segunda-feira, 30 de maio de 2016

O DESESPERO DO DESEMPREGO

Elevo os meus olhos para os montes; de onde me vem o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra... O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua mão direita... O Senhor te guardará de todo o mal; ele guardará a tua vida. O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre.                                         Salmo 121
Semanas atrás minha mulher recebeu mensagem de uma conhecida pedindo oração para seu marido, em vias de perder o emprego. A família tem um filho portador de deficiência e a consequência para eles de perder a única fonte de renda é aterradora.

Literalmente milhões de pessoas no Brasil vem passando por esse tipo de sofrimento todos os dias. Algumas têm medo de perder seus empregos e outras já perderam e precisam encontrar uma forma de sobreviver. O pior é que o contingente de pessoas nessa situação continua aumentando: hoje o Brasil tem mais de dez milhões de pessoas desempregadas e a previsão é que esse número aumente muito. Trata-se de uma tragédia social terrível, especialmente para quem é mais pobre e vulnerável. 

O que torna tudo pior é a percepção que essa crise poderia ter sido evitada: ela foi gerada pela incompetência, pelos atos corruptos e pelo egoismo daqueles(as) escolhidos(as) para governar o país. Simples assim.

Se você também está sofrendo com isso tudo, onde poderá encontrar ajuda? De onde virá sua esperança? A resposta está no começo deste post: em Deus. Somente d´Ele poderá vir o socorro que você precisa.

É n´Ele que você precisa depositar sua esperança e sua confiança. Nunca nas coisas materiais ou muito menos ainda nas promessas de outros seres humanos, como os(as) políticos(as). 

É Deus quem vai dar a você força para manter-se firme e não desesperar mesmo quando a situação parecer desesperadora. É Ele também quem vai levantar ajuda e fará isso falando ao coração de quem pode ajudar você, motivando essas pessoas a agir positivamente na sua vida - já vi isso acontecer inúmeras vezes. 

Agora, para que a ajuda de Deus se materialize na sua vida, há duas coisas que dependem de você. A primeira é assumir responsabilidade por fazer as coisas que estão ao seu alcance, deixando por conta de Deus aquilo que vai além da sua possibilidade. 

É isso que a Bíblia ensina. No episódio da ressurreição de Lázaro, Jesus chegou na beira da caverna onde o corpo estava depositado e disse para os discípulos removerem a pedra que tapava sua entrada. Ora, se Jesus tinha poder para ressuscitar Lázaro, também tinha para remover a pedra. Por que então pediu ajuda aos discípulos? Simples, porque eles podiam remover a pedra e Deus não faz pelas pessoas aquilo que elas podem fazer por si mesmas. 

Portanto, assuma responsabilidade por fazer aquilo que está a seu alcance. Aquilo que cabe a você. Coisas como procurar ativamente um novo emprego (ou lutar com todas as usas forças pelo emprego que ainda tem), estudar para se capacitar melhor profissionalmente, cortar despesas desnecessárias, etc. 

A segunda coisa que depende de você é adequar sua vida à vontade de Deus. Você não pode esperar ajuda d´Ele se sua vida não estiver de acordo com a sua vontade, ou seja com aquilo que Ele ensina na Bíblia.

Não é razoável pensar que você pode viver de acordo com suas próprias vontades, sem levar Deus em consideração e ainda assim pedir a ajuda d´Ele. Como se Deus fosse o "gênio da lâmpada", que atende todos os pedidos do seu "amo(a)"...

Recentemente, eu conversei com uma pessoa que foi demitida do seu emprego mas teve a felicidade de ser imediatamente contratada por outra empresa. Aí ela pediu ao novo empregador para não registrar de imediato sua carteira profissional, para que pudesse receber o seguro desemprego. Perguntei para essa pessoa como ela podia esperar que Deus abençoasse sua vida profissional ao mesmo tempo em que cometia uma fraude. Afinal, essas duas coisas são incompatíveis.

Você quer ajuda de Deus em sua vida profissional? Faça a vontade d´Ele. Por exemplo, fale a verdade nas entrevistas para conseguir emprego. Não se comprometa em fazer um trabalho que não tenha condições de executar. Se arrumar um emprego, seja sincero(a) e honesto(a) com seu empregador. Faça sempre o melhor que puder. 

Concluindo, o seu socorro virá de Deus. É n´Ele que suas esperanças devem ser depositadas. E pode ter certeza que se fizer o que falei, você não será decepcionado.

Com carinho

sábado, 28 de maio de 2016

A AJUDA AOS CRISTÃOS PERSEGUIDOS

No domingo passado, foi comemorado o dia da "Igreja Perseguida", referencia aos quase 100 milhões de cristãos(ãs), residentes em cerca de sessenta países, que não podem exercer livremente a fé cristã. Refere-se também aos quase 500 milhões de cidadãos desses mesmos países que não podem conhecer o Evangelho e escolher livremente seguir a Jesus.

As perseguições às quais me refiro envolvem perda de emprego, discriminação social, violência e até a perda da vida para quem tente professar sua fé em Jesus. O caso emblemático da perseguição que hoje existe é a decapitação de 21 homens cristãos, ocorrida recentemente numa praia da Líbia - o ato bárbaro foi filmado e o vídeo pode ser encontrado na Internet (embora não recomende por ser chocante). 

As perseguições tem raiz política (como na Coreia do Norte ou na China), religiosa (como em vários países de maioria muçulmana) ou étnica (como no Equador). Em muitos desses países, o simples fato de ter uma Bíblia é motivo para prisão, confisco de bens, etc. As pessoas só conseguem professar sua fé às escondidas, em encontros clandestinos, onde Deus é louvado aos sussurros e à luz de velas.

Chama atenção que justamente nesses lugares a fé cristã se mostra sólida e frutifica de forma surpreendente - a mesma coisa aconteceu na início da história da igreja cristã, quando as pessoas foram lançadas às feras, crucificadas ou queimadas vivas e ainda assim se mantinham firmes na fé. Ainda assim, a igreja cristã continuou a crescer de forma exponencial e em poucos séculos tornou-se a igreja oficial do Império Romano.

Viver o cristianismo onde se é perseguido mostra um enorme contraste com aquilo que acontece no Brasil, onde gozamos de todas as liberdades e não vamos à igreja cultuar a Deus por preguiça, comodismo, falta de tempo ou não gostar do pastor. Motivos fúteis, enfim.

A boa notícia é que existem hoje organizações internacionais que lutam contra a perseguição às comunidades cristãs e buscam divulgar o Evangelho de Jesus mesmo onde isso parece ser quase impossível. Vou dar aqui dois exemplos e recomendo a você que entre nos sites dessas organizações e se inteire do que elas fazem. Se puder, ajude de alguma forma. 

A primeira delas chama-se Portas Abertas ( www.portasabertas.org.br ), que atua em muitos países, desenvolvendo trabalhos muito importantes. Um deles é contrabandear bíblias na linguagem de cada país para distribuir a essas populações. Também treinam lideranças locais para aprenderem a divulgar o Evangelho. Dão ainda suporte logístico, jurídico e abrigo às lideranças que fiquem debaixo de grave ameaça. E assim por diante. 

A história dessa entidade é muito bonita pois começou com um cristão - como você ou eu - que resolveu fazer alguma coisa: passou a contrabandear bíblias para países da então "Cortina de Ferro", que viviam debaixo de governos totalitários comunistas. Cresceram a partir daí e hoje dão contribuição reconhecida no mundo todo. 

