domingo, 30 de junho de 2019

RESOLVENDO MISTÉRIOS DA BIBLIA COMO UM DETETIVE

A Bíblia guarda mistérios. São trechos de difícil entendimento porque o texto bíblico foi escrito em outra época, onde os costumes e os usos eram bem diferentes dos atuais. E é preciso trabalhar de forma parecida com um detetive para resolver esses mistérios. Eu me explico. 

Como a maioria das pessoas gosta de livros, filmes e séries de televisão de mistério, analisar os mistérios da Bíblia como um detetive faria acaba sendo também divertido. E a metodologia que deve ser usada, para fazer isso, é fácil de entender. E pode ser replicada por quase qualquer pessoa, bastando que ela tenha bom senso e raciocínio lógico. 

São seis as regras que precisam ser seguidas para você poder agir como detetive dos mistérios bíblicos, todas elas bem simples:

Regra 1: não tire conclusões apressadas 
Os bons detetives tomam cuidado para não tirar conclusões antes de terem colhidos todas as informações relevantes. Isso evita chegar a conclusões pré-concebidas, um perigo enorme nas investigações criminais. Afinal, quando o detetive tem pré-concepções sobre o que aconteceu, existe enorme risco de procurar encaixar as informações colhidas nas conclusões já estabelecidas desde o início. A abordagem correta deveria ser sempre ao contrário: é preciso usar as informações colhidas para tirar conclusões acertadas.

Portanto, nunca comece a estudar um texto bíblico imaginando que já sabe o que ele significa, mesmo quando for um texto já muito conhecido. Primeiro estude o texto, colhendo todas as informações que tiver sobre ele e, somente depois, tire as conclusões necessárias.

Um bom exemplo disso é o livro de Jó. A maioria das pessoas parte para a leitura desse livro imaginando que ele trata essencialmente do sofrimento humano. Mas, isso é uma pré-concepção. Quando se estuda esse livro com olhos de "ver", fica claro que sua mensagem também tem muito a ver com a graça de Deus (veja mais).

Regra 2: questione tudo
Num dos livros que conta as aventuras do famoso detetive Sherlock Holmes, esse personagem tentava ensinar seu parceiro fiel, o Dr. Watson, como ser um bom detetive. E Holmes perguntou a Watson quantos degraus existiam entre a entrada do prédio e a sala de estar do apartamento onde viviam, e Watson não soube responder. Holmes concluiu dizendo que esse era exatamente o problema. Watson olhava, mas não observava. Não colhia informações sobre aquilo que via.

Jesus disse a mesma coisa ao explicar porque as pessoas não entendiam as parábolas que Ele contava. Alertou que as pessoas tinham olhos, mas não viam, e ouvidos, mas não escutavam (Mateus capítulo 13, versículo 13).

Portanto, não leia simplesmente o trecho da Bíblia que estiver tentando entender. Analise-o com cuidado, prestando atenção na pontuação, nos trechos que vem antes e/ou depois da parte que lhe interessa mais de perto, quais as personagens envolvidas, quem fala o que, qual é o tom da conversa e assim por diante. Vou dar um exemplo.

Certa vez Jesus estava ensinando seus discípulos, quando sua família veio procurá-lo. Avisado da chegada dos seus familiares, Jesus apontou para seus discípulos e disse que sua mãe e seus irmãos eram aqueles que ouviam suas palavras e as seguiam (Mateus capítulo 12, versículos 46 a 50). 

Uma análise superficial desse texto indicaria que Jesus rejeitou sua família. Afinal, ele parece não ter dado muita bola para aquelas pessoas. Mas, olhando com mais cuidado, dá para perceber que Jesus usou a figura da família de sangue para trabalhar a ideia da família espiritual. Entramos na família espiritual dele quando ouvimos e seguimos seus ensinamentos. 

Ao falar assim, Jesus deixou claro que no mundo espiritual não há nepotismo. A família de sangue não é privilegiada no Reino de Deus, como acontece no mundo físico. Deus não tem netos, apenas filhos e filhas. E se não fosse assim, poderíamos chegar ao absurdo de ver alguém ser salvo apenas por ter laços de sangue com um pastor famoso.

Regra 3: os detalhes são importantes
Para um bom detetive, tudo tem importância. Qualquer detalhe conta. Sherlock Holmes resolveu um crime por ter notado que o cachorro da casa não latiu. Isso demonstrou para ele que o animal conhecia o assassino. 

Certa vez Jesus chegou perto de uma figueira e procurou alguns frutos, em meio às suas folhas. Não encontrando, amaldiçoou a árvore, que murchou (Marcos capítulo 11, versículos 12 a 14). Isso parece meio estranho. Afinal, que culpa tinha a figueira de não ter dado frutos? Ainda mais que não estava na época certa.

Mas, há um detalhe importante nesse relato: a árvore tinha folhagem. E as figueiras somente exibem folhas quando já têm frutos. Logo, aquela era uma figueira “hipócrita”. Tinha a aparência, mas não os frutos concretos. Por isso ela foi amaldiçoada. E o exemplo da figueira serve para os cristãos. Não podemos ser hipócritas, tentando parecer aquilo que não somos.

Regra 4: mais evidencias são necessárias para esclarecer um mistério maior
Frequentemente, as pessoas querem tirar o mistério da sua frente e acabam aceitando qualquer resposta que parece razoável. E elas agem assim porque, normalmente, não gostam de ficar em dúvida. Querem ter certezas. Mas, essa é uma estratégia muito ruim, pois leva a erros.

Certa vez vi um estudo do capítulo 1, versículo 8, do Atos dos Apóstolos,. Nesse trecho da Bíblia, Jesus, já depois da sua ressurreição, diz para os apóstolos esperarem em Jerusalém a vinda do Espírito Santo. E essa chegada deu origem ao evento do Pentecostes. No estudo que li, o teólogo fez mais de 70 observações sobre o versículo antes de tentar explicar seu sentido. E o tal versículo, na tradução em português, tem apenas 30 palavras!

O autor buscou levantar todas as informações possíveis sobre aquele pequeno relato antes de tentar dar uma interpretação para ele. E isso trouxe muita segurança à sua conclusão. A interpretação que ele deu está de acordo com todas as informações 70 informações colhidas. Portanto, é muito difícil que ele tenha chegado à conclusão errada. 

Não estou dizendo que você deva levar seu estudo da Bíblia nesse mesmo grau de profundidade. Mas, seria razoável colher algumas informações sobre um versículo ou conjunto de versículos, antes de se atrever a encontrar um significado para esse texto. Refiro-me a observações sobre a situação geral que estava acontecendo, a identidade das pessoas envolvidas, o passado delas e assim por diante. E quanto mais difícil for o texto sendo analisado, mais informações serão necessárias, pois o mistério é maior.

Mas, onde buscar essas informações? É para isso que existem os dicionários bíblicos, os comentários bíblicos, as notas de rodapé da sua Bíblia e outros recursos técnicos. E há muita informação boa de graça na Internet.

