domingo, 20 de dezembro de 2015

COMO ERA A NATUREZA HUMANA DE JESUS

Durante sua passagem por este mundo, Jesus tinha duas naturezas: humana e divina. Mas Jesus não era um ser "dividido" em duas partes, como muitos pensam, pois suas duas naturezas eram plenas e conviviam de forma integrada. 

Como isso foi possível? Trata-se de um mistério de Deus, que vai além da nossa compreensão. Mas há muitas dicas espalhadas pelos relatos bíblicos para nos ajudar a entender um pouco o que aconteceu. 

Por exemplo, a Bíblia conta que Jesus se "esvaziou" dos seus poderes divinos e nunca os usou - foi como se a natureza divina de Jesus estivesse "adormecida" ao longo dos trinta e poucos anos em que viveu entre nós. 

Se foi assim, de onde veio o poder que Jesus usou para fazer milagres? Isso é simples de responder: Jesus usou sua fé e, através dela, o poder do Espírito Santo. Tanto foi assim que, no Evangelho de João (capítulo 14, versículos 12 a 14), Jesus comentou que seus(uas) seguidores(as) poderiam fazer tudo que Ele fez, pois iriam dispor do mesmo poder - com efeito, os apóstolos repetiram diversos milagres de Jesus, como curar doentes ou ressuscitar mortos.

Entendido isso, podemos passar a discutir o que nos interessa mais de perto aqui: a natureza humana de Jesus. Começo lembrando que Jesus foi concebido por ação do Espírito Santo sobre o corpo de uma mulher, Maria. De forma milagrosa, um dos seus óvulos foi fecundado diretamente, sem que ela tivesse tido relação sexual com qualquer homem. Jesus tinha, portanto, metade do DNA de sua mãe. E podemos especular que também tinha cromossomos da sua parte divina, mas não sabemos como isso funcionou na prática.
  
Jesus teve o desenvolvimento normal de qualquer ser humano - a Bíblia fala que Ele cresceu em estatura (desenvolvimento físico), sabedoria (desenvolvimento mental e emocional) e graça (desenvolvimento espiritual). Os relatos bíblicos falam d´Ele em três diferentes períodos da sua vida: até os dois anos de idade, por volta dos 12 anos e, finalmente, a partir dos 30 trinta anos, período do seu ministério - suas características físicas, emocionais e espirituais são diferentes nesses três momentos.   

Jesus precisou aprender a ler e teve que estudar a Bíblia Hebraica (Velho Testamento), para conhecer a Palavra de Deus. Aos 12 anos tinha bastante domínio desse assunto, tanto que surpreendeu os estudiosos da época com seu conhecimento bíblico, durante uma visita que fez ao templo de Jerusalém - isso indica que sua inteligência era privilegiada, o que não surpreende a ninguém.

Mas como homem, não sabia de tudo que acontecia à sua volta e isso fica bem claro em várias passagens da Bíblia. Por exemplo, certa vez, uma mulher tocou suas vestes (e ficou curada de uma hemorragia que tinha há anos). Jesus olhou para a multidão e perguntou: "quem me tocou, pois senti sair poder de mim". 

Jesus teve revelações de Deus sobre acontecimentos futuros, como ocorreu com diversos profetas (Moisés, Isaías, Jeremias e outros) - nada há de surpreendente aí. Por exemplo, Ele previu sua morte e sofrimento, assim como a destruição de Jerusalém pelos romanos, acontecida cerca de 35 anos depois da sua morte.  

É claro que Jesus conhecia os planos de Deus para sua vida - sabia que precisaria enfrentar Satanás e sofrer morte terrível, tanto assim que ficou extremamente angustiado (suou sangue) horas antes de ser preso. 

Ainda assim, Ele não conhecia cada coisa que lhe iria acontecer e várias vezes ficou surpreendido com os acontecimentos. Acredito que a própria consciência dos planos de Deus para sua vida só foi se consolidando aos poucos, à medida em que cresceu e tornou-se mais capacitado intelectualmente. 

Sendo assim, Jesus deve ter sido uma pessoa normal, certamente mais inteligente e culto do que a média dos judeus. Diferenciava-se certamente por sua fé inabalável, não por suas características físicas. Por isso aqueles(as) - família e amigos(as) - que o conheceram ainda criança ou jovem se surpreenderam ao saber que Jesus era o Messias tão esperado. 

