quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

O DESEJO DE VINGANÇA

A mim pertence a vingança e a retribuição. No devido tempo... Gênesis capítulo 32, versículo 35
Tempos atrás a sociedade brasileira foi surpreendida com a revelação que um grupo de homens infectados com o HIV (o vírus da AIDS), buscou propositalmente contaminar outros homens. Fizeram isso como forma de vingança, por estarem revoltados por terem sido contaminados. 

O recente desastre relacionado com o rompimento da barragem da Vale do Rio Doce, em Brumadinho, também despertou muitos chamados de vingança.

E esse é um sentimento comum entre os seres humanos. Vingança é a vontade de retribuir o mal com ações que também venham a causar mal a quem causou o problema. Mas, às vezes, o sentimento de revolta é tão grande que a retribuição nem precisa ser dirigida contra quem causou o mal. Vale também atingir qualquer outra pessoa, como uma forma de desabafo. E foi isso que aconteceu no caso dos homens contaminados com HIV. 

Debatendo essa questão com um amigo, ele me fez uma pergunta interessante: não seria o mandamento "olho por olho, dente por dente" (Deuteronômio capítulo 21, versículo 24), uma forma de vingança? Em outras palavras, não estaria a Bíblia sancionando a vingança? 

Acredito que não. Na verdade, o mandamento "olho por olho" precisa tem outra interpretação. E, para fazer isso, precisamos examinar o contexto em que esse mandamento foi dado, ou seja, no início do Velho Testamento.

Naquela época, na maioria das sociedades, não havia ainda governo central organizado para garantir a aplicação da justiça. O que prevalecia era basicamente a lei do mais forte. Cada tribo e família, enfim cada grupo social, precisava se fazer respeitar, caso contrário vidas e propriedades dos seus membros corriam risco, ao atraírem a cobiça de grupos rivais. Só o medo da retaliação costumava trazer alguma segurança. 

Por causa disso, os grupos sociais, sempre que eram atingidos por algum mal causado por terceiros, costumavam retribuir de forma excessiva - por exemplo, se um membro de uma tribo era morto por pessoa de outro grupo social, a tribo ofendida, se pudesse, matava cinco pessoas da tribo do agressor. O respeito era imposto simplesmente pelo terror. 

É nesse contexto que o mandamento "olho por olho" precisa ser analisado: trata-se de uma orientação para retribuir o mal de forma justa, ou seja, de maneira proporcional à ofensa sofrida. 

Além disso, a retaliação tipo "olho por olho" precisava atingir apenas quem praticou o mal original. Portanto, a ação dos homens HIV positivos, que eu citei acima, nunca seria sancionada, pois ela trouxe revanche em quem não tinha causado mal aos homens contaminados. 

Na prática, o mandamento bíblico do "olho por olho" já foi um grande avanço em relação à prática social anterior. E isso nada tem a ver com sancionar a vingança - o objetivo foi avançar, estabelecendo uma prática social mais justa. 

Com a evolução das sociedades, a humanidade tornou-se preparada para evoluir além do "olho por olho". E, pouco mais de mil anos depois, Jesus trouxe abordagem inteiramente nova para a questão da retribuição do mal, baseada no perdão e na misericórdia (Mateus capítulo 5, versículos 38 a 42). 

Isso não quer dizer que todos os cristãos concordem e pratiquem esse ensinamento de Jesus. Mas esse passou a ser o caminho orientado por Deus. E nada mais distante da vingança do que a misericórdia e o perdão. 

Portanto, o cristão não pode pensar em vingança. Pode, e deve, se proteger contra as más ações das outras pessoas, ou seja, prevenir o mal, mas nunca pensar em retribuir o mal recebido, mesmo que fosse na mesma proporção.

Agora, é preciso entender que todo o mal será reconhecido e punido por Deus. É sobre isso que fala o versículo que abriu esta postagem. A retribuição divina virá, não há qualquer dúvida, e pode vir ainda nesta vida ou mais adiante, quando do julgamento final. Disso você pode ter certeza.

Com carinho

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

CUIDADO! HÁ PODER EM SUAS PALAVRAS

Suas palavras têm poder. Nunca se esqueça disso. E isso não sou eu quem digo: é um ensinamento da própria Bíblia.

Conheci um homem que viveu em permanente conflito com seu filho mais velho por muitos anos. Esse homem era muito rígido e bastante autoritário por causa da sua formação militar. E não aceitava que o filho fosse diferente do padrão que ele tinha idealizado. Daí o conflito.

E sempre que podia, ele demonstrava seu desagrado com o filho, chamando o rapaz, quando menino e adolescente, de burro e outras coisas ruins e afirmando que o filho nunca seria mais do que um simples carroceiro. 

É claro que o rapaz teve enormes dificuldades ao longo da sua vida estudantil e depois profissional, que somente foram superadas à custa de muita terapia, oração e sofrimento. E algumas marcas feitas pelo pai nunca foram apagadas. Penso que é um milagre que esse filho não tenha se perdido ao longo da vida. 

Infelizmente, esse tipo de situação é muito mais comum do que se pensa. Já presenciei esse tipo de coisa várias vezes, em alguns casos de forma mais sutil, mas sempre com efeitos devastadores. E o estrago causado não decorre somente da carga emocional lançada sobre pelo pai ou mãe sobre o filho ou filha atacado. Há mais, muito mais, pois também existe uma questão espiritual nesse tipo de situação.

Ocorre que pai e mão têm autoridade espiritual sobre filhos/as, tanto para abençoá-los/as, como para amaldiçoá-los/as. Vemos isso com clareza na Bíblia. E quando essa autoridade espiritual existe, profetizar coisas ruins na vida de quem é dependente espiritualmente pode trazer maldição.

E o problema não está restrito ao pai e/ou a mãe com relação a filhos/as. Qualquer pessoa que tenha alguma autoridade espiritual sobre outra - como os maridos sobre suas esposas (e vice–versa) e pastores/as sobre membros do seu rebanho - pode cometer o mesmo tipo de erro. Por isso é preciso ter muito cuidado com o que se fala, especialmente nos momentos de raiva e amargura.

Um exemplo da Bíblia que é chocante
Esse exemplo aconteceu com Jacó. Raquel era a mulher amada por ele , dentre as quatro que teve. Ela morreu muito jovem, no parto de Benjamim, seu segundo filho e o caçula de Jacó. E a raiz dessa desgraça, segundo o relato bíblico, pode estar numa maldição que Jacó sem perceber lançou sobre a esposa.

O problema começou quando Raquel roubou os ídolos domésticos do seu pai, Labão, como vingança pelo fato do pai ter dado preferência a Lia, sua irmã mais velha, para se casar com Jacó (Gênesis, capítulo 31).

