quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

TEMOS O REI

A história bíblica dos chamados "juízes" é muito interessante. Israel, ainda no começo da sua vida na Terra Prometida, não tinha rei. O povo tinha juízes, homens ou mulheres que Deus levantava para liderar Israel. Essas pessoas eram chamadas e abençoadas por Deus para cumprir essa difícil tarefa.

E um padrão interessante se repetiu durante todo o tempo dos juízes: o povo pecava, adorando outros deuses, dentre outras coisas. Deus retirava sua proteção e os inimigos de Israel se aproveitavam desse vácuo para fazer grande estrago. O povo, então, lembrava de Deus, se arrependia e pedia libertação. Deus, então, levantava um homem ou mulher para liderar e libertar o povo. O tempo desse/a líder passava e o ciclo de pecado se repetia. Esse ciclo de pecado-queda-libertação só foi interrompido quando Saul foi ungido rei, bastante tempo depois.

Essa situação demonstra como é importante para Deus a obediência e a fidelidade do seu povo. Sem essas duas coisas, não é possível as pessoas construírem uma relação construtiva com Deus. E sem uma relação construtiva com Ele, não há como contar com sua proteção.

E é sobre isso que o Rogers fala no seu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes dele aqui e aqui.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

COMO A GENTE FAZ PARA TER FÉ


Ora, a fé é a certeza de cousas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem. Hebreus capítulo 11, versículo 1
As pessoas costumam enfrentar crises de fé ao longo da suas vidas.  Surgem problemas financeiros, doenças graves, mortes inesperadas de pessoas queridas e outras coisas assim, e a fé fraqueja. Outras vezes há grandes desafios a enfrentar na vida e a fé se mostra insuficiente para superá-los. 

Manter a fé ao longo de toda uma vida não é tarefa simples. É preciso trabalhar diariamente para isso. Cabe fazer, então, algumas perguntas importantes: O que faz alguém ter fé? Quais são os "bastidores" da fé?
Os componentes da fé
Martinho Lutero, o monge que deu início à Reforma Protestante, ensinou que a fé tem três componentes: entendimento, rendição e confiança. Mostrou também que esses componentes entram em cena exatamente na ordem em que foram apresentados.
A fé começa pelo entendimento de determinadas verdades. Afinal, não faria sentido ter fé em algo que não se sabe bem o que é ou para que serve – aí não seria fé e sim crendice. 

A seguir, vem a rendição da pessoa às verdades que foram compreendidas. Não adianta a pessoa entender as verdades relacionadas com Deus se ela continuar a achar que outras coisas, talvez fruto de suas preferencias pessoais, são mais adequadas e melhores para pautar sua vida.

O terceiro componente da fé é a confiança. Depois de entender algumas verdades, e se render a elas, a pessoa ainda precisa adquirir confiança de que Deus vai agir na sua vida da forma como prometeu. E essa confiança precisa se fazer presente mesmo quando a pessoa ainda não consegue ver os resultados da ação de Deus.

No versículo que abre esta postagem, o apóstolo Paulo definiu fé como "a certeza das coisas que se esperam". Ele, de forma brilhante, resumiu numa única frase tudo que foi dito antes. 

Segundo Paulo, a fé parte do princípio que a pessoa espera alguma coisa. Ora, ela só pode esperar aquilo que entenda e saiba que deve ser esperado. Depois, a pessoa precisa ter se rendido à necessidade de esperar. Aí então vem a confiança que transmite certeza quanto ao resultado final, mesmo que ele ainda não tenha sido materializado.
Crises de fé
Esse tipo de crise aparece quando há desajuste em algum dos três componentes da fé que citei antes. O primeiro tipo de desajuste é a falta do entendimento correto de qual deve ser o verdadeiro objeto da fé.
Esse problema pode decorrer da falta de esforço para conhecer de fato aquilo que é necessário (por exemplo, pouco estudo bíblico), como também ser fruto de instrução errada (ensino de doutrinas estranhas). 

Pouco esforço para buscar o entendimento verdadeiro das coisas relacionadas com Deus indica baixo compromisso da pessoa com Ele. Portanto, uma fé verdadeira saudável nunca pode florescer nessas bases. 

A fé alicerçada em doutrinas estranhas não pode ser mantida porque não tem como contar com o apoio real do Espírito Santo. Isto é, a fé verdadeira nunca pode se sustentar sobre bases falsas - cedo ou tarde ela vai ruir.

Infelizmente, pregadores inescrupulosos costumam vender doutrinas estranhas fáceis de engolir num primeiro momento. Por exemplo, doutrinas que garantem que Deus fez promessas maravilhosas e estimulantes a todos os seus seguidores, como a prosperidade ou a saúde absoluta, mas que Deus não fez de fato. As pessoas adoram ouvir isso e facilmente constroem  sua fé com base nessas doutrinas. Mas, um dia a realidade bate à porta e a fé das pessoas fica sem qualquer base. 

O segundo tipo de desajuste decorre da resistência da pessoa em se render aquilo que Deus lhe pede pois isso vai ter um "custo" que ela não quer "pagar". Talvez seja preciso abrir mão de hábitos agradáveis, embora errados, como vícios; de relacionamentos estimulantes, mas imorais; ou até mesmo de fontes de renda desonestas, mas que proporcionam um padrão de vida confortável.  

Frequentemente, as pessoas tentam ficar com “um pé em cada barco” - tentam manter sua fé, mas preservam seus hábitos de vida em desacordo com a vontade de Deus. Lembro do depoimento de um funcionário público que dava o dízimo da propina que recebia, quando ainda estava no começo da sua caminhada cristã. Levou tempo para essa pessoa entender que, como cristã, não podia receber nenhuma propina, mesmo que isso significasse uma perda no seu padrão de vida.

É impossível manter dois barcos sujeitos a uma correnteza juntos. Portanto, se a pessoa tenta colocar um pé em cada um, vai acabar caindo na água. Ou bem a pessoa escolhe se apoiar num dos barcos ou no outro. Ou ela serve a Deus ou aos seus interesses pessoais. 

O terceiro tipo de desajuste nasce da falta de confiança em Deus porque a pessoas querem definir como Ele deve agir e Deus se recusa a ser tutelado. Algumas pessoas querem "ensinar Deus a ser Deus", pois querem continuar a manter o controle sobres suas vidas. Portanto, esperam que as coisas aconteçam da forma que entendem ser a melhor para elas. Tem gente que até especifica o milagre que deseja em todos os detalhes.

Certa vez uma moça me escreveu relatando sua experiência. Ela queria um esposo e especificou para Deus como queria que o rapaz fosse. Aí apareceu alguém que preenchia perfeitamente essa especificação, mas já era noivo... E a moça ficou desnorteada. Ao mesmo tempo, Deus colocou no caminho dela um outro rapaz, que era ótima pessoa, mas não preenchia a tal especificação. E a moça demorou muito a perceber que Deus estava agindo de forma diferente do esperado por ela.

As consequências desse comportamento são insegurança, ansiedade e dúvidas, coisas muito difíceis de enfrentar e superar.  
O que fazer
Já vivi desajustes nos três componentes da fé, em momentos diferentes da minha caminhada espiritual. E sei, por experiência própria, que não é fácil superar esse tipo de dificuldade. 
Quando eu era jovem, achava que já conhecia a Bíblia o suficiente e, em consequência dessa posição arrogante, acreditava num Deus que existia apenas na minha mente. Demorei a me convencer a estudar de fato a Bíblia, o que somente fui fazer a partir dos 37 anos, depois de dar muitas cabeçadas. Hoje, mais de trinta anos depois, acredito que já sei algumas coisas sobre Deus, continuo de mente aberta para que o Espírito Santo me ensine mais e mais.

