domingo, 19 de julho de 2015

O APÓSTOLO PAULO DISCRIMINOU AS MULHERES?

"...conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar, mas estejam submissas como também a lei o determina."                         1 Coríntios capítulo 14, versículo 34
Este texto, escrito pelo apóstolo Paulo cerca de 1.950 anos atrás, tem sido explorado de forma muito negativa. Homens machistas têm se apoiado nele para negar às mulheres um papel mais relevante dentro das igrejas cristãs - tanto assim, que algumas igrejas impedem até hoje que as mulheres sejam ordenadas sacerdotes ou mesmo ensinem a Bíblia (a não ser para outras mulheres).

Negar às mulheres o direito a ter um papel de liderança nas igrejas equivale a desprezar as vocações e dons da esmagadora maioria dos seus membros - não podemos esquecer que as mulheres somam de 65 a 80% dos membros das igrejas evangélicas segundo todos os levantamentos feitos. A postura de discriminação das mulheres, além de cruel e injusta, empobrece as igrejas, privando-as de talentos que poderiam ser extremamente úteis.

Por causa desse estado de coisas, muitos(as) intelectuais e boa parte da mídia acusam o cristianismo em geral (e o apóstolo Paulo em particular) de discriminação contra a mulher. E tal crítica sem dúvida contribui para afastar muitas pessoas bem intencionadas da fé cristã.

O que Paulo realmente disse
Temos aí mais um caso, dentre muitos outros, em que o texto da Bíblia é completamente distorcido. Paulo não era machista e nunca pretendeu afastar as mulheres da liderança da igreja cristã, até porque, na sua época, inúmeras mulheres já exerciam esse papel (Romanos capítulo 16, versículos 1 a 16). 

O erro de interpretação se deve sobretudo pela diferença de perspectiva cultural entre entre a época em que Paulo viveu e os dias de hoje. Naquele tempo, a maioria dos homens sabia ler e as mulheres não. Os homens eram educados para participar de cerimônias públicas, inclusive as de cunho religioso, e as mulheres para ficar em casa, realizando trabalhos domésticos, num ambiente informal. 

Ora, com o advento do cristianismo as mulheres passaram a ter participação religiosa muito mais ativa, quando comparado, por exemplo, ao judaísmo. Mas essa participação maior e mais livre gerou um problema: as mulheres, de forma geral, não tinham o traquejo social necessário para se comportar adequadamente durante as cerimônias religiosas. 

Acostumadas apenas com atividades domésticas, onde lhes era permitido falar a qualquer momento, fazer brincadeiras, etc, elas tinham dificuldade de se comportar adequadamente durante os cultos, bem mais solenes, marcados por um ritual. Em outras palavras, havia um problema localizado, gerado pela falta de traquejo social das mulheres dentro daquele contexto social. Era uma questão daquela sociedade e presente naquela época.

O que Paulo fez no texto acima foi um comentário admoestando as mulheres a se comportar melhor durante os cultos. Ele não estava em absoluto se referindo ao papel das mulheres no ministério cristão de uma forma geral. Ensinou que durante as cerimônias religiosas não era momento para as mulheres ficarem conversando e nem mesmo para tirarem dúvidas sobre o que estava sendo dito. 

No que tange a essa última questão, Paulo alegou (versículo 35) que as mulheres deviam contar com seus maridos para esclarecer suas dúvidas, pois os homens eram mais versados na interpretação da Bíblia.  

Ora, tudo isso faz amplo sentido e nada tem de discriminação contra a mulher. Paulo fez apenas recomendações cheias de bom senso. Portanto, erram tanto aqueles(as) que se aproveitam do texto para limitar o ministério feminino dentro das igrejas cristãs, como também os(as) que querem pregar no cristianismo o rótulo do machismo.  

Com carinho

sexta-feira, 3 de julho de 2015

FÉ E ESPERANÇA

A fé
Há duas formas de se saber alguma coisa. A primeira delas é usar o sentido de observação e o raciocínio, algo que fazemos todos os dias. É com base nisso que aprendi as verdades "2 + 2 = 4" e “todo ser humano morre”. Essas são verdades universais, ou seja valem em qualquer lugar e a qualquer tempo. 

Aprender verdades desse tipo é adquirir "conhecimento". E ele é usado para a tomada da maioria das decisões diárias das pessoas. Em outras palavras, elas vivem com base no conhecimento que adquirem.

Agora, se alguém afirma que Jesus ressuscitou Lázaro dentre os mortos entramos em outro território. Não é possível saber isso nem pela experiência diária (ela diz que quem morre não ressuscita, exatamente o oposto), nem pela ciência (não há como comprovar o que ocorreu com Lázaro milhares de anos atrás). 