Em dado momento, Jacó decidiu voltar para a Terra Prometida, pois até então tinha morado nas terras do sogro. E resolveu levar sua família (duas esposas, filhos/as e servos) e seus rebanhos. E antes de partir, Raquel roubou o pai. Quando Labão percebeu que tinha sido roubado, perseguiu os viajantes e confrontou Jacó. 

Sem saber o que tinha acontecido, Jacó mostrou-se muito ofendido e fez um juramento: que deveria ser morta a pessoa da sua família que eventualmente tivesse cometido o roubo (Gênesis capítulo 31, versículo 32). Mas nada foi encontrado por Labão, pois Raquel escondeu muito bem as imagens roubadas. Repare que Raquel não ficou sabendo do juramento de Jacó, pois estava na sua tenda com o primeiro filho (José), quando o marido falou sobre isso.

E o juramento de Jacó teve consequências catastróficas para Raquel. Ao chegaram a Betel, Jacó mandou que os membros da sua família se livrassem de todos os objetos ligados a cultos estranhos e se purificassem antes de encontrar Deus (Gênesis capítulo 35, versículo 32). A Bíblia não detalha, mas certamente foi aí que Raquel mostrou a Jacó o que havia roubado e ele ficou sabendo que, sem perceber, amaldiçoara a própria mulher. Logo após, ela deu a luz e morreu, embora o filho, Benjamim tenha sobrevivido (Gênesis capítulo 35, versículos 18 e 19).

Todo esse drama ajuda a explicar porque, cerca de 15 anos depois, Jacó ficou tão devastado com a suposta morte de José, no episodio em que os irmãos o venderam como escravo (Gênesis capítulo 37, versículo 34). Ele deve ter pensado que a maldição tinha chegado ao próprio filho de Raquel. Explica, também, porque ele relutou tanto em deixar que Benjamim fosse com os outros irmãos para o Egito, buscar comida e encontrar José (que já era o segundo homem em importância naquele país). Jacó temia que a maldição viesse a atingir também a Benjamim.

A culpa certamente acompanhou Jacó por todo o resto da sua vida. Tanto assim que, no seu leito de morte, quando Jacó abençoou os filhos de José, ele lembrou da trágica morte de Raquel (Gênesis capítulo 48, versículo 7).

Palavras finais
Há poder nas palavras que falamos, mesmo nos momentos de raiva e de forma impensada. Especialmente quando essas palavras são dirigidas contra alguém sobre quem temos autoridade espiritual, como filhos/as, esposo/a, etc.

É preciso ter muito cuidado com o que falamos. Tenha isso sempre em mente. Há poder em suas palavras.

Com carinho

domingo, 24 de fevereiro de 2019

E QUANDO A PESSOA NÃO GOSTA DE REUNIÕES DE ORAÇÃO...

Eu tinha dificuldade com reuniões de oração. Era difícil me concentrar no que estava fazendo, achava o andamento dessas reuniões pouco objetivo e, muitas vezes, tinha críticas ao conteúdo dos pedidos feitos –a meu ver, muitas vezes eram genéricos demais (do tipo “vamos orar pela paz no mundo”) ou focados em coisas que não deveriam merecer a atenção de Deus (do tipo “peço orações pelo meu cachorro”).

Mas, eu sabia que bons cristãos gostam de orar. Um bispo emérito da Igreja Metodista costuma dizer que a oração sempre está na ordem do dia, ou seja, oração deve ter prioridade. E o bispo está coberto de razão.

Eu vivia, então, uma situação conflituosa: era chamado a fazer algo importante para minha vida espiritual e não tinha motivação para fazer isso. E situações desse tipo permitem três tipos de resposta e eu precisava escolher uma delas:
Aprender a gostar de fazer aquilo que era requerido - encontrar satisfação no ato de orar.

Assumir uma posição de rebeldia, do tipo “não gosto e não faço”, e, naturalmente pagar o preço que decorreria dessa postura (críticas e perda da reputação de bom cristão).
Vestir a máscara, fingindo gostar da prática, e achar meios de fugir dela através de desculpas (falta de tempo ou outra coisa assim).

Acho que você já sabe qual opção eu escolhi: vesti a máscara por bom tempo. Eu não tinha temperamento para ser rebelde e faltava-me maturidade espiritual para assumir que tinha uma lacuna na minha vida espiritual e trabalhar para superar o problema.

E assim, por bom tempo, fiquei com minha máscara afivelada e consegui manter intacto meu “prestígio” na comunidade, mas, é claro que isso atrapalhou meu desenvolvimento espiritual – eu até podia disfarçar a verdade junto às pessoas, mas não podia enganar o Espírito Santo.

Será que alguma vez você já agiu assim em algum campo da sua vida espiritual? Será que esse cenário é familiar para você? Acredito que sim. Seu problema pode ser conseguir orar (como era o meu), ou frequentar com assiduidade a Escola Dominical, ou se motivar a ajudar os miseráveis (uma irmã me disse, certa vez, que os miseráveis estavam naquela situação porque gostavam...), ou ainda estudar a Bíblia (conforme falei em outra postagem) ou até mesmo participar atentamente dos cultos. É comum as pessoas terem problemas em pelo menos um ou mais desses campos espirituais.

Eu tive que me virar meio sozinho e superar o problema meio na base da tentativa e erro. Levou algum tempo, mas eu consegui melhorar bastante. E espero que meu depoimento ajude você a lutar para superar suas próprias dificuldades.

O que fazer para tirar a própria máscara?
Na minha experiência, há quatro passos que você vai precisar dar para superar um problema espiritual desse tipo:
  • Aceite ter o problema
  • Busque ajuda
  • Descubra as raízes da sua dificuldade
  • Elimine essas raízes uma a uma
Aceite ter o problema
Como já falamos, em aulas passadas, o primeiro passo sempre é aceitar que o problema existe, seja ele no campo da oração, do perdão, do estudo bíblico ou de outro qualquer. A tendência mais comum, antes da tomada de consciência, é ficar arranjando desculpas para justificar a dificuldade.

Uma desculpa muito comum é minimizar a situação - no meu caso, eu argumentava que oração é uma atitude passiva e eu era uma pessoa de ação, ou seja, minha própria natureza, coisa difícil de mudar, é que me afastaria da oração. Outra desculpa muito usada é esconder-se em meio à multidão, isto é, alegar que quase todo mundo tem a mesma dificuldade.

Essas desculpas me lembram do meu sargento, na época do serviço militar: quando eu chegava atrasado e dava uma desculpa do tipo “o trânsito estava ruim”, ele dizia que a desculpa explicava, mas nunca justificava, a falta cometida. E aplicava a punição devida.