Acredito que essa deva ser essa a disposição de quem busca crescer na fé: comprometimento de estudar a Palavra de Deus e humildade para saber que nunca será possível entender tudo sobre Ele. 

Quando passei a estudar a Bíblia com seriedade, vi que diversos hábitos de vida arraigados que eu tinha não eram adequados para um cristão - por exemplo, criticar (julgar) o próximo, recusar-me a perdoar quem tinha me ferido ou dar mais atenção às coisas materiais do que às relacionadas com Deus. 

Tive que ir me rendendo aos poucos, aceitando essas verdades progressivamente, mudando um “setor” da minha vida por vez. Acho que avancei, mas ainda estou longe de concluir esse processo de mudança. E a mesma luta diária que enfrento para melhorar, você também enfrenta. 

Finalmente, eu achava que podia controlar minha vida. Pedia ajuda a Deus, mas esperava que Ele fizesse exatamente aquilo que eu mesmo achava ser o melhor. Hoje sinto grande alívio em deixar meus problemas nas mãos de Deus e descansar nele. É claro que sofro recaídas, mas acredito que já avancei.

Aprendi também a orar pedindo a Deus que faça a vontade dele na minha vida e na vida daquelas pessoas que amo. Espero que Ele comande o processo todo. 

E essa postura de maior confiança em Deus somente chegou para ficar na minha vida quando vivi determinadas situações onde "havia problemas de mais para Vinicius de menos”, conforme confessei para meu pai numa conversa que tive com ele. Foi aí que entendi que estava fazendo a coisa errada e mudei.

Experimente fazer o que eu fiz e pode ter certeza que sua vida vai mudar para melhor. E você vai ficar livre da ansiedade e da insegurança.

Veja mais sobre esse tema aqui.

Com carinho

domingo, 26 de janeiro de 2020

O SEU RETRATO


Há um belíssimo vídeo contendo uma propaganda de sabonete que é uma aula de vida, coisa rara no mundo da propaganda -  veja o vídeo. O tema é o retrato que a pessoa faz de si mesma.

O vídeo mostra uma experiência comportamental feita com um grupo de mulheres, contrastando a imagem que elas tinham de si mesmas, com a imagem que elas verdadeiramente passam para as outras pessoas. Primeiro foram feitos retratos por artistas, a partir das descrições feitas por mulheres delas mesmas. Nesse sentido, esses eram auto retratos. Depois, os artistas pintaram retratos das mesmas mulheres com base nas descrições fornecidas por outras pessoas. Nesse sentido, a segunda série de pinturas representaram as imagens públicas daquelas mulheres.
Aí as mulheres foram chamadas a comparar os auto retratos com as imagens públicas delas. Invariavelmente, os auto retratos eram muito mais feios do as imagens públicas. E as mulheres ficaram muito surpreendidas ao perceber isso.

A propaganda procurou explorar o problema de auto-estima que as mulheres têm, coisa já muito conhecida. Elas sempre atribuem a si mesmas defeitos físicos que somente elas mesmas conseguem ver. E sofrem com esses defeitos que acreditam ter.

Esse vídeo me faz lembrar de duas questões importantes nas nossas vidas. A primeira é o perigo de deixarmos de reconhecer as bençãos que recebemos de Deus por querermos algo que não temos. Por exemplo, uma mulher sempre pode ser ainda mais bonita, mas isso não quer dizer que ela já não muito bela. Vale aqui o conhecido ditado: "o inimigo do bom é o ótimo".

Às vezes, a pessoa tem um belo emprego, mas não valoriza o que já tem e acaba por perdê-lo. O mesmo pode se dizer da família - um bando de filhos dá um trabalho danado, mas uma casa vazia é muito pior. E assim por diante.

Há outro ditado que também se aplica a essa situação: "eu era feliz e nem sabia". Às vezes, vivemos fases gloriosas das nossas vidas e não usufruímos delas como deveríamos e nem somos gratos a Deus como deveríamos. Eu, quando olho para minha vida entre os 18 e 35 anos percebo claramente ter cometido esse enorme erro.

Você pode almejar coisas melhores mas nunca deixe de reconhecer e ser grato a Deus pelo que Ele já lhe deu.

A segunda questão que me chamou a atenção ao ver a tal propagando está relacionada com uma parábola que Jesus contou: o fariseu e o publicano (Lucas capítulo 18, versículos 9 a 14). O publicano era um coletor de impostos, tido por todos como pecador - o equivalente hoje em dia seria um político corrupto. O publicano foi até o Templo de Jerusalém e estando consciente dos seus muitos pecados, pediu perdão a Deus e nem teve coragem de elevar os olhos até o altar.

Já o fariseu era um homem considerado "bom", por ser obediente aos mandamentos dados por Deus. Ele também foi ao Templo, no mesmo momento que o publicano, e orou a Deus. Agradeceu por não ser como as outras pessoas, todas pecadoras, especialmente o publicano, que estava a seu lado.

Jesus ensinou que o publicano foi para casa perdoado, enquanto o fariseu não. O segundo tinha uma imagem de si mesmo muito melhor do que a realidade. Com o publicano acontecia o contrário - ele se via como alguém sem possibilidade de perdão e por isso Deus olhou para ele com olhos misericordiosos.

Se você fosse convocado(a) para descrever como Deus lhe vê e seu retrato fosse comparado com aquilo que Ele de fato pensa sobre você, qual seria a diferença? Seu retrato feito por Deus, seria mais feio, ou mais bonito, do que o seu? Pense nisso.

Com carinho

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

AS HERESIAS MAIS COMUNS

Heresias são conceitos teológicos que fogem da doutrina considerada correta (ortodoxia). Em outras palavras, heresias são interpretações da doutrina cristã que fogem daquilo que é o entendimento geral do que seja certo de acordo com o ensinamento da Bíblia. Por exemplo, dizer que Jesus não é o salvador da humanidade é uma heresia, pois foge do entendimento geral dentro do cristianismo.

Heresias são perigosas porque levam as pessoas a uma fé confusa e geram aplicações práticas distorcidas. Portanto, elas precisam ser combatidas. Antigamente, eram combatidas a "ferro e fogo", até com punições físicas - pessoas foram até queimadas - o que é um absurdo. Heresias são ideias e precisam ser combatidas somente com outras ideias. 

A conhecida revista "Christianity Today" certa vez fez uma pesquisa sobre as heresias mais comuns no meio evangélico. É claro que essa pesquisa se refere aos Estados Unidos, mas achei interessante trazer esses dados por que muitas dessas heresias são fortes também no Brasil.

Todas essas heresias geraram controvérsias teológicas cerca de trezentos anos depois do nascimento da igreja cristã. Naquela época a Igreja ainda não tinha se dividido em várias denominações (Católica, Ortodoxa e denominações evangélicas). Essas dúvidas geraram muito debate e quase dividiram a igreja cristã, o que acabou acontecendo depois, por razões bem diferentes.