O trabalho da outra organização, a SAT-7 ( www.sat7.org ), que não conhecia até domingo passado, falou particularmente ao meu coração. A SAT-7 está chegando agora ao Brasil e ainda nem tem site em português, coisa que deve acontecer nos próximos meses - para aqueles que conseguem ler em inglês, não deixem de visitar o site deles. 

A SAT-7 faz um trabalho admirável - produz programas de televisão nas línguas dos países onde as populações não podem ouvir livremente o Evangelho (árabe, farsi, etc). Usam pessoas locais como artistas e apresentadores, para preservar a cultura, história, etc.

São centenas de horas de programação por semana, de muito boa qualidade, dirigida tanto a adultos como crianças. A ideia por trás desse esforço é a constatação que as populações alvo costumam ter acesso à televisão parabólica.

É emocionante ver fotos de campos de refugiados das diferentes guerras locais onde a maioria das tendas têm antena para acessar os satélites que transmitem programações de televisão - as pessoas podem até não ter muitas outras coisas, mas fazem enorme esforço para ter essa "porta" para o mundo.

A SAT-7 tem também centrais de atendimento telefônico para onde as pessoas podem ligar para tirar dúvidas teológicas - há um procedimento seguro recomendado para quem liga não ter sua segurança ameaçada.

Penso que a SAT-7 cumpre plenamente um dos principais mandamentos de Jesus: "indo por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura..." 

Concluindo, uma das coisas que mais chamou minha atenção, ao analisar o trabalho da Portas Abertas e a SAT-7 é a união das pessoas de diferentes denominações cristãs em prol de uma causa maior. Elas deixam de lado as diferenças teológicas e/ou de práticas religiosas existentes e unem esforços para defender a fé cristã.

Assim, metodistas, presbiterianos, episcopais, assembleianos, batistas, anglicanos, católicos, ortodoxos e membros de outras denominações cristãs trabalham lado a lado para melhorar as condições das populações cristãs perseguidas e dar acesso às pessoas ao Evangelho de Jesus. 

Que isso sirva de exemplo para nós também. Ao invés de ficarmos criticando quem pensa diferente por congregar em outra denominação cristã, vamos juntar esforços para fazer a obra de Deus. Pois como disse Jesus: "a seara e grande e são poucos os trabalhadores..."

Com carinho

quinta-feira, 26 de maio de 2016

QUANDO DEUS ESTÁ PRESENTE?

Como sabemos quando Deus está presente numa determinada situação? Que coisa caracteriza sua presença em determinada circunstância da vida da pessoa?

Já fiz essa pergunta para muita gente e ouvi as respostas mais diversas. Por exemplo, há quem diga que quando Deus se faz presente, seu poder é notado e aí aparecem sinais e milagres. 

Sem dúvida isso é verdade: a presença do Espírito Santo gera sinais e milagres, como provam os acontecimentos da vida de Jesus e dos seus apóstolos. Mas será que quando há sinais e milagres, isso sempre se deve ao Espírito Santo? Não e é a própria Bíblia quem garante isso.

Quando Moisés foi enviado para libertar o povo de Israel, ele realizou sinais diante do faraó. Aí o rei chamou seus magos e eles conseguiram replicar os sinais feitos por Moisés. Mais adiante Deus mandou duas pragas para obrigar o faraó a ceder e libertar o povo de Israel. E elas foram replicadas pelos magos do faraó (Êxodo capítulo 7, versículos 8 a 13 e 17 a 23; capítulo 8, versículos 1 a 7).

Sinais e milagres podem ser reproduzidos por forças do mal. É isso que a Bíblia ensina. Essas forças contrárias podem operar para enganar as pessoas, assim como enganaram o faraó. Portanto, sinais e milagres não são um indicador preciso da presença do Espírito Santo. 

Já ouvi pessoas dizerem que profecias caracterizam a presença do Espírito Santo. Mas aí se aplica o mesmo raciocínio anterior. Sempre que Deus se faz presente, profecias aparecem, mas nem toda profecia vem do Espírito Santo. Afinal, a Bíblia fala claramente de falsos profetas. Portanto, ess também não é a resposta.

Há quem diga que quando há louvores, o Espírito Santo se faz presente, pois louvores são coisa muito importante para Deus - a Bíblia chega a dizer que Ele habita em meio aos louvores (Salmo 22, versículo 3). Mas não é possível garantir que quando alguém louva, essa manifestação chega junto a Deus. Que Ele se agradou do que está sendo feito. Basta lembrar daquilo que foi dito por Deus ao profeta Isaías:
Estou farto dos vossos sacrifícios. Não quero mais gordura de carneiros. Não quero ver mais o sangue dos vossos holocaustos. Quem é que vos pede sacrifícios quando vocês não se sentem abatidos pelos vossos pecados? O incenso que me trazem é como um cheiro mau que me sobe até ao nariz. As vossas celebrações sagradas quando das luas novas, assim como os sábados, e os vossos dias especiais de jejum, tudo isso para mim é uma fraude! Não quero mais saber dessas coisas. Repudio tudo isso. Estou cansado de ter que as suportar.        Isaías capítulo 1, versículos 11 a 14
O mesmo pode se dizer das orações: muitas vezes elas trazem a presença do Espírito Santo, mas nem sempre isso acontece: Jesus advertiu várias vezes contra orações que não são sinceras, contra as repetições vazias de sentido. São orações que saem dos lábios das pessoas, mas não fazem qualquer eco nos seus corações.

Ora, se não são sinais e milagres, nem profecias, nem orações ou louvor que comprovam a presença de Deus, qual é a coisa que faz isso? A resposta é simples: o amor verdadeiro. 

A Bíblia ensina que Deus é amor (1 João capítulo 4, versículo 8). Isso significa que a essência d´Ele revelada para nós é o amor verdadeiro. O amor, quando está presente, foi originado em Deus. Não há outra possibilidade.

Portanto, se quisermos saber se sinais e milagres vieram mesmo de Deus, basta ver se eles são acompanhados de amor. Se quisermos saber se o louvor chegou a Deus, precisamos verificar se esse louvor nasceu do amor por Ele. Se quisermos ter certeza que a oração chegou até Deus, precisamos ter certeza que ela está acompanhada de amor pelo próximo. Simples assim.

Com carinho

terça-feira, 24 de maio de 2016

O ERRO DA ANA PAULA VALADÃO

A conhecida cantora evangélica Ana Paula Valadão deu uma declaração na semana passada que causou polêmica. Tudo começou quando a cadeia de lojas C&A lançou campanha de marketing baseada na chamada "ideologia do gênero", assunto que anda muito popular. 

A ideologia do gênero pretende distinguir sexo (homem e mulher) de gênero (masculino e feminino). Vou me explicar melhor. 

Seres humanos nascem homens ou mulheres e a diferença entre os dois sexos pode ser percebida visualmente. Agora, a identidade de gênero - o comportamento masculino ou feminino - é construída pela vida em sociedade. Isso porque meninos são criados para serem do gênero masculino. Para gostarem de determinadas coisas (como futebol) e não de outras (brincar com bonecas) e assim por diante. E o mesmo acontece com as meninas.

Quem defende essa tese afirma que ninguém nasce do gênero masculino ou feminino. As pessoas são ensinadas a adquirirem uma ou outra identidade. E isso gera problemas desnecessários - por exemplo, quando um homem não se sente do gênero masculino e passa a viver um conflito que não deveria existir. 