Você precisa deixar as desculpas de lado e se convencer que precisa mudar e é isso que Deus espera. No meu caso, seria preciso fazer um esforço para mudar de atitude em relação à prática da oração, porque eu nunca conseguiria crescer espiritualmente sem construir um hábito forte de oração. Portanto, minha opção era mudar ou mudar.

Busque ajuda
Você não vai conseguir mudar sozinho, vai precisar de ajuda. E a primeira ajuda que você deve conseguir é a que vem do Espírito Santo. E para chamá-lo a participar da sua luta, é preciso orar e confessar a dificuldade. No meu caso, isso gerou um paradoxo: para resolver a dificuldade de orar eu precisava começar a luta... orando. As coisas de Deus parecem mesmo loucura para o mundo.

Ao fazer essa oração pedindo ajuda, não use meias palavras. Afinal, Deus já sabe mesmo tudo que vai no seu coração –não é possível posar de bom cristão com Ele. Mas a Bíblia ensina que, se você confessar sua dificuldade sinceramente, Ele é tão misericordioso que perdoar e agir na sua vida:
Se confessarmos nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. 1 João 1:9
Outra ajuda que você pode ter é buscar inspiração na experiência de outras pessoas que já passaram e venceram dificuldades semelhantes à sua – você pode encontrar esses depoimentos, por exemplo, em livros escritos por cristãos sérios. E foi isso que fiz: fui atrás de alguns livros que tratavam do tema “oração”, para aprender com a experiência dos autores. E aprendi muito: seus depoimentos me abriram os olhos para várias questões das quais não tinha a menor ideia.

Finalmente, você de buscar também a ajuda de alguma pessoa que sirva como mentor/a. Pastores/as costumam cumprir bem esse papel, mas, além deles/as, outras pessoas podem ajudar também, como algum/a amigo/a que seja mais maduro/a espiritualmente do que você e com quem você se sinta confortável em compartilhar suas dificuldades. No meu caso, eu tive ajuda de um pastor que era muito amigo meu.

E não se acanhe em pedir esse tipo de ajuda. Qualquer pessoa que venha andando pela estrada do cristianismo sabe das dificuldades enfrentadas e vai entender suas dificuldades. O mais provável é que aconteça o contrário: você venha a crescer aos olhos dessa pessoa justamente por querer evoluir na sua vida espiritual.

Descubra as raízes da sua dificuldade
O terceiro passo é identificar as raízes reais do problema, que vão muito além daquelas desculpas que você costumava dar para si mesmo e para os outros. Por exemplo, no meu caso, eu percebi que a maior dificuldade era me manter concentrado durante o ato de orar.

Outra coisa que me atrapalhava e também costuma gerar dificuldades para muitas pessoas, especialmente quando estão em público, é a preocupação em orar da forma correta. E isso acontece porque o ser humano sempre busca validação para seus atos.

Elimine essas raízes uma a uma
Identificada as verdadeiras raízes da dificuldade, o próximo passo é procurar superá-las uma a uma. E não tente fazer tudo de uma vez só, como num passe de mágica, pois as coisas não funcionam assim. É preciso tempo e paciência.

Por exemplo, eu consegui melhorar minha dificuldade de concentração seguindo algumas dicas:
  • Antes de entrar em oração, prestar atenção no que se passava na minha própria mente, isso porque, frequentemente, nem nos damos conta de estarmos distraídos. Trata-se de tomar consciência dos pensamentos que podem atrapalhar a oração, sejam eles mais simples (do tipo “eu estou com fome”) ou mais complexos (“não sei como vou pagar as contas amanhã”). Focar previamente nesses pensamentos torna mais fácil controlá-los.
  • Começar a orar da forma certa, pois é preciso pegar um bom ritmo. Se você vai fazer uma sessão de ginástica, precisa antes aquecer os músculos para que respondam adequadamente e coisa similar acontece com a oração. Por exemplo, reserve alguns momentos para ficar em silêncio, em meditação, antes de começar a orar. Sempre comece a oração colocando o foco em Deus e nunca em você mesmo/a - comece dando graças por tudo que Ele já fez na sua vida, deixando para depois os seus pedidos. Se você tiver alguma dificuldade com os pensamentos que teimam em atrapalhar sua concentração, confesse-os a Deus e peça ajuda.
Eu aprendi também algumas coisas importantes quanto à forma de orar. E a primeira delas é que a avaliação da oração que importa mesmo não é aquela feita pela pessoa ao lado na reunião de oração e sim a feita por Deus. É com Ele que é preciso se preocupar.

Aprendi também que cada pessoa tem um tipo diferente de relacionamento com Deus – umas se sentem mais íntimas dele e outras o tratam com mais cerimônia. Isso depende da cultura onde a pessoa foi criada, da trajetória espiritual dela, do seu momento na vida e assim por diante. Assim, é natural que pessoas diferentes falem com Deus de forma também diferente.

Isso significa que não há uma fórmula certa para orar, que precisa ser seguida por todo mundo. E se adotássemos esse caminho, deveríamos usar o “Pai Nosso”, a fórmula de oração ensinada pelo próprio Jesus.

Portanto, é perda de tempo fazer comparações entre a própria forma de orar e a de outras pessoas que parecem ser mais espiritualizadas.

E também aprendi a nunca tentar “importar” fórmulas de terceiros, pois elas talvez funcionam para algumas pessoas, mas provavelmente não trazem bons resultados para outras.

Finalmente, a oração deve ser uma manifestação da individualidade da pessoa, toando-se mais sincera e autêntica. E Deus sempre recebe a oração sincera e respeitosa. E somente a prática mostra a forma como cada pessoa se sente confortável falando com Deus. Então é preciso praticar a oração, sempre que possível, tanto para adquirir intimidade com Deus, como para desenvolver o próprio estilo de oração.

Espero que minha experiência inspire você a lutar com suas próprias dificuldades espirituais.

Com carinho

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

TESOURO EM VASOS DE BARRO

A Bíblia ensina que somos como vasos de barros que guardam um tesouro. E isso me faz lembrar do famoso exército de terracota, que hoje é uma das maiores atrações turísticas da China. São oito mil estátuas de barro, representando um verdadeiro exército, criadas cerca de 300 anos antes do nascimento de Jesus. Essas estátuas forma achadas por acaso e desenterradas e hoje representam um patrimônio cultural sem preço.

Assim como na China, nós também somos vasos de barro que guardam dentro de si um tesouro de grande importância: a Palavra e os ensinamentos de Deus que podem mudar vidas. Só é preciso "escavar" um pouco dentro desses vasos de barro, que esse tesouro vai aparacer.
É sobre isso que falo no meu mais novo vídeo - veja aqui.  
Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

A "ARMADURA" DE DEUS

Existe uma passagem na Bíblia que fala da armadura que protege o cristão contra a ação do Inimigo (Efésios capítulo 6, versículos 13 a 18). O símbolo de uma armadura para representar a proteção de Deus foi inspirada no equipamento que os soldados romanos usavam naquela época. Os judeus conheciam bem a armadura romana pois viam exemplares dela todos os dias. E sabiam muito bem como era eficaz.