É aí que aparece outra forma de saber: a fé. Por meio dela sei que a Bíblia é a Palavra de Deus, dando-me condições de acreditar nos ensinamentos e leis nela contidos. E a Bíblia diz que Jesus ressuscitou Lázaro, portanto tomo isso como um fato real. 

É claro que o conhecimento científico sobre a Bíblia pode reforçar a fé e por isso os estudos são importantes. É fundamental, por exemplo, preservar os manuscritos antigos, traduzi-los de forma cuidadosa, para conhecer fatos históricos nele descritos que podem confirmam os relatos e as profecias bíblicas. O mesmo pode ser dito das escavações arqueológicas. 

Mas infelizmente nunca será possível comprovar cientificamente tudo que a Bíblia relata, como os milagres realizados por Jesus ou sua ressurreição. Assim, para quem escolheu seguir Jesus, há, e sempre haverá, a necessidade de dar passos apoiados apenas na própria fé.

E é exatamente isso que Deus deseja de nós. Afinal, Ele não teria nenhuma dificuldade em escrever no céu, em letras gigantescas, que Jesus é o Senhor. E se não o faz, é porque deseja ver-nos exercitando nossa fé - a Bíblia ensina que sem fé (confiança) é impossível agradar a Deus (Hebreus capítulo 11, versículo 6).  

A fé que Deus deseja ver em nós é a mesma que uma criança pequena tem no seu pai (Lucas capítulo 18, versículos 15 a 17). O pai diz, para o filho: “pula, que o pai te segura”. E o filho, mesmo morrendo de medo, pula no vazio porque confia que o pai não vai deixá-lo se machucar. O filho não pode ter conhecimento concreto que o pai vai segurá-lo, pode apenas exercer sua fé nele.

A esperança     
É fácil explicar o que é esperança com base na noção de fé. Digamos que eu ache que meu time de futebol tem bons jogadores e está sendo bem treinado. E de alguma forma, desenvolva a fé que meu time tem condições de ser campeão brasileiro. Eu não conheço isso cientificamente, mas adquiro essa esperança com base na fé. 

E tal esperança passará a pautar minhas ações: lerei diariamente a parte esportiva do jornal, assistirei os jogos pela tv e, quando puder, irei ao estádio. Isso porque vou querer vivenciar uma campanha que antecipo será vitoriosa. 

A esperança nasce da fé e não do conhecimento. Se eu conheço uma verdade científica, não preciso ter esperança. Por exemplo, tenho conhecimento que o sol vai nascer amanhã cedo e até posso marcar um encontro com alguém nesse horário. E meu ato não estará baseado numa esperança mas numa certeza trazida pelo conhecimento científico. 

Agora, acreditar que minhas orações vão trazer a cura de uma doença séria para meu pai é uma esperança baseada na minha fé que Deus ouve as orações e tem o poder necessário para curar.

Fé e esperança andando juntas
A fé pode ser tão forte que a esperança por ela gerada leva as pessoas a agirem com segurança absoluta. Mas, infelizmente, nem sempre as pessoas depositam sua fé nas coisas certas e assim podem acabar fazendo bobagem. 

A história relata que populações inteiras ficaram esperando o fim do mundo no ano 1.000 da nossa era. O fim não chegou e os prejuízos econômicos foram enormes pois as pessoas deixaram de trabalhar, de fazer negócios, etc. Conheço diversos casos de pessoas que se julgaram curadas de câncer e deixaram de tomar a medicação recomendada, acabando por morrer. 

Agora, quando a fé é depositada na coisa certa, a dobradinha "fé e esperança" pode realizar muito. Permite às pessoas fazerem coisas que, à primeira vista, parecem impossíveis. Por exemplo, os seguidores de Jesus, depois da sua ressurreição, esperaram pela vinda do Espírito Santo e Ele veio, mudando a vida daquelas pessoas para sempre (Atos capítulo 2).

O pastor Martin Luther King manteve a esperança que Deus haveria de mudar os Estados Unidos - seu discurso mais famoso começou assim: "eu tenho um sonho..." Ele acreditou que a discriminação racial seria superada e a sociedade norte-americana tornar-se-ia mais justa. E isso aconteceu - hoje há até um feriado comemorando sua vida.

Portanto, a qualidade da esperança está diretamente relacionada com a qualidade da fé que a suporta. A fé correta, embasada naquilo que Deus revelou na Bíblia, dá lugar a uma esperança maravilhosa, pela qual se pode e deve viver.  

Para aquele(a) que aceita Jesus sinceramente no seu coração, a esperança não é a última a morrer. Afinal, ela nunca morre.

Com carinho