Regra 5: divida um mistério maior em pedaços menores 
Passagens bíblicas difíceis podem parecer inacessíveis, especialmente se forem mais longas. Quando for esse o caso, procure quebrar o texto em frases (ou versículos) e ir procurando entender cada uma delas, passo a passo. Depois vá juntando cada pedaço ao todo.

E nunca se esqueça que os textos da Bíblia sempre dialogam entre si. Por exemplo, imagine que você conseguiu resolver o mistério da figueira amaldiçoada. Mas o sentido total do texto - que é uma crítica de Jesus à religião legalista e hipócrita - somente vai ficar claro quando você juntar esse texto a outros, onde ele enfatiza essa crítica. 

Regra 6: prefira as soluções mais simples 
Às vezes, existe mais de uma explicação possível para determinado mistério. Quando isso acontece, sempre que possível, prefira a explicação mais simples. As explicações mais complexas e rebuscadas costumam não ser muito boas. 

Por exemplo, há uma passagem do Apocalipse onde aparece um animal terrível, cheio de chifres e coroas na cabeça, que emerge do mar, para dominar o mundo. Há uma linha de explicação que tenta compreender essa besta como um animal real, que se transforma em ser humano, por obra de Satanás. A outra alternativa imagina que a besta é o símbolo de um ser humano dedicado à obra de Satanás, sendo os chifres e coroas representações do seu poder. 

Ora, a segunda explicação é mais simples, pois não postula a existência de um animal que nunca foi visto na natureza. Logo, ela é melhor. 

Palavras finais
Portanto, nunca veja as passagens difíceis da Bíblia como motivo de frustração e sim como desafios. Como chamados para que você entenda melhor o texto bíblico e cresça no processo de aprender a lidar com a Palavra de Deus.

E tenha consciência clara que sempre há mais a aprender na Bíblia do que o conhecimento já adquirido. Mesmo os maiores estudiosos da Bíblia não conhecem tudo que há para saber sobre ela. Sempre há muito mais.

Abra sua mente aberta para ser desafiado pela Bíblia. E é essa capacidade de sempre surpreender que a torna tão especial e interessante. E mesmo método que um detetive usa para resolver determinado mistério, pode ser usado por você no propósito de entender a Bíblia mais e de forma melhor.

Com carinho

sexta-feira, 28 de junho de 2019

QUANDO UM LÍDER CRISTÃO MUDA DE POSIÇÃO

O que acontece quando um líder cristão, bastante respeitado, muda de posição a respeito das suas convicções teológicas? Qual é o impacto sobre a comunidade que lidera?

A revista Christianity Today noticiou, em 2013, que o Pastor Ulf Ekman, fundador de uma grande igreja evangélica na Suécia, com mais de 3.000 membros, deixou sua denominação. Ele se juntou à igreja Católica. E, junto com ele, foi a sua esposa. Veja o depoimento que ele deu naquela época:
"Cheguei à conclusão que a igreja que representei nos últimos 30 anos, apesar do sucesso e das muitas coisas boas que ocorreram nos seus vários campos missionários, é parte da crescente fragmentação do cristianismo".
O pastor Ekman testemunhou ter passado por lenta transformação durante toda uma década. E isso ocorreu à medida em que foi conhecendo mais profundamente alguns católicos do movimento Renovação da Carismática. Assim, acabou por mudar seu entendimento. Concluiu não haver razão para a maioria das críticas que os evangélicos costumam fazer à Igreja Católica. Segundo ele, os protestantes precisariam conhecer melhor a fé católica.

Outro caso aconteceu cerca de 15 anos atrás. O líder maior de uma denominação evangélica, depois de fazer curso de mestrado no exterior, mudou de pensamento. Passou a aceitar a doutrina de predestinação para a salvação, que sua denominação não adotava. E mais ainda, deixou de aceitar mulheres pastoras, sendo que sua denominação tinha várias ministras ordenadas. E teve força politica para impor suas novas ideias à denominação que dirigia. 

E há muitos outros casos, como o líder religiosos evangélico que deixou de acreditar na onipotência de Deus. Ou outro que passou a adotar costumes e práticas de vida judaicas. 

A repercussão
Existe um enorme perigo quando a denominação evangélica é muito dependente da figura de um único líder. Uma liderança desse tipo certamente traz grandes vantagens. O crescimento da igreja fica facilitado e a liderança forte dá à comunidade um senso de direção. Sem contar que a tomada de decisões é mais rápida e eficiente, pois quase não há contestação.

O problema com esse modelo de liderança é que quando algo de ruim acontece com o líder, a vida espiritual da comunidade toda sofre muito. Vimos isso acontecer aqui no Brasil, em várias igrejas importantes. Também há vários exemplos nos Estados Unidos e em outros países. Um bom exemplo é o caso do pastor Sho, sul coreano, líder de uma das maiores igrejas do mundo, preso por sonegação de impostos.

Uma liderança muito forte acaba, de certa forma, atrelando o destino da denominação à sorte do seu líder. E como todos os seres humanos se enganam ou pecam, esse é um caminho extremamente arriscado. Isso acaba por gerar muito sofrimento para a comunidade.

Pense no caso que citei acima do líder da denominação evangélica que deixou de aceitar a ordenação de mulheres. E sua igreja já contava com várias pastoras ordenadas. Imagine a situação dessas pastoras que viram de repente seu ministério contestado. Passaram por sofrimento horrível e não posso crer que Deus apoie isso.

A mudança de convicção do líder coloca dúvidas na mente dos membros da sua comunidade. Alguns deles, por conta da sua confiança irrestrita no líder, vão aceitar as novas idéias, sem questionar muito. Mas, outros não vão querer mudar suas convicções, por não terem sido convencidos. 

Essa é uma situação em que só há perdedores - nada de bom é gerado por tudo isso. No caso do pastor Ekman, que relatei acima, ele teve que abandonar a igreja que tinha fundado, pois a maioria dos membros não aceitou suas novas posições. Mas, outros aceitaram. E a comunidade rachou. Acusações foram trocadas de parte a parte, amizades foram desfeitas, enfim, um desastre.

O líder pode mudar?
Isso tudo quer dizer que um líder religioso não pode mudar suas convicções? Não pode estudar um tema teológico em maior profundidade e chegar a conclusões diferentes? Ele não pode evoluir? É claro que sim. Eu mesmo já mudei algumas de minhas idéias teológicas. Mas, o grau de mudança tem limites. Não parece razoável que o líder mude radicalmente em questões absolutamente fundamentais.

Eu desconfio de mudanças muito grandes, como a do pastor Ekman e outras que citei acima. Elas não parecem razoáveis de acontecer na vida de pessoas espiritualmente amadurecidas. 