A proteção do cristão conta com os mesmos itens que os soldados romanos usavam: cinto, couraça, sandálias, escudo, capacete e espada. E cada um tem um significado espiritual especial, que vou explicar a seguir:

O "cinto" da Verdade
O cinto era uma peça muito importante do equipamento do soldado pois nele eram pendurados a bainha da espada e um sem número de outros objetos úteis. O cinto também impedia que a túnica do soldado ficasse solta e atrapalhasse seus movimentos.

No mundo espiritual, a ligação do "cinto" com a Verdade aparece de duas formas. Primeiro, a Verdade de Deus, Jesus, é a base de tudo na nossa vida espiritual, como ocorria com o cinto na armadura romana. Depois, porque quando a pessoa abraça essa Verdade, passa a fugir da hipocrisia e das mentiras que justificam o pecado. 

A "couraça" da justiça
A couraça defendia o tronco do soldado, onde ficavam seus órgãos vitais. No mundo espiritual, a "couraça" defende os sentimentos das pessoas. E esse símbolo faz sentido porque os antigos acreditavam que sentimentos residiam no coração da pessoa. 

Mas qual é a ligação da "couraça" com a justiça? Justiça tem a ver com santidade, isto é, a ausência de pecado. O que está sendo dito, portanto, é que a pureza de sentimentos gera o comportamento correto. E isso protege a pessoa impedindo a presença permanente do mal na vida dela. 

As "sandálias" do Evangelho da paz
As sandálias precisavam ser fortes e confortáveis pois o soldado precisava de um calçado confiável para desempenhar bem suas funções.

Ora, o que traz confiança e conforto na vida do cristão? É a certeza da sua salvação, trazida por Jesus. E é essa mensagem que a Bíblia chama de boas novas, o significado da palavra evangelho no grego. 

A paz aparece nessa equação porque a salvação trazida por Jesus passa pelo perdão dos pecados da pessoa. E aí é feita a paz entre ela e Deus, antes impossível porque o pecado a afastava d´Ele. 

O "escudo" da fé
A escudo defendia o soldado de forma ativa. O capacete e a couraça eram proteções fixas, mas o escudo era móvel. E ele era usado, conforme necessário, para proteger as partes do corpo eventualmente desprotegidas ou reforçar a proteção de cabeça ou tronco. 

O "escudo" espiritual se relaciona com a fé porque é ela quem garante a presença do Espírito Santo na vida da pessoa. E somente essa presença pode defendê-la contra os ataques espirituais.

O "capacete" da salvação
O capacete protegia a cabeça do soldado. No simbolismo espiritual, o "capacete" significa a proteção da mente, isto é, dos pensamentos da pessoa. Ele é ligado à salvação porque a presença do Espírito Santo é fruto da aceitação de Jesus pela pessoa, isto é, da sua salvação. 

E a Bíblia alerta contra o perigo de não contar com essa proteção, quando a "casa" (a mente) da pessoa fica vazia. E esse vazio acaba sendo preenchido pelos pensamentos do mundo, desviando a pessoa do bom caminho. 

A "espada" da Palavra de Deus 
No livro do Apocalipse, Jesus aparece montado num cavalo branco e uma espada afiada sai da sua boca e lhe permite destruir seus inimigos (capítulo 19, versículos 11 a 16). Essa espada é um símbolo a Palavra de Deus , conforme ensina Hebreus capítulo 4, versículo 12. 

A Palavra de Deus tem poder pois é através dela que se tornar possível explicar o significado das boas novas que Jesus representa, reivindicar as promessas que Deus fez, repreender a ação do mal, entre outras coisas importantes. 

Ela é uma arma de ataque porque serve para derrotar o mal. E também é parte da armadura de proteção porque muitas vezes o ataque é a melhor defesa. 

Concluindo, use a "armadura" de Deus e se proteja do mal. Inclua essas ideias nas suas orações diárias, pois elas vão lhe ajudar muito. Eu sempre faço isso. 

Com carinho

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

O AMIGO MAIS ÍNTIMO

Hoje vou falar do seu amigo mais íntimo, o melhor amigo que você pode ter na sua vida.

O grande filósofo grego Aristóteles ensinou que é possível ter quatro tipos de amizades: 
  • Utilitária: pessoas das quais não se costuma ouvir falar exceto quando elas precisam de alguma coisa. Aí você recebe um email, uma mensagem de Whatsapp ou uma ligação pedindo certo favor. E a amizade, se é que se pode chamar isso de amizade, nunca passa disto. 
  • Interesse compartilhado: aparece quando há uma área de interesse comum – por exemplo, torcer pelo mesmo time de futebol, frequentar a mesma faculdade, apoiar o mesmo partido político ou congregar na mesma igreja. Normalmente, quando esse tipo de vínculo com as pessoas se perde - por exemplo, a pessoa muda de igreja ou se forma na faculdade -, a amizade esfria ou mesmo morre. 
  • Baseada em sentimentos: há alguns sentimentos, como respeito, admiração, etc, que aproximam as pessoas a as fazem encontrar prazer na convivência, na troca de experiências. Esse tipo de amizade costuma resistir à passagem do tempo e se mantem estável. 
  • Íntima: nesse tipo de amizade, as pessoas se sentem como irmãs. Há comunhão plena. Mas isso é muito raro e é uma benção ter um/a amigo/a assim.
A amizade íntima 
Esse tipo de amizade costuma ter cinco características importantes:
  • Você se sente seguro com essa pessoa - não precisa tomar cuidado com seus pensamentos, censurar suas palavras ou esconder seus defeitos. Você consegue confidenciar seus problemas mais íntimos para essa pessoa (João capítulo 15, versículo 15). 
  • Seu amigo íntimo fica verdadeiramente feliz com sua alegria e sucesso e triste com seu sofrimento.
  • Os eventuais desentendimentos com o amigo íntimo nunca prejudicam a amizade. Pode ser que seu amigo íntimo diga as verdades que você precisa ouvir – e vice-versa – mas a amizade permanece e só se solidifica com isso. 
  • Seu amigo íntimo está sempre disponível para você.
  • Seu amigo é sempre solidário, do tipo “mexeu com você, mexeu também com ele”. 
Seu melhor e mais íntimo amigo
Agora eu quero apresentar para você aquele que deveria ser seu amigo mais íntimo: Jesus. E Ele quer manter esse tipo de relação com você - basta ver o que disse: 
Já não vos chamo de servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho vos chamado de amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai, vos tenho dado a conhecer. João capítulo 15, versículo 15
Analise as características de Jesus como seu amigo e veja como ela se enquadra perfeitamente na descrição que fiz acima:
  • Você pode confiar inteiramente em Jesus. Abrir seu coração para Ele. E Jesus vai compreender, perdoar e consolar você. 
  • Jesus nunca vai trair sua confiança. 
  • Ele compartilhará suas alegrias e tristezas você. 
  • Jesus entende quando você discorda d´Ele e mesmo quando contraria sua orientação, em outras palavras, quando você peca. E não somente entende, como é capaz de perdoar, assim que você demonstrar arrependimento. 
  • Jesus nunca desiste de você - não importa o que você tenha feito ou por onde tenha andado. 
  • Ele está sempre disponível - basta fechar seus olhos e clamar por Ele e você sentirá sua presença. Essa pedido de comunicação nunca dá sinal de “ocupado”. 
  • Jesus tem enorme amor por você e tanto é assim que Ele deu sua vida para salvá-lo. 
Concluindo, reconheça em Jesus seu maior e mais íntimo amigo. Se você fizer isso, pode ter certeza que sua vida vai mudar e para muito melhor.

