sábado, 30 de maio de 2015

VOCÊ JÁ OUVIU FALAR DE URIM E TUMIM?

Urim e Tumim são os nomes de duas pedras preciosas muito especiais, usadas para consultar a Deus. O sumo-sacerdote as carregava numa espécie de bolso que tinha no peitoral das suas vestes sacerdotais (Êxodo capítulo 28, versículo 30 e Levítico capítulo 8, versículo 8). Ali também ficava um pequeno pergaminho contendo o nome de Deus. 

Quando alguém precisava consultar a Deus sobre uma questão relevante - normalmente relacionada com o interesse de todo o povo de Israel - podia fazer uso do Urim e Tumim. Por exemplo, o rei Saul acabou por consultar uma médium, porque:
... quando consultou o Senhor, o Senhor não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas... 1 Samuel capítulo 28, versículo 6
O procedimento de consulta era o seguinte. A pessoa que precisava da resposta se dirigia ao sumo-sacerdote. Esse virava-se para a Arca da Aliança, para invocar Deus, e a pessoa interessada, atrás dele, fazia a pergunta. E o sumo-sacerdote, então, manipulava as pedras. 

Há muita controvérsia sobre como a resposta de Deus se dava. Vejamos algumas possibilidades: 
  • As inscrições gravadas nas pedras se iluminavam e o sumo-sacerdote interpretava o significado da resposta dada. 
  • As pedras continham numa face a resposta positiva e na outra a negativa. Elas eram jogadas e a resposta era dada dependendo da face delas que caísse para cima. A resposta podia ser negativa (duas faces negativas para cima), positiva (duas faces positivas para cima) ou indeterminada (uma face de cada para cima). 
  • Há ainda quem diga que existia apenas uma pedra e Urim e Tumim eram os nomes das suas duas faces.
Há várias passagens da Bíblia que descrevem situações onde essas pedras foram usadas. Por exemplo, esse método de consulta a Deus foi usado para  validar a escolha de Josué como sucessor de Moisés (Números capítulo 27, versículo 21). Em alguns casos o uso do Umim e Tumim não é expressamente mencionado, mas esse parece ter sido o caso. Por exemplo, quando Deus escolheu os homens que seguiram Gideão para guerra (Juízes capítulo 7, versículos 1 a 4) ou quando Saul foi escolhido rei dentre todo povo de Israel (1 Samuel capítulo 10, versículos 20 a 24).

Nos dias de Esdras e Neemias, quando o povo de Israel voltou do cativeiro na Babilônia (meados do século V AC), esse método de consulta tinha caído em desuso por motivos que não conhecemos. Por exemplo, em Esdras capítulo 2, versículo 63, é contado que Zorobabel adiou a decisão com respeito ao direito de certas famílias terem seus membros reconhecidos como sacerdotes, até que se apresentasse alguém sabendo usar essas pedras. 

Elas desapareceram em algum momento da história de Israel, mas não se sabe quando isso aconteceu. O historiador Flavius Josephus deu uma pista dizendo nos seus escritos que isso se deu cerca de 200 anos antes da sua época, ou seja por volta de 150 AC. 

Concluindo, o costume de consultar a Deus usando essas pedras parece-nos meio estranho - usamos hoje métodos totalmente diferentes. Mas o uso do Urim e o Tumim foi uma realidade importante para Israel por cerca de 1000 anos. 

Com carinho

quinta-feira, 28 de maio de 2015

O MILAGRE DE LUCIANO E ANGÉLICA

O Brasil se emocionou com a história do Luciano Huck e Angélica, que juntamente com seus filhos, duas babás e pilotos, escaparam de um desastre de avião terrível, no domingo passado.

Em depoimento ao Jornal Nacional da TV Globo, na noite de ontem, o casal falou sobre seu desespero, quando viu que o avião ia cair. E Angélica chegou a declarar que todos foram salvos pela mão de Deus. Ou seja, ela sabe que um milagre aconteceu na vida de sua família.

Esse casal me é muito simpático, não somente por ser uma ilha de sanidade no meio da loucura do mundo televisivo, que frequentemente dá exemplos péssimos. O casal está junto há muitos anos, parece viver bem e já tem três filhos. Apesar de ricos e famosos, não deixaram tais coisas influenciarem suas vidas - nunca foram flagrados dando testemunho ruim. E os programas de ambos na TV Globo costumam abraçar boas causas, voltadas a ajudar os menos favorecidos.

Alguns poderiam dizer que Luciano e Angélica foram salvos por Deus justamente porque são pessoas boas. Eu não gosto de pensar assim, pois já vi muita gente boa morrer em desastres ou doenças inesperadas e aí seria necessário explicar porque essas mortes não foram injustas. 