Assim, essas mesmas pessoas defendem que a educação das crianças seja mudada, dando-lhes liberdade para assumirem o gênero - masculino ou feminino - que desejarem, quando e como entenderem ser melhor. 

A campanha da cadeia de lojas C&A, a que me referi no início deste post, vai exatamente nessa direção, enaltecendo a tese que as escolhas de roupas devem ser livres - rapazes escolhendo roupas desenhadas para moças e vice-versa, sem qualquer discriminação.

Agora, não há dúvida que a ideologia do gênero entra em choque com a visão bíblica e por causa disso tem havido muita controvérsia entre educadores(as), especialmente aqueles(as) ligados aos governos do PT, defendendo essas ideias e líderes evangélicos se opondo fortemente.

Foi no meio dessa disputa ideológica que a cantora Ana Paula Valadão "caiu de paraquedas", quando criticou a campanha de marketing da C&A e propôs um boicote a essa cadeia de loja de roupas. Até aí, tudo bem. 

Mas ela sem querer, foi além do que devia: afirmou que meninas devem se vestir como meninas e rapazes como rapazes. Por falta de orientação ou mesmo de cultura histórica e sociológica, Ana Paula "mordeu a isca" que tinha sido lançada por quem concebeu a tal campanha e deu margem a críticas por quem rotula os(as) evangélicos(as) de retrógrados, intolerantes e ignorantes.

O erro da cantora está no fato que o tipo de roupa considerado adequado para cada gênero varia de local para local e de época para época. Por exemplo, os escoceses usam saias o que é inaceitável no Brasil. Ainda mais, quando eu era pequeno, as moças não usavam calças compridas e hoje isso é absolutamente natural. 

Nas críticas feitas à Ana Paula, houve até quem lembrasse que Jesus vestia roupas (por exemplo, túnica) mais apropriadas hoje em dia para o sexo feminino.

É uma pena que isso tenha acontecido. Mas o erro da Ana Paula é muito comum: falar daquilo que não se conhece bem. E quando se faz isso, é comum dizer aquilo que não se deve. Perder o foco da discussão.

A cantora, ao discutir o tipo de roupa adequado a rapazes ou moças, focou na coisa errada. E infelizmente vejo isso acontecer a toda hora, quando líderes religiosos tentam discutir temas controvertidos como o casamento entre homossexuais ou o aborto por escolha livre da mulher grávida.

Não estou dizendo que os(as) evangélicos(as) devem evitar defender seus pontos de vista. Muito pelo contrário. Devem sim se posicionar e mostrar o que a Bíblia fala sobre cada um desses temas. Mas precisam saber como fazer isso, nunca se esquecendo que estão se dirigindo a quem não acredita nas mesmas coisas.

No caso do combate à ideologia do gênero, por exemplo, há uma psicóloga - Marisa Lobo - que vem atuando de forma corajosa. Mas argumenta de forma correta e rigorosa, do ponto de vista científico, e não se deixa desviar daquilo que interessa de fato.

No debate de temas controversos, não basta boa vontade. Não basta boa intenção. Não basta estar apoiado(a) na Bíblia. É preciso saber o que e como dizer as verdades necessárias. É necessário se preparar antes.

Esse é o ensinamento que temos da Bíblia. Por exemplo, quando Paulo visitou a cidade grega de Atenas, o berço da filosofia, ele pregou usando termos e argumentos filosóficos. Quando pregou para judeus, usou termos e argumentos adequados a pessoas daquela origem cultural. Em ambos os casos falou as mesmas verdades, mas levou em conta o público ao qual se dirigia. Simples assim.

Com carinho

domingo, 22 de maio de 2016

COMO DIMINUIR A INJUSTIÇA NO MUNDO

Apesar do avanço da humanidade, a injustiça social continua bem presente: por exemplo, centenas de milhões de seres humanos mal tem o que comer ou onde morar, enquanto algumas centenas de bilionários não sabem o que fazer para gastar o dinheiro que acumularam. Doenças endêmicas, como malária e dengue, continuam presentes nos países pobres e não são curadas porque as empresas farmacêuticas deixam de fazer os investimentos necessários em medicamentos que teriam baixo retorno econômico. Empresas destroem o meio ambiente apenas para ter seus lucros aumentados. E por aí vai.

Quais são as causas de toda essa injustiça? A Bíblia tem uma resposta clara: as más escolhas que as pessoas fazem. Isto é, a forma errada como usam seu livre arbítrio - e o termo técnico para isso é "pecado". 

Quero me concentrar aqui em dois tipos de pecado que, acredito, estão na raiz da maior parte das injustiças que existem no mundo. Refiro-me à inveja e ao egoismo e não foi por acaso que Jesus se preocupou tanto com essas questões.

A inveja e o egoismo tornaram-se cada vez mais presentes, até predominantes, na sociedade atual por causa de uma importante mudança cultural ocorrida nas últimas décadas: caminhamos cada vez mais na direção de uma sociedade que valoriza o "ter". Hoje em dia as pessoas valem mesmo pelo que possuem (bens materiais, status social e poder) e não por aquilo que são e quando perdem o que têm, seu valor social diminui. 

Relações baseadas no “ser”, a alternativa, são mais fortes, estáveis e duradouras. E isso pode ser percebido com clareza nas famílias, onde as pessoas são normalmente aceitas por serem quem são - parentes - e não pelo que possuem. Mas infelizmente, elas valem cada vez menos.

A necessidade de “ter” mais e mais nasce da vontade de se tornar importante, ser mais reconhecido. E essa abordagem para a vida gera competição, inveja e egoismo, dentre outros males. A razão para isso é fácil de entender: coisas materiais (riquezas, poder, honrarias, etc) são fisicamente limitadas, assim, o que alguém consegue, deixa de estar disponível para outra pessoa. É como diz o conhecido ditado: "farinha pouca, meu pirão primeiro".

Vou começar pela inveja porque ela está na base da sociedade de consumo moderna. Isso ficou bem claro num importante estudo realizado pelo psicólogo Robert Frank: ele perguntou a várias pessoas qual das alternativas preferiam: (a) receber dez mil dólares, ao mesmo tempo em que seus vizinhos receberiam bem mais, vinte mil dólares; ou (b) receber apenas oito mil dólares, enquanto os mesmos vizinhos receberiam menos ainda, seis mil dólares. 

O resultado foi surpreendente: a esmagadora maioria das pessoas escolheu a segunda opção, embora acabassem com menos dinheiro no bolso, pois ter mais do que o vizinho é uma motivação muito forte.

Uma característica interessante da inveja é aumentar com a proximidade - quanto mais próximo alguém está da pessoa objeto da sua inveja, maior o potencial para esse sentimento negativo crescer. Por isso há mais inveja entre irmãos, vizinhos ou colegas de trabalho do que entre pessoas que não se vêem om frequência. 

Não podemos esquecer que a inveja em primeiro lugar faz mal para o(a) próprio(a) invejoso(a), pois não lhe permite usufruir plenamente do que já conseguiu. Mas as consequências da inveja contra o próximo costumam ser ainda maiores - basta lembrar que os irmãos, por inveja, venderam José como escravo (Gênesis capítulo 37).

O egoismo é tão nocivo como a inveja: faz com que as pessoas se coloquem antes de tudo - em casos extremos, o(a) egoísta chega a agir como se o mundo girasse em torno do seu próprio umbigo. 

O egoísmo gera a indiferença: não interessa muito o que se passa com as outras pessoas, especialmente se elas não forem importantes, isto é se não forem parentes ou amigos(as) queridos(as).

