é que podemos, provar que Deus existe? A Bíblia entra em choque com as coisas que a ciência vem comprovando? Como fazer, na prática, para ser um bom cristão sem cair numa lista de regras?


Dúvidas honestas precisam ser discutidas e superadas para não abalar a fé sincera das pessoas. E as respostas precisam passar pelo crivo da prática, caso contrário, viram conceitos frios, válidos apenas nos gabinetes dos estudiosos. 


Além disto, o cristianismo é continuamente desafiado por adeptos de outras religiões e por ateus a explicarem sua fé. E a maioria não sabe fazer isto e se cala, encontrando consolo na desculpa de que “cada um tem direito de pensar como quer”. Mas, o próprio cristianismo não é tratado com essa mesma tolerância por aqueles que veem nele a causa da maior parte dos males deste mundo e pretendem enfraquecer suas bases e presença na sociedade moderna.


O cristão deve ser aquele que se interessa e não se furta a participar desse diálogo. Não se esconde atrás de dogmas, que muitas vezes nem consegue explicar, ou “sataniza” aqueles que discordam ou têm dúvidas. Está interessado em se atualizar com o que acontece no mundo à sua voltar – na ciência, cultura, economia, etc - e quer entender como o cristianismo impacta e é impactado por todas essas coisas. Esse é o verdadeiro desafio de ser cristão.


Sejam bem vindos “cristãs e cristãos”.
Que Deus nos ajude na nossa caminhada.