Eu já expliquei muitas vezes aqui neste blog que desastres acontecem por conta de erros humanos - no caso, combustível de má qualidade (contendo impurezas). E Deus não opera nas nossas vidas por conta dos nossos méritos. Suas razões são bem outras. Algumas conseguimos entender enquanto outras continuarão a ser misteriosas.

Agora, uma coisa é bem clara na Bíblia: toda vez que Deus se move, sempre tem como objetivo fazer sua obra avançar. É claro que Ele se alegra em fazer o bem para aqueles que ama, mas sempre há um objetivo maior por trás da sua ação. 

E aqueles que são beneficiados por um milagre assumem - embora muitas vezes não venham a se dar conta disso - a responsabilidade de contribuir para os objetivos de Deus.

Muitos anos atrás fui salvo de um atropelamento na porta da escola - tenho certeza que ali ocorreu um milagre. Eu sabia disso, mas vivi muitos anos da minha vida sem realmente me colocar à disposição da obra d´Ele - ia à igreja com regularidade, dava o dízimo e fazia algumas ofertas, mas não me envolvia de fato na obra. Hoje procuro fazer o que está a meu alcance e este blog é uma prova viva disso. Provavelmente poderia fazer ainda mais, mas sei que já avancei na direção certa.

A mesma responsabilidade bateu agora à porta de Luciano e Angélica. Cabe a eles entender isso e passar a agir de acordo.

A segunda reflexão que gostaria de fazer aqui é sobre a fragilidade da vida humana - ela é muito maior do que queremos reconhecer. A família do Luciano Huck estava bem num minuto, vivendo de forma privilegiada, e todos poderiam ter morrido no minuto seguinte. Hoje poderíamos estar acompanhando emocionados o enterro de todos eles.

Jesus lembrou essa realidade numa parábola bem conhecida (Lucas capítulo 12, versículos 16 a 21). Um lavrador muito rico teve uma colheita excepcional e resolveu aumentar seus celeiros para guardar todos os grãos que produziu. Aí disse para si mesmo que podia finalmente descansar e aproveitar o que tinha acumulado na vida. A parábola termina com a seguinte frase de alerta:
...Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado...?  
Precisamos aprender a não deixar para amanhã as ações espirituais que são necessárias, pois não sabemos o que vai acontecer. Afinal, nossa vida não está debaixo do nosso controle. Simples assim.

Que a família do Luciano e da Angélica tenha uma vida abençoada. Mas que eles também possam ser uma benção na obra de Deus. Esse é meu desejo sincero para eles.

Com carinho 

terça-feira, 26 de maio de 2015

O MUNDO ESTÁ PARA ACABAR?

Tempos atrás, quando houve um enorme terremoto no Tibé, a direção da Igreja Universal declarou que isso seria uma prova da chegada do fim do mundo. 

Na verdade, esse tipo de declaração volta e meia é feita por diferentes líderes religiosos cristãos. Lembro de ter ouvido a mesma coisa logo após o tsunami que matou centenas de milhares de pessoas na Indonésia. Lembro também de uma conhecida pastora afirmando que Saddam Hussein seria a Besta descrita no Apocalipse, logo depois que ele invadiu o Kuwait, há mais de 20 anos atrás.

Os líderes religiosos fazem essas afirmações porque relacionam as desgraças ocorridas com os fatos catastróficos que deverão acontecer próximos do fim do mundo, conforme o relato do livro do Apocalipse. Por isso, toda vez que algo de muito ruim acontece, vem a declaração de alguém que o mundo vai acabar em breve. 

Mas será que o mundo está mesmo para acabar? A resposta para essa pergunta é simplesmente: não sei. Não possível afirmar nada sobre isso. 

Grandes catástrofes têm ocorrido desde o início da existência do mundo. Por exemplo, um meteorito caiu no atual território do México cerca de 60 milhões de anos atrás e seus efeitos nocivos destruíram muitas espécies de animais, inclusive os dinossauros. Erupções vulcânicas destruíram cidades - como Herculano e Pompéia (na Itália) - e terremotos arrasaram civilizações inteiras. Epidemias - como a peste bubônica - dizimaram populações de inúmeros países. E conflitos, como a Segunda Mundial, levaram centenas de milhões de pessoas à morte. E o mundo não acabou. 

Em outras palavras, as catástrofes por si só não são indicadoras do final dos tempos. Elas têm ocorrido com regularidade na história da humanidade e continuarão a ocorrer. E o fato delas acontecerem, por si só, não prova nada.

E não podemos esquecer que a Bíblia é clara ao dizer que ninguém sabe quando o mundo vai acabar. Jesus disse que nem Ele sabia disso. Só Deus Pai conhece o dia e a hora certas (Mateus capítulo 24, versículos 36 a 39). 