O abuso do poder econômico, político e social nasce essencialmente da indiferença. Se alguém é indiferente ao que acontece com as demais pessoas não vai se preocupar em usar todos os recursos ao seu alcance para atingir seus objetivos, sem se importar com o prejuízo eventualmente causado para ao próximo. 

Isso explica as empresas que abusam o meio ambiente. Mas também pode ser notado nas casas de família onde os empregados domésticos não têm seus direitos trabalhistas abusados, coisa extremamente comum.

Outra consequência da indiferença é tornar outras pessoas “invisíveis” - seres humanos que prestam serviços importantes (como porteiros, garçons, lixeiros, etc) e nunca são notados (não têm rosto, necessidades, direitos, etc).

Inveja e egoismo guardam uma diferença: a primeira normalmente gera o pecado por ação: o(a) invejoso(a) acaba por fazer algo que prejudica a pessoa que lhe incomoda para conseguir o que ela tem. Já o egoísmo (e a indiferença) costuma gerar pecado por omissão: a pessoa deixa de fazer a coisa certa - por exemplo, a pessoa que conserva um armário cheio de roupas que nem se usa e deixa de doá-las para quem precisa, ou ainda a família que tem um padrão de consumo elevadíssimo e não ajuda os próprios empregados, que vivem em condições precárias. 

A vida de Jesus foi um marco contra a inveja e o egoismo (indiferença): Ele nasceu em família humilde e nunca foi atrás de pessoas ricas ou poderosas. Era companheiro dos necessitados e buscava os excluídos, como os leprosos ou a adúltera que ia ser apedrejada. Provou que status, dinheiro ou poder não têm valor aos olhos de Deus - o importante mesmo são os sentimentos que a pessoa tem no coração e o que faz de fato para ajudar o próximo. 

A verdade é que se todo mundo seguisse o exemplo de Jesus, não tenho dúvidas, o mundo seria um lugar muito, mas muito, melhor para se viver. Seria o fim da injustiça social.

Com carinho

sexta-feira, 20 de maio de 2016

AS BOAS INTENÇÕES NEM SEMPRE LEVAM A BONS RESULTADOS

A estrada para o inferno está pavimentada por boas intenções.                                                           Ditado popular
A imprensa norte-americana publicou nesta última semana um caso comovente de boas intenções que não atingiram seu objetivo, pelo contrário, prejudicaram muito.

Em alguns parques nacionais norte-americanos vivem em liberdade manadas de bisões - animais enormes, parecidos com búfalos. Esses animais estavam quase extintos e graças a um grande trabalho de preservação da vida animal, hoje existem centenas de milhares deles vivendo em liberdade.

Uma família de visitantes desse parque encontrou um filhote de bisão parecendo perdido e com frio. Com pena, a família pegou o pequeno animal e o levou na sua van até um posto da guarda florestal.

A família, embora coberta de boas intenções, descumpriu uma regra fundamental: não interferir no curso da natureza - as pessoas podem apenas observar. O que aquelas pessoas não sabiam é que, ao ser levado para fora da vida selvagem, o filhote iria adquirir cheiros estranhos e acabaria sendo rejeitado pela manada.

E foi exatamente isso que aconteceu e o filhote acabou tendo que ser sacrificado. Uma ação muito bem intencionada acabou causando um mal não esperado.

Infelizmente, a vida espiritual está cheia de exemplos desse tipo: pessoas agem pensando estar fazendo o bem e acabam gerando um mal que nunca imaginaram. Talvez o melhor exemplo da Bíblia seja o caso dos amigos de Jó. 

Para aqueles que não se lembram, Jó era um homem muito bem sucedido e um exemplo para todos de vida espiritual e moral correta. Foi submetido por Satanás a um teste de fé: perdeu quase tudo que tinha, exceto a própria vida, para ser levado a se revoltar contra Deus, coisa que acabou não acontecendo.

A Bíblia conta que no auge do sofrimento de Jó, alguns amigos o procuraram para consolá-lo. Embora a intenção desses homens fosse a melhor possível, sua ação gerou mal: ficaram longo tempo tentando convencer Jó a confessar um pecado que não tinha cometido. Os amigos atribuíam ao tal pecado inexistente todo o sofrimento pelo qual Jó estava passando - tatra-se-ia, na verdade, de um castigo de Deus.

Faltou discernimento espiritual aos amigos de Jó para perceber que, ao tentar convencer Jó de um pecado e um castigo de Deus inexistentes, estavam fazendo o trabalho de Satanás. E tanto foi assim, que o Inimigo não mais aparece no relato bíblico - não era mais preciso, pois os amigos de Jó estavam fazendo seu trabalho.

Encontramos boas intenções que levam a resultados ruins a toda hora, mesmo na igreja. Lembro de uma senhora que frequentava a mesma igreja que eu e era muito dedicada à obra de Deus. Mas ela, infelizmente, se metia a profetizar, quando não tinha esse dom - queria que alguma coisas boas acontecessem às pessoas e acabava por se convencer que tinha recebido profecias dirigidas para elas. E aí acabava por prejudicar a vida espiritual das pessoas que ouviam e acreditavam nas suas "profecias".

Lembro também do caso das pessoas que aconselharam uma mulher, frequentemente agredida pelo marido, a perdoá-lo e voltar para ele - convenceram-na que era esse o ensinamento da Bíblia. A mulher se convenceu a aceitar o conselho recebido e votou para casa: acabou violentamente agredida e vai carregar marcas desse ataque por toda a vida.

O que fazer para não cair na armadilha de causar o mal por conta das nossas boas intenções? Há várias coisas que podemos fazer. A primeira é nos informar bem sobre as coisas sobre as quais vamos falar ou agir.

No caso da família que pegou o filhote de bisão, eles poderiam ter telefonado para os guardas florestais antes de interferir. A tal senhora que fazia profecias a torto e a direito, poderia pedir confirmação delas a Deus antes de falar delas para as pessoas e confundir suas vidas. Aqueles que convenceram a mulher a voltar para o marido agressor precisariam se informar melhor sobre o comportamento de maridos abusivos e também estudar melhor a Bíblia. Os amigos de Jó deveriam ter orado a Deus e pedido orientação, antes de ficarem ditando regras para seu amigo em sofrimento.

Segundo, orar muito antes de aconselhar e interferir na vida de alguém. Manter-se em contato próximo com Deus ajuda muito àqueles(as) que querem ajudar a não se perder pelo caminho.

Finalmente, é preciso ter humildade. Precisamos ter em mente que não sabemos tudo, nem mesmo aquilo que precisaríamos. E que erramos, mesmo quando queremos ajudar. 

Com carinho

quarta-feira, 18 de maio de 2016

CRISTÃOS VERDADEIROS FICAM DEPRIMIDOS?

Eu recebo com frequência a pergunta que dá título a este texto e a razão é simples: importantes líderes evangélicos defendem a tese que uma pessoa convertida a Jesus de verdade não pode ficar deprimida. 

Para esses líderes, a fé verdadeira e a presença do Espírito Santo na vida da pessoa seriam suficientes para torná-la imune à depressão. Assim, se uma pessoa que se diz cristã aparece com sintomas de depressão, a conclusão lógica é duvidar da sua conversão sincera. 

Antes de qualquer coisa, quero deixar uma coisa bem clara: depressão é uma doença como qualquer outra - nesse sentido, depressão não é diferente de pneumonia ou insuficiência cardíaca. Ter depressão não caracteriza falta de fé e muito menos que a pessoa não esteja salva.