Com carinho

sábado, 16 de fevereiro de 2019

E QUANDO A PESSOA NÃO GOSTA DE ESTUDAR A BÍBLIA?

Um dos maiores problemas no meio cristão hoje em dia é que muito poucas pessoas leem a Bíblia com frequência. Se você não acredita em mim, faça o seguinte teste, respondendo com sinceridade: você lê a Bíblia (não estou falando de textos cristãos e sim da Palavra de Deus em si) por pelo menos 15 minutos diariamente? 

Acredito que não. E boa parte daquelas que leem a Bíblia, testemunham não entender bem o texto. E isso é muito ruim porque a Bíblia é o manual de comportamento relacionado com a fé cristã – ali encontramos tudo que precisamos saber para fortalecer nossa fé e viver uma vida adequada aos olhos de Deus. 

As raízes do problema 
Há várias razões para essa situação ruim - vejamos as quatro mais importantes (há outras não discutidas aqui por falta de espaço). Considerando tudo o que digo abaixo, não é de surpreender que as pessoas vejam com tão pouca prioridade o estudo da Bíblia: 

a) Os brasileiros não têm o hábito de ler 
O hábito da leitura no Brasil não é muito difundido – essa é uma realidade que fica patente quando analisamos as estatísticas. Por exemplo, apenas metade da nossa população costuma ler livros – a leitura vem apenas em décimo lugar entre as atividades de lazer (a primeira é assistir televisão e a segunda é navegar na Internet). Temos apenas 1.400 livrarias no Brasil (e várias estão fechando por problemas econômicos). E por aí vai. 

Num cenário como esse não é de se estranhar muito que as pessoas leiam pouco a Bíblia, que ainda assim é sempre o livro mais vendido no mercado brasileiro. 

b) Os usos e costumes relatados na Bíblia são muito diferentes dos nossos 
A Bíblia relata eventos que começaram a acontecer cerca de 4 mil anos atrás, se tomarmos a história de Abraão como ponto de referência (outros relatos são de eventos ainda mais antigos). Os últimos eventos ali relatados – o início da história da igreja cristã – aconteceram pouco menos de dois mil anos atrás. 

Ora, não é de se admirar que os relatos bíblicos reflitam um mundo meio estranho para os dias atuais. Os costumes e outras práticas sociais, a forma de governo, a tecnologia disponível e tudo o mais têm pouco a ver com aquilo que vivemos hoje. E, por causa disso, muitas vezes as pessoas acham difícil se identificar com os personagens bíblicos e tirar lições de vida dali. 

c) A linguagem da Bíblia é difícil de entender 
Os textos bíblicos não têm uma linguagem simples de entender. Além de refletirem um tempo muito distante, conforme já disse, a linguagem utilizada adota um jargão próprio (muito parecido como acontece em outros setores do conhecimento humano, como na economia, com o famoso “economês”). Certas palavras e expressões, para quem não está acostumado com elas, parecem não fazer muito sentido. Por exemplo, Messias, Trindade, santificação, justificação, Cordeiro de Deus e assim por diante. 

d) O texto bíblico incomoda 
A Bíblia tem texto denso, cheio de conceitos teológicos e filosóficos. E ela incomoda os leitores porque fala de coisas que parecem desagradáveis, como pecado, Satanás e inferno. As preferem dedicar tempo a coisas que parecem mais otimistas e leves - vem justamente daí o sucesso dos livros de autoajuda, que procuram ensinar as pessoas que elas sempre podem realizar seus sonhos e, ainda melhor, merecem conseguir fazer isso. 

A máscara de conhecedor da Bíblia 
A experiência mostra que as pessoas, dentro das igrejas, gostam de passar uma imagem de serem conhecedoras pelo menos razoáveis da Bíblia, embora enfrentem todas as questões que acabei de comentar. E é aí que tentam colocar uma “máscara” de conhecedores daquilo que de fato não conhecem. Vejamos dois exemplos muito comuns: 

a) O uso de chavões 
Certa vez, eu estava participando de um debate numa igreja e discutíamos uma questão de comportamento importante que tinha grande reflexo na comunidade local. O debate era se determinado comportamento era ou não pecado e o que fazer a respeito. 

Aí um dos presentes declarou solenemente: “Deus detesta o pecado, mas ama o pecador”. Essa frase não está na Bíblia, mas ainda assim acredito que reflita a verdade, fazendo uma reflexão teológica com base nos ensinamentos bíblicos. Mas, quando os presentes pediram a essa pessoa que explicasse, na prática, qual era sua sugestão, nada de útil saiu dali. A pessoa simplesmente tinha repetido um chavão para parecer estar em sintonia com a Bíblia. 

E isso é muito comum. As pessoas costumam decorar alguns poucos versículos – p. ex. “todas as coisas contribuem para o bem daquele que amam a Deus” ou “maior é o que está em nós do que aquele que está no mundo” - e repetem essas frases para mostrar que conhecem a Bíblia. Mas, na verdade, muitas vezes nem sabem bem o que elas significam e muito menos conhecem o contexto em que foram ditas e quando são de fatos aplicáveis. 

b) O uso de ensinamentos de terceiros sem qualquer crítica 
Frequentemente, fica mais fácil obter conhecimento bíblico de “segunda mão”, ou seja, usar estudos e conclusões preparados por pastores/as e professores/as bíblicos sem passá-los por qualquer crítica – afinal, é mais fácil receber o “prato de comida” pronto. E esses ensinamentos de terceiros são tomados como verdades absolutas, quase do mesmo nível que os ensinamentos da própria Bíblia. 