Jesus também disse que irá voltar num momento inesperado, da mesma forma como o ladrão ataca o incauto (Mateus capítulo 24, versículos 43 e 44). Ou seja, não haverá alerta para as pessoas.

Em conclusão, não sabemos quando o mundo irá acabar. E certamente não seremos avisados de quando isso vai acontecer. E não podemos concluir que a ocorrência de desastres catastróficos apontam que essa época está próxima. Eles já aconteceram muitas vezes e o mundo continua aí.

Com carinho

domingo, 24 de maio de 2015

ESCONDENDO-SE DA GRAÇA DE DEUS

É estranho mas muitas pessoas se escondem da Graça de Deus. E o resultado é sempre ruim, afinal a Graça é o instrumento através do qual Deus perdoa o ser humano e o recebe de volta no seu convívio, do qual tinha se afastado por causa do pecado.

E há três formas de se esconder da Graça de Deus. Uma delas é bem fácil de identificar, enquanto as outras duas são bem mais sutis e, portanto, potencialmente mais perigosas.

Escolha consciente
Nesse caso a pessoa se afasta da Graça simplesmente por se recusar a aceitar Jesus como seu Salvador. E essa é uma decisão consciente tomada com base no livre arbítrio. E a pessoa que a toma precisará enfrentar as consequências da sua escolha. 

Indecisão
Essa é uma forma mais sutil de se esconder da Graça. Não há uma recusa concreta e consciente a Jesus, mas o resultado prático é o mesmo. Isso porque a pessoa nunca faz o que é necessário para realmente aceitá-lo como Salvador - por exemplo, alega que ainda não está em condições de dar esse passo. Vai adiando a decisão. 

A pessoa pode mostrar-se indecisa por perceber que vai precisar mudar sua vida e talvez não queira fazer isso - sente-se confortável como está. Pode ser também que não esteja totalmente convencida de quem Jesus é. Há várias outras possibilidades.

O grande problema é que a pessoa nem percebe que está se escondendo da Graça de Deus e das consequências desastrosas dessa escolha. É igual ao fumante que se intoxica um pouco a cada dia, mas somente toma consciência do mal que fez a si mesmo muitos anos depois, quando aparece um câncer.

Legalismo 
Essa é a forma mais sutil de se esconder da Graça de Deus. O problema surge porque a pessoa pensa, bem lá no fundo, ser possível aproximar-se de Deus por mérito. Pensa que pode realizar boas obras em quantidade suficiente para merecer a salvação - é o que a Bíblia chama de "caminho da Lei".

Mas o apóstolo Paulo ensinou (Romanos capítulo 7, versículos 7 a 25) que a Lei foi dada por Deus para que o ser humano soubesse distinguir com clareza entre o que é certo e o errado. E, em consequência, percebesse que o grau de exigência de Deus não pode ser atingido por ninguém, não importa o quanto a pessoa venha a se esforçar. 

Agora, há quem mesmo assim continue a se agarrar à ideia de ser possível agradar a Deus por mérito, por esse caminho parecer mais justo. E aí a pessoa passa a dar enorme atenção aos mandamentos e às regras de comportamento de todo tipo, muitas delas inventadas pela loucura humana. E quem faz isso costuma cobrar dos outros que façam o mesmo. 

Isso se chama legalismoE existe uma armadilha terrível, na qual há duas formas de cair. A primeira é tornar-se orgulhoso(a): acreditar sinceramente ter conseguido juntar mérito suficiente, alcançando a santidade necessária. 

Há uma parábola contada por Jesus (Lucas capítulo 18, versículos 9 a 14) onde dois homens entraram no Templo de Jerusalém para orar. Um deles era fariseu, estrito cumpridor dos mandamentos bíblicos, e ele orou dizendo estar grato por não ser um pecador, como a pessoa ao seu lado, um coletor de impostos. Esse segundo homem mal levantou os olhos para o altar, com vergonha da sua conduta. E na sua oração, pediu perdão e misericórdia a Deus. 

Jesus concluiu a parábola dizendo que ambos pecaram, mas o coletor de impostos, que reconheceu seus pecados, foi para casa justificado por Deus, enquanto o fariseu, por causa do seu orgulho, não. 

A segunda maneira de cair na armadilha gerada pelo legalismo é a hipocrisia: a pessoa sabe que não consegue fazer tudo aquilo que Deus deseja mas tenta manter uma fachada de santidade

A hipocrisia talvez seja ainda pior do que o orgulho pois a pessoa passa a viver uma mentira, apenas para ficar bem aos olhos dos(as) outros(as)

E Jesus advertiu que os(as) hipócritas são como "túmulos caiados", isto é bonitos por fora mas cheios de podridão (Mateus capítulo 23, versículos 27 e 28). Coisa terrível.