E é exatamente por ter sido inteiramente humano, passando por todas as dificuldades e dores - tentações, inseguranças, medos, problemas financeiros, doenças, etc - que cada um(a) de nós pode vir a enfrentar, que podemos olhar para Ele como a grande referencia para nossas vidas. 

O fato que Ele conseguiu vencer todas as dificuldades apenas através da sua fé deve ser um enorme incentivo para cada um(a) de nós. 

Com carinho

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

É PRECISO VER PARA SABER?

Lembro de um capítulo de uma série policial da qual gosto muito, no qual os personagens principais – uma policial, bonita e competente, e um escritor de livros, engraçado e boa praça – finalmente ficaram juntos pela primeira vez, depois de quase quatro anos de vai não vai. Depois de ver o capítulo, li um comentário interessante sobre a cena final, onde os personagens se beijaram ardentemente, e depois saíram caminhando em direção ao quarto, de mãos dadas. A jornalista que escreveu o comentário disse o seguinte: “A cena final não mostrou tudo em detalhes, mas indicou com clareza o rumo dos acontecimentos. E foi bom ter sido assim. Muitas vezes é melhor apenas saber do que ver.”

O que a jornalista disse foi que muitas vezes é melhor usar a imaginação do que ver como as coisas ocorrem na prática. A imaginação pode ser melhor do que a realidade. 

Algo muito semelhante ocorre com a questão da prova da existência de Deus. Não estou dizendo que essas provas inexistem - elas estão aí para quem quiser procurá-las e já falei sobre esse tema muitas vezes aqui no blog. São fatos como a criação do universo através do Big Bang, a existência da vida, a complexidade da natureza, etc. 

Mas não temos e acredito que nunca iremos ter nenhuma frase escrita no céu, dizendo em letras garrafais que Deus existe ou Jesus é o nosso Senhor. E a razão é clara: Deus espera que usemos nossa fé para saber essas coisas mesmo quando não podemos vê-las diretamente. 

O fato é que Deus dá muita importância à fé e isso fica muito claro numa situação ocorrida com Jesus. Ele já tinha ressuscitado e apareceu diversas vezes para seus seguidores para comprovar essa realidade. Numa dessas vezes, Tomé estava presente e afirmou que somente acreditaria se colocasse seu dedo nas feridas adquiridas por Jesus na cruz (João capítulo 20, versículos 19 a 25). Tomé representa aquele tipo de pessoa que precisa ver com seus olhos para crer: não consegue “ver” apenas com os “olhos” da fé. 

Jesus não brigou com Tomé, depois que ele fez tal afirmação. Pacientemente, deixou que Tomé apalpasse as feridas (João capítulo 20, versículos 26 a 28). Mas aí fez um comentário muito importante (versículo 29): “Porque me viste creste? Bem-aventurados os que não viram e creram”.


Em outras palavras, Jesus afirmou que mais abençoadas por Deus são as pessoas que têm fé suficiente para crer e por causa disso saber, sem precisar ver. E há duas razões para isso.

A primeira delas é que nem sempre será possível ver antes de precisar tomar a decisão de agir. E aí, ou a fé funciona, ou a pessoa fica sem rumo. Por exemplo, quando Deus pediu para Abraão, já um homem velho, sair da sua terra, do seu conforto, e prometeu que lhe daria uma nova terra e uma enorme descendência, não havia como Abraão ver aquela promessa: ou ele sabia que aquilo seria verdade, com base na fé, e iria atender o chamado de Deus, ou ficaria para trás (Gênesis capítulo 12, versículos 1 a 9). E Abraão foi e Deus cumpriu sua promessa.

A segunda razão para a importância que Deus dá à fé é que os cinco sentidos frequentemente iludem as pessoas. Pensamos perceber fisicamente coisas que de fato não existem. Por exemplo, podemos achar que sentimos o sabor de algo que de fato não estava na comida - foi pura impressão. É comum pessoas jurarem que testemunharam uma coisa que de fato não aconteceu. E assim por diante.

Os nossos sentidos não são muito confiáveis, essa é uma realidade que aprendemos com a experiência da vida. Logo, confiar unicamente nos próprios sentidos não parece ser uma boa escolha. É possível saber mais e melhor, se aos sentidos agregarmos os "olhos e ouvidos" espirituais, disponíveis através do uso da fé.