Mudar a interpretação de uma passagem bíblica, pela evolução do próprio pensamento, é uma coisa, deixar toda a obra de uma vida para trás, dizendo que ela concorre para a fragmentação do cristianismo, é outra bem diferente. Ou passar a ver o processo de salvação de maneira totalmente distinta do que fazia antes, passando a aceitar a predestinação, por exemplo, também não parece razoável. 

Mudanças tão grandes são, a meu ver, indicações de questões mais profundas na vida do líder religioso que vão muito além do aspecto teológico. Elas apontam para crises pessoais - de idade, de casamento, fruto de doença, etc. E questões desse tipo acabam por transbordar para o campo espiritual.

Agora, quando o líder muda de pensamento, ele precisa atentar bem para as consequências de suas atitudes sobre as pessoas que confiaram e acreditaram naquilo que ele ensinou antes. Não me parece, por exemplo, que o pastor Ekman tomou esse cuidado. Ele simplesmente saiu da sua denominação e seguiu outro caminho, sem se explicar muito ou perder tempo olhando para trás. O líder religiosos que passou a proibir a ordenação feminina não levou em conta o impacto dessa decisão sobre inúmeras mulheres já ordenadas.

Quem se dispõe a assumir um papel de liderança no meio cristão, seja ele qual for, assume responsabilidades com as pessoas que atinge com seu ministério. Eu tenho isso muito claro na minha mente, no que tange ao papel que exerço neste site. Preciso ter cuidado com aquilo que publico e com os conselhos que dou. 

Os líderes religiosos precisam estar bem conscientes dessa responsabilidade. E ter em mente que Jesus advertiu seriamente aqueles que não entram no céu e concorrem, com suas atitudes, para que outras pessoas não venham a entrar também (ver Mateus capítulo 23, versículo 13). Há punição para pessoas que agem assim. 

Com carinho

quarta-feira, 26 de junho de 2019

VIDA E MORTE

Vida e morte. Essas são as duas faces de uma mesma moeda. Afinal, todo ser que respira, cedo ou tarde haverá de passar pela morte. Essa é uma realidade da qual não podemos fugir.

Mas, não gostamos de pensar nisso. De certa forma, fugimos dessa realidade última. E é sobre isso que falo neste vídeo. E uso como referência a morte de José, relatada no final do livro do Gênesis. 

José, grande herói da fé, morreu próspero, coberto de honras e cercado pelos seus entes queridos. Isso depois de ter salvo toda a sua família da morte por fome em Canaã e de ter perdoado os irmãos que o venderam como escravo por puro ciúme. José teve uma vida admirável sob qualquer aspecto que se olhe.

A morte de José, suas últimas palavras, nos ensinam como passar por esse último momento. Ele nos ensinou que devemos chamar Deus para estar ao nosso lado nesse momento de transição. Que é muito melhor passar por isso nos braços dele. Portanto, pode ter certeza que, se esse for o seu desejo, é isso que vai acontecer, pois Deus é fiel. Ele nunca falha.

Veja o novo vídeo sobre vida e morte aqui

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

segunda-feira, 24 de junho de 2019

UM SINAL DA PRESENÇA DE DEUS


Há um sinal claro da presença de Deus. Quando sua presença se faz notar num determinado lugar e as pessoas estão em conexão íntima com Ele, sempre acontece uma coisa: há reverencia. As pessoas se comportam de forma diferente, pois percebem a presença de Deus.


Lembro-me bem do dia em que entrei na catedral anglicana em Londres, dedicada ao apóstolo Paulo. Os vitrais filtravam a luz de forma especial, dando ao ambiente um ar misterioso e solene. E havia uma música suave ao fundo que tornava essa sensação ainda maior. 

Imediatamente minha atitude mudou. Eu estava descontraído, fazendo brincadeiras e falando meio alto, como todo bom brasileiro. Imediatamente meu estado de espírito mudou. Passei da descontração à reverência. Sentei-me num banco, passei a falar em voz baixa e meu pensamento automaticamente se voltou para Deus. 

E também sempre me senti assim ao entrar na igreja metodista do Catete, no Rio de Janeiro, onde passei minha infância. Para mim, talvez por conta das minhas memórias de criança, há algo de especial naquele lugar.

O filósofo Paul Woodruff disse que reverencia é a atitude própria de quem se coloca de forma humilde diante algo muito maior. Trata-se de ficar maravilhado diante de algo muito maior, que faz a pessoa perceber suas próprias limitações e pequenez. 

O profeta Isaías passou por isso, quando teve uma visão de Deus. Ficou aterrorizado e disse (Isaías capítulo 6, versículo 5): 
...Aí de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei... 
Atualmente são poucas as coisas que geram reverencia nas pessoas. Por exemplo, a chegada de um filho ao mundo pode causar reverencia diante do que parece ser um milagre criador. A morte de alguém também gera reverencia porque nos coloca frente a frente com nossa própria limitação. Finalmente, a contemplação da natureza também costuma gerar reverencia porque nela vemos a grandiosidade do Criador.

Todas essas situações - nascimento, morte e contemplação da natureza - apontam para Deus. E isso faz todo sentido porque nada deve causar mais reverencia do que a presença dele. Foi exatamente isso que o profeta Isaías expressou ao dizer: Aí de mim, porque vi a Deus!

Vivemos atualmente numa cultura onde são reverenciadas coisas como fama, dinheiro e poder, que nada têm a ver com Deus. São essas as coisas que realmente importam para as pessoas hoje em dia.

Além disso, as pessoas passaram a ter comportamento informal demais. Deixaram de se preocupar com a presença do Sagrado - entram e saem das igrejas como se estivessem em qualquer outro lugar. Conversam, contam piadas, ficam distraídas, etc. E um sinal claro disso é o fato que as maravilhosas catedrais centenárias da Europa viraram centros de turismo, com hordas de pessoas andando para cá e para lá, tirando fotos, brincando, etc. O que menos preocupa as pessoas é a presença de Deus.

Reverencia verdadeira requer atenção aos detalhes e para isso é preciso ter tranquilidade. Ter tempo. E as pessoas parecem não conseguir fazer isso. Vivem com tanta pressa que nem prestam atenção no que está no seu entorno, exceto talvez no seu celular.

A liturgia dos serviços religiosos, como os cultos, procura justamente quebrar o ritmo normal de vida e obrigar as pessoas a se comportarem de modo diferente. Por isso a liturgia costuma ter um ritmo próprio, mais lento, e dá importância a detalhes - como a decoração, a ordem na qual as coisas são ditas, etc. Os detalhes se tornam importantes. 

Infelizmente, sob a desculpa de tornar a liturgia mais "moderna", a prática vem mudando para se adaptar à "falta de tempo" das pessoas, á sua impaciência. Assim, as cerimônias tornaram-se mais curtas, mais despojadas, mais diretas e mais informais. Mas, também ficaram menos reverentes e provavelmente menos relevantes.