Palavras finais
Aceite que você, assim como eu, precisa de ajuda para chegar até Deus. E a Bíblia ensina que essa ajuda está materializada na Graça. Portanto, não se esconda dela. 

A Bíblia ensina ainda que a Graça de Deus só se torna efetiva na vida de cada pessoa através da fé verdadeira, isto é da aceitação de Jesus como único Salvador. 

E como não há mérito - não é pelas obras que é possível chegar até Deus -, só resta a cada um(a) de nós ser profundamente grato pela Graça recebida. Simples assim.

Com carinho

sexta-feira, 22 de maio de 2015

UMA DOUTRINA MUITO PERIGOSA

O pastor John Piper é uma voz muito respeitada no meio evangélico - eu mesmo já publiquei um post sobre um livro comovente que ele escreveu sobre o racismo (ver mais detalhes). 

Infelizmente, uma utra contribuição teológica sua é desastrosa, levando-me até a questionar se Ele serve o mesmo Deus que eu.  

A divergência parte do debate sobre as guerras travadas pelo povo de Israel contra os canaanitas durante a conquista da Terra Prometida. E no relato bíblico, há textos onde Deus aparece dizendo aos israelitas para matar toda a população inimiga. 

Olhada sob a ótica moderna - dos direitos humanos -, essa orientação parece ser cruel e injusta. Eu já comentei neste blog (ver mais detalhes) que avaliar práticas políticas e sociais em vigor cerca de 3.000 anos atrás com base em critérios vigentes hoje em dia, é um erro chamado anacronismo

O povo de Israel estava inserido numa realidade onde não havia piedade para com os perdedores de uma guerra. Era uma questão de matar ou morrer, até porque a terra existente não conseguia prover alimentos para todos - a agricultura ainda era muito rudimentar. 

E é nesse contexto que devemos analisar o que a Bíblia relata sobre aquelas guerras. Portanto, a forma de encarar o que aconteceu e o papel de Deus naqueles fatos precisa levar isso em conta. 

O fato é que Deus estabeleceu um relacionamento com seu povo através do qual lhe foi ensinando, aos poucos, quais eram os caminhos corretos. E isso pode ser percebido claramente quando se compara a forma de tratar inimigos estabelecida no Velho Testamento - retribuir na mesma medida o mal recebido, isto é “olho por olho” - e no Novo Testamento - “amai os inimigos”. 

Deus sabia que o povo iria evoluir pouco a pouco nas suas práticas sociais. Assim, a revelação plena e final da sua vontade somente veio com o Evangelho de Jesus, cerca de 1.400 a 1.200 anos depois das guerras dos israelitas com os canaanitas.

Tenho certeza que o Pastor John Piper sabe isso tudo, pois tem uma formação acadêmica excelente. Mas, quando lhe foi apresentada a mesma questão - porque Deus teria orientado o massacre de populações inimigas de Israel -, Piper saiu-se com a seguinte resposta: 
É correto que Deus chacine mulheres e crianças em qualquer momento em que Ele assim o deseje. Deus dá a vida e pode tomar a vida. Todas as pessoas que morrem, morrem por que Deus assim o deseja ... Ele não faz nenhum mal para ninguém quando tira a vida daquela pessoa, quer com a idade de 2 semanas ou de 92 anos.”  
Eu confesso que fico meio sem palavras ao ler tal tipo de declaração - a mídia  aproveitou para fazer o maior barulho com essa frase, acusando o cristianismo de intolerante. 

Não consigo ver como esse tipo de hiper-realismo pode levar as pessoas a aceitar o evangelho de Jesus. E nem como esse tipo de abordagem pode ajudá-las a enfrentar suas dificuldades. É mais ou menos dizer o seguinte, para quem sofre de doença incurável: 
Deus é o soberano do universo e Ele pode escolher destruir sua vida e/ou dos seus entes queridos quando e onde quiser. Ele não deve nada a você, portanto, você não pode acusá-lo de nada se Ele fizer isso agora.” 
Infelizmente essa posição hiper-realista encontra outros defensores além do Pastor Piper. São aqueles(as) que entendem que a soberania de Deus é absoluta e por isso Ele faz o que bem quer e ninguém pode reclamar nada. 

O problema com essa doutrina é ela ser apenas parcialmente verdadeira. Realmente Deus é soberano, mas uma coisa é o potencial que Deus tem para fazer tudo aquilo que quiser e outra bem diferente é aquilo que Ele realmente faz. E a diferença entre uma coisa e outra está relacionada com o caráter de Deus e isso faz toda a diferença.