Depressão é uma doença que se caracteriza pelo desequilíbrio da química do cérebro humano, por isso tomar remédios para combatê-la é imprescindível. E não há nada de errado ou anti-bíblico nisso. 

As causas da depressão ainda não são totalmente conhecidas. Mas já sabemos bastante a respeito desse mal terrível - por exemplo, as estatísticas disponíveis indicam que cerca de 10% de todas as pessoas já sofreu ou irá sofrer desse mal em algum momento das suas vidas. 

Sabemos também que mudanças hormonais importantes, como aquelas que acontecem com as mulheres grávidas ou com as pessoas durante o processo de envelhecimento, podem com frequência levar à depressão. 

Causas de fundo emocional, como estresse excessivo ou perda importante (morte de pessoa querida, término de relação amorosa, desemprego, etc), também podem conduzir as pessoas à depressão.  

O estresse excessivo impacta quase todo mundo hoje em dia porque as pessoas fazem exigências excessivas sobre si mesmas: muitas querem aproveitar seu tempo ao máximo (tentam fazer muitas coisas ao mesmo tempo), outras querem ser as melhores em tudo (não admitem as próprias limitações) e há ainda quem queira ter controle das suas circunstâncias. Quando as coisas não se passam como esperam e/ou desejam, as pessoas acabam podem se sentir perdidas e fracassadas. E algumas delas acabam por entrar em depressão por causa disso. 

Um bom exemplo bíblico é Elias, profeta que enfrentou e venceu sozinho 400 profetas de Baal. Ele foi jurado de morte pela rainha Jezebel, que era devota de Baal, e achou que sua carga estava pesada demais: pensou caber a ele defender sozinho a fé verdadeira. E caiu em depressão. 

Em casos como esse, é claro, não basta que a pessoa doente tome os remédios necessários. Sobretudo, será preciso também que a pessoa mude seus objetivos e forma de viver. Foi o que Deus fez com Elias: arrumou-lhe um ajudante (Eliseu) e convenceu-o que não estava sozinho na sua luta, pois havia outras seis mil pessoas em Israel que continuavam fiéis (1 Reis, capítulo 19).

Perdas sérias também podem levar à depressão. A Bíblia traz um exemplo interessante desse tipo de situação: refiro-me ao caso de Ana, mãe do profeta Samuel. Ela entrou em depressão ao perceber que era estéril. Tinha perdido sua função maior na vida (ser mãe) - naquela época, a principal função das mulheres era gerar filhos homens. 

Sentindo-se derrotada, certo dia, Ana foi ao Tabernáculo e ali ficou, em sofrimento. Não queria mais viver, tal a profundidade da sua depressão. O sacerdote Elias, ao passar pelo local, viu aquela mulher e pensou que ela estiva bêbada, tão alterado era o seu estado. A Bíblia conta que Deus respondeu ao pedido de Ana, prometeu-lhe um filho e ela conseguiu se recuperar (1 Samuel capítulo 1, versículos 1 a 18).


Curar a depressão causada por perdas envolve não somente a presença de remédios, como também muito apoio psicológico, incluindo terapia. O tempo também costuma ser um grande remédio.

Talvez você se surpreenda ao saber que também há depressão de origem espiritual. Depressão causada pela culpa decorrente do pecado. Judas, que se suicidou, após se arrepender de ter traído Jesus, é um excelente exemplo. Davi, chorando, coberto por pano de saco e cinzas, depois de ser punido por Deus pelo adultério com Bate-Seba, é outro exemplo interessante. Os salmos escritos nessa fase da sua vida (por exemplo, o 51) mostram claramente esse processo.

Os sintomas da depressão são bem conhecidos: melancolia profunda, apatia, vontade de morrer (tendências suicidas), isolamento completo (mesmo das pessoas mais queridas), dentre outros. No caso do profeta Elias, ele nem queria comer e Deus teve que mandar anjos alimentá-lo. 

Há casos menos comuns onde os sintomas surpreendem: as pessoas deprimidas ficam super-aceleradas, não conseguem descansar e continuam em frente até ficar esgotadas.

Independentemente da causa e dos sintomas da depressão, suas consequências impactam todas as dimensões da vida humana. Por exemplo, uma pessoa deprimida não come ou dorme direito e isso a torna mais predisposta a doenças oportunistas, como infecções. Seus relacionamentos podem ser seriamente afetados, tornando sua vida emocional um caos. E certamente acabam por aparecer brechas espirituais, quando a pessoa começa a duvidar da sua fé e da sua razão para viver.  

Não há um esquema padrão para o andamento da depressão: cada pessoa passa por esse sofrimento de forma diferente. Cada caso é um caso: umas pessoas se abatem mais fisicamente, outras sentem mais pelo lado espiritual. Umas levam mais tempo, enquanto outras resistem mais a aceitar o tratamento necessário. 

Assim, é fundamental não criar expectativas preconcebidas quanto ao tratamento necessário e o tempo para recuperação. Frases do tipo “levanta dessa cama que sua vida é muito boa” ou “dá um tanque de roupa para ela lavar que vai melhorar rapidinho”, que são dirigidas a incentivar as pessoas deprimidas podem causar mais mal do que bem. 

Finalmente, tenha em mente que a pessoa deprimida vai precisar de muita ajuda: além de tomar a medicação adequada, precisará contar com pessoas em quem confie, com quem possa falar das suas fraquezas e dificuldades. Em quem encontre apoio. É aí que entram familiares, amigos(as), terapeutas e pastores(as), cada um(a) com sua função e campo de atuação. 

Há muito mais a falar sobre essa terrível doença, mas creio que já dei uma ideia para você do que se trata. Se perceber alguma pessoa querida nessa situação, procure ajuda adequada e trate essa questão como qualquer outra doença séria, usando todos os recursos que estiverem disponíveis para ajudar na cura. 

Com carinho

segunda-feira, 16 de maio de 2016

A MELHOR PARTE DA VIDA

Domingão, a família está toda reunida para mais um almoço. É aquela bagunça gostosa: todos falando ao mesmo tempo e ao fundo choro de criança. Como a comida está muito boa, todo mundo come demais e depois ficam se sentindo culpados(as) - tem gente que chega a prometer que segunda feira, sem falta, começará regime para perder peso. 

E é perturbador perceber a falta de uma pessoa na sala: a própria dona da casa, aquela que organizou tudo. Ela está na cozinha, arrumando a pia, lavando a louça, etc. Organizou a reunião mas está perdendo a melhor parte dela...

Certa vez aconteceu uma situação muito parecida com Jesus. Ele estava visitando uma família muito amiga: os três irmãos Marta, Maria e Lázaro. A casa deles ficava perto de Jerusalém e Jesus sempre passava por lá durante suas idas à capital - há diversos episódios da vida d´Ele relacionados com aquela família, inclusive a ressurreição de Lázaro.

Jesus estava ensinando e Maria ficou sentada a seus pés enquanto Marta corria de lá para cá, atarefada, arrumando a casa, preparando comida, etc. Em dado momento, Marta reclamou com Jesus que a irmã estava sem fazer nada enquanto o trabalho pesado tinha sobrado para ela. A resposta de Jesus foi surpreendente (Lucas, capítulo 10, versículos 40 a 42): 
Marta, Marta, você está ansiosa e preocupada com tantas coisas, mas apenas uma coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e isto não será tirado dela.
Jesus chamou atenção para uma questão muito importante: a prioridade errada que muitas vezes as pessoas dão às coisas. Maria estava fazendo o mais importante: ouvir Jesus, aprender d´Ele. Marta escolheu se preocupar com as tarefas domésticas, fez a escolha errada. 

