quinta-feira, 30 de agosto de 2018

DEIXANDO O PASSADO PARA TRÁS

Uma das consequências mais importantes da vida cristã é deixar o passado para trás. A Bíblia chama isso de novo nascimento. Trata-se de uma das maiores esperanças que a fé cristã produz.

Ao nascer de novo, a velha pessoa deixa de existir e nasce outra no lugar dela. A velha pessoa era dominada pelo pecado, enquanto a nova pessoa vai fazer todo esforço para cumprir a vontade de Deus. 

Eu lembrei desse fato outro dia, quando vi um programa de televisão contando a história de famoso tatuador nos Estados Unidos. Esse profissional é especializado em cobrir tatuagens anteriores que as pessoas não querem mais. São tatuagens feitas quando estavam presas, fruto de amores fracassados ou refletindo crenças que já abandonaram. 

E ao transformar esses desenhos indesejados em outros, o tatuador dá a essas pessoas como uma nova vida, de certa forma apagando seu passado - veja o vídeo aqui.
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terça-feira, 28 de agosto de 2018

A CRIANÇA É CAPAZ DE TER FÉ?

Ensina a criança no caminho que deve andar e ainda quando for velho não se desviará dele.     Provérbios capítulo 22, versículo 6
Os pais devem ensinar a criança desde cedo as coisas do cristianismo? Ou devem deixar que ela cresça e faça suas próprias escolhas quando for adulta? 

O texto acima deixa claro que o ensinamento da Bíblia é: os pais devem ensinar desde cedo a fé em Jesus Cristo. Mas o que diz a ciência a esse respeito? 

O livro "Born believers: the science of children's religious belief” ("Nascidos crentes: a ciência da crença religiosa"), escrito pelo psicólogo Justin Barrett, professor do Seminário Teológico Fuller, apresenta os resultados de um estudo feito a respeito dessa questão. E os resultados concordam inteiramente com o ensinamento da Bíblia: é importante sim colocar desde cedo a criança no bom caminho da fé.

Esse estudo demonstrou que Deus é um conceito presente na vida da criança desde bem cedo, independentemente da ação dos pais. A criança nasce com mente receptiva à ideia de Deus e é natural para ela o conceito de um Criador de tudo que nos rodeia.

A pesquisa mostrou ainda que a criança têm pré-disposição para entender que o mundo natural tem um propósito. Ela percebe que há uma ordem na natureza e intui que essa ordem não apareceu por acaso. Mas não consegue sozinha entender quem produziu essa ordem. Na verdade, a criança, de certa forma, está sedenta por encontrar o Criador.

E não se trata de uma crença infantil, como a relacionada ao Papai Noel. A pesquisa mostrou que há diferenças importantes entre a crença em Deus e a crença no "bom Velhinho". Para a criança, esse último personagem é como um super-herói, que produz alguns efeitos bons no mundo, mas sua importância e papel são restritos. Definitivamente, personagens como o Papai Noel não preenchem o espaço conceitual reservado pela criança para o Criador do mundo.

A Bíblia está mesmo certa: os pais têm responsabilidades importantes na educação do/a filho/a. E isso começa por falar com ele/a sobre Deus - explicar-lhe quem é esse Ser todo poderoso, onipresente, etc. Daí devem caminhar, aos poucos, para fazer a criança entender quem é Jesus Cristo e sua importância para a humanidade. 

É óbvio que a criança, quando se tornar adulta, fará suas próprias escolhas. Mas, se ela não tiver desenvolvido a noção natural que tinha de Deus como Criador, vai preencher esse espaço vazio com outras ideias. Se os pais não falarem de Deus, outros/as agentes (professores/as, meios de comunicação ou coleguinhas) vão tornar-se a fonte de informação dela.

O segundo ensinamento do estudo é que a criança não têm qualquer dificuldade para entender Deus. A verdade é que conceitos difíceis para os adultos podem ser fáceis de entender para ela. Isso é muito evidente em alguns campos do conhecimento: por exemplo, a criança aprende novas línguas ou música com muito maior facilidade que os adultos. E o mesmo acontece com o aprendizado sobre os atributos de Deus (onipotência, onipresença, onisciência, etc). 

Outro ensinamento importante do estudo está relacionado com o exemplo que os pais precisam dar. A criança precisa ver os adultos nos quais busca referências para vida, como os próprios pais, praticando a religião que lhe é ensinada. Ela precisam entender que o cristianismo é parte orgânica da vida desses adultos, presente no seu dia a dia, e não algo que fica num nicho separado, fazendo-se presente somente quando a família vai à igreja, aos domingos.

E é exatamente aí que a criança aprende a diferença entre ter informações sobre Deus e manter um relacionamento com Ele, presente no dia-a-dia. 

A conclusão disso tudo é uma só: quando a criança não é ensinada sobre Deus até por volta dos 8 anos, uma grande oportunidade se perdeu. 

Com carinho

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

FAMA E HUMILDADE

Um estudo recente indicou que Jesus Cristo é ainda a pessoa mais famosa do mundo. Mesmo no mundo atual, recheado de celebridades com milhões de seguidores nas redes sociais, ainda assim Jesus é a pessoa de maior fama. E acredito que continuará a ser a pessoa mais famosa até sua volta, seja lá quando isso vier a acontecer.

E é interessante perceber que, durante sua passagem pela terra, Jesus nunca buscou a fama. Pelo contrário, sempre se portou da forma mais humilde. 

Este é o tema do meu mais novo vídeo - veja aqui.

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quarta-feira, 22 de agosto de 2018

A FÓRMULA DE FELICIDADE DA BÍBLIA

A fórmula de felicidade apresentada na Bíblia é relativamente simples, embora certamente não seja fácil de implementar. E isso é razoável porque toda fórmula de felicidade que prometa um caminho fácil é sempre enganosa e até mal intencionada. 

A fórmula da felicidade 
A Bíblia ensina que a presença do Espírito Santo na vida da pessoa gera um fruto (veja mais), cujas características são amor ao próximo, paz, alegria, bondade, fidelidade, paciência, serenidade e domínio próprio. 

Imagine que você passe a contar com esse fruto na sua vida. Você poderá dizer adeus à ansiedade, à tristeza, à insegurança, ao egoismo, à insensibilidade às necessidades do próximo e assim por diante. Certamente você será uma pessoa feliz. E, melhor ainda, essa felicidade não será dependente das circunstâncias externas, pois residirá dentro de você. 