Já foram encontradas respostas teológicas verdadeiramente bíblicas para todas essas heresias. Mas, ainda assim as ideias erradas permanecem vivas - eu encontro esse tipo de argumentação a toda hora.
Por limitação de espaço vou me limitar a discutir as quatro heresias mais comuns, segundo a pesquisa que citei. E, por coincidência, todas quatro se referem à Trindade Santa (Pai, Filho e Espírito Santo). Isso significa que as pessoas têm muita dificuldade para entender um Deus único, composto de três diferentes pessoas. Vamos a elas:

Heresia 1: Deus Pai é mais divino do que o Filho (Jesus).
Heresia 2: Jesus foi o primeiro Ser criado por Deus Pai.
Heresia 3: O Espírito Santo não é uma pessoa e sim uma força.
Heresia 4: O Espírito Santo é menos divino do que o Pai e o Filho.
A discussão histórica
As dúvidas sobre a natureza de Jesus nasceram da análise de expressões bíblicas como “unigênito” (João capítulo 3 versículo 16) e “o primogênito de toda a criação” (Colossenses capítulo 1 versículo 15).
No século IV, um padre chamado Arius declarou: “Se o Pai gerou o Filho, então aquele que foi gerado teve um início … Portanto, houve um momento que o Filho não existia...”. Em outras palavras, para Arius, Deus Pai seria maior do que Deus Filho.

Essa análise ganhou suporte entre muitos líderes religiosos da época, mas também enfrentou grande oposição, liderada pelo bispo de Alexandria, Atanásio. Os que se opuseram ao chamado arianismo alegaram que sua interpretação negava a divindade plena de Jesus.

A questão somente foi resolvida em alguns Concílios de bispos da igreja cristã, convocados com esse objetivo. O primeiro Concílio aconteceu no ano de 325, na cidade de Niceia. Cerca de 300 bispos rejeitaram o arianismo e reafirmaram que Jesus têm a mesma natureza que Deus Pai - sendo, portanto, não criado.

Mas, foi preciso mais um Concílio, o de Constantinopla, em 381, para por fim às dúvidas. Ali foi aprovado como doutrina oficial da Igreja Cristã (que todas as denominações atuais aceitam) o chamado Credo de Niceia, estabelecendo expressamente que o Filho é da mesma natureza que o Pai.

A confusão sobre a natureza do Espírito Santo começou quando alguns começaram a defender a tese que Ele não era uma pessoa com raciocínio e vontades próprias, mas simplesmente uma força (ou poder). Assim, Ele teria natureza diferente de Deus Pai e Filho. A palavra usada para descrever o Espírito Santo no hebraico - Ruach, que quer dizer vento - parecia dar apoio a essa interpretação.

No Concílio de Constantinopla, já citado, os 150 bispos reunidos reafirmaram que o Espírito Santo tinha a mesma natureza de Deus Pai e Filho e era uma pessoa, com raciocínio e vontade próprias.

Ficou reafirmada assim a doutrina da Trindade: as três pessoas da Trindade merecem a mesma honra e detém co-soberania. Oficialmente, as controvérsias para essas questões ficaram então encerradas.
As razões teológicas
Esses Concílios não tomaram tais decisões por mero capricho ou por pressões políticas, como alguns críticos do cristianismo gostam de afirmar. Havia argumentos teológicos muito fortes para tomar as decisões que foram estabelecidas naqueles Concílios. Resumo, a seguir, os principais argumentos usados.
E começo por discutir a controvérsia relacionada com Jesus Cristo. Se Ele tivesse sido criado, como Arius propôs, teria natureza limitada e não seria divino, pelo menos não da mesma forma que Deus Pai o é. Mas, se Jesus não fosse divino, seu sacrifício não teria o alcance que teve, o que destruiria toda a doutrina da salvação.
Jesus morreu pelos pecados de todos os seres humanos e seu sacrifício é válido tanto para aqueles que viveram antes dele (aqueles que viveram esperando a vinda do Messias), para os que conviveram com Ele na terra (por exemplo, seus apóstolos), como também para nós, que viemos depois dele. Em outras palavras, o sacrifício de Jesus não tem limites.

Quanto aos termos bíblicos que parecem indicar que Jesus foi criado por Deus, precisamos entender as afirmações bíblicas como formas simplificadas de explicar uma verdade muito complexa. É pela mesma razão que a Bíblia fala dos "braços" ou dos "olhos" de Deus Pai, embora Ele seja um Ser incorpóreo.

As declarações que parecem indicar que o Filho foi criado, na verdade, procuram explicar o relacionamento do Pai com o Filho - os próprios termos "Pai" e "Filho" apontam para a tentativa de usar conceitos humanos para explicar essa realidade complexa.

Podemos entender o fato de Jesus ser o único filho gerado pelo Pai como a relação que existe entre o sol e sua luz. A luz do sol é continuamente emitida pelo sol e nunca houve um momento em que essa estrela não tivesse emitido luz. É nesse sentido que Jesus é o Filho gerado por Deus Pai.

Quanto ao Espírito Santo, a Bíblia é clara ao dizer que Ele intercede por nós junto ao Pai, assim precisa obrigatoriamente ter raciocínio e vontade. Se fosse apenas uma força - um "vento divino" - não poderia fazer nada disso. Afinal, forças da natureza não intercedem pelas pessoas.

Além disso, Jesus disse, pouco antes de voltar para junto do Pai, que o Espírito Santo viria substitui-lo junto à humanidade (João capítulo 14, versículos 16 e 17). Uma simples força não poderia substituir Jesus, que orientou e ensinou as pessoas a seguirem caminhos que agradam a Deus.

Finalmente, a Bíblia ensina que devemos batizar as pessoas no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mateus capítulo 28, versículo 19). Isso indica claramente que estamos falando de três realidades que têm o mesmo significado e importância.

Com carinho

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

A BELEZA NÃO ACABA

As pessoas costumam ficar encantadas quando podem visitar lugares de grande beleza natural. Lugares como as Cataratas do Iguaçu ou o Jalapão costumam ficar na memória das pessoas por toda a vida. E é por isso que muita gente faz longas viagens para vistá-los, justamente para poder viver a experiência especial de contemplar essas maravilhas da natureza. 

Visitar lugares tão belos como esses também costuma aproximar as pessoas de Deus. Ao contemplar a perfeição da obra do nosso Criador, não é possível deixar de ficar  maravilhado - eu mesmo já passei por esse tipo de experiência, quando visitei o Jalapão.

As pessoas salvas, por estarem sempre junto a Deus, vão experimentar continuamente a beleza que emana dele. E isso explica porque a vida eterna nunca será cansativa. Essa constatação contraria a ideia de muitas pessoas desavisadas e sem imaginação que insistem em afirmar que a vida eterna, tal como descrita na Bíblia, será cansativa. O que essas pessoas não entendem é que estar junto a Deus, para sempre será uma experiência extraordinária. Ela nunca vai cansar, pois gerará um prazer inesgotável.

É sobre isso que eu falo no meu mais novo vídeo - veja aqui

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

AS DIFERENÇAS ENTRE OS QUATRO EVANGELHOS

A Bíblia tem quatro evangelhos. São quatro relatos sobre a vida e o ministério de Jesus: Mateus, Marcos, Lucas e João. A palavra evangelho quer dizer boas novas, portanto, trata-se de diferentes relatos das boas novas que a vinda de Jesus ao mundo trouxe para a humanidade.

Há diferenças entre esses quatro relatos e isso acaba sendo tratado por quem quer criticar a Bíblia como se houvesses erros. Mas, se analisarmos essas diferenças com cuidado veremos que não é nada disso.
Os evangelhos como trabalhos de reportagem
Vamos imaginar que um jornal deseje fazer uma reportagem sobre os bastidores de uma campanha eleitoral para Presidente da República. E, para ter certeza que a reportagem final conterá todas as informações relevantes, escala quatro repórteres diferentes para fazerem relatos independentes entre si.
Os quatro repórteres escolhidos - todos pessoas sérias, dedicadas e competentes - têm história de vida e formação profissional diferente, garantindo que o "olhar" de cada um deles sobre os fatos seja único.
Imaginemos ainda que, dois desses repórteres são escalados para acompanhar os acontecimentos ao vivo, enquanto os outros dois limitar-se-ão a entrevistar pessoas que tiverem sido testemunhas oculares dos fatos relatados.