A capacidade de sentir e reverenciar a presença de Deus é mais um sinal importante da sua saúde espiritual. Se você não consegue se sentir extasiado diante de algo infinitamente maior e mais importante do que você, se sua atitude não muda quando ora, louva ou jejua, algo está faltando na sua vida espiritual. Algo não está indo bem. 

Afinal, a presença de Deus e a reverencia sempre andam sempre juntas. Uma nunca aparece sem a outra. A reverencia é um sinal importante. E se a reverência não se faz notar, é porque não há conexão com Deus.

Com carinho

sábado, 22 de junho de 2019

A LUTA CONTRA O AUTO-ENGANO


Auto-engano é o processo pelo qual as pessoas se iludem quanto a quem são de fato. Todo mundo se auto-engana, portanto, fazer isso, em alguma medida, é da ordem natural das coisas. 

O processo mental que leva ao auto-engano tem dois lados: um bom (imprescindível até para a saúde mental das pessoas) e outro ruim. Quando o lado ruim cresce muito e predomina, como acontece na vida de muita gente, os problemas se multiplicam. É o que vou discutir a seguir:

O lado bom do auto-engano
O auto-engano funciona como uma forma de auto-proteção. As pessoas usam esse "mecanismo" para fugir das coisas difíceis, aquelas que não conseguem enfrentar. E um excelente exemplo é a morte. As pessoas não conseguem pensar nessa realidade inevitável. E se fizessem isso, provavelmente ficariam muito deprimidas. Assim, elas se auto-enganam e vivem como se a morte não fosse acontecer e até fazem piada sobre ela. 

O auto-engano também faz com que as pessoas acreditem ser capazes de fazer coisas que normalmente não estariam ao seu alcance. E isso leva as pessoas algumas vezes a praticar verdadeiras proezas. Por exemplo, em novembro de 2007, no município de Palmeiras (SC), o menino Riquelme dos Santos, de cinco anos, vestindo uma fantasia do Homem Aranha e se sentindo um super-herói por causa disso, resgatou um bebê de dez meses de dentro de uma casa em chamas.

Mas, infelizmente, o auto-engano costuma ter um lado muito negativo, que pode gerar consequências muito ruins. Vejamos alguns exemplos disso:

Um lado ruim do auto-engano: avaliar-se de forma irreal
O primeiro tipo tipo de situação ruim relacionada com o auto-engano ocorre quando as pessoas pensam ser melhores do que são de fato. Isto é, quando a avaliação que fazem de si mesmas está muito longe da verdade.

Na prática, todo mundo tem uma avaliação de si mesmo/a melhor do que a realidade. Por exemplo, uma pesquisa do jornal "O Globo", de março de 2008, pediu aos entrevistados que dessem uma nota para si mesmos no quesito “respeito aos direitos humanos”. Em seguida, foi pedido que as pessoas dessem uma nota para o “brasileiro médio”. 

Do ponto de vista científico, o resultado esperado era que a média dos dois conjuntos de notas (dadas pelas pessoas para si mesmas e para o “brasileiro médio”) deveria se aproximar muito. Mas, como as pessoas pensam ser melhores do que verdadeiramente são, 60% dos entrevistados deram para si mesmos notas entre 9 e 10, enquanto apenas 17% atribuíram essas notas para o “brasileiro médio”.

Agora, quando a diferença entre o mérito que a pessoa acha ter e a realidade se torna significativa, o problema pode se tornar sério. Por exemplo, é comum as pessoas se auto-enganarem ao acharem não ter muitos pecados ou, no máximo, cometer pecados leves. Bem lá no fundo, pensam não precisar se arrepender muito e/ou ter mérito acumulado junto a Deus. Pensam que está tudo certo, quando não está. 

E para reforçar esse sentimento frequentemente criam desculpas para acalmar suas próprias consciências e/ou manter uma boa imagem no meio social em que vivem. Por exemplo, elas se convencem que, ao cair em certa tentação, não causaram tanto mal assim. Cometeram um erro bem intencionado ou um pecadilho. 

Outro tipo de desculpa comum é afirmar não ter tempo para se dedicar às coisas de Deus como gostariam. Essas pessoas se imaginam muito ocupadas com coisas que são muito mais importantes. Em outras palavras, elas dão a Deus prioridade baixa nas suas vidas e nem se dão conta disso. 

Outro lado ruim do auto-engano: dar-se importância demasiada
Muitas pessoas se acham mais importantes do que são. Imaginam ser imprescindíveis para a obra de Deus e/ou deter o verdadeiro conhecimento sobre Ele. Um bom exemplos é o fanático religioso que pensa conhecer melhor do todos a verdadeira “vontade” de Deus. E como a vontade de Deus deve prevalecer, essa tipo de pessoa pensa estar justificada em assumir qualquer atitude para garantir que essa vontade prevaleça. Vale crítica, ameaças e até cometer violência. 

Foi exatamente assim que o apóstolo Paulo agiu, antes de se converter ao cristianismo. Ele foi um dos líderes de uma terrível perseguição movida aos cristãos, que resultou na morte de diversas pessoas, dentre as quais o diácono Estevão. Paulo agiu dessa forma por entender que os cristãos eram hereges. Pensava que era preciso proteger a "fé verdadeira" e aí se sentiu à vontade para cometer barbaridades.

Outro lado ruim do auto-engano: colocar a esperança em coisas erradas 
Há dois tipos de engano que se somam. Um deles é que determinada coisas têm poder emanado de Deus. E o outro é ser possível manipular as bênçãos e o favor de Deus.

Há quem acredite em simpatias para trazer boa sorte ou siga rigorosamente o que diz seu horóscopo. Conheço um homem que, para trazer sorte, sempre passa seu aniversário no local estabelecido pelo seu astrólogo. Assim, a cada ano, viaja para um país diferente. Essa pessoa dá poder a algo que não tem qualquer influência real na sua vida, mas ela se auto-engana pensando estar protegida.

No meio cristão, é muito frequente o recurso a relíquias de pessoas consideradas santas, a água do rio Jordão, o solo da Terra Santa e assim por diante. As pessoas pensam que esse tipo de coisa de alguma forma canaliza o poder de Deus. Mas, Deus não atribui seu poder a coisas terrenas. 

O que vemos na Bíblia é a contínua manifestação dos profetas contra o uso religioso de ídolos e artefatos construídos pelas mãos humanas. Alguém poderia perguntar: mas, não havia poder na arca da Aliança? Sim, havia poder aí, mas o poder não era da arca e sim do fato que Deus se fazia presente nela. Sem esse presença, a arca seria um objeto como outro qualquer.

E, ainda que algum objeto tivesse poder, nunca se poderia imaginar que seu uso poderia concorrer para manipular Deus, atraindo seu favorecimento e/ou suas bênçãos. Deus não é uma pessoa que pode ser enganada ou influenciada. As pessoas nunca deveriam esquecer com quem estão lidando: um ser de poder e majestade inacreditáveis.