Uma pessoa assim terá uma qualidade de vida excepcional. Portanto, se sua vida hoje não é aquela que você gostaria que fosse, esse ensinamento pode lhe ser muito útil. 

Aproximando-se do Espírito Santo
Agora, se o segredo da felicidade está no fruto do Espírito Santo presente na sua vida, é evidente que a você precisará construir um relacionamento próximo e produtivo com Deus. Mas como isso pode ser feito na prática?

Há duas providencias que você pode tomar para aprofundar seu relacionamento com o Espírito Santo. A primeira é se afastar do mal. Pense assim: se você quer aprofundar seu relacionamento com alguém, deve começar por não atrapalhar aquilo que já tiver sido construído - isso já será uma grande ajuda. 

Ora, toda vez que você peca, há um afastamento de Deus. Então, quanto menos você pecar, maior será sua proximidade d´Ele. Simples assim.

Mas, é claro que tanto você, como eu, pecamos todos os dias, apesar de todos os nossos esforços - eliminar completamente o pecado na vida de uma pessoa é impossível. Portanto, falo de um esforço sério e sincero para melhorar. Para pecar menos. 

É importante você perceber que não estou discutindo aqui a sua salvação, que depende de outra coisa (a fé em Jesus Cristo). Estou falando da melhoria da sua qualidade de vida, da construção de uma vida mais feliz. E comecei falando dos pecados porque eles sempre têm consequências ruins. Em outras palavras, os pecados pioram sua qualidade. 

Normalmente, as pessoas são ensinadas a se afastar do pecado por causa do risco de ir para o Inferno - essa é uma discussão sobre mudar agora para alcançar algo no futuro. Agora, quando se você entender que diminuir a presença do pecado melhora sua qualidade de vida, a dinâmica passa a ser outra. Há uma motivação maior, pois se trata de melhorar sua vida agora. 

A segunda forma de você se aproximar do Espírito Santo é avançar nas práticas espirituais. Refiro-me à oração, à meditação sobre a Palavra de Deus, ao exercício da caridade, etc. O problema é que as pessoas normalmente não conseguem ter a disciplina necessária para se dedicar de fato a isso. 

As questões do dia-a-dia costumam engolir o tempo disponível e até sua motivação para mudar. A única forma que conheço para conseguir manter a disciplina é assumir compromissos (obrigações) com a obra de Deus. Isso funciona porque estamos acostumados a cumprir obrigações nos diversos campos das nossas vidas, como trabalho, estudo e família. 

Quando não há obrigações assumidas, a pessoa acaba não fazendo aquilo que deveria. É por isso que você acorda cedo todos os dias para ir trabalhar ou ir à aula - há uma obrigação. É por isso que entrei numa academia de ginástica - senão acabo ficando com preguiça e não faço o exercício físico que preciso. 

Mas há mais. Quando se assume uma obrigação na obra de Deus, ocorre um fenômeno interessante: aquilo que começa sendo obrigação acaba se tornando um prazer, à medida que o fruto do Espírito cresce na pessoa. 

Por exemplo, quando minha mulher me falou para manter um blog (que deu origem a esse site), confesso que não fiquei muito entusiasmado, pois sabia o trabalho que iria dar. Afinal, o segredo de um trabalho desse tipo é ter disciplina para sempre oferecer conteúdo novo para os/as leitores/as. Mas, ao longo do tempo, passei a ter prazer nesse trabalho e hoje não imagino minha vida sem ele. 

Portanto, se você quer crescer na sua vida espiritual, junte-se a um grupo de intercessão (oração). Se quiser crescer no conhecimento da Palavra de Deus, junte-se a um grupo de estudo bíblico sério. E se quiser aprender a exercitar a caridade, junte-se a uma atividade de assistência social na sua igreja. 

Palavras finais
Resumindo, para que você seja feliz, precisa do fruto do Espírito Santo presente na sua vida. E para conseguir isso, você precisa se aproximar Deus, tornando-o mais presente na sua vida. E a maior proximidade com Deus virá de duas providências simples: afastar-se da presença do mal e evoluir nas práticas espirituais (oração, estudo da Bíblia, caridade, etc). 

A primeira providência tomará forma quando você entender de fato que se afastar do pecado vai melhorar sua qualidade da sua vida. Os resultados serão quase imediatos. Já a segunda providência ganhará corpo à medida em que você assumir compromissos (obrigações ) com a obra de Deus. Esse é o caminho que Deus estabeleceu. Se você quer ser feliz, basta segui-lo. 

Com carinho

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

É ILEGAL, IMORAL OU ENGORDA

Então o que fazer, Se tudo que eu gosto É ilegal, imoral ou engorda. Letra da música "Ilegal, imoral ou engorda" de Roberto Carlos
Há grande diferença entre a legalidade e a moralidade de uma ação. Ela é legal quando está de acordo com a lei da sociedade. Por outro lado, a ação é moral quando obedece os mandamentos de Deus. Simples assim.

Portanto, é possível haver ações que sejam legais mas violem completamente os mandamentos de Deus. E vice versa.

O fato é que as leis de Deus e dos homens nem sempre coincidem entre si e essa discrepância acontece com maior frequência do que se possa pensar. Basta lembrar as leis que os nazistas implantaram na Alemanha para discriminar e perseguir os judeus. Aquelas leis aprovadas pelo Parlamento alemão da época e seguiram todo o arcabouço legal da época. Mas certamente eram iníquas e contrariavam a vontade de Deus pelo que continham de ódio, discriminação e injustiça.

Outros exemplos históricos importantes são as leis racistas do sul dos Estados Unidos, do "apartheid" na África do Sul ou de exceção (como o AI-5, durante o regime militar no Brasil) e em outros países da América do Sul. Mais recentemente posso citar as leis que tornam legal o aborto, aprovadas por sucessivos parlamentos e nem por isso morais à luz da Bíblia.

Seres humanos não fazem leis como Deus
Por que as leis dos homens divergem tanto das leis de Deus? A razão é simples: o ponto de vista de quem legisla (num caso, um Parlamento, e no outro, Deus) é bem diferente. 

As pessoas que fazem as leis têm agendas próprias: promover o que entendem ser a justiça social, mas também conquistar o poder, atender o que pensam ser a opinião pública, obter vantagens para si mesmas ou seus protegidos/as e assim por diante. As leis de Deus visam evitar o pecado humano, ou seja as condutas que o afastam do próprio Deus. Elas não privilegiam a quem quer que seja, afinal, Deus não tem agendas pessoais.

