domingo, 30 de abril de 2017

NEM SEMPRE VOCÊ COLHE O QUE PENSOU TER PLANTADO


A "lei da causa e efeito" é bem conhecida por todo mundo: ela estabelece que se há um efeito, certamente houve uma causa para ele. Assim, se uma porta bateu (efeito), houve uma rajada de vento (causa). Se alguém ficou gripado (efeito), é porque foi contaminado por uma bactéria ou um vírus (causa). 

E a própria Bíblia parece concordar com isso quando afirma que quem semeia ventos [dá causa], colhe tempestades [sofre o efeito do que fez]. Até aí tudo bem.

O problema está no fato que as pessoas costumam inverter a ordem das coisas: quando percebem determinado efeito, concluem que a causa necessariamente esteve presente. E isso às vezes funciona: por exemplo, se uma porta bateu sozinha, é razoável imaginar que houve uma rajada de vento, mesmo que ninguém tenha sentido ou ouvido nada. Não é possível ver a olho nu uma bactéria ou um vírus, mas se a pessoa pegou uma gripe dá para concluir que um desses micro-organismos esteve presente.

Em outras palavras, muitas vezes é razoável concluir que, se há uma tempestade na vida de alguém foi porque essa pessoas semeou ventos que não devia ter plantado. Ela deu motivos para os problemas que está passando.

Mas, nem sempre é assim e a Bíblia demonstra isso com clareza: às vezes, a pessoa colhe aquilo que não plantou. Ela não deu causa para o problema que está vivendo.

O livro de Jó (capítulos 2 a 7) conta a história de um homem justo e temente a Deus. Aí Satanás pediu permissão ao Criador para colocar dificuldades na vida de Jó, para testar se ele continuaria a agir corretamente. Deus permitiu que o teste fosse feito e a vida de Jó deu uma reviravolta completa.

Repare que, nesse caso não houve qualquer relação entre aquilo que Jó tinha feito e os problemas que passou a enfrentar. Houve sim uma causa para os problemas de Jó, mas ela foi externa: Jó não plantou ventos, mas ainda assim colheu tempestades.

É interessante lembrar que o relato bíblico fala que Jó foi visitado por quatro amigos. O problema é que eles acreditavam piamente na tese que "se havia tempestade na vida de Jó é porque ele semeara ventos". E ficaram longo tempo tentando convencer Jó a reconhecer pecados ("os ventos semeados") que ele não tinha cometido. O pobre do Jó, além de lidar com uma grande quantidade de problemas, ainda se viu pressionado a reconhecer uma culpa que não tinha - não sei como não enlouqueceu. 

Talvez o melhor exemplo que eu possa dar que nem sempre colhemos aquilo que plantamos é a Graça de Deus. Se não fosse por ela, caracterizada pelo sacrifício de Jesus numa cruz, ninguém herdaria a vida eterna, pois todo mundo peca. Se as pessoas fossem tratadas por Deus como merecemos, ninguém seria salvo(a).

A Graça de Deus nada tem a ver com a "lei de causa e efeito", pois dá às pessoas algo - a salvação - para o que não tiveram qualquer mérito. Em outras palavras, as pessoas "colhem" aquilo que não "plantaram" de fato. 

Eu queria destacar três ensinamentos que decorrem dessa discussão. O primeiro deles é que, ao perceber um problema na vida de uma pessoa, não tire a conclusão que ela fez por merecê-lo, por conta de um pecado ou qualquer outra atitude errada. 

O segundo ensinamento que quero deixar aqui é o seguinte: nem sempre os esforços de uma pessoa são adequadamente recompensados. Às vezes a pessoa planta e não colhe na medida em que plantou, pois fatores que não dependem dela podem atrapalhar a colheita. Como exemplo, basta comparar o que ganham, no Brasil, um bom jogador de futebol e uma boa professora. 

O terceiro e último ensinamento é que o sucesso não é sinônimo de mérito. Afinal, as pessoas podem receber recompensas da vida que não fizeram por merecer, pois apenas estavam no lugar certo, na hora certa. Um bom exemplo é uma grande herança que chega inesperadamente. 

Concluindo, é preciso ter mais humilde ao analisar as situações que encontramos no dia-a-dia. Sabemos muito menos das coisas do que imaginamos. Podemos ver mérito onde ele não existe de fato ou ver pecado onde tal erro não aconteceu.