Marta e Maria tiveram uma oportunidade única: ouvir Jesus. Aprender diretamente d´Ele. Mas uma delas, Marta, tinha prioridades erradas. E Jesus mostrou isso para ela.

No exemplo que dei no começo deste texto, a dona da casa fez a mesma coisa: ficou tão preocupada com as tarefas domésticas que perdeu muitos dos melhores momentos da reunião familiar. Escolheu o menos importante: manter a cozinha em ordem. 

Exemplos como esses comprovam como as escolhas moldam e definem as vidas das pessoas. E o alerta de Jesus é justamente no sentido de ser preciso fazer as escolhas certas, dar a importância correta a cada coisa.

O que mais se ouve dentro das igrejas são pessoas alegando não terem tempo para estudar a Bíblia ou mesmo realizar a obra de Deus. Muitas afirmam estar passando por um momento meio complicado mas quando colocarem as coisas em dia, terão tempo para ajudar na obra. Aí o tempo passa e acabam surgindo outras questões que assumem prioridade - o momento de ter disponibilidade para Deus nunca chega. Já vi isso acontecer diversas vezes.

O interessante é que essas mesmas pessoas encontram tempo para fazer um monte de coisas: ver televisão, ir ao cinema ou festas, viajar, passear no shopping, etc. E essas prioridades acabam por preencher todo o tempo disponível: por exemplo, a novela está muito interessante, aí é preciso ler revistas ou ver programas de fofocas que contam o que vai acontecer ou comentam os bastidores das gravações; ou ainda, depois de ver o time de futebol ganhar o jogo, na televisão, a pessoa se sente compelida a assistir os programas de análise que explicam como foi a importante vitória, passam os melhores momentos, entrevistam jogadores; etc. 

Ninguém é tão ocupado que não tenha tempo para Deus. O problema real é que Ele tem baixa prioridade na vida da maioria das pessoas. Simples assim. Por isso, um dos mandamentos mais importantes da Bíblia é aquele que manda as pessoas colocarem Deus em primeiro lugar - todas as suas prioridades devem ser estabelecidas a partir do relacionamento com Ele. 

A maior prioridade deve sempre ser dada às atividades que aproximam as pessoas de Deus. Afinal, os seres humanos foram criados para estar num relacionamento contínuo com Ele - é por isso que vemos com frequência por aí pessoas que têm tudo, sob o ponto de vista material, mas sentem um enorme vazio na vida, pois não têm a presença de Deus. 

E ao sentirem esse vazio, tentam preenchê-lo fazendo mais do mesmo: compram mais coisas, buscam mais prazeres, vão a lugares de lazer ainda mais excitantes e assim por diante. Agora, comida e bebida em excesso não saciam a fome de encontrar sentido para a própria vida; múltiplos relacionamentos amorosos não satisfazem a fome por amor verdadeiro; atividade profissional que vira um fim em si mesma, acabando por preencher quase toda a vida da pessoa, não substitui o calor de uma família amorosa; e assim por diante. 

O pior é que ao focar mais e mais seu interesse nas coisas materiais, na diversão, nos relacionamentos humanos e em outras coisas assim, gastando nisso sua melhor energia, as pessoas acabam tendo seu desejo por estar com Deus abafado, diminuído mesmo. É parecido com o que acontece com o alcoólatra: sua fome por alimento sólido fica diminuída por causa dos efeitos da bebida alcoólica. 

Concluindo, você, assim como eu, precisa aprender a estabelecer as prioridades certas para sua vida. Precisa escolher a melhor parte. E essa é, sem dúvida nenhuma, é uma relação de intimidade com Deus.

Com carinho

sábado, 14 de maio de 2016

A REVOLTA DO SALTO ALTO

Você já ouviu falar da "revolta do salto alto"? Acredito que não. Mas esse tema tem estado em toda a mídia nos últimos dias. E acredito que ele possa trazer importantes lições para nossas vidas. 


Os principais eventos de cinema e televisão nos países de primeiro mundo costumam incluir um desfile no "tapete vermelho": mulheres famosas, vestindo roupas e joias maravilhosas, andam por uma passarela e se deixam fotografar. No dia seguinte, a mídia comenta sobre quem estava bem ou mal vestida - é comum até haver listas das melhores e piores.

Desfiles no "tapete vermelho" geram muito dinheiro - o desfile duma mulher famosa num evento importante, como o Oscar, é suficiente para tornar famoso o costureiro que fez aquele vestido e garantir-lhe milhões de dólares de encomendas. E as mulheres também se beneficiam, pois alimentam a fantasia dos fãs ao parecerem lindas e glamorosas. 

A moda mostrada nesses eventos acaba tornando-se popular e sendo adotada por mulheres em todo mundo. Afinal, as mulheres que não vestem "aquilo que está na moda" acabam se sentindo mal no meio em que vivem - isso é muito fácil de comprovar: tente mandar uma jovem adolescente a uma festa com roupas fora de moda para ver como ela vai reagir mal...

As mulheres se deixaram escravizar pelos padrões da moda. E muitas vezes isso significa usar vestuário desconfortável. Um bom exemplo são os sapatos de salto muito alto, usados por muitas mulheres, inclusive para trabalhar, mesmo sendo muito desconfortáveis - outro dia vi num jornal a foto dos ferimentos nos pés de uma mulher obrigada a esse tipo de calçado no seu trabalho.

E por que isso acontece? Simplesmente porque as mulheres aceitam a imposição de padrões de estética e comportamento ditados por pessoas - estilistas, editores(as) de moda, etc - que se arrogam esse direito. São essas pessoas que ditam o que está na "moda" e o que todas as mulheres precisam usar. 

Recentemente, um grupo de mulheres começou a se revoltar contra esse estado de coisas. Dentre outras coisas, passou a defender que as mulheres tenham direito de calçar sapatos confortáveis. 

Em apoio a essas ideias, dias atrás, algumas artistas importantes - como Julia Roberts, famosa pelo filme "Uma linda mulher", e Kristin Stewart, conhecida pela série "Eclipse" - apareceram descalças no "tapete vermelho" do festival de Cannes, a mais famosa mostra de cinema do mundo. Essa atitude foi apelidada na mídia de "a revolta do salto alto".

São atitudes como essa que irão aos poucos libertar as mulheres da escravidão que hoje enfrentam em muitos aspectos da sua vida. E não é somente naquilo que se refere ao direito de usar sapatos confortáveis. Abrange também coisas como a exigência de ser magra... 

Agora, o que isso tudo tem a ver com a vida cristã? Muito. A coisa muito similar no cristianismo: alguns poucos líderes religiosos formulam ideias - o que pode ou não ser feito, como se relacionar com Deus, etc - que são absorvidas pelas pessoas a as escravizam. Quando essas ideias atingem certo grau de difusão, transformam-se no padrão de comportamento a ser seguido e as pessoas acabam sendo pressionadas a se comportar de acordo com elas.

E quem discorda delas, pode ser criticado, taxado de pecador(a), agente do Diabo ou coisa pior. Recebo inúmeros emails de pessoas que contam suas histórias e testemunham esse tipo de coação.