Eu prefiro acreditar - e acho ter base bíblica para tanto - que Deus quase sempre segue o caminho da misericórdia e do amor. Só em ocasiões extraordinárias, onde não mais esperança de recuperação das pessoas, como no caso de Sodoma e Gomorra, Ele é rigoroso. Mas na maioria dos casos, Deus é misericordioso - por exemplo, Ele perdoou o povo de Nínive, quando as pessoas se arrependeram, após o chamado feito pelo profeta Jonas.   

Outro ponto de discordância que tenho com o Pastor Piper é que, bem lá no fundo, há um certo sentimento de superioridade em quem defende o mesmo ponto de vista dele. Duvido que Piper tivesse a mesma tranquilidade se pessoas chacinadas fossem da sua família ou os seus amigos. 

Vejo o mesmo problema na teologia da predestinação - Deus teria escolhido de antemão algumas pessoas para serem salvas e outras para mandar para o inferno. Nunca li um livro, onde essa doutrina seja defendida, no qual o(a) autor (a) reconheça que foi predestinado(a) para o inferno. Tais livros são sempre escritos sob o ponto de vista de quem se julga predestinado para a salvação e aí fica fácil afirmar tal tipo de coisa. 

Finalmente, discordo também porque vejo nesse tipo de postura teológica a matriz onde é gerado o radicalismo, que tanto mal já causou e ainda causa no mundo, sob a desculpa de fazer a vontade de Deus. 

E é por doutrinas radicais desse tipo que cristãos(ãs) "sinceros(as)" matam médicos que fazem abortos, agridem gays, invadem e destroem terreiros de religiões afro, dentre outros absurdos, dando testemunho de intolerância e crueldade para a sociedade onde vivem. 

Com carinho 

quarta-feira, 20 de maio de 2015

VEJAM O LIVRAMENTO DE DEUS ...

O relato abaixo foi publicado no site UOL em 30/03/2011. Vejam como Deus livrou Karina.

História de Karina Aparecida Chicória (27 anos em 2011)
Faltavam quatro meses para meu aniversário de 15 anos. Uma colega, que queria visitar o namorado na cadeia, me pediu um favor. Em troca, me daria R$ 80,00. Era uma época que eu andava meio revoltada e andava com más companhias. Nunca havia experimentado droga, só maconha, nem vendido. 
Ela me deu 28 papelotes de cocaína. Vendi um deles, mas depois percebi que havia perdido um. Então tive então uma ideia. Sabia que as meninas abriam os papelotes, pegavam um pouco de cada e montavam um novo para vender. Pensei em fazer o mesmo para repor a perda. 
Estava terminando quando o dono da droga chegou. Ele ficou furioso com minha colega e ela brava comigo, porque perdeu o emprego. Eu estava encostada no portão quando senti um negócio passar no meu pescoço. Era ela, que veio por trás e me deu uma facada na nuca.”
Minha cirurgia durou oito horas. Depois, foram 18 dias em coma e seis meses no CTI. Acordei com minha mãe me chamando. Eu me lembrava de tudo. Só xingava e queria me vingar da menina. 
Três meses depois a médica veio e disse que eu ia ficar tetraplégica. Perguntei o que era aquilo. Ela disse que eu tinha perdido os movimentos do pescoço para baixo e que ficaria dependente de um respirador. Eu perguntei até quando. Ela respondeu: "Até quando Deus quiser". 
Eu só chorava. Era conversar comigo, que eu chorava. Foi assim por uns quatro meses. Até que o médico me deu uma bronca: "Já te expliquei várias vezes o que você tem e não é para ficar chorando. Essa é a última vez que quero ver você chorar." E não chorei mais, só quando ficava muito triste. 
Fiz muitos amigos aqui (Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto). É uma segunda família. Voltei a estudar. Agora, já conclui o ensino fundamental. Também aprendi a pintar com a boca. Fiz oito quadros. A internet me ajuda também. Converso com os pacientes novos, com os acompanhantes.
Dois anos atrás, entrei numa depressão feia, até tentei me matar. Tentei tirar o respirador à noite, mexendo o pescoço. Mas não consegui. 
Acho que Deus falou: "Vou dar um susto nela, para ela acordar para a vida". Isso porque, outro dia, estava dormindo e o respirador saiu sozinho, sem eu querer. Quando as enfermeiras chegaram, estava perdendo a consciência. Pedi perdão a Deus, vi que não queria morrer. Eu queria viver.”
Hoje me despedi dos meus amigos do hospital pois volto para casa. Planejei como seria a festa de despedida. Teve até convite. Tudo graças ao respirador que o Estado enviou, à ajuda do pessoal do HC e também porque minha mãe poderá ficar comigo. 
Quero continuar estudando, terminar o ensino médio. No começo, queria fazer enfermagem. Agora estou pensando em jornalismo, porque no hospital criei um jornal mural. 
Meu desejo era ir para casa. E esse é o primeiro sonho que estou realizando.
O ensinamento que tiro desse relato impressionante é que Deus restaura vidas, mesmo quando parece não haver mais esperança. É o que a Bíblia chama de "livramento de Deus.