E sempre precisamos levar em conta que a lógica de Deus é muito diferente da lógica humana - coisas como Graça, perdão, amor ao próximo, não fazem qualquer sentido num mundo estritamente baseado na "lei de causa e efeito". Mas, fazem todo sentido para Deus. 

Com carinho

sexta-feira, 28 de abril de 2017

COMO ESTUDAR A BÍBLIA: CONSELHOS PARA INICIANTES


Como estudar a Bíblia? Essa é uma pergunta que recebo com frequência e ela é muito importante porque o estudo da Bíblia é uma das práticas mais importantes para uma vida espiritual saudável.

O problema é que não há uma resposta simples. A Bíblia é muito grande, contendo todo tipo de texto (história, poesia, parábolas, aforismos, etc) e retrata uma época muito antiga, com usos e costumes bem diferentes. 

Quem tiver paciência e persistência para avançar nesse estudo, vai ganhar muito. Sabedoria para enfrentar as encruzilhadas da vida, consolo nos momentos de dificuldade e melhoria no relacionamento com Deus. Vale muito à pena estudar a Bíblia.

O primeiro conselho que dou para você, que quer estudar a Bíblia e não sabe como fazer é ir aos poucos. É como como fazer exercícios para entrar em forma física – não adianta ir numa academia e tentar fazer tudo num dia só para recuperar o tempo perdido. Vão ser necessários muitas sessões de esforço físico para os resultados aparecerem.

Para começar
Uma boa maneira de fazer isso é usar livretos que contém reflexões diárias – tipo "Cenáculo" ou "Pão da Vida". Costuma haver neles uma reflexão para cada dia do ano, com textos fáceis de entender e aplicar na prática. E o melhor é que custam muito pouco. 

Mas, saiba que ler esses livretos não é o mesmo que estudar a Bíblia. Ao usar os livretos você estará simplesmente refletindo sobre passagens bíblicas, o que é útil para você ir se acostumando com os conceitos teológicos bíblicos. 

Para um estudo sério, naturalmente é preciso ter uma boa Bíblia. O sentido de “boa” aí se refere à qualidade da tradução e aos comentários que costumam acompanhar o texto principal, não ao conteúdo da Bíblia em si (que é sempre bom). 

Há todo tipo de tradução disponível, sendo a mais comum é a de João Ferreira de Almeida, que existe em várias versões (Corrigida, Corrigida e Atualizada, etc). Essa tradução tem uma linguagem bonita – eu diria até majestosa – e é largamente usada nas igrejas evangélicas. 

Porém creio que ela não seja a melhor para quem precisa começar do zero, porque sua linguagem muitas vezes assusta, especialmente as pessoas mais jovens. Por isso recomendo a "Nova Versão Transformadora" (Mundo Cristão) ou a "Nova Versão Internacional" (Sociedade Bíblica do Brasil), que têm linguagem mais atualizada e não distorcem o conteúdo, como acontece com algumas traduções “moderninhas”.

Há muitos "pacotes" de comentários para acompanhar e explicar o texto bíblico - por exemplo, "Scofield", "Shedd", "Vida Nova", etc. Há comentários bons e outros que já ficaram obsoletos. Há análises mais supreficiais e outras mais aprofundadas. Em resumo, tem oferta para todo tipo de gosto e necessidade.

Eu não tenho espaço aqui para analisar todas as alternativas que existem no mercado, por isso sugiro que você consulte seu pastor(a) para uma orientação do que você deve usar. 

Dicionário bíblico
Lembre-se que a Bíblia tem seu próprio jargão. Ela tem palavras e expressões que não são comuns no dia-a-dia, como “Verbo Divino", “Pão da Vida”, justificação, salvação, etc.

E é preciso ir se acostumando com esses termos e entendendo bem seu significado. Por isso, ajuda muito contar com um "Dicionário de Termos Bíblicos", que além de explicar os principais termos, também costuma dar exemplos de onde são usados.. 

Há muitas ofertas de Dicionários diferentes no mercado, com todo tipo de preço. Como esse pode não ser um livro barato, você pode considerar adquirir um livro usado num sebo, por uma fração do custo normal.