Um bom exemplo de "sapato alto" teológico, é a Teologia da Prosperidade. Essas ideias chegaram no Brasil na década de sessenta do século passado, com base nos livros escritos por alguns teólogos norte-americanos, como Kenneth Haggin. A tese defendida por esses líderes religiosos era que Deus prometeu a prosperidade para seus seguidores(as) fiéis. Mas para que as bençãos prometidas sejam manifestadas na vidas das pessoas, elas precisam dar provas da sua fé, principalmente doando generosamente para a obra de Deus.

Trata-se da armadilha teológica perfeita: se as pessoas ficam prósperas, isso se deve ao fato de terem seguido essas ideias. E se não ficam, a culpa é da própria pessoa, da sua falta de fé (não das ideias divulgadas).

Pessoas que frequentam as igrejas que seguem a Teologia da Prosperidade são pressionadas a dar para a obra de Deus - isso é repetido continuamente para elas. São expostas a constantes testemunhos de quem teria obtido enormes bençãos. E as pessoas acabam até doando aquilo que não podiam.

A Teologia da Prosperidade permitiu que muitos líderes cristãos construíssem verdadeiros impérios financeiros, com centenas de templos, empresas, etc. O meio evangélico, em boa parte, se transformou num "mercado da fé". 

Mas não há absurdos só por conta da Teologia da Prosperidade. Há outras coisas igualmente terríveis: a ênfase excessiva na ação do Diabo, a banalização de milagres, a demonização de quem pensa diferente e assim por diante. Uma tristeza - muitas vezes não reconheço o cristianismo, que tanto amo e defendo, em certos vídeos que acesso na Internet.

Por que as pessoas aceitaram e continuam aceitando essas ideias? Por que deixaram que passassem a dominar suas vidas? Há várias razões para essa passividade e várias delas são bem parecidas com aquelas que fazem as mulheres aceitar a ditadura da moda.

Algumas das ideias defendidas - por exemplo, a prosperidade - agradam e fazem com que as pessoas se sintam bem em aceitá-las - no caso das mulheres em relação à moda, a ideia que agrada é a de ficar linda e desejável.

Outra razão para aceitação passiva de ideias teológicas tóxicas é a conformidade: as pessoas gostam de estar com a maioria. Não querem ser diferentes e têm medo de ser criticadas por pensar diferente - eu vivo essa experiência aqui, com frequência, porque algumas vezes fujo do padrão de ideias vigentes no meio evangélico. 

Dizer não, falar que não concorda com alguma, quando todo mundo parece pensar diferente, não fácil. É muito parecido ao que acontece com as mulheres em relação à moda: elas mulheres não querem ser diferentes, não querem se sentir estranhas - é por isso que são mulheres famosas, que não se preocupam tanto com isso, quem vem liderando a "revolta do salto alto".

Outra razão é a acomodação: por falta de tempo ou compromisso em estudar a Bíblia, as pessoas preferem aceitar aquilo que já vem pronto, as ideias já feitas, especialmente quando a mensagem tem origem em alguém em quem confiam (como pastores famosos).

Resumindo, a comunidade cristã, em muitos aspectos, precisa viver uma "revolta" santa, como a das mulheres que vem lutando contra o salto alto. É preciso libertar as pessoas de ideias que as escravizam. Simples assim.

Com carinho

quinta-feira, 12 de maio de 2016

ONDE ESTÁ A NOSSA SEGURANÇA?

Terremotos, tsunamis, inundações catastróficas e outros desastres naturais demonstram como a segurança do ser humano é frágil. De repente, vidas que pareciam tranquilas e seguras podem ser  destruídas, com tudo se desfazendo em questão de minutos.

A história humana dá inúmeros exemplos que essa fragilidade. Durante os 5 anos de duração da II Guerra Mundial, centenas de milhões de pessoas tiveram suas vidas afetadas para pior, muitas delas sem terem qualquer chance de se recuperar. Outro exemplo relevante é o ataque às Torres Gémeas, em Nova Iorque, onde quase 4.000 pessoas tiveram suas vidas destruídas. Mais outro exemplo é o tsunami financeiro ocorrido nos países desenvolvidos em 2008. 

O pior é que as pessoas sempre tentam se convencer de estarem seguras, não havendo com o que se preocupar. Por exemplo, o terremoto foi em outro país ou a crise econômica vai passar ao largo - lembro de um Presidente brasileiro que afirmou estar o Brasil imune à crise financeira mundial (aqui ela não seria um tsunami, mas simples "marolinha"). E todos estamos sentindo hoje uma realidade bem diferente. 

Não importa o país onde se viva, a situação financeira da pessoa ou mesmo sua posição social, não há como ter segurança real no nosso mundo. Afinal, coisas materiais nunca podem dar garantia real e duradoura. 

Onde então encontrar a segurança de que precisamos para ter tranquilidade? A Bíblia ensina que a única fonte segura é Deus. Ele é como uma "rocha firme" onde podemos apoiar os pés (Salmo 18). Diz ainda que somente estão garantidos os "tesouros" acumulados no “banco” de Deus (Mateus capítulo 6, versículos 19 e 20).

Segurança verdadeira começa de dentro para fora – nasce na fé em Deus e na esperança que ela gera. Não pode nascer de promessas de um governo, da pseudo garantia dada por bens acumulados ou posição social, pois tudo isso passa. O livro do Eclesiastes ensina que confiar em coisas materiais é como “correr atrás do vento”, uma ilusão.

Somente poderemos nos sentir verdadeiramente seguros se confiarmos em quem tem poder para nos dar essa garantia. Em quem pode fazer promessas que serão cumpridas, não importam as circunstâncias. E isso somente Deus pode fazer.

E Ele também traz consolo e revitaliza nossas forças quando passarmos por tribulações. Sem contar que levanta pessoas inesperadas para nos ajudar nos momentos cruciais - Deus fala ao coração delas e as move a agirem em nosso favor.

Lembro que quando fiz vestibular de engenharia - um dos mais difíceis do país -  tive muito dificuldades com a segunda prova. Fiquei nervoso e embora soubesse a matéria, não conseguia fazer raciocinar com clareza - em quase duas horas de prova, quase nada tinha feito de útil. Aí pedi para sair da sala de prova e ir ao banheiro - queria lavar o rosto e tentar me controlar. A pessoa que me acompanhou, a qual eu nunca tinha visto, foi conversando comigo e dizendo que percebeu meu nervosismo e que eu não tinha razão para ficar assim porque era bom aluno e conhecia a matéria (coisa que ele evidentemente não tinha como saber). O fato é que fui tocado pelas palavras dele, me acalmei e fiz o suficiente, nas duas horas de prova que faltavam, para conseguir passar. 

Fui ajudado por quem não conhecia e nunca mais vi na vida. E essa ajuda foi crucial. E conheço várias experiências parecidas. O fato é que Deus age e sua Graça se manifesta nas nossas vidas.  

Deposite sua segurança em Deus. Acredite no que Jesus ensinou e prometeu. Garanto que você não vai se arrepender.

Com carinho

terça-feira, 10 de maio de 2016

PEGUE, PAGUE E APAGUE

Seu passado te condena? Ou simplesmente te atrapalha? Uma nova franquia de clínicas de hipnose promete reprogramar a memória... Tudo em seis vezes no cartão.                                                           Trecho da reportagem "Pegue, pague e apague", publicada no O Estado de São Paulo, em 21/02/2016                            
Uma nova rede de clínicas que acabou de entrar no mercado anuncia usar a hipnose para ajudar as pessoas a enfrentar e superar seus problemas: vícios os mais diversos, dificuldades para estudar, insegurança, impossibilidade de desenvolver relacionamentos afetivos sérios e outros mais. 