A luta contra o auto-engano
Acho que esses exemplos são suficientes para demonstrar como o auto-engano é perigoso na vida das pessoas e que é importante lutar contra ele. Agora, não se iluda: essa é uma luta difícil. Trata-se de uma batalha diária. 

A primeira coisa a fazer é tomar consciência do problema, coisa que procurei ajudar a fazer com este texto. E a segunda é convocar a ajuda do Espírito Santo. Sem Ele, não é possível vencer essa luta e a derrota será certa. 

O Espírito Santo é quem acompanha você diariamente e fala à sua mente toda vez que você se desvia do caminho certo. Ele é como uma pequena "voz" que fica incomodando. 

No famoso desenho animado "Pinocchio", essa voz incômoda é representada por um grilo falante que incomoda o boneco quando ele vai fazer algo errado. No filme, muitas vezes Pinocchio deixa de ouvir os conselhos do grilo falante e quebra a cara. Só quando ele aprende a seguir os conselhos certos é que sua vida muda para melhor.

Você precisa aprender a ouvir o Espírito Santo quando Ele alertar que você está caindo em auto-engano. Quando Ele alertar que você está pondo sua esperança na coisa errada, quando está adquirindo certezas que não deveria ter ou mesmo criando desculpas esfarrapadas para seus erros.

Mas, isso só vai acontecer quando você adquirir intimidade com Deus, quando construir uma relação sincera e profunda com Ele. Há uma outra postagem aqui no site onde explico como fazer isso em detalhe (veja mais).

Com carinho

quinta-feira, 20 de junho de 2019

FALE DA SUA DOR

Todo mundo tem dor. Seja cristão, ou não cristão, a situação é sempre a mesma. Certa hora a dor chega e será preciso lidar com ela. Mas, a diferença está na forma como se lida com esse tipo de situação. Aí o cristianismo pode fazer toda a diferença.

Esse é o tema do mais novo vídeo da pastora Carol e a Alícia. Elas discutem diversas formas de reagir ao sofrimento, de lidar com a dor. Desde os adolescentes que se auto mutilam, até os adultos que usam drogas ou bebida.

Mas, é importante entender que crentes têm dor sim. Eles sofrem e isso nada tem a ver com falta de fé. Afinal, Jesus também sofreu e demonstrou seu sofrimento - por exemplo, Ele chorou. Jesus demonstrou uma enorme angústia nas horas que antecederam sua prisão e chegou a suar sangue. Portanto, não há dúvida que Ele sentou o peso do sofrimento. 

E o mesmo acontece com cada cristão. Mas, a Bíblia tem resposta para o problema de como lidar com o sofrimento. Ela dá dicas sobre como enfrentar a dor. E é sobre isso que este vídeo fala - veja aqui

Veja outros vídeos recentes da pastora Carol e da Alícia aqui e aqui.

Veja o canal da pastora Carol no Instagram aqui.

terça-feira, 18 de junho de 2019

O VENENO ESCONDIDO

Eu fico muito desapontado de perceber como muitos cristãos seguem uma teologia confusa e errada. Acreditam em coisas sem qualquer respaldo bíblico e se sentem muito confortáveis com isso. E essas crenças são um verdadeiro veneno para a fé cristã.

E o pior é que essas passam tal veneno adiante, sem nem perceber o mal que podem estar causando. Vejamos um exemplos. Tempos atrás, um importante artista televisivo dos Estados Unidos, que se diz cristão, declarou o seguinte absurdo:
"Você é um filho de Deus - seja lá como isso seja definido - e fazer coisas pequenas não ajuda o mundo. Não há nada de iluminado em encolher para que as pessoas à volta não se sintam inseguras perto de você. Nascemos para manifestar a Glória de Deus dentro de nós."
Vários outros artistas consideraram essa declaração "inspirada" e a retransmitiram, usando Facebook e Twitter, ampliando o estrago. Agora, leia com cuidado o que foi dito por aquele artista, que até acredito seja uma pessoa bem intencionada. Será que você consegue perceber os erros no que foi afirmado? 

Há nessa declaração uma grande confusão de conceitos. Ela é um verdadeiro veneno espiritual. O artista começou declarando que todos somos filhos de Deus, o que não é verdade. A Bíblia diz que somos todos criaturas de Deus. Filhos e filhas dele são somente as pessoas que aceitaram Jesus como seu Salvador. Gostemos ou não, é isso que está escrito na Bíblia.

Se aceitamos a ideia que todos são filhos de Deus, o papel de Jesus fica diminuído e isso é um grande perigo. Afinal, se todos já somos filhos de Deus, para que seria preciso um salvador? 

Para parecer simpático, o tal artista deixou por conta de cada pessoa definir o que entende por "filho" de Deus. Ou seja, cabe tudo nessa salada teológica.

Não satisfeito, o artista foi em frente e declarou que o importante para os cristãos é fazer coisas relevantes, isto é coisas grandes e importantes. Disse também que os cristãos não podem se encolher com medo que as outras pessoas se sintam incomodadas com aquilo que vierem a fazer.

E aí há outro erro sério, talvez fruto de um ego inchado, como é comum entre artistas. Jesus ensinou que quem quiser ser grande aos olhos de Deus precisa se fazer pequeno. Servir, ao invés de ser servido. Ensinou também que as pequenas coisas têm grande importância, tanto assim, que nem um copo d´água, dado com amor, ficará sem a devida recompensa.

Uma mãe acalentando o filho, um pai fazendo o dever de casa com a filha, uma pessoa levando cestas básicas para gente carente ou mesmo um pastor visitando uma mulher no seu leito de morte, para levar-lhe consolo, são pequenos gestos, mas tudo isso têm enorme valor aos olhos de Deus. E é através de atos desse tipo que as pessoas são convertidas, discipuladas no caminho certo, atendidas e consoladas.

Grandes realizações são importantes, mas elas normalmente só acontecem em ocasiões muito especiais. Não fazem parte do dia-a-dia do cristão. O próprio Jesus passou a maior parte do seu ministério nas estradas, ensinando moradores de vilarejos minúsculos. Ele não realizou grandes milagres, daqueles que emocionaram multidões, todos os dias. O grosso do seu trabalho foi miúdo, cansativo e não teve qualquer charme. Exatamente como deve ser o trabalho diário das pessoas dentro das igrejas cristãs.

No final da sua declaração, o tal artista afirmou que nascemos para demonstrar a glória de Deus, outra enorme confusão teológica. A glória de Deus pode sim ser manifestada através de nós, através daquilo que fazemos. Mas, ela fica realmente aparente na natureza, que é sua criação. A beleza e a complexidade da natureza falam de forma eloquente sobre a glória de Deus. 

Nós não fomos criados com o objetivo de manifestar a glória de Deus. Nossa razão para existir é ser objeto do amor d´Ele e retribuir isso, especialmente através do nosso louvor.

Concluindo, declarações que parecem bonitas e inspiradoras podem ser muito perigosas. Podem ter veneno fica escondido em meio a ideias que parecem simpáticas e verdadeiras. E elas são perigosas porque levam a ações erradas. Geram um relacionamento distorcido com Deus e o próximo.