Ora, essa postura comodista gera um risco sério: acabam conhecendo as verdades bíblicas filtradas pelo ponto de vista desses intermediários e há risco de serem introduzidas distorções. Vejamos um exemplo desse tipo de perigo. 

Certa vez, eu estava debatendo com uma pessoa no site e ela contou que seu pastor tinha ensinado que Jesus só atendia quando chamado pelo seu nome em hebraico (Yeshua ou Yehoshua). Isso porque as pessoas só respondem quando chamadas pelo nome que de fato usam. E esse ensinamento virou uma verdade absoluta para aquela pessoa e foi por isso que ela me criticou, pois, nos meus textos, costumo me referir a Jesus pelo seu nome em português. 

Quando argumentei que em nenhum lugar da Bíblia havia esse requisito, a pessoa ficou muito surpreendida. E mais ainda quando comentei que, ao longo da história do cristianismo, bilhões de pessoas já invocaram o Filho de Deus sem saber seu nome original e, se fosse assim, nenhuma delas teria tido resposta d´Ele. 

Na verdade, as pessoas querem mostrar que sabem das coisas e participar dos debates relacionados com sua religião e aí, como não conhecem a Bíblia de fato, tomam conceitos emprestados e os usam sem qualquer preocupação de verificar se correspondem ou não com a doutrina cristã. Foi por causa disso que publicamos aqui no site uma série de estudos que a pastora Carol e eu fizemos, ao longo do segundo semestre de 2018, intitulada “Coisas tolas que muitos cristãos acreditam” – nela tratamos de várias dessas pseudo-verdades bíblicas comumente utilizadas no meio evangélico. 

Como tirar a máscara 
· Se sua resposta à pergunta que fiz no começo desta postagem foi que você de fato não estuda a Bíblia como deveria, está na hora de mudar essa situação. Tome a decisão de estudar a Bíblia pelo resto da sua vida. 

· Leia e estude a Bíblia como achar melhor, segundo o que tiver mais interesse ou adote um dos inúmeros planos de leitura que ajudam a estabelecer esse tipo de disciplina. 

· Use no seu estudo uma tradução da Bíblia com linguagem mais atual - como a “Nova Versão Internacional” ou a “Bíblia na Linguagem de Hoje” -, que certamente vai tornar a leitura mais agradável e acessível. 

· Consiga um dicionário de termos bíblicos, para ajudar com o jargão bíblico e no entendimento de alguns conceitos teológicos pouco comuns. 

· Consiga ainda um bom comentário da Bíblia para ajudar você a entender o contexto dos ensinamentos bíblicos - consulte seu pastor/a ou líder de Escola Dominical para obter a indicação de um texto confiável e adequado. 

· Frequente estudos bíblicos sempre que possível (Escola Dominical e outros). 

· Não pense que a Bíblia não é mais relevante, por ter sido escrita tanto tempo atrás. Lembre-se que ela é a Palavra de Deus e Ele não muda e conhece bem as necessidades dos seres humanos. Além disso, a natureza humana continua a mesma, exatamente como era no passado, o que adquirirmos foi simplesmente um “verniz” cultural. Lutamos hoje com os mesmos problemas que os personagens bíblicos enfrentaram, inclusive os mesmos sentimentos contraditórios (amor, ódio, misericórdia, desejo de vingança, desprendimento, cobiça e assim por diante) e tentações. 

· Acostume-se a ir verificar os estudos de terceiros, mesmo quando passados em pregações, para ver se batem de fato com o que a Bíblia ensina. Não aceite as “verdades” bíblicas que lhe passarem sem ter oportunidade de ir à fonte verificar se estão corretas. 

· Finalmente, seja humilde. Convença-se que sempre haverá muito a aprender na Bíblia e que você nunca saberá o suficiente – eu estudo a Bíblia há 30 anos e com frequência me surpreendo ao encontrar coisas que desconhecia totalmente ou ao aprender interpretações de certos textos muito superiores àquelas que conhecia até então. 

Concluindo, o estudo da Bíblia é uma das coisas mais interessantes que você terá oportunidade de fazer na sua vida. Você vai aprender muito sobre história, os planos de Deus e a sua própria natureza. Pode ter certeza que você vai mudar lendo e estudando a Bíblia. E para melhor. 

Com carinho

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

GRANDES COISAS O SENHOR FARÁ POR NÓS

Hoje vou falar sobre o problema das drogas. E se você tem alguém querido envolvido com essa coisa terrível, eu tenho uma mensagem para você. Grandes coisas o Senhor fará por nós.

O quero dizer com isso é que, quando se lida com alguém que se tornou escravo das drogas, é preciso saber viver. Cada 24 horas de vitória sobre o vício já deve ser comemorado. E assim é preciso prosseguir, lutando e vencendo, dia a dia. Comemorando cada vitória e não desanimando quando houver alguma derrota. 

E aí, mais do que nunca, é preciso manter a fé. E lembrar que a Bíblia ensina que Deus ainda fará grandes coisas por nós. Veja o vídeo onde explico mais sobre isso aqui.

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

COBIÇA: A RAIZ DE QUASE TODOS OS MALES

O último dentre os famosos Dez Mandamentos é aquele que proíbe a cobiça. Trata-se de não desejar alguma coisa que não deveria mesmo pertencer a você, por já ser de outra pessoa. A cobiça envolve bens, dinheiro, poder, status, mas também o/a esposo/a de outra pessoa. O texto completo do décimo mandamento é o seguinte: 
Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença a teu próximo. Êxodo capítulo 20 versículo 17 
É interessante que exista um mandamento que não trata de atos concretos e sim de um determinado tipo de pensamento: desejar algo proibido. Os demais mandamentos falam contra determinadas ações (matar, roubar, mentir, adulterar, etc) ou cobram que as pessoas façam certas coisas (honrar pai e mãe ou guardar o sábado). Mas o décimo mandamento é diferente, pois simplesmente procura prevenir pensamentos errados para que eles não venham a se materializar em ações erradas.

De certa forma, o décimo mandamento reconhece que a cobiça é a raiz da maioria dos males. Por exemplo, cobiçar a mulher do próximo pode levar ao adultério, a vontade de se apossar de algo pertencente a outra pessoa pode levar à violência física ou à inveja e assim por diante. 

Visto dessa perspectiva, o décimo mandamento é uma "lei de cerca", ou seja um mandamento para evitar que outros mandamentos sejam violados. Afinal, é mais fácil combater a tentação enquanto ela ainda não se enraizou na mente da pessoa do que lidar depois com atos pecaminosos concretos e suas consequências reais. Essa atitude de prevenir o mal, está bem resumida num conhecido ditado popular:
Eu não posso evitar que um passarinho pouse na minha cabeça, mas posso evitar que faça ninho. 
O "passarinho" é a tentação, o pensamento errado. Ninguém consegue evitar que esse tipo de pensamento venha à sua mente. Volta e meia algum pensamento ruim aparece e "pousa na cabeça" da pessoa. Isso é inevitável. E até aí não há pecado. O problema é deixar que esse pensamento crie raízes na mente, ou seja, faça "ninho" ali, porque desse ponto para a ação pecaminosa é um pequeno passo. É exatamente isso que o décimo mandamento pretende combater.