São usadas palavras e técnicas de relaxamento para levar as pessoas atingir um transe hipnótico e assim poder tratar os traumas acumulados no seu passado, onde (segundo os defensores dessa abordagem) reside a origem da maioria dos problemas presentes. 

Ao longo do tratamento, as pessoas são sugestionadas a fazer diversas coisas: por exemplo, aplicar uma "injeção de autoconfiança nas próprias veias" para deixar de sofrer com as críticas e agressões sofridas no seu dia-a-dia. Aprendem a responder "dane-se" quando esse tipo de situação se apresentar...

Quando leio esse tipo de notícia, costumo lembrar que os seres humanos sempre buscaram fórmulas "mágicas" que lhes permitisse superar seus problemas. A hipnose é apenas uma dessas "fórmulas", sendo conhecida há muito tempo - a tal rede de clínicas simplesmente "requentou" ideias bem conhecidas e deu-lhes "roupagem" atual para torná-las mais atrativas.

Outras fórmulas mágicas bem conhecidas são o chá usado pelo grupo do "Santo Daime" e as técnicas de meditação (como a repetição sem cessar de mantras), que também levam as pessoas a entrar em transe. E há muitas outras.

E aí está um dos grande desafios que os(as) seguidores(as) do cristianismo enfrentam. Nós também queremos nos livrar das dificuldades da vida de maneira rápida e sem dor, mas sabemos que não é esse o ensinamento da Bíblia. O cristianismo é uma caminhada, um processo de enfrentamento permanente das próprias dificuldades e limitações, buscando um aperfeiçoamento que nos deixe mais parecidos(as) com nosso modelo de vida, Jesus.

Não há fórmulas mágicas, não há receitas prontas que façam as dificuldades desaparecerem ou serem superadas rapidamente. É preciso perseverança e trabalho. 

E o desafio ao qual me referi está justamente em aceitar essa verdade  não se deixar contaminar pelas fórmulas fáceis que prometem alívio rápido e resultados fáceis. É um desafio persistir quando os resultados parecem não vir.

Há uma passagem na Bíblia que exemplifica bem o que estou falando. Deus pediu a Noé que construísse uma arca para abrigar suas família e casais de animais. Ora, tal ordem foi dada muito tempo antes do dilúvio para dar tempo para a arca ser construída. E é fácil imaginar Noé e a família trabalhando por muito tempo numa tarefa que parecia sem sentido, pura perda de tempo - certamente foram questionados e ridicularizados pelos seus vizinhos. Mas quando o dilúvio chegou, só a família de Noé estava preparada (Gênesis capítulos 6 e 7). 

A Bíblia usa outra imagem para falar da mesma coisa: diz que a estrada para salvação é estreita e cheia de pedras, portanto, difícil de transitar. E que a outra estrada é boa e gostosa de caminhar, mas não leva a lugar nenhum. Simples assim.

Com carinho 

domingo, 8 de maio de 2016

E QUEM CRIOU O CRIADOR?

Mãe, se Deus criou o mundo, quem criou Deus?” Foi essa a pergunta que uma adolescente esperta, filha de uma amiga, fez para a mãe. E a mãe ficou sem saber o que responder. Pediu tempo e felizmente decidiu procurar auxílio técnico - atitude muito melhor do que dizer uma bobagem ou fugir da pergunta. 

Frequentemente enfrentamos “saias justas” - perguntas teológicas difíceis de responder - como essa. Os(as) jovens hoje têm muito acesso a informações científicas e culturais e sua curiosidade natural gera esse tipo de questionamento. São também provocados(as) por professores(as) e colegas a justificar sua fé em Jesus. E precisam de respostas adequadas. 

Infelizmente, as igrejas não preparam as pessoas para defender a própria fé e por causa disso elas não costumam saber responder perguntas difíceis, mas perfeitamente razoáveis. E o pior é que as respostas existem, basta saber onde encontrá-las.

A título de exemplo vou mostrar como aquela mãe poderia ter respondido para sua filha. Trata-se de um raciocínio em dois passos. Faça um esforço para acompanhá-lo, pois você precisa se acostumar com esse tipo de questão.

Tudo que teve início teve uma causa
Começo por um princípio bem conhecido: tudo que teve início precisa ter tido uma causa que justifique esse início

E isso faz todo sentido lógico. Afinal, se alguma coisa ou algum ser não existia antes e passou a existir depois, foi necessário que alguma agente tenha atuado para dar origem ao que aconteceu. Por exemplo, se uma pintura foi criada, foi porque um artista fez o trabalho necessário. Se uma planta germinou, um agricultor lançou uma semente no solo. Se uma infecção apareceu, houve uma bactéria responsável pela contaminação. E assim por diante.

Sabemos que o universo teve início - a explosão de um "ovo" cósmico conhecida como "Big Bang". Logo, foi preciso haver um agente externo ao universo para dar lugar a essa origem (chamamos esse agente de Deus). Não seria razoável pensar que o universo surgiu do nada, formou-se sozinho, sem qualquer ação externa.

Tempos atrás, a revista Época publicou uma entrevista com um físico que defendeu exatamente a ideia absurda da auto-criação do universo - cientistas também dizem bobagens, pode ter certeza disso. Tentou justificar sua tese afirmando que existia uma "sopa" de partículas subatômicas flutuando por aí e elas, de alguma forma, acabaram formando o universo. Mas quando lhe perguntaram de onde vieram as tais partículas subatômicas, ele ficou sem resposta. 

Nem os mágicos fogem da regra que estabelece uma causa para tudo que tem início, pois quando tiram um coelho da cartola, foi o seu ajudante quem escondeu o animal ali...

Deus teve um início?
O segundo passo do raciocínio lida com outra questão, paralela à primeira: será que Deus teve início? Se teve, é razoável imaginar que houve um criador para Ele. 

A Bíblia explica que Deus é eterno, isto é sempre existiu e sempre existirá. Em outras palavras, Deus não teve início e não foi criado. Logo, não é preciso encontrar um criador para Deus - essa é a resposta para a jovem que citei no começo deste texto.

Alguém ainda poderia questionar: como justificar que Deus é eterno sem usar a Bíblia? Essa pergunta faz todo sentido porque se a pessoa não é cristã não vai mesmo aceitar argumentos baseados na Bíblia. 

A resposta para isso é que o agente criador do universo precisa ser eterno. E a razão dessa afirmação nasce na Teoria da Relatividade Geral do famoso físico Albert Einstein. Ele mostrou que o universo tem quatro dimensões, três delas são físicas (largura, altura e comprimento) e a quarta é o tempo. Essas quatro dimensões formam o conhecido "espaço-tempo" aceito hoje em dia por todos os físicos. 

Ora, é óbvio que quem criou as três dimensões físicas do universo também criou o tempo pois essas duas coisas andam juntas. E quem criou o tempo está fora dele e não pode ser afetado por ele. 

Se quem criou o universo não pode ser afetado pelo tempo, estamos falando de um agente imutável e eterno. Simples assim. Exatamente o que a Bíblia diz a respeito de Deus. Em outras palavras, não é só a Bíblia que fala num criador eterno. A mesma conclusão é obtida a partir das premissas da ciência. 

Concluindo, não há mistério. Trata-se de uma questão complexa, é verdade, mas isso seria mesmo de se esperar. Afinal, Deus é um Ser muito especial e nada do que se refere a Ele pode ser trivial.

Com carinho