Quando o povo de Israel saiu do Egito, liderado por Moisés, houve um momento em que as pessoas se viram espremidas entre o mar Vermelho e as tropas do faraó que avançavam. Quando o desespero começou a bater, Moisés disse
“... não temais, estais quietos e vede o livramento de Deus...”   Êxodo, capítulo 14, versículo 13 
Karina experimentou o livramento de Deus. E qualquer um(a) pode fazer o mesmo quando precisar. Basta abrir seu coração para Ele.

Com carinho

sábado, 16 de maio de 2015

BUSQUE A CURA E NÃO APENAS O ALÍVIO PASSAGEIRO

Os sintomas de doenças - febre, dores, cansaço, náuseas, etc - não são um mal em si mesmos. Eles causam desconforto mas cumprem um papel fundamental: alertam que há algo errado, uma doença que precisa ser tratada.  

Mas como os sintomas causam desconforto, frequentemente as pessoas se contentam apenas em obter alívio e deixam de ir mais fundo, de tratar de fato a doença. Tomam um comprimido aqui, usam uma pomada ali e vão levando. Assim que os sintomas melhoram, até esquecem da doença. 

Aliviar sintomas sem cuidar de eliminar sua causa é muito, mas muito perigoso. Muita gente boa já morreu por causa disso.

Buscando a cura espiritual
Doenças que têm componente espiritual - depressão, remorso, amargura, etc - também geram “sintomas”. E as pessoas podem repetir o mesmo tipo de erro: buscar apenas alívio deixando de investir na cura. 

Por exemplo, a tristeza pode ser sintoma de remorso profundo. Assistir um culto bem alegre, onde o pregador promete "mundos e fundos", pode trazer alívio temporário mas a doença espiritual continua lá. E o incômodo vai voltar, mais cedo ou mais tarde. Apenas quando a pessoa enfrentar as causas do seu remorso (os pecados que cometeu) e conseguir se sentir perdoada por Deus (e eventualmente pelas outras pessoas) é que o problema vai desaparecer.

E a mesma coisa acontece com a amargura derivada da falta de perdão, com a depressão causada pela decepção com Deus e com tantas outros problemas espirituais que "comem" a pessoa por dentro.

Agora, a cura das doenças espirituais, assim como acontece com as doenças de cunho físico, depende de algumas coisas. Primeiro, de um diagnóstico corretoNão há nada pior que diagnosticar a doença de forma errada, pois isso leva a pessoa a tomar medidas inadequadas.

Por exemplo, uma pessoa sofreu uma injustiça que nunca foi reparada e isso lhe gerou amargura. E como não consegue perdoar quem lhe prejudicou, essa raiz ruim só faz crescer. Mas ela pode pensar que seu problema está no fato de não ter recebido uma reparação. Diagnóstico errado.

Enquanto a pessoa amargurada não entender que o perdão unilateral é a solução, não vai conseguir resolver o problema. Vai continuar a esperar que quem lhe prejudicou faça algo - por exemplo, lhe peça perdão -, quando a solução depende apenas dela mesma.

Se você tiver dificuldade em identificar a causa dos seus incômodos espirituais, procure se informar sobre o tema (há vários textos neste blog que podem ser consultados) e peça ajuda de alguém mais experiente (pastor, professor, conselheiro de casais, etc).

Em segundo lugar, decida enfrentar a doença, custe o que custar. Voltando ao exemplo acima, a pessoa amargurada tem que decidir perdoar unilateralmente, sem esperar mais por alguma reparação (se isso acontecer melhor, mas não dá para ficar esperando).

Depois, exerça sua fé (tenha confiança em Deus). Sem isso, não há como ter certeza que se está fazendo a coisa certa. Isso significa também obedecer a Deus, mesmo que Ele lhe peça algo que contrarie sua vontade

É como num tratamento médico. A pessoa precisa escolher um(a) médico(a) de sua confiança e seguir o tratamento recomendado por ele(a), mesmo que não entenda bem as razões para o que lhe foi pedido e/ou lhe seja requerido passar por um procedimento doloroso. Mas sem confiança no(a) médico(a) não há como fazer isso.