Não é de surpreender, portanto, que frequentemente haja divergência - eu diria que isso até deveria ser esperado. Um bom exemplo desse tipo de divergência aparece no Velho Testamento, com a chamada "lei do jubileu". Esse mandamento determinava que, a cada 50 anos, todas as dívidas que as pessoas tivessem feito deveriam ser apagadas e as terras porventura vendidas ao longo desse período (por causa de dívidas) deveriam voltar aos seus donos originais (estabelecidos quando da partilha da Terra Prometida entre as 12 tribos de Israel, conforme relata o livro de Josué).

Esse tipo de lei garantiria a manutenção da igualdade social ao longo do tempo, mas evidentemente ela não interessava os poderosos de plantão e acabou abandonada. Como dizemos no Brasil: não "pegou". Virou apenas uma curiosidade bíblica. 

Leis permanentes e temporárias 
As leis dos homens costumam ser válidas por certo tempo apenas. Os costumes e as necessidades da sociedade vão mudando e as leis precisam se adaptar. Mesmo nos países onde a legislação é bastante estável - como nos Estados Unidos ou na Inglaterra - essas adaptações frequentemente ocorrem. E aí aparecem revisões da Constituição ou leis novas que revogam ou modificam leis mais antigas.

As leis de Deus podem ser tanto permanentes (válidas em qualquer tempo e circunstância) como terem validade temporária, dependendo do seu objetivo. Exemplos de leis permanentes são os Dez Mandamentos. Matar era errado no tempo de Moisés e continua sendo errado hoje em dia. Da mesma forma acontece com roubar ou dar falso testemunho.

Mas há leis divinas que variam ao longo do tempo. Ou seja, são originalmente dadas para um povo ou uma circunstância. Por exemplo, o mandamento que indica como tratar os inimigos variou ao longo de tempo. No Velho Testamento aparece a lei do talião - "olho por olho e dente por dente" -, como estabelecido em Êxodo capítulo 21, versículo 24. Ou seja, o inimigo deveria receber retribuição proporcional ao mal que tivesse feito. Já no Novo Testamento, mais de 1.000 anos depois, Jesus mandou perdoar e dar a outra face (Mateus capítulo 5, versículos 38 e 39).

São posições muito diferentes e a explicação para essa variação é simples: num primeiro momento, a sociedade era tribal e nômade, não havendo governos centrais - cada um fazia o que queria. Assim, as tribos precisavam se fazer respeitar pelos inimigos para poder se sentir seguras, daí a necessidade de sempre retribuir a violência sofrida por qualquer dos seus membros. Num ambiente desses, uma lei que mandava retribuir o mal recebido de maneira proporcional já foi um enorme avanço. 

Mais de mil anos depois, os Romanos dominavam a Palestina e havia um governo forte. impondo a ordem e as leis. Nesse segundo cenário, bem mais civilizado, já foi possível falar de perdão, misericórdia, etc. Dois momentos, duas necessidades e duas leis morais diferentes.

Obedecer a Deus ou aos homens?
A Bíblia ensina o povo cristão a, sempre que possível, respeitar as leis do país onde se vive - os/as cristãos/ãs precisam ser bons cidadãos. E nem poderia ser diferente, pois nenhuma sociedade pode funcionar bem sem leis seguidas por todos. Portanto, em princípio, seguir as leis do país onde se vive é tanto uma obrigação legal como moral para nós.

Mas e quando a lei dos homens contraria a lei de Deus? A resposta a essa questão está na própria Bíblia. Certa vez os apóstolos Pedro e João foram presos pelas autoridades judaicas e lhes foi ordenado que não mais pregassem o Evangelho de Jesus. Os apóstolos responderam que mais importante era obedecer a Deus do que aos homens e continuaram a evangelizar mesmo sob risco de suas próprias vidas (Atos capítulo 5, versículos 25 a 29).

Para os cristãos, as leis de Deus têm precedência sobre as leis dos homens. E a história está cheia de exemplos de pessoas que escolheram proceder assim, mesmo pagando preço muito alto. Vejamos alguns exemplos:

Na época do início da igreja cristã, o Imperador Romano era considerado Deus. E havia leis mandando que as pessoas adorassem a imagem real, sob pena de morte. Muitos/as cristãos/ãs se recusaram a fazer isso, pois a lei de Deus manda só prestar culto a Ele. E pagaram com a própria vida a fidelidade a Deus.

Recentemente, nos Estados Unidos, funcionários públicos têm se recusado a fazer determinados procedimentos relacionados com o aborto, por entenderam que isso contrariava a lei de Deus. E alguns deles foram presos e/ou sancionados por isso. 

O exemplo de Jesus ensinou o povo cristão a não hesitar frente a questões que envolvam as leis de Deus. É preciso se posicionar: escolher um lado e assumir as responsabilidades. E assim procederam todos os seus principais seguidores, como Pedro ou Paulo. Não há duvida que gente assim acaba pagando alto preço pela sua coragem e fidelidade, pois os poderosos de plantão não gostam de ser contrariados. Mas não há outra escolha possível.

Felizmente hoje em dia, na maioria dos países, cristãos/ãs podem agir de acordo com sua consciência e não pagar com a própria vida e nem sofrer violências. Mas ainda assim podem haver custos, conforme expliquei acima. Por exemplo, discriminação social - ser considerado chato ou inconveniente - ou perder um emprego bom.

Esse é um desafio diário para o qual é preciso contar com a orientação e o apoio do Espírito Santo. E não falei sobre engordar, como consta na música do Roberto Carlos, porque ninguém gosta mesmo de falar sobre isso (risos).

Com carinho

sábado, 18 de agosto de 2018

A POSIÇÃO CRISTÃ SOBRE O ABORTO


O tema do aborto voltou às manchetes. Primeiro por causa da proposta de legalizar essa prática na Argentina, derrotada no Senado depois de muita polêmica. E também porque o Supremo Tribunal no Brasil está analisando a questão, já tendo promovido consultas públicas a respeito.

O primeiro passo nessa conversa é deixar claro o que estamos discutindo aqui: o direito da mulher de abortar para evitar conceber filhos/as, a partir do sexo consensual (isto é, sem considerar os casos de estupro), onde não há risco de vida para a mãe ao conceber e também não há falta de viabilidade para o feto. E mesmo com essas várias qualificações, estamos tratando aqui da esmagadora maioria dos casos de aborto.