Agora, para evitar a formação do "ninho", a pessoa precisa perceber quando um "passarinho" pousa na sua "cabeça", para poder "espantá-lo" logo. Em outras palavras, a pessoa precisa conseguir discernir que a tentação está se fazendo presente e levando à cobiça. 

Pode parecer meio desnecessário dizer isso, mas não é. Na verdade, as pessoas costumam ter muita tolerância consigo mesmas. Tendem a justificar as coisas erradas que pensam com todo tipo de justificativas furadas, como "isso não é tão errado assim, há coisas piores", ou "vou fazer isso só por pouco tempo, depois paro". São desculpas desse tipo que permitem que o "passarinho" faça "ninho", permitem que os pensamentos errados criem raízes.

Um comentário final importante: pode parecer estranho que entre a propriedades citadas no décimo mandamento estejam a mulher e os servos do próximo, mas é fácil de explicar a razão. Nos tempos bíblicos, as mulheres pertenciam aos homens - eram sua propriedade e o décimo mandamento apenas reconheceu aquela realidade. O mesmo pode ser dito dos servos (escravos). 

Deve ficar claro, portanto, que a Bíblia não está aprovando que as mulheres se tornem propriedade dos homens e muito menos que as pessoas possam possuir escravos. A Bíblia apenas reconheceu uma realidade social e legislou em cima disso. É claro que há outras passagens onde a Bíblia prega a igualdade entre mulheres e homens e indica que a escravidão é um mal, mas essa não era a questão sendo tratada no caso do décimo mandamento.

Concluindo, o décimo mandamento é muito importante. Bem mais do que possa parecer à primeira vista. 

Com carinho

domingo, 10 de fevereiro de 2019

DESAFIOS PARA INTERPRETAR A BÍBLIA

A Bíblia é a Palavra de Deus, a revelação que Ele deu para os seres humanos sobre uma série de coisas muito importantes. A Bíblia é simplesmente a base da nossa fé. Mas é preciso reconhecer que não é fácil interpretá-la. 

Mas é fundamental para a vida espiritual das pessoas aprender a fazer isso bem. Afinal,uma interpretação errada da Bíblia, mesmo que bem intencionada, pode gerar um desastre. Por exemplo, no século XVIII, havia várias interpretações da Bíblia (algumas bem intencionadas) que davam suporte moral para a escravidão. E por causa disso muitos cristãos se julgaram amparados ao apoiar essa prática.

E quando alguém tenta aprender a interpretar a Bíblia, vai precisar enfrentar alguns desafios. E vou discutir aqui aqueles que talvez sejam os dois mais importantes dentre eles: 
O desafio da passagem do tempo
A passagem do tempo - entre a data em que os textos bíblicos foram escritos e os dias de hoje - gera um grande desafio. Não há como deixar de reconhecer que a Bíblia retrata os costumes das épocas em que os vários autores dos seus textos viveram, um período que vai de 2.000 a 3.500 anos atrás. 
Ora, os hábitos e práticas de vida mudaram imensamente nesse período. Coisas que eram normais 3.500 anos atrás são consideradas absurdas hoje em dia.
Por exemplo, nos tempos bíblicos, os contratos de casamento eram feitos com base em negociações conduzidas entre o pai ou o irmão mais velho da moça e o candidato à mão dela (ou um representante seu). Essas negociações sempre envolviam pagamentos por parte do noivo, pois se tratava essencialmente de um negócio - quem possuía um bem (o dono da moça virgem) cedia essa propriedade para alguém interessado em comprá-la (o noivo).

Hoje as pessoas usam essencialmente o casamento para encontrar a felicidade. Querem encontrar o “par perfeito” ou sua "alma gêmea". E nessa busca, homens e mulheres são igualmente ativos e livres para escolher - ninguém mais é dono de ninguém. E se a felicidade não for encontrada, as pessoas se sentem livres para romper o vínculo matrimonial e tentar um novo casamento, sem muita culpa.

A situação nos tempos bíblicos e a atual são completamente diferentes. Portanto, é preciso muito cuidado ao transportar para os dias de hoje as regras de vida sobre casamento que são exemplificadas na Bíblia. Lá atrás, a mulher era a parte mais fraca e havia até a possibilidade do homem se casar várias vezes (poligamia). Hoje a mulher age com igualdade de direitos e goza de oportunidades parecidas que o homem.

O mesmo pode ser dito sobre uma série de outras coisas, como a moralidade sexual, a compra de propriedades, a forma de governo ou até a organização da religião. As diferenças na forma de viver são tantas que é até surpreendente podermos continuar a aceitar os ensinamentos bíblicos como relevantes hoje em dia. 

Agora, acredito que isso por duas razões. A primeira delas é que a essência dos seres humanos não mudou ao longo do tempo – seus desejos, suas falhas de caráter (inveja, cobiça, etc) são os mesmos hoje que eram milhares de anos atrás.

Portanto, conseguimos nos reconhecer nos personagens bíblicos e nos vemos fazendo coisas parecidas com aquelas que eles fizeram milhares de anos atrás, pois sentimos a mesma inveja, ciúme, medo, etc que eles sentiram. Os exemplos  de vida, tanto para o bem como para o mal, continuam a nos ensinar hoje. 