Então, tenha cuidado quando encontrar esse tipo de coisa por aí.

Com carinho

domingo, 16 de junho de 2019

ESQUECIDO POR NOSSA CAUSA

Ser esquecido pelos amigos é uma coisa muito dura, especialmente quando isso acontece nos momentos difíceis da vida. Mas, até Jesus passou por isso. 

Pouco antes de ser preso, e levado para a casa do sumo sacerdote Caifás, Jesus foi orar no jardim do Getsêmani, que fica no pé do monte das Oliveiras. Ali Jesus orou muito, pedindo ajuda a Deus, pois estava em grande sofrimento. Afinal, Ele sabia a enormidade do sofrimento que iria enfrentar pouco mais adiante.

E Jesus levou para lhe fazer companhia, nesse momento de extrema dor, os três discípulos mais próximos dele: Pedro, João e Tiago. E pediu aos discípulos que se juntassem a Ele em oração. Que vigiassem com Ele, naquele momento de extrema angústia. Mas, não adiantou nada, pois os discípulos dormiram. Jesus foi esquecido por eles, essa é a grande verdade.

Os estudos científicos mostram que a presença dos amigos e familiares, nos momentos de maior dor, ajuda a pessoa a enfrentar o sofrimento. Essa presença torna as coisas menos difíceis. E isso explica porque Jesus levou seus maiores amigos com Ele para o Jardim do Getsêmani. 

Mas, não adiantou nada, pois Jesus foi esquecido. É sobre isso que falo no meu mais novo vídeo - veja aqui.

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sexta-feira, 14 de junho de 2019

APRENDENDO A AMAR A DEUS

Amar a Deus de todo coração e entendimento, como a Bíblia ensina, não é tarefa simples. Afinal, trata-se de construir um relacionamento com um Ser especial: é um espírito e possui características muito diferentes das nossas. 

Então, como fazer para aprender a amar a Deus? Vou começar a resposta recorrendo a uma metáfora. Imagine que dois jovens (João e Maria) se conhecem e demonstram interesse um pelo outro. Como é normal, começam seu relacionamento de forma exploratória. Encontram-se algumas vezes para conversarem e se conhecerem melhor, fazem alguns programas juntos e assim por diante. E vão construindo seus laços afetivos aos poucos.

Nesse processo vão juntando informações sobre as duas famílias, sobre o passado amoroso de cada um, os gostos individuais (comida, música, lazer, etc), os sonhos, as convicções religiosas e até o time de futebol preferido dos dois. Tudo isso vai ajudar a cada um dos dois a compor um quadro mental sobre quem é a outra pessoa, com quem está tentando se relacionar.

Agora, imagine que João, embora tenhas boas intenções, diga para Maria: "Não vamos perder tempo com toda essa conversa para tentar nos conhecer. Vamos aproveitar nosso tempo de outra forma, mais produtiva". Como você acha Maria iria reagir? Tempos atrás fiz uma pesquisa com várias moças que conheço fazendo para elas essa mesma pergunta. Todas, sem exceção, disseram que não concordariam com tal tipo de proposta. E a razão é simples: o conhecimento sobre a outra pessoa é imprescindível para construir um bom relacionamento. Em outras palavras, amor e conhecimento andam juntos. É preciso conhecer a outra pessoa para que o amor por ela possa crescer e se solidificar. 

Agora, como você pode imaginar que vai conseguir amar a Deus se não o conhece de fato? Vamos supor que você somente saiba sobre Ele aquelas coisas bem básicas: Deus é um Ser eterno, onipotente, onisciente, etc. Ora, isso é pouco. Muito pouco. Saber somente isso sobre Deus seria igual a Maria, a moça do meu exemplo, conhecer apenas a idade, o estado civil e onde João mora. Ela precisa saber muito mais para conhecer João de verdade.

E assim também deve ser com Deus. O conhecimento real sobre Ele precisa incluir, por exemplo, a noção sobre o que Ele gosta, ou não gosta, em você, o que o alegra e assim por diante. 

Mas, como juntar esse conhecimento? Há duas fontes para obter as informações necessárias, que se complementam entre si. A primeira delas é a Bíblia. Existe nesse livro um tesouro de informações sobre Deus, que foram contadas (reveladas) por Ele mesmo para diferentes pessoas.

É claro que a Bíblia não contém tudo que se pode saber sobre Deus e nem poderia, pois Ele é um Ser infinito. Até porque há coisas que Deus não nos revelou, o que chamamos de mistérios. Mas, a Bíblia guarda informações suficientes para você poder construir um relacionamento sólido com Deus.

Porém, não se esqueça que você só vai conseguir essas informações se estudar o texto da Bíblia e ouvir pregações e palavras com base nela. 

A segunda fonte de informação sobre Deus é o Espírito Santo, que fala diretamente com você. Trata-se daquela "pequena voz" que fala à sua consciência, advertindo, incomodando e cobrando. É o Espírito Santo que lhe diz se você está caminhando na direção certa, se está agradando a Deus. 

Mas, uma conexão forte com o Espírito Santo somente pode ser estabelecida com quem pediu para que Ele estivesse presente na própria vida. Esse é o pré-requisito básico. Isso é conseguido quando uma pessoa se converte e decide seguir nos caminhos de Deus.

Concluindo, se você quer aprender a amar a Deus, trate primeiro de conhecê-lo. Não perca nenhuma oportunidade de estudar a Bíblia e refletir sobre ela. E peça a presença do Espírito Santo na sua vida. E sempre se mantenha aberto(a) e receptivo à sua voz.

E será a partir desse conhecimento de Deus, que você poderá então ir construindo, passo a passo, uma relação real e forte com Ele. E isso irá transformar sua vida. Pode ter certeza.

Com carinho

quarta-feira, 12 de junho de 2019

FLERTANDO COM O OCULTISMO

Ninguém sabe com certeza como será seu futuro, dentro da ordem natural das coisas, exceto se receber uma revelação sobrenatural, como uma profecia. O futuro está oculto para nós.

E isso causa ansiedade às pessoas, pois elas querem ter certezas e controlar seu futuro. Elas queremos evitam, ou pelo menos limitar, as coisas ruins e garantir que coisas boas aconteçam mesmo.

Deus fala sobre o futuro de duas formas. A primeira delas é através de revelações feitas na Bíblia. O texto bíblico está cheio de revelações sobre o futuro - por exemplo, o livro do Apocalipse trata quase exclusivamente de como será o final dos tempos. Mas, as pessoas não dão muito valor para essas informações pois os fatos ali tratados parecem muito distantes. As revelações do Apocalipse são genéricas, valendo para a humanidade como um todo. As pessoas anseiam mesmo é por saber sobre o que vai acontecer individualmente com elas.