E ajuda muito começar essa discussão apresentando o ponto de vista das pessoas que são defensoras do aborto e, portanto, diferem da posição cristã (que é a nossa). Um bom exemplo do que pensam essas pessoas está no texto escrito por Verônica Marchiaro, publicado em 09/08/18, no site UOL, onde a autora tratou especificamente da recente recusa do Senado argentino em legalizar o aborto. Aí vai a transcrição das partes mais relevantes desse texto:
Crenças religiosas e convicções pessoais se impuseram finalmente frente a uma questão de saúde pública. ...Senadores argentinos votaram contra o aborto legal, seguro e gratuito, contra a garantia de segurança abrangente para as mulheres e seu direito de decidir. E o projeto de lei ia além da descriminalização do aborto. Incluía também o fortalecimento de políticas públicas de educação sexual e reprodutiva, num Estado laico que deve garantir a ampliação dos direitos dos cidadãos... Não se legislou "em torno de realidades", mas segundo preceitos morais. Essas realidades são os cerca de 350 mil abortos clandestinos realizados anualmente na Argentina... e que representam a principal causa de morte materna entre as mulheres mais pobres e desfavorecidas do país...
Vamos tentar resumir o ponto de vista cristão, em resposta a essas considerações, justificando porque somos contra o aborto:

A questão de fundo: o direito à vida
O texto citado acima não toca no ponto principal: o direito à vida do ser em gestação. E pensamos que a forma melhor de discutir esse aspecto é perguntar: a partir de que momento da gestação o feto deve passar a ser considerado um ser humano em potencial, passando a gozar dos direitos inerentes a essa condição, como a proteção da sua vida?

A autora não fala sobre isso porque para ela, assim como para praticamente todos/as que defendem o aborto, essa questão está pacificada: esses direitos só devem passar a vigorar a partir de um prazo de gestação. O prazo em si varia muito, de país para país: em alguns casos (como era a proposta derrotada na Argentina) é de 14 semanas, em outros (como acontece na maioria dos países europeu) é de 20 semanas e pode chegar até 24 semanas (nos Estados Unidos e China). Somente a partir do prazo oficialmente estabelecido na legislação de cada país, é que se torna errado abortar. E é por causa disso que praticamente todo mundo acha errado abortar um bebê, por exemplo, com 8 meses de gestação.

Em outras palavras, para os/as defensores/as do aborto há como uma fronteira, um ponto a partir do qual abortar deixa de ser certo. Mas como essa fronteira é definida? É aí que a "porca torce o rabo", para usar uma expressão bem popular. Os critérios usados para definir esse prazo são arbitrários.

Por exemplo, o prazo de 20 semanas de gestação (o mais comum) estabeleceria cientificamente o limite da viabilidade do feto, ou seja, o ponto a partir do qual ele teria boas possibilidades de sobreviver fora do útero materno. As tais 14 semanas parecem definir o momento em que o feto passaria a sentir dor e, portanto, sofreria com a prática abortiva. E assim por diante. 

Essas fronteiras são arbitrárias no sentido que foram baseadas na opinião de médicos/as especialistas. Ou seja, quem defende o aborto acredita no que essas pessoas testemunham. E sabemos que seres humanos erram nas suas avaliações científicas, até porque ainda não sabemos o suficiente sobre os mistérios do corpo humano. Isso sem contar os avanços da medicina - por exemplo, uma vida que não era viável uma década atrás, por causa de uma doença dita incurável, tornou-se viável hoje em dia. Da mesma forma, fetos que parecem não ser viáveis hoje, podem tornar-se viáveis amanhã. 

Por outro lado, a esmagadora maioria do povo cristão, acredita que a vida começa já na concepção e essa crença se baseia naquilo que entendemos ser a orientação do próprio Deus, o criador da vida. Portanto, a vida precisa ser protegida desde a concepção. 

Resumindo, para o povo cristão a defesa do aborto se apoia na crença que muitas pessoas têm em especialistas que atestam não haver vida humana plena antes de determinado prazo de gestação. Já para os defensores do aborto, o povo cristão é contra por causa da crença que tem num mandato de Deus. Trata-se de um choque de crenças. Simples assim.

Os/as cristãos/ãs, incluindo nós, autores desta postagem, são contra o aborto não porque têm um desejo malévolo de escravizar mulheres ou outra coisa assim. São contra porque acreditam que cada aborto significa a morte de um ser humano inocente, que não tem voz ativa nessa discussão, e precisa de proteção.

Compreendida essa diferença de pensamento, fica mais fácil discutir os outros argumentos a favor do aborto e também esclarecer a posição cristã.

O direito da mulher ao seu próprio corpo
Os defensores do aborto alegam que a mulher tem direito a controlar seu próprio corpo e ninguém deve se meter nisso, muito menos o estado, através de leis. Há muito que pode ser dito pelos/as cristãos/ãs sobre essa alegação. 

Primeiro, a partir da concepção, não se está mais lidando apenas com o corpo da mulher, pois passou a estar envolvido também o corpo de outro ser humano, o bebê. Portanto, a questão não envolve somente os direitos da gestante.

Além disso, os direitos em sociedade nunca são absolutos, sendo sempre limitados por outros direitos. Por exemplo, eu tenho direito à escolha do que fazer com meu corpo, mas posso ser obrigado pelo governo a tomar uma vacina que não quero, pela simples razão de poder contaminar outras pessoas, caso fique doente. O meu direito (não me vacinar) precisa ceder a primazia para o direito das pessoas de não serem contaminados por mim.

E a situação da mulher gestante é muito parecida: seu direito interfere no direito de outro ser (o bebê). Daí não ser errado que o estado estabeleça leis defendendo a parte mais fraca (o bebê).

A necessidade de defender as mulheres mais pobres e fragilizadas
O argumento aqui parte da ideia que a esmagadora maioria dos abortos clandestinos é feita por mulheres pobres e fragilizadas, sendo que muitas delas acabam morrendo por causa dessa prática. E são sempre citadas estatísticas de milhares de mortes de mulheres pobres em práticas abortivas clandestinas - em outras palavras, tratar-se-ia de um problema de saúde pública.