Ao final da campanha, os quatro repórteres vão entregar seus trabalhos para o editor do jornal. Você acha que os relatos entregues ao editor serão iguais? É claro que não. E se fossem iguais, seria o caso de até imaginar uma fraude.

Na verdade, os relatos vão ser diferentes e se completar, ao apresentar olhares diferentes sobre uma mesma realidade. Dessa forma, o conjunto dos quatro relatos irá conter um conjunto de informações muito mais completo e rico do que cada relato individual.

E não será justo afirmar que qualquer dos repórteres mentiu, mediante a constatação que seu relato individual contém diferenças em relação aos outros tês. Isso é de se esperar.

E foi exatamente isso que aconteceu com os Evangelhos: os quatro relatos foram produzidos porque o "editor do jornal" (o Espírito Santo) queria que o Novo Testamento contivesse um relato diversificado daquilo que aconteceu com Jesus durante sua passagem pela terra. E Mateus, Marcos, Lucas e João cumpriram fielmente a "encomenda" recebida, atuando como repórteres sérios e dedicados.

A importância dos detalhes comuns
Como esses repórteres terão espaço limitado para seus relatos, precisarão escolher o que incluir e o que deixar de fora em relação a todas as informações colhidas a respeito da campanha presidencial. Certamente vão incluir aquilo que lhes parecer ser mais importante, essencial mesmo, e deixar de fora muita coisa. Assim, os quatro relatos não vão sempre focar nas mesmas coisas, pois as escolhas dos repórteres serão necessariamente diferente, com exceção daquilo que for considerado essencial por todos eles. Por exemplo, todos vão dizer quem ganhou a eleição presidencial, a diferença de votos, se foi no primeiro ou no segundo turno e assim por diante.

E assim aconteceu com os quatro Evangelhos: somente Mateus e Lucas relataram o nascimento e alguma coisa da infância de Jesus. Somente Mateus e Lucas falaram sobre o Sermão do Monte, onde Jesus citou as "bem aventuranças". Somente esses dois Evangelhos registram as palavras da oração do "Pai Nosso". Somente João relatou a oração que Jesus fez pouco antes de ser preso. E assim por diante.

Agora, os fatos que todos os quatro "repórteres" bíblicos resolveram todos relatar foram essenciais. E quais fatos são esses? Alguns são bem fáceis de identificar, como a crucificação, a morte e a ressurreição de Jesus. Mas, outros provavelmente vão surpreender você, comprovando que nem sempre olhamos para a Bíblia como deveríamos.

Veja a seguir a lista dos demais pontos relatados por todos os evangelistas:
  • O batismo de Jesus por João Batista (veja mais). Isso comprova que João foi uma figura de grande importância na história de Jesus, embora hoje seja pouco lembrado.
  • A última refeição com os discípulos, quando Jesus instituiu o sacramento da Santa Ceia.
  • O milagre da multiplicação dos pães, quando Jesus alimentou uma multidão faminta. 
  • O aviso a Pedro que ele iria negar Jesus, que serve de alerta para nós: devemos sempre estar atentos contra as ciladas de Satanás e jamais confiar apenas nos nossos próprios recursos.
  • As primeiras pessoas que viram Jesus depois da ressurreição foram mulheres - esse registro deve ser entendido como uma homenagem àquelas que foram suas mais fiéis seguidoras.
Concluindo, não de estranhar que haja diferenças entre o conteúdo dos Evangelhos. O Espírito Santo queria que fosse assim mesmo. Por causa disso temos um relato muito mais rico e completo do que aconteceu com Jesus durante sua passagem na terra. E glórias a Deus por isso.

Com carinho

sábado, 18 de janeiro de 2020

PASSAGENS DA BÍBLIA QUE VOCÊ PRECISA CONHECER

Hoje vou listar as doze passagens da Bíblia que você precisa conhecer bem, para poder dar suporte à sua fé cristã. Essas passagens dão o embasamento bíblico para as doutrinas mínimas que todos os cristãos precisam acreditar (veja mais).

Não confunda essa relação de passagens bíblicas com uma outra onde listei os textos mais populares da Bíblia (veja mais), isso porque popularidade nem sempre é sinônimo de importância. Alguns versículos constam das duas relações, mas isso não é obrigatório.

Escolhi o número doze porque esse é um número que tem a ver com a história do povo de Deus: doze eram as tribos de Israel e Jesus escolheu doze apóstolos.

Aproveite a leitura para fazer um teste: veja quantas dessas passagens você já conhece bem. Esse teste vai lhe dar uma noção real de como anda seu conhecimento da Bíblia.

1) O resumo do Evangelho (João capítulo 3, versículo 16)
Esse versículo por coincidência é o mais popular da Bíblia. E isso faz sentido porque ele tem enorme importância, já que resume numa única frase o significado do Evangelho. Deus nos ama e, como deseja nos salvar da condenação fruto dos pecados, mandou seu Filho, Jesus, para morrer por nós numa cruz (veja mais).

2) Jesus, o único caminho para Deus (João capítulo 14, versículo 16)
Nesse texto Jesus explicou qual é seu papel: Ele é o único caminho para Deus. Em outras palavras, sem Ele, estamos perdidos (veja mais). Esse versículo complementa o anterior.

3) O que agrada a Deus é a fé (Hebreus capítulo 11, versículo 6)
Sabemos que nossa salvação se dá pela fé em Jesus. Mas, a fé vai além disso: é a única forma que temos de agradar a Deus. Simples assim.

4) O fruto do Espírito Santo (Gálatas capítulo 5, versículos 22 e 23)
A fé verdadeira, ou seja, aquela que salva, dá resultado (fruto), pois concorre para a modificação do interior da pessoa. Na carta aos Gálatas, Paulo detalhou o que é esse fruto: paciência, alegria, amor, etc.

5) Os Dez Mandamentos (Êxodo capítulo 20, versículos 3 a 17)
Já escrevi bastante sobre esse tema, inclusive analisando individualmente cada um dos mandamentos (veja mais). Eles estão divididos em dois grupos: um que trata do nosso relacionamento com Deus, ou seja, composto dos mandamentos um a quatro (não terás outros deuses, não farás para ti imagens de escultura, não tomarás o santo nome de Deus em vão e guardarás o dia do sábado). O segundo grupo trata do relacionamento entre as pessoas, ou seja, os mandamento seis a dez (não matarás, não furtarás, não adulterarás, não dirás falso testemunho e não cobiçarás o que é do próximo). O quinto mandamento (honra pai e mãe) separa os dois grupos: é como se tivesse um "pé" em cada grupo.

6) A grande comissão (Mateus capítulo 28, versículo 18)
Jesus nos mandou pregar o Evangelho sempre que tivermos oportunidade. Trata-se de ato de amor, pois, se entendemos que Jesus é fundamental para a vida de qualquer pessoa, precisamos sempre falar dele. Trata-se do famoso mandamento de ir pelo mundo e pregar o evangelho a toda criatura.

7) O resumo de todos os mandamentos (Mateus capítulo 22 versículos 37 a 39)
Jesus nos apresentou a "Lei do Amor", resumindo todos os mandamentos a apenas dois: "amar a Deus sobre todas as coisas" e "amar o próximo como a ti mesmo" (veja mais).