Plano de Estudo
De posse deste material inicial, o próximo passo é fazer um plano de estudo. E comece por estabelecer uma rotina – por exemplo, reserve meia hora do seu dia no horário que for mais adequado.

Meia hora é suficiente, se você fizer isso diariamente, de forma disciplinada. Não tente dar um passo muito ambicioso, tentando estudar várias horas, pois isso não vai dar certo - lembre-se da comparação que fiz entre estudar a Bíblia e fazer exercícios físicos para entrar em forma.

Não é bom tentar ficar compensando o período de estudo perdido num dia nos dias seguintes – do tipo “deixei de estudar dois dias nesta semana, mas no sábado eu compenso, estudando mais." Isso não funciona.

Procure um lugar quieto e, sobretudo, desligue seu celular - o mundo não vai acabar nessa meia hora. Comece orando e pedindo ao Espírito Santo iluminação para aquilo que vai estudar.

Outra coisa que você precisa fazer é decidir como você vai estudar. Há duas formas de fazer isso, sendo a primeira delas é escolher um tema (por exemplo, "salvação") e estudar tudo que existe na Bíblia sobre ele. Esse tipo de estudo é chamado "sistemático".

Essa abordagem é muito útil para quem quer tirar dúvidas. Por exemplo, você quer saber o que fazer para ser salvo ou a razão porque deve perdoar. Mas, ela é difícil de seguir na prática.

Lembre-se que a Bíblia não é um livro texto de teologia, como os que você encontra nas livrarias especializadas, que costumam vir organizados por tópicos ("salvação", "igreja", "Deus", etc). Os ensinamentos da Bíblia sobre cada tópico estão espalhados ao longo do texto e, às vezes, algo que é dito no primeiro livro (Gênesis) vai ser complementado no último livro (Apocalipse).

Por causa disso, na abordagem "sistemática", a pessoa fica pulando de livro para livro e lendo um pequeno trecho aqui e outro ali. E acaba tendo dificuldade para compor um quadro mais organizado de como a Bíblia é, ou sobre seus temas mais abrangentes. 

Portanto, não recomendo quem está iniciando adotar a abordagem sistemática, mas se você preferir fazer isso, não deixe de comprar um bom livro texto de Teologia Sistemática para orientá-lo(a).

A outra forma de estudar a Bíblia, que eu acho mais recomendável para o(a) iniciante, é ir estudar os livros que guardam uma certa conexão histórica entre si..

Por exemplo, o Evangelho de Lucas é um dos quatro relatos bíblicos sobre a vida e os ensinamentos de Jesus. Já o livro de Atos dos Apóstolos, escrito pelo mesmo autor de Lucas, conta o começo da história da igreja cristã. Atos é a continuação de Lucas.

Ao estudar esses dois textos em continuidade, você conseguirá entender bem como o cristianismo começou: primeiro, Jesus, depois, o trabalho dos apóstolos.

Outra sequência fácil de estudar é aquela que conta a história do povo de Israel, no Velho Testamento. Você pode começar com a história de Abrão e sua família (Gênesis, a partir do capítulo 12), depois passar pelo Êxodo (que conta a saída de Israel da escravidão no Egito), depois por Josué (a entrada do povo de Israel na Terra Santa), Juízes e finalmente chegar até a época da monarquia, com Saul, Davi e Salomão (1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis). 

Ao final dessa parte do estudo bíblico, você terá uma boa ideia de como foi a vida de Israel e dos problemas que esse povo enfrentou durante sua história turbulenta.

Outra sequência de leitura recomendada para quem está começando é o grupo de textos apelidados de "livros da sabedoria", como Salmos e Provérbios. O fio condutor aqui não é o relato histórico, mas sim os ensinamentos.

Há tido tipo de salmo – de conforto, de alegria, de louvor a Deus -, portanto há uma leitura para cada tipo de situação da sua vida. Os mais famosos são os salmos 23 e 91.

Os provérbios são aforismos – pequenas pérolas de sabedoria -, escritos pelo rei Salomão. As mensagens são muito edificantes e ajudam bastante no desenrolar da vida cristã.

Salmos e os provérbios podem sempre ser lidos em paralelo ao estudo de outros livros – como Lucas e Atos dos Apóstolos. Uma coisa não interfere ou atrapalha a outra.