Não discutimos que as mulheres mais pobres, ao buscar abortos clandestinos, correm enorme risco. Mas, porque não brigar com a mesma ênfase por políticas públicas que ajudem essas mesmas mulheres a utilizar diferentes métodos concepcionais, encaminhar para laqueadura aquelas que estiverem dentro do perfil para esse tipo de intervenção (e que hoje, mesmo querendo, não dispõem dessa opção) e assim por diante. Por que, para as mulheres pobres, a única alternativa defendida é o aborto?

As injustiças sociais geram graves problemas e não questionamos isso - vemos isso na educação de pior qualidade que essas pessoas recebem, na sua falta de segurança alimentar e também no atendimento médico ao qual têm acesso, sempre de pior qualidade. Essa terrível chaga social precisa ser combatida nas suas causas e ter seus efeitos amortecidos e isso é imperioso, e o povo cristão precisa ser fortemente solidário com esse tipo de iniciativa - trata-se de um ensinamento bíblico.

Mas, não se pode tentar resolver graves problemas sociais recorrendo a medidas erradas porque pisam nos direitos dos seres em gestação. Seria equivalente a querer resolver a pobreza tomando os bens de quem tem mais recursos e distribuir os bens tomados aos pobres. 

O problema social não pode ser tratado recorrendo ao aborto, que é uma prática moralmente condenável. Dois erros nunca fazem um acerto! A resposta à injustiça social é todos se unirem numa luta sem trégua para erradicar a pobreza e a vulnerabilidade. Essa sim é a resposta certa.

Como mudar esse estado de coisas sempre demora, o que poderia ser feito a curto prazo são grandes campanhas de esclarecimento, tanto para mulheres como para homens, especialmente ensinando esses últimos a ter mais responsabilidade nas relações que mantém. Seria importante também distribuir amplamente anticoncepcionais e melhorar a qualidade do o atendimento pré-natal, dentre outras medidas. 

Palavra final
Sabemos que nós, cristãos/ãs, somos criticados por assumirmos uma posição contrária à legalização do aborto. Parece para muita gente que somos insensíveis, quadrados, intolerantes, etc. Mas não é nada disso. Nossas razões são claras e, acredito, plenamente justificáveis. E não significam falta de sensibilidade social ou pela vida humana, muito ao contrário.

Esse é um aqueles momentos em que somos chamados a nos posicionar, com clareza, de forma respeitosa, mas firme, aceitando o fato que vamos desagradar muita gente. E esse é o preço a pagar. Afinal, nem Jesus Cristo, que foi uma pessoa perfeita, conseguiu agradar todo mundo. Muita gente se voltou contra Ele, quando Jesus disse aquilo que não agradava e não há porque achar que vai ser diferente conosco.

Com carinho

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

JOSÉ, O HERÓI ESQUECIDO

José, pai adotivo de Jesus, foi figura fundamental na vida do nosso Salvador. Sem sua atuação, as coisas teriam ficado quase impossíveis para o bebê e para sua mãe, Maria. José, sem dúvida, foi um dos heróis da fé cristã.

Apesar disso, ele hoje em dia anda meio esquecido. Pouco aparece nas pregações e nos vídeos que tratam da vida de Jesus. E hoje, neste meu mais novo vídeo, eu pretendo resgatar um pouco da memória desse homem muito especial. Afinal, ele deu uma das maiores provas de obediência a Deus que se conhece, aceitando Maria, já grávida de um filho que não era dele. Veja o vídeo aqui.

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terça-feira, 14 de agosto de 2018

A RELAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ COM O PODER

Estamos nos aproximando da época de eleições gerais. E é fácil de ver os movimentos da grande mídia e dos partidos políticos para se aproximar do público cristão. E isso levanta uma importante questão: é legítima a proximidade da igreja cristã com o poder secular? 

Não se iluda. Os/as políticos/as e os responsáveis pela grande mídia não se tornaram de repente simpáticos e acolhedores em relação ao povo cristão. Não passaram a pensar que nós somos uma influência positiva na sociedade brasileira. Isso não aconteceu e nem vai acontecer. 

o povo cristão, especialmente os/as evangélicos/as, continuam a ser considerados por quem detém o poder secular como cidadãos/ãs de segunda classe - basta ver como pastores e fiéis costumam ser retratados, por exemplo, nas novelas e programas humorísticos da Rede Globo. São sempre pessoas intransigentes, quadradas e hipócritas.

O objetivo dessa "aproximação" é simplesmente obter vantagens: conseguir votos (no caso dos políticos) ou audiência (no caso dos órgãos de mídia). Simples assim.

A aproximação entre a igreja cristã e o poder secular preocupa-me porque, de forma geral, a igreja nunca se dá nessas situações. Quem sai perdendo quase sempre é ela, pois essa proximidade acaba trazendo a corrupção (que caracteriza o poder secular) para dentro da igreja. E isso é fácil de comprovar.

Tem muita gente que se ilude pensando que políticos cristãos/ãs vão concorrer por mudar as coisas no mundo político. Mas não é isso que costuma acontecer. Os/as cristãos se elegem e quase sempre acabam envolvidos pelo sistema de poder - acabam fazendo concessões que não deveriam, no intuito de se manter em posição privilegiada. E arrastam suas igrejas para maus caminhos, nesse processo.

Por exemplo, a chamada "bancada evangélica", formada por deputados/as que se dizem frequentadores de igrejas evangélicas, tem sido uma das mais notórias em exercer o chamado "princípio de São Francisco": "é dando que se recebe". Ou seja, em trocar seu apoio político por cargos e vantagens imorais. Essas pessoas se dizem motivadas pelo cristianismo, mas agem igual ou pior a quem não alega seguir os mesmo princípios.

O mesmo se pode dizer de quem chega a postos de mando em grandes órgão da mídia. Quase sempre acabam abafando sua consciência cristã e fazem o que não deveriam para se manter nos cargos que conquistaram.

Cristãos/ãs no poder, infelizmente, não costumam ser o "sal da terra", não costumam se pautar pelos ensinamentos cristãos. Aceitam fazer aquilo que é errado. É uma pena, mas quase sempre é assim. 

Nunca podemos esquecer que Jesus deixou claro haver separação entre sua igreja e o poder secular: "...dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". Traduzindo esse ensinamento: a igreja cristã não pode se misturar e muita menos fazer causa comum com o poder.