8) Os planos de Deus para nós (Jeremias capítulo 29 versículo 11)
Esse é outro versículo na lista dos mais populares. Nele Deus revela que seus planos para nós são benignos e devem gerar esperança quanto ao futuro.

9) Deus é o nosso Pastor (Salmo 23)
Esse Salmo escrito por Davi é outro texto muito conhecido. Ali Deus revela como cuida de nós: da mesma forma que um pastor dedicado cuida das suas ovelhas. Jesus usou muitas vezes a imagem do pastor de ovelhas nos seus ensinamentos, ecoando o texto de Davi.

10) Livramento da carga emocional negativa (1 Pedro capítulo 5, versículo 7)
O apóstolo Pedro nos conclamou a depositar sobre Jesus toda nossa carga emocional: ansiedade, medos, preocupações, etc. E isso é consequência da fé em Deus, da confiança que devemos ter nele.

11) A "armadura" do Espírito Santo (Efésios capítulo 6, versículos 6 a 18)
Paulo descreveu a "armadura" que precisamos vestir para nos defender dos ataques espirituais de Satanás. Trata-se de texto de grande importância para nossa proteção espiritual.

12) Você não será tentado além das suas forças (1 Corintios capítulo 10 versículo 13)
As tentações virão e isso é inevitável - o próprio Jesus foi tentado por Satanás. Mas, Deus nos prometeu que nunca seríamos tentados além das nossas forças. Em outras palavras, sempre teremos condição para resistir e dizer não para Satanás.

Com carinho

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

JESUS ESCOLHE OS APÓSTOLOS

Quem foram os apóstolos e como foram escolhidos por Jesus? Apóstolos foram os principais discípulos de Jesus, os homens escolhidos para verdadeiramente testemunhar seu ministério na terra.

O conceito de discípulo na época de Jesus era diferente do atual. Hoje, "discípulo" é mais ou menos um "aluno", na época de Jesus significava "aprendiz". Naquela época, a educação do discípulo constituía em ensiná-lo uma nova forma de viver. E isso era muito mais do que transferir conhecimentos.

Eram os discípulos, ou suas famílias, que escolhiam seus mestres. Mas, com Jesus, o convite sempre partiu dele mesmo. Isso parece indicar que as pessoas, por si mesmas, não são capazes de tomar a iniciativa de seguir Jesus. Sempre é preciso haver um convite do Espírito Santo.

A escolha dos apóstolos 
Jesus chamou muitas pessoas para segui-lo. Algumas aceitaram (Pedro, João, Tiago, etc), enquanto outros, como o jovem rico, não (Mateus capítulo 19, versículos 16 a 22).

Em dado momento do seu ministério, Jesus resolveu escolher doze discípulos, para uma função especial: apóstolo. Essa palavra quer dizer "testemunha" ou "enviado". Ele deu a esses doze homens a responsabilidade de acompanhá-lo em todos os momentos e, depois, quando Ele voltasse para junto do Pai, testemunhar para o mundo o que tinham visto e aprendido. 

Vem do papel diferenciado desempenhado por esses homens a chamada autoridade apostólica que eles passaram a ter junto à comunidade cristã. Isso lhes deu condições de influir em aspectos importantes da vida da igreja cristã que estava nascendo. Isso incluiu escolher quais textos deveriam ser (ou não) incluídos no Novo Testamento (veja mais).

O número doze era simbólico para a cultura judaica, pois tinha a ver com o número de tribos que formou o povo de Israel. Portanto, a mensagem que Jesus passou para as pessoas, ao escolher doze apóstolos, foi que nascia ali um "novo Israel" (a igreja cristã), embora isso não tivesse ficado claro de imediato nem para os próprios apóstolos.

Quem foram os apóstolos?
A sabedoria humana diz que quando o novo dirigente de uma grande empresa ou governo toma posse, ele deve procurar escolher os melhores auxiliares. Logo, é uma surpresa perceber que não foi bem isso que Jesus fez. Ele escolheu um punhado de homens que parecia ter pouca qualificação (Mateus capítulo 10, versículos 2 a 4):
  • André, era simples pescador e irmão de Simão Pedro. Foi discípulo de João Batista.
  • Simão, também conhecido como Pedro, também era apenas um pescador. Tinha temperamento impulsivo.
  • João, filho de Zebedeu. Também era pescador e dividia o negócio de pesca com seu irmão, Tiago, e os irmãos Pedro e André. A tradição o considera como o discípulo amado por Jesus (João capítulo 13, versículos 21 a 23). Foi o único discípulo homem que ficou aos pés da cruz de Jesus.
  • Tiago, irmão de João. Foi o primeiro apóstolo a ser martirizado por sua fé.
  • Tiago, filho Alfeu e irmão de Judas Tadeu. Não se sabe muito mais sobre ele.
  • Judas Tadeu (ou Alfeu), irmão de Tiago. Era um nacionalista extremado e pouco mais se sabe sobre ele.
  • Mateus, também conhecido como Levi, era coletor de impostos. Por causa da sua profissão, sabia ler e escrever bem, o que era raro naquele tempo.
  • Filipe, provavelmente também pescador. Foi discípulo de João Batista.
  • Tomé, também chamado de Dídimo, foi o discípulo que duvidou da ressurreição de Jesus. Pouco mais se sabe sobre ele.
  • Simão Zelote, era um nacionalista radical e fez parte do grupo dos Zelotes, que até cometia crimes políticos contra os apoiadores da dominação romana.
  • Bartolomeu, também conhecido como Natanael. Não temos muitas informações sobre ele.
  • Judas Iscariotes, aquele que traiu Jesus. Provavelmente também participou do movimento radical dos Zelotes. Foi tesoureiro do grupo de Jesus e roubou os fundos a seu cuidado. Traiu Jesus e, depois, arrependido, enforcou-se.
Jesus não escolheu como apóstolo nenhum homem famoso ou importante, como também nenhum conhecido do período em que viveu em Nazaré, e nem mesmo um familiar - afinal, ele foi rejeitado por quase todas essas pessoas. Não escolheu também nenhum sacerdote, escriba ou rabino, pessoas mais preparadas e já ligadas, de alguma forma, à estrutura da religião judaica.

A maior parte dos escolhidos era formada por pescadores, pessoas trabalhadoras, fortes fisicamente, mas com pouco preparo intelectual. Somente um dos apóstolos (Mateus) tinha formação mais sofisticada. Mas, por outro lado, como todo coletor de impostos, era odiado pelas pessoas e considerado homem pecador. Nos dias de hoje, seria como se Jesus tivesse convidasse para integrar seu grupo de apóstolos um político notoriamente corrupto.

Vários dos apóstolos eram considerados violentos, como João e Tiago, apelidados pelo próprio Jesus de "filhos do trovão" (Marcos capítulo 3, versículo 17). Outros, como Simão Zelote e Judas Iscariotes, eram nacionalistas ferrenhos e entendiam que a única forma de Israel ficar livre dos romanos seria através da força. E valia tudo para conseguir isso, até assassinatos.

Foram esses homens, com pouca formação intelectual e currículo de violência, que foram chamados para aprender sobre o amor de Deus. E isso é surpreendente.

Agora, é claro que Jesus acertou na escolha que fez. Não podemos esquecer que o acerto de uma escolha desse tipo é sempre definido pelos resultados obtidos. E, no caso dos apóstolos, seu trabalho precisa ser medido pelo desenvolvimento da igreja cristã. Nesse sentido, o sucesso deles inimaginável, pois o crescimento da igreja cristã foi estrondoso. E, com exceção de Judas Iscariotes, todos os apóstolos se converteram em verdadeiros homens de Deus e deram contribuição fundamental para a obra de Deus.