A outra forma de saber sobre o futuro é através de profecias individuais. São revelações de Deus relacionadas com o futuro específico de uma ou mais pessoas. E Deus usa profetas - pessoas que têm certo dom espiritual - para mandar essas mensagens. Eu mesmo já recebi diversas profecias e todas se cumpriram fielmente.

Agora, as profecias aparecem apenas quando Deus quer. Elas vem no tempo e de acordo com a vontade d´Ele. E isso não satisfaz muita gente. Essas pessoas querem saber sobre seu futuro no seu próprio tempo e de acordo com sua vontade. 

Por isso, a ansiedade sobre o futuro permanece para muita gente. E esse vazio existencial acaba sendo preenchido por práticas como carta de tarô, jogo de búzios, consulta a horóscopo, conversas com espíritos de mortos, etc. Esses práticas têm por objetivo dar às pessoas acesso às informações que desejam, relacionadas com seu futuro. E como o futuro está oculto, essas práticas são conhecidas como ocultismo. E participar desse tipo de prática é o que chamei de flertar com o ocultismo. 

É surpreendente perceber quantas pessoas que se dizem cristãs frequentem cartomantes, adivinhos/as ou ou consultam espíritos de pessoas mortas. É comum também a prática de "simpatias" as mais diversas para afastar mau olhado e trazer sorte. Tem gente que acredita no poder dos cristais ou seguem fielmente os horóscopos.

E acham que não há qualquer mal em fazer isso, pois elas não fazem isso com má intenção. Não querem prejudicar ninguém ou mesmo buscar obter vantagens indevidas. O problema é que há sim perigo em flertar com o oculto.

A razão para o perigo
O ocultismo não é um caminho sancionado por Deus. E a Bíblia é clara quanto à proibição das práticas ocultas (ver Deuteronômio capítulo 18, versículos 10 a 12).

Raciocine comigo: se essas práticas não são sancionadas por Deus, quando alguém recebe uma revelação sobre o futuro por meio do ocultismo, de onde essa informação veio? Não pode ter vindo do próprio Deus. 

Por mais que a gente relute em aceitar isso, se a informação não veio de Deus, isso não pode ser uma coisa boa. E é aí que mora o perigo. É expor-se a grande risco. 

Muita gente boa pratica o ocultismo por ignorância ou mesmo por estar iludida. Muitas pensam até estar praticando o bem. E precisamos ter amor por essas pessoas, respeitando-as e tratando-as com dignidade. 

Bíblia é bem clara ao ensinar que a "luta" dos/as cristãos/ãs não é contra "carne e sangue", as pessoas que seguem caminhos errados. Nossa luta é contra as "divindades e potestades", as forças más que estão por trás dessas práticas (Efésios capítulo 6, versículo 12). Nunca devemos nos voltar contra as pessoas e sim contra as práticas do ocultismo. São elas que precisamos combater e evitar.

Concluindo, nunca flerte com o oculto, nem mesmo através de coisas que pareçam ser bobas e inofensivas. Mantenha sua mente e prática de vida distantes desse tipo de coisa. Será muito melhor para você.

Com carinho

segunda-feira, 10 de junho de 2019

DEUS ESCREVE CERTO POR LINHAS TORTAS?


Será que Deus escreve certo por linhas tortas? Muita gente pensa assim e vamos discutir o que há de verdade nesse ditado popular.

Cerca de 40 anos após a morte e a ressurreição de Cristo, um médico convertido ao cristianismo, chamado Lucas, resolveu fazer um relato sobre os aspectos mais importantes da vida terrena de Jesus. Essa ideia não era uma ideia nova, pois outras pessoas, como João Marcos e Mateus, já tinham produzido relatos similares. 

Lucas foi o único autor não judeu (gentio) da Bíblia e ele introduziu uma novidade importante no relato que fez: dividiu seu texto em duas partes, sendo a primeira delas voltada a contar a vida de Jesus (o Evangelho de Lucas), enquanto a segunda parte fala do início da história cristã (Atos dos Apóstolos). Veja como ele começou os seus dois livros:

“...a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em que fostes instruído.” Lucas, capítulo 1, versículos 1 a 4
"Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando todas as coisas que Jesus começou a fazer e ensinar até o dia em que, depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas..." Atos dos Apóstolos, capítulo 1, versículos 1 e 2
A contribuição magistral de Lucas foi entender que uma percepção mais ampla dos ensinamentos básicos do cristianismo somente seria obtida ao olhar não somente para aquilo que Jesus viveu e ensinou, mas também para os frutos do seu ministério, ou seja, a igreja cristã.

Lucas dedicou os dois volumes da sua obra a um homem chamado Teófilo, conforme comprovam as citações acima. Teófilo devia ser homem importante - vem daí o tratamento de “excelentíssimo” dado por Lucas.

Lucas tinha uma mente organizada, fruto da sua formação como médico, e quis fazer “uma exposição em ordem" dos fatos para dar a Teófilo entendimento pleno sobre o que tinha acontecido. E também para que esse homem tivesse "plena certeza das verdades em que fora instruído”. Esta declaração nos permite concluir que Teófilo já tinha sido discipulado na doutrina cristã, mas ainda guardava dúvidas, coisa normal.

Teófilo é um nome grego e quer dizer "amigo de Deus". Provavelmente, ele também não era judeu, mas sim um dos muitos gentios que se aproximaram do judaísmo e aceitaram Jesus, como Salvador.

Teófilo devia conhecer bem os ensinamentos da filosofia grega. Ora, na visão filosófica grega não havia espaço para o conceito de ressurreição, conforme pregava o cristianismo. O apóstolo Paulo esbarrou exatamente nessa dificuldade quando pregou em Atenas (Atos dos Apóstolos capítulo 17, versículos 32 a 34).

O texto de Lucas não explicita isso, mas provavelmente era essa a raiz das dúvidas de Teófilo. Curiosamente, a Bíblia não conta se Teófilo superou suas dúvidas e tornou-se um cristão convicto. Mas se levarmos em conta a qualidade dos textos que Lucas produziu, as chances dessa conversão ter ocorrido são muito boas.

Essa história nos permite refletir sobre os planos de Deus: eles vão muito além da nossa percepção e imaginação. O verdadeiro legado de Lucas não foi tirar as dúvidas de Teófilo e ajudar a convertê-lo. O fruto verdadeiro da sua obra foi muito além disso. O conjunto de livros que ele escreveu tem servido de fonte de ensinamentos inesgotáveis para bilhões de cristãos, ao longo da história.

Lucas foi inspirado por Deus para escrever um texto cujo objetivo parecia ser ajudar um homem com dúvidas e a obra que ele escreveu alcançou uma importância poderia ter imaginado. Os planos de Deus nunca podem ser inteiramente alcançados pelas mentes humanas.

Sendo assim, o ditado popular que citei no começo deste texto deveria ser reescrito. "Deus escreve certo por linhas aparentemente tortas". As linhas traçadas por Deus só parecem tortas porque não conseguimos entender aquilo que Ele quer fazer. Onde quer chegar. E como vai fazer para atingir seus objetivos. 