O papel da igreja cristã é converter pessoas e ajudá-las a se tornar discípulos /as verdadeiros/as de Cristo. É óbvio que a igreja cristã pode e deve participar de debates públicos que tratem de questões que impactem seu rebanho, contribuindo para que se encontre soluções para questões como violência urbana, desigualdade social, discriminação, etc. Agora, o papel da igreja deve se limitar a defender e apoiar idéias, denunciar distorções e má conduta de quem detém o poder e também ajudar quem precisa. Jamais oferecer apoio ou adesão institucional a quem quer que seja - nossa adesão está reservada unicamente para Jesus Cristo.

Nunca acho bom quando as igrejas locais são abertas para palestras de políticos, de artistas populares ou de pessoas importantes da mídia, que procuram promover seus interesses particulares. E muito menos acho boa prática quando sacerdotes (pastores/as e padres) se candidatam a cargos públicos. Afinal, o chamado desses/as líderes é para pastorear o rebanho de cristãos/ãs, ajudando essas pessoas a caminhar bem na sua passagem por esse mundo. 

Com carinho

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

SABENDO USAR, NÃO VAI FALTAR

Uma pessoal responsável com seu dinheiro procura usá-lo de maneira consciente, levando em conta que seus recursos são limitados e podem ser necessários em momentos de necessidade. Vem daí o ditado: sabendo usar, não vai faltar. 

Talvez porque estejam acostumadas a agir assim com seu dinheiro, as pessoas acabam usando critérios semelhantes para lidar com seu "patrimônio" emocional. Pensam que precisam economizar seus bons sentimentos - amor, compaixão, generosidade, etc - como se eles pudessem vir a faltar. Mas a Bíblia ensina que não é assim. 

Na verdade, quanto mais exercitamos os bons sentimentos, mais eles crescem. E a razão é simples: ao usar seus bons sentimentos sempre, a pessoa vai mudando seu interior e esses sentimento vão aumentando. Assim, quem aprende a amar mais e mais, terá mais amor para repartir quando houver necessidade. Simples assim. 

Portanto, não há qualquer razão prática para "economizar" no uso dos seus bons sentimentos, como se faz com seu dinheiro. São lógicas totalmente diferentes. 

Infelizmente, como as pessoas pensam que precisam "economizar" no uso dos seus bons sentimentos, procuram "investi-los" apenas em situações onde esperam obter bom "retorno". 

Por exemplo, quando um casal enfrenta uma crise de relacionamento, normalmente fica claro que ambos vão precisar mudar seus comportamentos pessoais, deixando de lado hábitos nocivos para a relação. Mas, é muito comum ouvir os parceiros confessarem estar preparados para fazer concessões, investindo mais na relação, se a outra parte fizer o mesmo - é como se cada lado ficasse esperando pela ação do outro, antes de agir. Aí normalmente todos acabam fazendo menos do que poderiam e o relacionamento fica empobrecido.

É comum também que as pessoas só decidam "investir" seus bons sentimentos, quando o próximo a ser ajudado parece "merecer" essa ajuda. Por exemplo, quando a pessoa a ser ajudada parece ser esforçada e ter bom comportamento. 

Ora, não foi esse o exemplo que Jesus deixou. Ele frequentemente "investiu" seu tempo em pessoas que não pareciam ter qualquer merecimento. Por exemplo, foi à casa de Zaqueu, que era um coletor de impostos explorador do seu próprio povo, muito antes desse homem mostrar qualquer sinal de arrependimento. Foi a visita de Jesus que levou Zaqueu ao arrependimento e à mudança de vida. 

Em outras palavras, muitas vezes a mudança de vida é parte do efeito da ajudada dada de forma desinteressada. Mas também é verdade que nem sempre isso acontece e deixa um gosto de desperdício dos próprios esforços na boca de quem prestou a ajuda (eu já passei por isso várias vezes).

Concluindo, ninguém deveria esperar receber o bem em troca de fazer aquilo que é certo e bom. Se as pessoas amarem mais, tiverem mais compaixão, forem mais generosas e assim por diante, serão seres humanos melhores. E isso, por si só, vale à pena. Se houver retorno desses esforços, melhor ainda, mas essa não deve ser a motivação principal. 

Além disso, precisamos ajudar mesmo quem parece não merecer. Muitas vezes os resultados aparecem depois dessa ajuda e onde menos esperamos, como o exemplo de Jesus comprovou. 

Finalmente, não "economize" no uso dos seus sentimentos bons. Use-os o máximo que puder, pois eles não vão faltar. Tome apenas o cuidado de usá-los sempre de acordo com a vontade de Deus. Essa deve ser sua verdadeira motivação. Sempre.

Com carinho

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

COMPAIXÃO EM AÇÃO

Compaixão é um mandamento de Deus e, sem ela, o mundo se tornaria um lugar muito mais triste e sofrido. 

Não é possível crescer na fé sem ter compaixão. Não é possível se manter nos caminhos de Deus sem exercê-la. E não me refiro a algo que fique apenas na teoria. Precisa se transformar em ação prática, não pode ser apenas uma coisa passiva. 

Há muitas passagens na Bíblia que trazem esse ensinamento e eu estudo, neste meu mais novo vídeo, aquela passagem que aparece na primeira carta do apóstolo João - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

AS DEZ HISTÓRIAS MAIS POPULARES DA BÍBLIA 2ª parte



5) O bom samaritano (Lucas capítulo 10, versículos 30 a 37)
Diferentemente das outras, esse não é um relato de fatos acontecidos e sim uma parábola contada por Jesus. O relato fala de um judeu que estava viajando de Jerusalém para Jericó e, ao longo do caminho, foi assaltado, espancado e deixado à beira da estrada como morto. 

Por ali passou um sacerdote que, ia para Jerusalém e, ocupado, nada fez pelo homem ferido à beira do caminho. Depois, passou um levita (pessoa que auxiliava nas atividades do Templo em Jerusalém), que agiu da mesma forma. E, finalmente, passou um samaritano, que teve pena do homem caído e cuidou dele.

Esse relato é ainda mais chocante quando levamos em conta que os samaritanos eram considerados impuros pelos judeus. Samaritanos e judeus não se relacionavam bem.

Ora, foi justamente um samaritano, pessoa desprezada pelos judeus, que, mesmo sem ter qualquer responsabilidade sobre o homem caído, saiu dos seus afazeres para ajudar quem necessitava. Enquanto isso, pessoas religiosas - um sacerdote e um levita -, que tinham responsabilidade no caso, passaram ao largo, sem se preocupar em ajudar. Estavam preocupados com seus afazeres religiosos e se esqueceram de viver o que ensinavam.