E isso tudo comprova como as escolhas de Deus são diferentes daquelas feitas pelos seres humanos. As escolhas de Deus nos surpreendem e até chocam. Isso porque Deus olha para o interior das pessoas e não para as aparências, como nós fazemos. Aparências nada significam para Ele. E essa é uma grande lição para nossas vidas.

Com carinho

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

FRUTOS

As nossas crenças e atitudes geram frutos (consequências). E eles podem ser duas naturezas diferentes: bons ou ruins. Se desobedecemos a Deus e vivemos uma vida sem respeito pelos mandamentos divinos, enfim, sem qualquer controle próprio, não há dúvida que vamos colher resultados ruins. E é fácil olhar no nosso entorno e ver isso acontecendo a toda hora.

Agora, se tivermos uma vida próxima a Deus, contando sempre com a presença do Espírito Santo, para nos orientar e exortar, os frutos colhidos serão necessariamente bons. Vamos colher resultados importantes como paz, controle próprio e alegria, coisas boas e importantes para uma vida construtiva e saudável.

A carta de Paulo aos Gálatas trata exatamente dessa questão. O apóstolo detalha como nossas escolhas e crenças nos levam a diferentes caminhos e resultados nas nossas vidas. Paulo esclarece como coisas ruins decorrem diretamente de uma vida longe de Deus. E também como coisas boas frutificam imediatamente quando vivemos junto ao Espírito Santo. Quando deixamos que Ele nos guie como desejar.

Sem dúvida, esse é um ensinamento fundamental para a vida de cada cristão. E é sobre isso que eu falo no meu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

A RECEITA CRISTÃ PARA UMA VIDA BOA

Qual é a receita para viver uma vida boa? Essa questão tem sido o foco de interesse de muitos pensadores ao longo da história. Meu objetivo aqui é mostrar a resposta que foi encontrada pelo cristianismo, em comparação com as "receitas" alternativas.

Mas, preciso começar discutindo uma questão preliminar: qual é o significado da vida humana? Em outras palavras, qual é a razão para a existência do ser humano? E falo isso porque a vida boa certamente será aquela que preencher plenamente esse significado.

É evidente que pessoas diferentes, por terem visões do mundo (cosmovisões) distintas, chegarão a conclusões diversas tanto sobre o significado da vida humana, como para a receita que precisa ser seguida para viver uma vida boa. E isso não deve nos surpreender.

Como já disse, meu foco é analisar as respostas que o cristianismo desenvolveu para enfrentar essas questões.
A receita cristã
O significado da vida humana, de acordo com a cosmovisão cristã, foi estabelecido por Deus, aquele que nos criou. O cristianismo acredita que Deus fez o ser humano para estar em comunhão com Ele. Portanto, longe da presença inspiradora de Deus, a vida humana será sempre vazia e incompleta. Isto é, torna-se impossível viver uma vida boa e plena longe de Deus. Simples assim.
E o ser humano se afasta de Deus quando deixa de fazer a vontade dele, ou seja, quando comete pecados. A existência do pecado se deve ao livre arbítrio que Deus deu ao ser humano, isto é, a capacidade para escolher conscientemente entre o bem (a vontade de Deus) e o mal. Os animais não tem essa capacidade pois são dirigidos pelo instinto natural.

O ser humano, deixado por contra própria, acabará quase sempre fazendo escolhas ruins, ou seja, quase sempre irá pecar. Isto porque o ser humano tem uma tendência natural para o pecado. E é fácil perceber isso nas crianças pequenas: não é preciso ensiná-las a mentir, a serem egoístas, a se agredirem, etc. Elas fazem isso naturalmente. Mas, é preciso esforço para desenvolver nelas as virtudes, doutrinando-as a perdoar, a dividir o que é seu, etc.

Assim, para viver uma vida boa, mantendo-se junto a Deus, que é a razão de ser da vida humana, é fundamental enfrentar o problema do pecado. Não há outro caminho.

E o "remédio" para o pecado começa pela tomada de consciência da pessoa de que é pecadora. Esse é o primeiro passo. O passo seguinte é o arrependimento dos pecados cometidos. E depois vem a aceitação do sacrifício de Jesus na cruz, que gera o perdão para os pecados cometidos. E, finalmente, vem o processo contínuo de mudança interior, mediante o qual a pessoa melhora seu comportamento (santificação).

Todos esses passos precisam ser conduzido pelo Espírito Santo, pois sozinhos os seres humanos não conseguem fazer o que é preciso.

Essa é a resposta cristã para uma vida boa: tomar consciência do pecado e lutar contra ele. Aproximar-se de Deus e viver em comunhão constante com Ele.
Outras respostas 
Outras cosmovisões entendem o significado da vida humana de forma diferente. Há muitas linhas de pensamento diferentes, populares no "mercado" das ideias e não tenho espaço para discuti-las todas aqui. Vou me limitar a falar de duas delas: a visão materialista e a linha de pensamento oriental.
A visão materialista, essencialmente aquela defendida pelos ateus, entende que só existe o mundo físico. Não há espaço, portanto, para o sobrenatural. O ser humano é fruto do mecanismo de evolução das espécies (descrito por Charles Darwin) e existe por mero acaso. Sendo assim, a vida humana não tem significado. E as pessoas devem simplesmente fazer o melhor possível enquanto vivas, porque, depois, tudo se acaba.

Para os materialistas, o mal no mundo é fruto da ignorância, do desconhecimento do que se deve fazer. As pessoas são inerentemente boas e é a ignorância que as leva a fazer o que é errado, praticando o mal. Portanto, à medida que as pessoas forem sendo educadas, a sociedade humana vai melhorar e mais pessoas viverão uma vida boa. A receita para uma vida boa, segundo essa visão, é educar as pessoas.

Há variantes dessa visão, que identificam o mal na sociedade como fruto de um sistema socioeconômico injusto e explorador. E a solução dos problemas passa por uma mudança política, permitindo estabelecer um sistema mais justo, privilegiando os mais desfavorecidos.  Por exemplo, esse é a visão por trás do socialismo.

Outra cosmovisão muito conhecida é aquela que deu origem às religiões orientais (hinduísmo, budismo, etc). Ela atribui a existência do mal à falta de comunhão do ser humano com a essência do universo ou a força sobrenatural que o controla. Essa comunhão se rompe porque a pessoa se deixa levar por objetivos egoístas. E aí os problemas aparecem.

Portanto, para viver uma vida boa é preciso aprender a recompor essa comunhão plena com a essência do universo, o que é feito através de técnicas de auto-ajuda, como meditação, bem como jejum, voto de pobreza, etc. 
Qual a melhor receita?
Eu não tenho espaço aqui para desenvolver todos os argumentos relevantes para comparar essas três visões de mundo. Posso apenas dar algumas "pinceladas", apontando caminhos. Quem estiver interessado em se aprofundar sobre esse tema deve consultar o livro "O Universo ao lado", escrito por Sire. É um livro muito bom e fácil de ler.
As cosmovisões materialista e oriental falham pois não atacam a questão do pecado humano. Aliás, nem vêem o pecado como um problema - atribuem o mal à falta de conhecimento - do funcionamento do universo e dos direitos humanos, num caso, e das técnicas espirituais, no outro. Deixam de reconhecer a propensão natural do ser humano para fazer o mal.