E há um exemplo bíblico que comprova isso: o profeta Eliseu teve sua casa cercada por soldados sírios e não demonstrou medo. Seu criado, apavorado, lhe perguntou como o profeta podia estar tão tranquilo naquela situação. E Eliseu respondeu pedindo a Deus que abrisse os “olhos” espirituais do rapaz. E o criado pode então “ver” centenas de carros de fogo com anjos em volta da casa de Eliseu, para sua proteção (2 Reis capítulo 15, versículos 15 a 17).

Concluindo, não tente saber as coisas relacionadas com Deus somente com base naquilo que você consegue perceber com base nos seus sentidos. Use sempre sua capacidade de saber usando a fé. Certamente você vai ficar favoravelmente surpreendido com os resultados.

Com carinho

domingo, 6 de dezembro de 2015

BONS RELACIONAMENTOS DENTRO DA IGREJA

A Bíblia ensina que as pessoas devem viver sua fé em comunidades (igrejas). A fé cristã não é uma experiência que se deve experimentar de forma isolada. 

Sendo assim, os relacionamentos entre as pessoas dentro das igrejas é de enorme importância. Quando esse relacionamento é bom, todas(as) ganham - há apoio mútuo, compreensão, carinho, etc. Quando não é assim, aparecem atritos, fofocas, ciúmes, etc e as consequências podem ser muito ruins. 

Foi por saber disso que Jesus dedicou parte do seu ministério para orientar as pessoas a como se relacionar bem - é disso que trata o capítulo 18 do Evangelho de Mateus. Vamos ver mais de perto alguns dos ensinamentos contidos ali:  
Naquela hora, chegaram-se os discípulos a Jesus e perguntaram: Quem é, porventura, o maior no reino dos céus? Jesus, chamando para junto de si um menino, pô-lo no meio deles e disse: Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não fizerdes como este menino, de modo algum entrareis no reino dos céus. Quem, pois, se tornar humilde como este menino, esse será o maior no reino dos céus.(versículos 1 a 4)
Jesus discutiu nos versículos acima a questão da vaidade humana e da inveja que dela decorre (quando essa vaidade é frustrada). Ele fez isso respondendo à seguinte questão: Quem é mais importante dentro de uma igreja? 

Os seres humanos vivendo em comunidade costumam disputar os lugares de honra - querem ser admirados, prestigiados e paparicados. Tudo isso é produto da vaidade humana. Como evitar isso? Jesus, como sempre, surpreendeu a todos(as) com sua resposta: as pessoas importantes são as humildes e as puras de coração. Justamente as que não querem ocupar os lugares mais importantes. As que agem com a pureza de coração das crianças. 

Em outras palavras, a disputa por admiração e honrarias dentro das igrejas cristãs é errada. As comunidades cristãs devem ser pautadas por simplicidade e humildade. Nelas não deveria haver espaço para vaidade e inveja. Infelizmente sabemos bem que muitas vezes não é assim.
Que vos parece? se um homem tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixa as noventa e nove e vai aos montes procurar a que se extraviou? Se acontecer achá-la, em verdade vos digo que se regozija mais por causa desta, do que pelas noventa e nove que não se extraviaram. (versículo 12)
Jesus falou depois sobre uma pessoa da comunidade de fé que se desvia das boas práticas cristãs (a ovelha perdida). E isso é muito comum, especialmente entre os(as) jovens. 

Agora, o que fazer quando a ovelha se perde? Jesus orientou que os(as) líderes da comunidade devem ir atrás dessa ovelha e resgatá-la. Isso não significa despejar sobre ela acusações, ameaças de expulsão da comunidade e coisas assim. 

Trata-se sim de entender a fragilidade da natureza humana, analisar os atos dessa pessoa com olhos de amor e ajudá-la a curar suas feridas emocionais e espirituais - exatamente como o Espírito Santo faz com cada um de nós. Esse é o conceito de "resgatar" a ovelha que se perdeu.
Se teu irmão pecar, vai repreendê-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, terás ganhado teu irmão; mas se não te ouvir, leva ainda contigo uma ou duas pessoas, para que por boca de duas ou três testemunhas toda a questão fique decidida. Se ele recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e se também recusar ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano. (versículos 15 a 17)
Jesus continuou a tratar do caso da ovelha perdida. Agora, Ele falou da situação daquela que não quer mudar. O que fazer nesse caso?