Essa parábola guarda um ensinamento fundamental para todo o povo cristão. 

4) José e seus irmãos (Gênesis capítulos 37, 39 a 46)
Jacó (também chamado Israel) teve duas esposas (Lia e Raquel). Ele amou mais a segunda e isso sempre ficou claro para toda a sua família. Ele teve doze filhos homens (os Patriarcas das tribos de Israel), mas apenas dois dentre eles, José e Benjamim, vieram da esposa amada. José, por ser o primogênito dos filhos da mulher amada, sempre foi o preferido do pai e isso enciumava os seus irmãos mais velhos.

Um dia, esses irmãos armaram uma armadilha para José e o venderam como escravo - disseram para o pai que o rapaz tinha sido morto por um animal feroz. José foi levado ao Egito, onde passou por muitas lutas, mas nunca deixou de confiar em Deus.

Um dia, quando estava preso por causa de um crime que não tinha cometido, José foi chamado para interpretar um sonho do faraó, que os sábios da corte do rei não conseguiram explicar. José tinha um dom dado por Deus e interpretou o sonho corretamente. Com isso ganhou a confiança do faraó e acabou se tornando o segundo homem mais importante do Egito.

Tempos depois, seus irmãos mais velhos apareceram no Egito para comprar comida, pois havia grande fome na terra onde habitavam (Canaã). José reconheceu os irmãos e após, alguma hesitação, perdoou-os. Toda a família, inclusive Jacó, que ainda estava vivo, mudou-se para o Egito, onde prosperou muito.

Essa história fala da capacidade de perdoar e de como os planos de Deus são maravilhosos: o que parecia ser uma desgraça para José acabou sendo o mecanismo através do qual sua família pode ser salva. José, por sua capacidade de perdoar e por ter se mantido fiel a Deus, no meio de muitas dificuldades, é um dos heróis da Bíblia. 

3) A crucificação de Jesus (Mateus capítulo 27)
Os quatro Evangelhos relatam os momentos finais de Jesus, desde a última ceia, tomada na noite anterior ao dia da sua crucificação. É contado em detalhe sua passagem pelo Jardim do Getsêmani, quando suou sangue, sua prisão, seu interrogatório pelos líderes religiosos judeus e depois pelo Governador Romano, Pôncio Pilatos, e sua condenação à morte.

Relatam ainda a tortura que Ele sofreu e seu caminhar pelas ruas de Jerusalém, carregando a trave da própria cruz, bem como a crucificação propriamente dita, que durou cerca de 6 horas. Os relatos terminam com a agonia e a morte de Jesus e seu enterro apressado.

A crucificação de Jesus é o momento crucial do cristianismo, - com ela, Jesus cumpriu sua missão na terra, que foi morrer pelos nossos pecados. Os Evangelhos ainda falam da ressurreição de Jesus e sua subida aos céus. 

E é por causa disso tudo que a religião cristã existe. 

2) Davi e Golias (1 Samuel capítulo 17)
Um gigante, chamado Golias, era o mais forte homem do exército dos filisteus, que estava enfrentando o povo de Israel. E o chefe dos filisteus propôs que Golias lutasse com algum valente de Israel e que o resultado da luta fosse declarado como o resultado da guerra entre os dois povos, poupando assim muitas vidas.

Nenhum guerreiro do lado de Israel se atreveu a enfrentar Golias, mas Davi, um simples pastor de ovelhas, indignado com as ofensas que os filisteus faziam a Deus, resolveu ir em frente, amparado na sua fé em Deus.

Foi e venceu, usando uma simples funda – espécie de atiradeira – para cravar uma pedra na testa de Golias. E assim os israelitas saíram vitoriosos e a fama de Davi começou a crescer no meio do seu povo. Ele acabou se tornando o segundo rei da história de Israel e é uma das figuras mais queridas pelos judeus.

A história da luta do bem contra o mal, numa situação onde toda vantagem parece estar do lado do mal, está reproduzida nessa passagem tão famosa e cara aos corações do povo cristãos. 

1) O nascimento de Jesus (Mateus capítulos 1 e 2; Lucas capítulo 2)
A viagem de Maria, já em estado adiantado de gravidez, e seu marido José, partiram de Nazaré, onde viviam, para Belém, com o objetivo de se cadastrar num recenseamento estabelecido pelas autoridades romanas. E ao chegar em Belém, a criança nasceu. Essa é a história que celebramos no Natal, que trata exatamente da chegada de Jesus ao mundo.

Como não havia hospedaria em Belém, para abrigar Maria e José, a família acabou ficando num estábulo e foi lá que Jesus nasceu. Após o nascimento, o bebê foi colocado num coxo (manjedoura), onde os animais comiam.

E foi nesse ambiente humilde, que nosso Senhor, Salvador e Rei viveu seus primeiros instantes na terra. Ainda na estrebaria, o bebê foi visitado e adorado por pastores, que foram avisados por anjos do acontecido maravilhoso. Mais adiante, já numa casa mais decente, Jesus foi visitado e adorado pelos três reis magos, que seguiram a estrela pelo céu, até chegar no local certo.

Essa é uma história que encanta todo mundo e é celebrada a cada Natal.

Palavras finais
As histórias mais populares da Bíblia nos ensinam a ter fé em Deus, qualquer que seja a circunstância. Falam dos planos d´Ele para a humanidade, da nossa obrigação de amar o próximo e de obedecer aquilo que Deus nos pede, sob pena de nos fastarmos do seu convívio. Finalmente, falam também do papel de Jesus como nosso Salvador. 

Essas histórias, de alguma forma, resumem toda a mensagem da Bíblia. Sua leitura é muito fácil e agradável. Vale a pena investir tempo para conhecê-las de perto.

Com carinho

sábado, 4 de agosto de 2018

AS DEZ HISTÓRIAS MAIS POPULARES DA BÍBLIA 1ª parte


Tempos atrás fiz uma pesquisa para descobrir quais são as dez histórias mais populares da Bíblia – este estudo é semelhante àquele que fiz sobre os dez versículos mais populares (ver o post ). 

As listas das dez histórias mais populares variam um pouco segundo a fonte, mas, de forma geral, há boa concordância sobre quais dentre elas causam mais impacto espiritual na vida das pessoas.

Quatro das história incluídas na minha lista das "dez mais" se passaram com Jesus, como seria de se esperar - uma delas trata de uma parábola contada por Ele e as outras são narrativas de eventos que Ele viveu. Todas essas histórias são relatadas no Novo Testamento (as demais estão no Velho Testamento).