Ora, pensar que tudo se resolve com a educação das pessoas ou a instituição de regras socioeconômicas adequadas para o bom funcionamento da sociedade é grande um erro. Não que educação ou regras boas sejam coisas ruins e desnecessárias, muito ao contrário. Mas isso nunca é suficiente. É preciso mais: transformação interior das pessoas, com base na ação do Espírito Santo, para mantê-las resistentes ao pecado.

O fracasso dessa linha de pensamento ficou bem claro ao longo do século XX: o mal não foi eliminado apesar do avanço espetacular no conhecimento, na educação, no reconhecimento dos direitos humanos, etc. O mal apenas se transformou, mudou de lugar. Ele está presente na dissolução crescente das famílias, na solidão cada vez maior das pessoas, na intolerância racial ou política, no abuso das drogas e na promiscuidade sexual.

Foi no século XX que aconteceram as maiores atrocidades da história, a maior parte delas comandadas por governos totalitários (como a Alemanha nazista, a União Soviética comunista, a China comunista, dentre outros) que defendiam o "aperfeiçoamento" do ser humano.

Por outro lado, a cosmovisão das religiões orientais falha porque defende o auto-aperfeiçoamento através de técnicas espirituais. E nunca trabalha a necessidade do arrependimento e do perdão de Deus.

Além disso, essa visão de mundo defende uma percepção conformista das coisas. A ideia do "karma" - as pessoas pagam na vida atual pelos males que fizeram em vidas anteriores - torna o sofrimento humano uma necessidade, pois ele é o meio de acertar as contas, pagando dívidas passadas. Não é por acaso que a Índia, a matriz das mais importantes doutrinas orientais, sempre esteve entre os países mais atrasados do mundo em termos de desenvolvimento social (o Brasil é um verdadeiro paraíso quando comparado à Índia).

Concluindo, penso que a única forma de construir uma vida boa é seguindo a receita do cristianismo. Isso não quer dizer que todas as pessoas que se dizem cristãs vão conseguir ter uma vida boa, até porque boa parte delas é cristã apenas nominalmente, pois não trilham de fato os caminhos estabelecidos por Deus. Mas, essa é a melhor receita e a única que pode dar certo.

Com carinho

domingo, 12 de janeiro de 2020

RAÍZES PROFUNDAS

As sequoias são árvores gigantescas, que chegam a ter 100 metros de altura e 20 de diâmetro. Podem viver cerca de 3 mil anos, sendo um dos organismos vivos mais longevos que se pode encontrar na natureza. E um dos grandes segredos das sequoias são suas raízes profundas.

As raízes dessas maravilhosas arvores se espalham por uma enorme área e chegam a ter 5 metros de profundidade. Essas raízes formam um gigantesco emaranhado sob a terra, dando sustentação ao enorme tronco, que chega a pesar mais de mil toneladas, e também permitindo às arvores encontrarem nutrientes à grande distância. Sem tal tipo de enraizamento não seria possível à sequoias serem como são em altura, diâmetro e resistência.

Os cristão precisam ser como sequoias. Precisa construir raízes profundas e ancorá-las em solo fértil e firme. É por isso que esse enraizamento precisa estar posto em Jesus Cristo e na Bíblia. É aí que podemos encontrar sustentação contra os "vendavais" da vida e também onde podemos colher os "nutrientes" espirituais que vão alimentar nossa fé, nos permitindo manter nossa firmeza de caráter.

E é sobre isso que eu falo no meu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

O SUICIDA SERÁ SALVO?


Existe muita controvérsia quanto à questão se um/a suicida poderá ser salvo/a, á luz do que diz a Bíblia. Tem gente que diz que sim, enquanto outros garantem que não.

O suicídio é um problema de grandes proporções em nosso país - cerca de 300 mil pessoas se matam a cada ano. E quando esse infortúnio acontece numa família cristã, o sofrimento costuma ser ainda maior, pois além da perda trágica, uma questão terrível fica "flutuando" no ar: ele/a poderá ser salvo/a?

Várias denominações cristãs, inclusive a Igreja Católica, defendem a tese de que o/a suicida está condenado/a, o que só aumenta o desespero da família enlutada.

Antes de prosseguir, acho que vale a pena fazer um parêntesis aqui: fico estarrecido com a facilidade com que líderes cristãos se arrogam o direito de passar julgamento sobre outras pessoas, atrevendo-se até a definir quem será (ou não) salvo/a. Pelo que eu conheço da Bíblia, o julgamento cabe somente a Deus e nunca a seres humanos.

Muitas pessoas argumentam que não há como o/a suicida ser salvo porque a pessoa que comete esse ato não terá como se arrepender do pecado que praticou. E eu responderia essa alegação fazendo uma pergunta: quem garante que qualquer um/a de nós, ao morrer, terá se arrependido previamente de cada pecado que cometeu? Acredito que quase ninguém. Esse tipo de objeção, portanto, não agrega muito à discussão.
Entendendo melhor o pecado do/a suicida
A Bíblia não trata diretamente da questão do suicídio - ela não fala como o suicídio é visto por Deus. Portanto, essa questão é analisada por analogia com outros temas similares.
O ato de tirar a própria vida, em princípio, é pecado porque a vida humana é sagrada. Há quem argumente que como o mal foi feito pela pessoa contra si mesma, não haveria pecado aí. Mas, a Bíblia é clara que qualquer atentado contra o dom da vida é pecado. A vida é dom de Deus e somente Ele pode tirá-la - é essa noção que está por trás do mandamento de não matar (veja mais).

Agora, não há como deixar de reconhecer que o suicídio tem enormes atenuantes. Normalmente, ele é fruto de uma grave doença mental, como a psicose maníaco-depressiva. É evidente que a pessoa se suicida num momento de terrível sofrimento que a leva à privação dos sentidos. Em outras palavras, o/a suicida não tem noção plena do que está por fazer - apenas quer acabar com o seu sofrimento. 

Ora, será possível imaginar que Deus vai punir uma pessoa que cometeu um ato quando não era totalmente dona dos seus sentidos? Não acredito nisso. Deus é profundamente misericordioso e saberá levar a doença mental em conta, não tenho dúvida disso. 

Outra causa frequente do suicídio é o desespero. Aí a questão é um pouco diferente. Quando a Bolsa de Nova Iorque quebrou em 1929, levando muitas pessoas à bancarrota, houve gente que se suicidou desesperada com sua situação. O mesmo aconteceu na crise financeira de 2008. 

Tirar a própria vida por perder completamente as esperanças é não confiar em Deus (na sua misericórdia, na sua capacidade de socorro, etc). O caso clássico é o de Judas Iscariotes, apóstolo que se matou, após trair Jesus: ele não confiou que poderia ser perdoado do seu terrível pecado.

Nesse caso, o maior problema não é o ato de suicídio em si, mas a falta de fé da pessoa. E como a salvação só é alcançada mediante a fé, existe um risco real de condenação eterna aí. Mas, repito, o suicídio é só uma manifestação da falta de fé e é essa última que condena.

Agora, é claro que, ao julgar qualquer pessoa que pratique um ato desses, Deus também levará em consideração atenuantes como as circunstâncias da vida do/a suicida (por exemplo, uma doença que gera fortes e constantes dores é um enorme atenuante para o ato de suicídio). Outros aspectos importantes são o acesso que a pessoa teve ou não aos ensinamentos de Jesus, a cultura onde está imersa (por exemplo, os japoneses usam muito o suicídio para evitar a vergonha social) e assim por diante.