Sem confiança no "médico" espiritual que temos - o Espírito Santo - não há como passar pelo processo de cura espiritual. Voltando ao mesmo exemplo, a pessoa precisa confiar que conceder o perdão unilateralmente é a coisa certa a fazer - não vai lhe prejudicar

Finalmente, tenha persistência. Problemas espirituais não são curados num passe de mágica - requerem tempo para serem superados. Isso porque a sua cura sempre têm a ver com mudanças interiores e isso nunca é feito com muita facilidade.

E a persistência num propósito espiritual modifica para melhor o caráter da pessoa. A Bíblia ensina que a persistência gera experiência e essa, por sua vez, traz esperança (Romanos capítulo 5, versículo 4). 

Resumindo, a cura de uma doença espiritual requer: diagnóstico correto, decisão de enfrentar o problema (não se contentando apenas com o alívio passageiro), confiança no "médico" (Espírito Santo) e persistência no tratamento.    

Com carinho 

domingo, 10 de maio de 2015

VOCÊ PODE SER REVESTIDO DE PODER

O livro chamado "Atos dos Apóstolos", escrito por Lucas, um médico de origem grega, relata o início da vida da igreja cristã, abrangendo um período de trinta anos, a começar com a ressurreição de Jesus Cristo. É uma leitura bastante fácil e agradável - por sua importância, ela é altamente recomendada para todos os(as) cristãos(ãs).

E um versículo resume bem a mensagem do Ato dos Apóstolos: 

"...recebereis poder , ao descer sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra..."  capítulo 1, versículo 8 

Isso aconteceu logo após a ressurreição de Jesus. Ocorre que sua morte na cruz tinha deixado os discípulos apavorados e nem os quarenta dias que Jesus passou com eles, já depois de ressuscitado, permitindo que todos comprovassem a verdade daquele milagre, tinham sido suficientes para acalmar as coisas. 



Os discípulos precisavam ser revestidos de um poder especial para poder exercer sua missão de espalhar o Evangelho de Jesus Cristo pelo mundo. Foi esse o poder derramado pelo Espírito Santo sobre eles durante os eventos do Pentecostes (Atos capítulo 2, versículos 1 a 4). 


Esse poder especial está tão disponível hoje em dia, como esteve na época do início da vida da igreja cristã. E é sobre ele que eu gostaria de conversar hoje.

Poder, seu objetivo e finalidade
Há várias definições para "poder". A que eu mais gosto é a capacidade de influenciar o comportamento das outras pessoas

Um diretor manda e o funcionário obedece - ou seja, ajusta seu comportamento à vontade do chefe – porque o diretor tem o poder que lhe foi dado pela forma como a empresa é constituída. E talvez também por que o diretor conheça mais sobre o negócio do que o funcionário. 

O Presidente da República tem poder sobre todos os cidadãos, dentro daquilo que é estabelecido pelas leis do país. Os pais têm poder sobre os(as) filhos(as) também conferido pela lei, bem como também pela dependência financeira e emocional que os(as) filhos(as) têm deles. Os pais têm ainda poder de cunho espiritual, que lhes permite abençoar (ou amaldiçoar) seus(uas) filhos(as). 

O meu médico tem poder sobre mim porque sabe melhor do que eu o que se passa com o meu próprio corpo. Um professor tem o mesmo tipo de poder do médico, gerado pelo conhecimento que tem. O pastor de uma igreja tem poder para abençoar, ensinar e exortar seu rebanho. Um país mais forte tem poder para impor sua vontade a um país mais fraco. E assim por diante.

Esses exemplos mostram que há vários tipos de poder: outorgado pelas leis (Presidente, diretor), aquele derivado da autoridade moral (pastor e pais), o que é originado no conhecimento (diretor, médico e professor), na força pura (o país forte) e o de cunho espiritual (pastor e pais). 

Outra coisa que diferencia o tipo de poder disponível é a finalidade do seu uso Pode ser fazer cumprir a lei e os objetivos do Governo (Presidente), ganhar dinheiro (diretor), ensinar (professor), curar (médico) e assim por diante.



Os dons: o poder do Espírito Santo em nós
De que poder Jesus estava falando quando pediu aos discípulos para aguardar em Jerusalém? Não era aquele outorgado pelas leis ou o fruto da força bruta. Portanto, Ele se referia ao poder do conhecimento (saber algo mais que as outras pessoas), moral (condição de apontar ao outro o que é certo ou errado) e espiritual (capacidade de abençoar, exortar, profetizar e realizar milagres).

E esse poder era necessário para que os discípulos pudessem se apresentar com as credenciais adequadas, comprovando que falavam em nome de Jesus. E também pudessem encorajar uns aos outros, nos momentos de dificuldade. E finalmente, conseguissem ensinar o Evangelho.