Assim, foi com Lucas e assim acontece com você ou comigo. Deus pode usar cada pessoa de maneira absolutamente inesperada.

Com carinho

sábado, 8 de junho de 2019

NÂO É PARA VOCÊ


Não é para você. Este é o tema do mais novo vídeo do Rogers. Nele, o Rogers fala sobre uma grande verdade: a obra de Deus é feita como uma cadeia de atividades. cada atividade é um elo da cadeia. Eu faço determinada coisa, mas os frutos da minha ação somente vão ser colhidos e ampliados mais adiante, normalmente por outras pessoas.

E foi assim que aconteceu com Davi. Foi esse rei que teve a ideia de fazer um Templo para colocar a arca da aliança. Mas, não foi ele quem pode desenvolver essa construção. Davi fez todo o trabalho preparatório - tomou a decisão, arrumou o local, juntou recursos e assim por diante. Mas, a iniciativa somente veio a frutificar, com a efetiva construção do Templo, nas mãos de seu filho, Salomão. E foi Salomão que acabou passando para a história como o construtor do Templo em Jerusalém.

Mas, isso não importa na obra de Deus. O importante é cada um/a de nós fazer sua parte. Não é importa se o resultado não for para você. Dê sua contribuição, com toda a dedicação e sinceridade. E, lá na frente, os frutos da obra feita vão realmente ficar visíveis.
É sobre isso que falo no meu mais novo vídeo - veja aqui.
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quinta-feira, 6 de junho de 2019

O QUE EU FAÇO COM AQUILO QUE NÃO QUERO DE FAZER?

Ser cristão envolve fazer uma série de coisas que passam a ser obrigatórias, de acordo com a doutrina cristã estabelecida. Por exemplo, ler a Bíblia, ir à igreja, orar, perdoar, dar o dízimo e assim por diante. Mas, como eu faço para aprender a gostar de fazer coisas que não quero fazer? E essa dúvida vale para todos nós, tanto para mim, como também para você.

Então, como aprender a gostar de fazer coisas com as quais não se está acostumado/a e, portanto, ainda não são hábitos de vida? Em outras palavras, como promover uma mudança de hábitos na própria vida? Esse é um enorme desafio.

Mas, vencer esse desafio é uma coisa que todo cristão precisa conseguir fazer. É preciso incorporar à vida novos hábitos, estabelecidos pela doutrina, bem como, eliminar completamente hábitos já estabelecidos, mas que não são compatíveis com uma vida cristã verdadeira. 

E é sobre isso que a pastora Carol e a Alícia falam no seu mais novo vídeo: como aprender a gostar de coisas que, a princípio, eu não quero fazer? Veja aqui.
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terça-feira, 4 de junho de 2019

LIDANDO COM O ESGOTAMENTO ESPIRITUAL

Hoje vou falar sobre uma coisa muito importante, que pode acontecer na vida de qualquer cristão: esgotamento espiritual.

Certa vez, conversei com uma senhora que residia numa favela próxima à igreja que eu frequentava. Ela tinha acabado de perder tudo que tinha num incêndio criminoso. E estava passando por esse infortúnio pela segunda vez na sua vida. 

Durante nossa conversa, sentados numa sala vazia da igreja, aquela mulher confessou estar cansada de lutar. Sua família tinha levado muito tempo para conseguir se recuperar do primeiro incêndio e agora perdia tudo de novo. Ela me contou ter a sensação de haver escalado uma montanha alta, com grande dificuldade. E quando chegou no topo e pensou ser hora de descansar, percebeu haver à sua frente outra montanha, ainda maior, a ser conquistada. E, como seria natural, perdeu o rumo. Sentiu um enorme cansaço. E sua fé em Deus ficou abalada, pois lhe pareceu ter sido esquecida por Ele.

Esse tipo de situação é muito comum. Muito mais do que você possa imaginar. Eu mesmo já passei por isso. Por isso acho que vale a pena discutir o que fazer quando esse tipo de cansaço bate às nossas portas.

Esgotamento espiritual
Esgotamento espiritual é exatamente esse sentimento de cansaço e a percepção que a própria fé está sendo testada além dos limites do razoável. É ainda o sentimento que a própria fé não será suficiente para escalar a próxima "montanha", vencer o próximo desafio.

Eu me senti assim cerca de 20 anos atrás. Lembro-me de ter dito para meu pai, numa tarde em que ficamos conversando no escritório dele: "pai, tem problema demais e Vinicius de menos".

Algumas coisas me ajudaram a sair daquela situação, como os conselhos do meu pai. E também estudar o caso do profeta Elias, que passou exatamente pelo mesmo tipo de problema. 

Na época de Elias, Israel era governado por um rei infiel a Deus, que permitiu a proliferação do culto pagão a Baal, professado pela sua esposa, Jezebel. Esse profeta precisou enfrentar sozinho cerca de 400 sacerdotes de Baal, num evento público, ocorrido no monte Carmelo. Foi uma batalha espiritual de grandes proporções e Elias venceu (1 Reis capítulo 18, versículos 20 a 43).

Assim que acabou aquela batalha, Elias foi informado que a rainha Jezebel tinha jurado matá-lo. E percebeu que seus problemas não tinham acabado. Tornarem-se maior ainda. E o esgotamento espiritual chegou na sua vida.

Elias fugiu para a região do monte Sinai. E estava tão exausto que nem queria comer. Foi preciso que Deus mandasse anjos trazer-lhe comida. Aí Deus falou com Elias, de forma amorosa, consolou-o e mandou-lhe ajuda, na pessoa do profeta Eliseu (1 Reis capítulo 19).

Ensinamento para nossas vidas
Jesus falou sobre esse tema e seu ensinamento vale para todos nós:
Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Mateus capítulo 11, versículo 28
Jesus ensinou que somente conseguimos encontrar descanso e paz verdadeiros em Deus. Davi chegou à mesma conclusão muitos anos antes, e registrou isso no famoso Salmo 23, no versículo 4:
Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo... 
Só é possível superar o esgotamento espiritual com presença de Deus. E, para que isso aconteça, é preciso ter fé, ter confiança n´Ele. Confiança que Ele não vai nos deixar falando sozinhos. Pelo contrário, vai caminhar junto conosco ao longo de todo o nossos percurso. E já está preparando a solução para nossas dificuldades, mesmo quando ainda não percebemos isso acontecer.

É mão d´Ele que se faz presente, quando recebemos uma ajuda inesperada. Quando alguma coisa acontece para facilitar nosso caminho, para minimizar as dificuldades que experimentamos. 

E, assim como aconteceu, pouco a pouco, os problemas vão sendo resolvidos. Vão diminuindo de tamanho e ficando para trás. Essa foi a experiência de Elias. Foi a minha também, anos atrás. E certamente será a sua, caso você escolha depositar sua confiança em Deus.

Com carinho