A segunda razão para os textos bíblicos continuarem relevantes para nós é que eles são fruto de uma iniciativa de Deus - os escritores da Bíblia foram inspirados a escrever aquilo que Deus queria nos revelar. E é evidente que, se Deus queria nos contar algo, essa revelação é e sempre será importante e útil. 
O desafio da forma literária
Há outro desafio para a interpretação correta dos textos bíblicos: a existência de  diferentes formas literárias entre os 66 livros da Bíblia. Temos ali poesia (Salmos e Cantares de Salomão), relatos históricos (p. ex. Êxodo, Samuel, Reis, os Evangelhos e Atos dos Apóstolos), pensamentos (Eclesiastes e Provérbios), visões (Apocalipse), estudos teológicos (Romanos) e por aí vai. É um conjunto bem variado e interessante.
Ninguém tem dúvida, acredito eu, que não se deve interpretar uma poesia da mesma forma que um texto histórico. Poesias usam linguagem simbólica para passar um significado, enquanto um texto histórico pretende apenas descrever, da forma mais fiel possível, como determinados fatos ocorreram. São propósitos literários diferentes. São formas literárias distintas.
Por conta disso, um texto histórico deve ser, em princípio, interpretado literalmente, isto é, deve ser entendido exatamente como foi escrito. Já uma poesia é diferente. É preciso buscar o simbolismo que está por trás do texto. E se numa poesia estiver dito que "minha amada é uma flor", o leitor não deve entender que a mulher em questão é de fato um vegetal. Trata-se de um simbolismo que indica que aquela pessoa é bonita como uma flor.
O mesmo pode se dizer de uma visão, como o Apocalipse. Esse tipo de texto também é essencialmente simbólico, logo a interpretação precisa seguir essa abordagem. No Apocalipse, por exemplo, há uma passagem que fala de 4 cavalos, de cores distintas, que significam morte, fome, guerra e peste. É claro que o texto não está falando de animais reais e assim deve ser entendido.
Para complicar mais as coisas, às vezes um texto que deve ser entendido literalmente - digamos os Evangelhos quando descrevem os atos de Jesus -, de repente traz uma parte baseada em simbolismo - por exemplo, uma parábola que Ele contou. Ao fazer a transição de uma parte do texto para a outra precisamos deixar de lado a interpretação literal e passar a olhar para o que está dito de forma simbólica. 
Infelizmente, as pessoas não costumam muito levar em conta a forma literária e querem interpretar todo o texto da Bíblia de forma literal.  E isso gera todo tipo de absurdo teológico, como teorias as mais descabeladas descrevendo o que vai acontecer no final dos tempos (tema da visão relatada no Apocalipse). 
É por não levar em conta a forma literária do texto sendo lido que as pessoas acham que Deus verdadeiramente tem braços onde podemos nos aninhar ou tem mesmo olhos para enxergar tudo. Ora, Deus é espírito e essas referências a Ele são simbólicas e não podem ser entendidas como descrições físicas de como Ele é de fato.
Palavras finais
Concluindo, quando você estudar um texto da Bíblia sempre leve em conta esses dois aspectos: a diferença entre os costumes da época e os costumes atuais, e a variação da forma literária do texto. São providencias simples que vão ajudar você a evitar erros de interpretação que podem gerar muitos problemas. 
Se você está começando e tem pouca experiência em fazer isso, busque ajuda. Converse com seu pastor/a, inscreva-se num estudo bíblico, compre algum comentário bíblico que ajude você a entender melhor as diferenças existentes entre as diferentes partes do texto bíblico. 

Neste site eu falo muito sobre essas questões em várias outras postagens - faça uma busca e acredito você vai encontrar textos que vão ajudar.
Com carinho

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

O QUE É SER CRISTÃO DE VERDADE?

O que é ser cristão de verdade? O que a Bíblia ensina a esse respeito? Vou começar a responder pelo caminho mais fácil, isto é listando aquilo que parece ser, mas não é, a resposta correta. Essa forma de proceder é muito útil quando se discute uma questão complexa. E depois, eliminado o que não, direi aquilo que é mesmo ser cristão.

Não é seguir uma doutrina
Eu talvez surpreenda você ao afirmar que ser cristão não é seguir uma certa doutrina. É claro que existe uma doutrina cristã que as pessoas devem seguir - este site mesmo está cheio de textos a respeito, por exemplo, da doutrina da salvação pela Graça e não por obras, da doutrina da Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) e assim por diante. 
Mas ser cristão não é seguir esse punhado de doutrinas. É perfeitamente possível conhecer e concordar com todas elas e ainda assim não ser cristão apenas teórico, ou seja, não de verdade, de coração. 

John Wesley, um dos maiores ministros de Deus da história da igreja cristã, já era pastor ordenado, mas ainda assim vivia uma vida espiritual medíocre. Até que teve uma experiência com o Espírito Santo - ele a relatou dizendo que sentiu seu coração "estranhamente aquecido". A partir daí, seu ministério mudou completamente. Ora, o pastor Wesley já conhecia e aceitava toda a doutrina cristã mas isso não foi suficiente para fazer dele um cristão verdadeiro. Não gerou frutos na sua vida. Somente depois que teve experiência com o Espírito Santo que sua vida mudou de fato. 

Portanto, ser cristão de verdade é muito mais do que ser seguidor de um conjunto de doutrinas. É preciso mais, bem mais. 

Não é seguir uma religião 
Quando o cristianismo começou, ainda no tempo dos apóstolos, não havia uma religião cristã constituída. Inclusive os primeiros seguidores de Jesus se diziam judeus e seguiam os ritos do judaísmo - a separação entre essas duas religiões somente veio ocorrer tempos depois. 

Ora, o fato de não haver uma religião cristã estruturada na época dos primeiros cristãos não impediu que as pessoas se convertesse e tivessem suas vidas transformadas pelo Evangelho de Jesus. E muito menos impediu que fossem praticados muitos atos de poder por gente como os apóstolos Pedro e Paulo. 

Portanto, ser cristão verdadeiro também não é seguir uma religião. É claro que quase todos os cristãos hoje em dia seguem uma religião estruturada e isso nada tem de errado, mas não está aí a essência de ser cristão.

Não é frequentar uma igreja 
Muitos cristãos já viveram em lugares onde era proibido se reunir ou até mesmo não tinham com quem ter comunhão (p. ex. na cadeia). Mas nem por isso deixaram de exercer sua fé.

Não estou aqui dizendo que o cristão não deva frequentar uma igreja e até acho muito difícil alguém exercer sua fé de forma isolada, sem congregar em alguma comunidade (veja mais). Mas não basta frequentar uma igreja para se tornar um cristão verdadeiro, é preciso mais. 

É SEGUIR JESUS
Posso ir ao centro da resposta: ser cristão é escolher Jesus como salvador e construir um relacionamento pessoal com Ele. 

Não é possível ser cristão sem primeiro aceitar Jesus como seu salvador pessoal. Sem acreditar que foi seu sacrifício na cruz a chave para abrir as portas para a Graça de Deus entrar nas nossas vidas. 

E muito menos é possível ser cristão sem construir um relacionamento pessoal com Jesus. Sem deixar que a fé em Jesus transforme a própria vida.

Concluindo, ser cristão é muito mais do que obedecer um conjunto de doutrinas, seguir uma religião estruturada ou mesmo frequentar uma igreja. É aceitar Jesus como salvador e passar a ter comunhão com Ele. 

Trata-se de ter confiança que Ele é o único Caminho para Deus, a Verdade absoluta e a garantia de Vida Eterna (João capítulo 14, versículo 6). 

Estou falando de caminhar diariamente com Jesus, sob orientação do Espírito Santo, tendo certeza que os próprios pecados serão perdoados mediante a Graça de Deus. E ter a própria vida transformada para sempre. Isso é ser cristão de verdade.

Com carinho