A finalidade desse poder, portanto, era fazer a obra de Deus. E aí está o primeiro grande ensinamento: o poder do Espírito Santo é transferido para a execução da obra de Deus e não para quem quer que seja lucrar individualmente.

Em linguagem teológica, o poder que descrevi acima, nas suas diferentes finalidades (ensino, cura, pastoreio, profecia, etc) é chamado dom espiritual (1 Coríntios capítulo 12, versículos 1 a 11). Esses dons foram derramados pelo Espírito Santo, durante o evento do Pentecostes, bem como em diversos outros momentos relatados na Bíblia, justamente para que as pessoas pudessem fazer a obra de Deus.

Aí vão uma série de perguntas normalmente feitas quando as pessoas aprendem sobre dons espirituais:  

  • Quem decide sobre a distribuição desse poder? Deus faz isso de acordo com sua própria vontade soberana. Como é um recurso dado por Ele, ninguém pode reclamar se não receber algum dom em particular. 
  • Todo mundo recebe dons espirituais? Sim, todos(as) aqueles(as) que se dispuserem sinceramente a fazer a obra de Deus receberão tal tipo de poder, na medida das suas necessidades.  
  • Há dons mais importantes? A Bíblia indica que sim (1 Corintios capítulo 12, versículos 28 a 31). Mas isso não quer dizer que uma pessoa se torna menos ou mais importante na obra por ter um dom considerado maior ou menor. O que importa é o uso que essa pessoa faz dos dons que receber. E os dons mais importantes não são aqueles que atraem mais publicidade (como cura, milagres ou louvor). E sim os que colaboram para a mudança de vida das pessoas, como o testemunho do Evangelho, a profecia ou o ensino. 
  • A pessoa pode ter mais de um dom?  Sim. O apóstolo Paulo tinha dons de pastoreio, ensino, profecia e cura, dentre outros.
  • Posso pedir a Deus um dom? Pode, segundo 1 Corintios capítulo 12, versículo 31
  • Como posso saber qual é o meu dom? Através de muita oração - Deus colocará no seu coração a resposta -, da profecia de outra pessoa e das oportunidades que aparecerem para colaborar na obra de Deus.  
  • E se eu não quiser o dom que recebi? A Bíblia nos ensina que as pessoas que recusaram acabaram voltando atrás – por exemplo, Moisés não queria ser o Libertador do povo de Israel (Êxodo capítulo 3). Se você está verdadeiramente disposto a trabalhar na obra de Deus, acabará aceitando aquilo que Ele lhe reservou.
Concluindo, o mesmo poder que revestiu os discípulos de Jesus está disponível para você e para mim hoje em dia. E essa é uma certeza gloriosa.



Com carinho

segunda-feira, 4 de maio de 2015

O MINISTÉRIO DOS DEVERES HUMANOS

Todos já ouviram falar de direitos humanos - no Brasil temos até um Ministério que trata desse assunto e procura, sem muito sucesso, garantir que as pessoas sejam respeitadas pelo Poder Público, pela sociedade em geral, pela mídia, pelas empresas, etc. 

Agora, garanto que você nunca ouviu falar em "deveres humanos". E nunca soube de algum Ministério que trate dessa questão. E a razão é simples: as pessoas não gostam de ser lembradas de seus deveres. 

É por isso que muitos pastores até desistem de pregar sobre pecados, isto é sobre as violações dos deveres humanos estabelecidos por Deus. É melhor, pensam esses pastores(as), falar sobre as promessas de Deus, prosperidade, sobre cura e outras coisas boas desse tipo.

Mas a Bíblia não segue essa linha confortável. Seus textos estão cheios de referencias aos deveres dos seres humanos. E as violações dos deveres humanos podem acontecer de duas formas: ao fazermos o que não devíamos (pecado por ação) ou ao deixarmos de fazer aquilo que era de nós esperado (pecado por omissão).

Por exemplo, quem mente ou participa de um esquema de corrupção viola o mandamento de não dar falso testemunho mentir ou o de não roubar. Em ambos os casos o pecado deu-se por ação. Agora, quem deixa de amar o próximo como a si mesmo(a), peca por omissão. Em ambos os casos, houve violação dos deveres humanos. 

Não é possível ser humano de fato apenas tendo direitos pois são justamente os deveres que nos forçam a pensar nas outras pessoas. São eles que nos impedem de fazer mal a elas. 

E aqueles(as) que tentam levar suas vidas considerando apenas seus direitos acabam cometendo atos errados por terem uma visão excessivamente auto-centrada e egoísta.  

Concluindo, se temos direitos como seres humanos de termos nossas vidas e nossa dignidade preservadas, também temos deveres que decorrem dessa mesma condição humana. Simples assim.

Com carinho