Três dessas histórias do Velho Testamento tratam de acontecimentos na vida de grandes líderes do povo de Israel (José, Moisés e Davi). Duas outras (Adão e Noé) estão logo no início da Bíblia e falam das origens da humanidade. E a última, Jonas, é a estranha história de um profeta relutante, que acabou sendo engolido por um peixe.

Aí vai a lista, em ordem contrária, ou seja, começando pela décima história mais popular, depois a nona e assim por diante. Se puder, leia cada uma delas na Bíblia, antes de olhar os meus comentários:

10) Jesus - A última ceia (Mateus capítulo 26, versículos 17 a 30)
Na sua última noite com os discípulos, antes de ser traído e preso, Jesus fez uma ceia para despedir-se. Durante essa refeição, Ele tomou o pão, partiu-o e distribuiu os pedaços entre os discípulos, dizendo-lhes que aquilo representava seu corpo, que iria ser torturado. Depois, tomou o vinho, distribuiu-o pelos presentes e disse que aquilo representava seu sangue, que seria derramado em favor de todos nós.

Jesus nos ensinou a repetir essa cerimônia - partilhar o pão e o vinho - periodicamente, sempre em memória do sacrifício d´Ele e aí nasceu o sacramento da comunhão, adotado por todo o povo cristão - a liturgia da cerimônia pode variar, de denominação para denominação, mas a comunhão está sempre presente na vida dos cristãos.

Essa história é fundamental pois nos leva a refletir sobre o significado do sacrifício de Jesus.

9) Adão e Eva - O fruto proibido (Gênesis capítulo 3)
A história de Adão e Eva, da serpente e do fruto proibido faz parte do nosso imaginário. Ela representa a desobediência do ser humano aos mandamentos de Deus – no caso, a desobediência teve a ver com a proibição de comer o “fruto da árvore do bem e do mal”.

A curiosidade do ser humano em saber das coisas, em aumentar sua liberdade, em controlar seu próprio caminho e em evitar qualquer tipo de restrição, mesmo aquelas estabelecidas por Deus, levou Adão e Eva à desobediência, trazendo tristes consequências para eles mesmos - especialmente a degradação da sua relação com Deus - para seus descendentes.

Na mesma história, somos apresentados a Satanás, representado pela serpente, Inimigo implacável do ser humano. Podemos ver com clareza como Satanás tenta o ser humano e como ele mente, para nos levar a cair.

8) Moisés - O libertador de Israel (ver livro do Êxodo)
Moisés, quando ainda bebê, viveu uma aventura incrível. O povo de Israel vivia na escravidão no Egito e o faraó da época, sabendo que iria nascer o libertador do povo, resolveu mandar matar todos os recém-nascidos do sexo masculino. Jochabel, mãe de Moisés, para salvar seu bebê, colocou-o num cesto de vime e o lançou o cesto às águas do Rio Nilo, numa enorme demonstração de fé na providencia de Deus. O bebê foi encontrado pela filha do faraó, que não tinha filhos e acabou sendo criado como um príncipe egípcio (Êxodo capítulo 1 e 2:1-10). 

Cerca de 40 anos depois, Moisés ficou sabendo da sua origem verdadeira e acabou se revoltando contra os maus tratos dos egípcios aos israelitas. Matou um homem, em defesa de um escravo israelita e precisou fugir do Egito. Foi ser um simples pastor em Midiã, território que fica perto da península do Sinai (Êxodo 2:11-22). 

Mais 40 anos se passaram e Deus o chamou para ser o libertador do povo de israel. Voltou para o Egito, enfrentou o faraó, com o apoio de Deus, e conseguiu a libertação do povo (Êxodo capítulos 3 a 13). Moisés guiou o povo de Israel por 40 anos, pela península do Sinai, enquanto Deus ensinava aquele bando de escravos a se comportar como um povo. 

Serviu como intermediário entre Deus e os israelitas e, através dele, Deus deu ao povo os dez mandamentos e uma série de outras leis que permitiram a estruturação da nação de Israel (Êxodo capítulo 14 em diante). Moisés é considerado o mais importante profeta da história de Israel. 

7) Noé - Uma arca salva a humanidade (Gênesis capítulos 6 a 8)
Noé construiu um enorme barco (arca) em terra seca, seguindo as ordens de Deus. Trabalhou anos a fio nesse projeto, sendo ridicularizado por muitos, que não viam sentido naquele esforço.

Mal sabiam eles que Deus decidira punir a humanidade, por causa dos seus muitos pecados. Quando Deus abriu “as comportas do céu”, a chuva veio em quantidade nunca vista. E esse dilúvio quase extinguiu a humanidade.

Noé e sua família se refugiaram na arca, juntamente com um casal de cada espécie de animal e ali ficaram em segurança, enquanto a inundação durou (cerca de 40 dias). Quando as águas baixaram, a família de Noé teve como missão recomeçar a história da humanidade.

Noé é o símbolo da obediência irrestrita a Deus.

6) Jonas - O profeta relutante (ver livro de mesmo nome)
Jonas é uma figura muito interessante e controvertida: Deus mandou que ele fosse até a grande cidade de Nínive, na Assíria, para pregar o arrependimento para o povo, Jonas se recusou (os assírios eram inimigos de Israel) e fugiu.

Jonas embarcou num navio na direção oposta à Assíria, mas no trajeto, o navio enfrentou enorme tempestade. A situação só acalmou quando Jonas foi atirado ao mar pelos marinheiros do navio e acabou engolido por um grande peixe (a Bíblia não fala em baleia). 

O profeta ficou no estômago do animal por 3 dias e noites. Ele se arrependeu da sua rebeldia e orou a Deus pedindo libertação. E foi vomitado numa praia. 

Jonas atendeu a ordem de Deus e foi para Nínive, onde pregou o arrependimento para o povo e, surpreendentemente, povo se arrependeu e foi perdoado por Deus.

O mais interessante é que Jonas ficou muito zangado quando o povo se arrependeu porque queria a punição dos assírios. E Deus, pacientemente, teve que ensinar-lhe a ter misericórdia.

Jonas é o símbolo das dificuldades humanas: a recusa em obedecer a Deus, a falta de entendimento da sua misericórdia, a dificuldade em perdoar, etc. O livro de Jonas é uma leitura fascinante.

CONTINUA NA 2ª parte