A orientação de Jesus foi clara: implantar um processo de resgate que pode ter etapas. A primeira é uma conversa a sós de alguém da liderança da igreja com a ovelha perdida, tentando fazê-la mudar seus caminhos. Se essa conversa der, certo ótimo. Problema resolvido.

Masse não der, passa-se a outra fase. A mesma liderança marca nova conversa, agora com a presença de duas testemunhas. A finalidade dessas duas testemunhas é dupla.  Primeiro, servem para atestar o que foi conversado. Mas o segundo motivo talvez seja ainda mais importante: trata-se de agregar duas pessoas que possam apresentar um testemunho de vida do Evangelho ainda maior do que a pessoa que fez a conversa inicial. 

Em outras palavras, a pessoa que fez a abordagem inicial precisa ser capaz de dar um bom testemunho do Evangelho, isto é viver realmente aquilo que prega e defende, coisa que não é para qualquer um(a). E isso faz todo sentido.

Mas talvez isso não seja suficiente, aí duas outras pessoas se juntam ao diálogo, capazes de dar um testemunho talvez ainda maior do Evangelho. Por exemplo, digamos que eu procure um irmão que está com problemas e tente convencê-lo a mudar seus caminhos e ele recuse minha abordagem. Eu deveria então chamar para o diálogo o(a) pastor(a) da igreja e alguém mais que tivesse uma vida espiritual elevada. Talvez onde eu não tenha tido sucesso, essas pessoas, capazes de dar um testemunho ainda maior do Evangelho, podem conseguir o resultado desejado.

Mas se ainda assim a iniciativa não der certo, Jesus orientou a tratar a pessoa como gentio (não judeu) e/ou publicano (coletor de impostos), sinônimo (para os judeus) de pecador. Muita gente interpreta isso como expulsar publicamente a ovelha perdida da igreja e é isso que muitas igrejas fazem. E isso é um erro. 

Repare que Mateus, o autor desse texto, foi um coletor de impostos, antes de se juntar a Jesus. Não faz sentido, portanto, que ele tenha defendido a execração pública de alguém que tenha feito o mesmo que ele, pois não foi assim que Jesus o tratou. O sentido do comentário de Jesus deve ser diferente.

E de fato é: Jesus quis dizer que a tal ovelha perdida, que se recusa a mudar, deve ser tratada não mais como parte do rebanho. Isto é que ela passe a ser vista como alguém ainda não convertido(a). Pode até frequentar a igreja mas não é cristão(ã) de fato. Simples assim. 

E é justamente por não ter ainda se convertido, por não ter a fé que salva, é que essa pessoa resiste a mudar. E o que ela precisa não é execração pública e sim de conversão. Ela precisa ser tratada como qualquer pessoa que entra pela primeira vez numa igreja. Precisa ser levada a conhecer Jesus. Expulsão não, evangelização e discipulado sim. 
Em verdade vos digo: Tudo o que ligardes sobre a terra, será ligado no céu; e tudo o que desligardes sobre a terra, será desligado no céu. Ainda vos digo mais que se dois de vós sobre a terra concordarem em pedir alguma coisa, ser-lhes-á feita por meu Pai que está nos céus. (versículo 18)
Aí Jesus entra numa discussão que costuma causar muita controvérsia: "ligar" e "desligar". Muitos(as) cristãos(ãs) entendem que a afirmação de Jesus dá autoridade à igreja, através da sua liderança, para "ligar" ou "desligar" coisas aqui na terra, gerando consequências no mundo espiritual. Por exemplo, se duas pessoas são casadas na igreja, foi Deus quem as uniu, isto é esse casamento também foi feito no mundo espiritual.

Não vou entrar aqui no mérito dessa questão - já discuti isso em outro post. Meu foco é outro: penso que Jesus não estava dando esse tipo de autoridade à liderança da igreja. E a razão é simples: o texto vem tratando do relacionamento entre pessoas dentro de uma igreja - já falamos sobre vaidade, inveja, resgate da ovelha perdida, etc. E nos versículos 21 e 22, um pouco mais adiante, o tema é perdão. 