Para mim é claro que não se trata de uma coisa automática: matou-se por desespero, logo está condenado/a. Há muitas coisas a considerar e Deus haverá de levá-las todas em conta.
Palavras finais
O suicídio é uma coisa terrível e causa grande sofrimento e, em princípio, trata-se de pecado. Mas, esse ato, por si só, não condena automaticamente o/a suicida, como algumas pessoas alegam. Há muito mais em jogo, conforme expliquei acima.
Portanto, se você infelizmente vier a viver essa experiência com alguém na sua família, não perca a esperança. Nunca fique sofrendo por causa da salvação de quem se suicidou - já basta a tristeza causada pela perda da pessoa querida.

Entregue essa questão na mãos de Deus, pois Ele é o juiz mais justo e misericordioso que existe. Confie nele. E essa é mais uma prova de fé que você poderá dar na sua vida.

Com carinho

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

IGREJA E TECNOLOGIA FAZEM UM BOM PAR?


A igreja cristã e a tecnologia fazem um par? Creio que sim. E eu me explico.

Tempos atrás li um comentário que achei muito interessante. O autor lembrou que Moisés, o autor dos primeiros cinco livros da Bíblia, viveu cerca de 3.500 anos atrás. E que o grande pregador John Wesley, fundador do metodismo, viveu cerca de 250 anos antes de nós. No comentário que li o autor provou que Wesley, na sua forma de viver, estaria mais próximo de Moisés do que de nós. Em outras palavras, Wesley seria capaz de entender muito melhor o mundo em que Moisés viveu do que a civilização atual, embora nós estejamos muito mais próximos dele no tempo.

Vivemos num mundo em que o avanço da tecnologia é cada vez mais veloz. Eu me lembro que, cerca de quarenta anos atrás, quando participei da construção da obra de Itaipu, ainda hoje uma das maiores do mundo, não tínhamos fax, computador pessoal e nem Internet. Os recursos tecnológicos com os quais contávamos eram essencialmente o telefone e a calculadora de bolso.

Hoje a construção de uma obra desse porte seria feita de forma bem diferente, usando modelagem tridimensional para fazer os desenhos construtivos, elaboração automática das listas de materiais e assim por diante. Sem contar que os celulares são computadores de bolso muito poderosos. 

E a tecnologia transforma não somente o mundo em que vivemos, mas também a forma como nos comportamos. Por exemplo, experimente tirar de uma adolescente seu celular e ela vai se sentir excluída socialmente, enquanto eu vivi minha adolescência contando apenas com uma única linha de telefone fixo na casa dos meus pais. 

E o impacto do avanço tecnológico sobre a vida das igrejas têm sido enorme. É importante lembrar que as pessoas somente começaram a ter exemplares pessoais da Bíblia nas primeiras décadas do século XX, pois antes disso elas eram muito caras e basicamente só estavam disponíveis nas igrejas e bibliotecas. No máximo, as pessoas tinham acesso a panfletos, contendo porções do texto bíblico. Por causa disso, a prática das pessoas lerem a Bíblia em conjunto (uma pessoa lia o texto no exemplar disponível enquanto as outras apenas ouviam) foi a tradição da igreja cristã desde sua fundação até meados do século passado.

Os exemplares da Bíblia individual permitiram que as pessoas pudessem estudar o texto individualmente, quando quisessem e isso tornou tudo mais fácil. Mas, isso tornou muito menos comum o compartilhamento comunitário do texto bíblico, gerando uma perda na convivência das pessoas nas suas comunidades cristãs.

Hoje muitas pessoas nem exemplares em papel da Bíblia têm mais, pois trocaram seus exemplares por aplicativos instalados nos seus celulares.  Eu mesmo, embora tenha muitas Bíblias em papel, não as levo mais para a igreja, pois fica mais fácil ler a partir do aplicativo.

Esses aplicativos permitem, por exemplo, que as pessoas contatem cristãos do mundo inteiro, que partilham os mesmos recursos, no embrião de comunidades internacionais. Com isso, por exemplo, ficou fácil saber quais os versículos bíblicos são mais populares, difundir reflexões e assim por diante. Novos usos coletivos da Bíblia passaram a ser possíveis.

Tudo isso causa um grande receio nas pessoas, especialmente nas mais velhas, sobre as consequências do uso da tecnologia. Nas igrejas cristãs, ambientes normalmente mais conservadores, esse desconforto com o avanço da tecnologia costuma ser ainda maior. E isso é compreensível.

O mesmo receio que temos do avanço das tecnologias também existiu cerca de cinquenta anos atrás, quando os televangelistas começaram a se popularizar. Havia um receio que as igrejas fossem esvaziadas pelos cultos televisados e as grandes campanhas missionárias que esses pastores passaram a fazer. Tanto foi assim, que conheci vários pastores de igrejas cristãs locais que desaconselhavam seus fiéis a verem cultos televisados, tentando, de certa forma, proteger seu "território".  

E é interessante observar que o desconforto com o avanço da tecnologia já existia até nos tempos bíblicos. O apóstolo João, em duas cartas datadas de cerca de 1.900 anos atrás, lamentou precisar escrever para se comunicar com os cristãos (2 João capítulo 1, versículo 12 e 3 João capítulo 1, versículo 13). Ele preferia a comunicação face a face, em lugar da comunicação via escrita e achava que essa última não era tão efetiva.

É claro que a rapidez da mudança tecnológica hoje em dia é maior e isso torna a preocupação com a mudança das coisas mais aguda. Mas, não há como parar o progresso tecnológico e também não é possível impedir que as novas tecnologias afetem a forma como as pessoas vivem, bem como o funcionamento das igrejas.

O mundo que temos é aquele que está à nossa frente e não dá para pedir que o “ônibus” da sociedade pare, para podermos saltar. É preciso aprender a usar as novas tecnologias de forma positiva, como fez o apóstolo Paulo, quando passou a mandar cartas para todas as igrejas que não podia visitar pessoalmente. E também escolher quais tecnologias podem ajudar de fato.

Isso porque nem todas as tecnologias contribuem para o bem das pessoas. Algumas delas tornaram a vida da sociedade moderna francamente pior (p. ex. a bomba atômica), enquanto outras resolveram problemas, mas também criaram dificuldades (p. ex. o automóvel nos deu liberdade de deslocamento mas gerou engarrafamento de trânsito e poluição urbana). Eu mesmo já escrevi neste site alertando para o perigo que algumas tecnologias podem representar e os cuidados que precisamos ter com elas (ver mais). 

Mas, há coisas fantásticas em novas tecnologias, como as redes sociais. Vou dar um exemplo que ilustra isso. Tempos atrás atrás um pastor apareceu com um câncer muito agressivo. E sua igreja se mobilizou em oração, para ajudá-lo a enfrentar essa terrível dificuldade. Um dos membros teve uma ideia brilhante: instalou no celular do pastor um aplicativo que os membros da sua igreja também tinham. Cada vez que um membro orava pelo pastor, ele/a acionava o aplicativo e o celular do pastor fazia um pequenos apito.

E assim, dia e noite, o pastor foi sendo continuamente avisado, por inúmeros apitos, que sua comunidade estava junto com ele, em oração. O pastor acabou ficando curado e testemunhou como essa experiência de receber os apitos, dia e noite, foi importante para lhe dar forças em sua batalha diária. 

Se quiser continuar a ser relevante no mundo em que vivemos, a igreja cristã vai ter que se adequar ao uso das novas tecnologias, como as redes sociais, e não criar resistências desnecessárias à sua difusão. O grupo religioso amish se recusa a aceitar os avanços tecnológicos, vivendo hoje como se estivesse no século XIX. E eles têm enorme dificuldade de reter os jovens nas suas comunidades e se tornaram irrelevantes no mundo moderno. 

Com carinho