Não faria sentido que no meio do caminho o texto tratasse do poder dos líderes religiosos de "ligar" ou "desligar" coisas. Repito, Jesus estava falando da relação entre pessoas, como devem se comportar umas em relação às outras, portanto, "ligar" e "desligar" aqui deve ter outro sentido. 

De fato, penso que o sentido real é o alerta de Jesus que quando uma relação entre membros de uma igreja se estabelece, sempre há consequências espirituais. A relação de amizade ou amor que se firma, gera também laços espirituais. O mesmo acontece quando a relação se desfaz: as duas pessoas brigam. Dentro das igrejas, o mundo físico não anda desacompanhado do mundo espiritual.

Em outras palavras, as relações entre membros das igrejas têm consequências amplas. Muito maiores do que normalmente se percebe. Daí ser tão importante cuidar delas. 

Com carinho 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O PROBLEMA COM O OLHAR

Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora; melhor é entrares na vida eterna com um só dos teus olhos, do que tendo dois, seres lançado no inferno de fogo.                              Mateus capitulo 18, versículo 9
Na passagem acima Jesus tratou do cuidado que as pessoas devem ter para evitar práticas de vida que possam afastá-las de Deus. Ele simbolizou o que estava ensinando com as imagens da "mão", do "pé" e do "olho". 

A "mão" e o "pé" representam os instrumentos que o ser humano usa para realizar atos pecaminosos - matar, roubar, adulterar, etc. É fácil perceber por que Jesus incluiu esses órgãos na sua fala: não há como pecar por ação se a pessoa não tem os meios físicos para isso. 

Já o "olho" é mais difícil de interpretar. Ele representa o que contamina o interior das pessoas e gera motivação para o pecado. Jesus usou essa imagem porque é através do olho que as pessoas percebem o mundo à sua volta e a partir daí podem estabelecer impressões sobre o que existe e decidir fazer alguma coisa. 

Por exemplo, é vendo o que o vizinho tem, e elas não, que a inveja se instala nas pessoas. É olhando para a bonita mulher do próximo, que vem a cobiça, passo inicial para o adultério. E é percebendo que determinado valor foi guardado de forma descuidada que aparece o incentivo para roubar.

O efeito negativo do olhar é sutil e frequentemente as pessoas nem se dão conta do mal que está acontecendo. Vou dar um exemplo que acontece diariamente na minha vida.

Todos os dias, quando minha mulher e eu entramos no elevador, sempre acontece a mesma coisa. Há um grande espelho no fundo cabine e eu automaticamente fico de costas para ele. Minha mulher faz exatamente o contrário. E fica se olhando, reclamando das suas imperfeições físicas, ato bem feminino. É como uma sessão de "auto-tortura" diária - bastaria que ela ficasse de costas para o espelho para evitar esse mal. Mas algo atrai seu olhar - isso é mais forte do que a vontade dela.

Nesse exemplo o mal é pequeno, trata-se de um prejuízo que minha mulher causa a ela mesma. Mas muitas vezes as consequências negativas do olhar são muito mais sérias. Por exemplo, foi ao ver Bate-Seba nua, secando-se ao sol no telado da sua casa, que o rei Davi a desejou e resolveu adulterar com ela. Talvez o rei tivesse visto aquela mulher fazer a mesma coisa outras vezes e nada aconteceu, mas naquele dia o olhar foi diferente. E a história de Israel acabou mudada por causa disso.

Não há dúvida que o olho é um veículo de contaminação do interior da pessoa. E Jesus ensinou que é melhor perder a capacidade de ver, ou seja de perceber bem as coisas à volta, se isso vier a evitar que a pessoa peque e vier dar-lhe condições de herdar a vida eterna.

Jesus, ao usar essa imagem, ensinou que você deve tomar cuidado com o que olha - um programa de televisão ou filme, a casa do vizinho, a loja no shopping com o objeto que você deseja e não pode comprar, e assim por diante.

Resumindo, Jesus ensinou uma coisa simples e importante: é melhor você se privar de coisas importantes, como a capacidade de locomoção, de poder agir à vontade ou de conseguir ver o que está à sua volta, se isso evitar o pecado e a perda da vida eterna. Afinal, a vida eterna é mais importante do que tudo e deve ser sua meta, seu foco. Nada pode atrapalhar sua trajetória em direção a ela. 

Com carinho