Uma outra leitura fácil são os demais Evangelhos (Mateus, Marcos e João). Depois de estudar Lucas e Atos, você pode revisitar a história de Jesus, lendo esses outros Evangelhos, que são outros pontos de vista sobre o significado do ministério de Jesus.

Quando você já sem sentir mais confortável com a Bíblia, você poderá ir atrás de “alimento mais pesado", como as cartas do apóstolo Paulo (Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios e 1 e 2 Tessalonicenses).

Esses são textos muito mais densos, pois aprofundam importantes aspectos da teologia cristã. Mas, o estilo de escrita de Paulo não é simples de entender: ele usa muito “jargão” teológico e suas frases costumam ser muito compridas. Agora, nenhum(a) cristão(ã) que se preze pode dizer que conhece a Bíblia sem ter estudado esses textos fundamentais para a doutrina cristã.

Agora, o problema com essa abordagem de ir estudando grupos de livros conectados entre si é que se torna mais difícil montar um ensinamento completo sobre determinados tópicos – por exemplo, para entender salvação, você vai precisar estudar algum dos evangelhos e algumas cartas de Paulo. Portanto, as respostas para algumas dúvidas que você pode ter não virão de imediato.

Observações finais
Comece a estudar a Bíblia o quanto antes - ainda hoje, se for possível. Tome a decisão e mergulhe de cabeça. Não siga a abordagem que muita gente usa com relação aos regimes para emagrecimento: “segunda feira próxima eu começo. Sem falta“. 

Se você realmente se empenhar em estudar a Palavra de Deus, pode ter certeza que o Espírito Santo vai falar ao seu coração - eu já passei por isso e posso garantir esse resultado. 

Caso surjam dúvidas durante seus estudos – e, acredite, ela vão surgir -, não tenha vergonha de perguntar para seu pastor(a), professor(a) da Escola Dominical ou mesmo para mim, aqui no site.

E não se surpreenda se a pessoa a quem você perguntar também não souber a resposta. A Bíblia é muito vasta e ninguém pode dizer que sabe tudo sobre ela. Mas, se você bater na porta certa, vai acabar encontrando a resposta que precisa.

Com carinho

quarta-feira, 26 de abril de 2017

DO QUE VOCÊ TEM MEDO?

Tempos atrás li uma notícia interessante, que me fez refletir: falava que o maior medo da população da Alemanha é a inflação. As pessoas naquele país tem mais medo disso do que de ter câncer.

Esse medo do povo alemão vem de uma terrível experiência, vivida no ano de 1923, quando aquele país passou por uma hiperinflação que atingiu 19% ao dia ou 18.000% ao mês - os preços dobravam a cada quatro dias.

Aqui no Brasil, as pessoas mais velhas lembram de como foi difícil conviver com uma inflação de cerca de 2% ao dia, que durou vários anos, até o plano Real (1993). Mas a hiperinflação alemã foi pior, muito pior do que a nossa - a moeda ficou tão desvalorizada que as pessoas iam ao supermercado levando o dinheiro necessário num carrinho de mão.

É claro que uma experiência desse tipo deixa marcas profundas. Hoje a Alemanha é um país altamente desenvolvido e com excelente qualidade de vida. Sua situação é muito estável e os riscos de nova crise econômica desse tipo são baixos. E ainda assim as pessoas continuam com medo da inflação.

Isso me faz refletir sobre o medo das pessoas. Todo mundo tem medo, mas o tipo de medo varia de pessoa para pessoa. Há quem receie a velhice - por exemplo, minha avó materna foi uma mulher muito bonita e lutou contra esse medo a vida toda e, naturalmente, perdeu a luta. Outros(as) pessoas têm medo da pobreza. É muito comum também o medo de perder os entes queridos.

Na verdade, a vida é cheia de riscos e cada um desses riscos gera medo. Portanto, não há como evitar o medo, pois também não há como eliminar os riscos - ninguém tem segurança absoluta.

Cada pessoa precisa aprender a conviver com seus próprios medos e não se deixar dominar por eles. Lembro do caso de uma amiga que tinha uma vida muito boa - ela tinha conseguido quase tudo que desejava - e ainda assim ficou paralisada pelo medo de perder o que já tinha conquistado. 

Quero conversar hoje com você sobre um tipo especial de medo: os de natureza espiritual. Quais são os maiores medos desse tipo que as pessoas costumam ter? Na minha experiência, são aqueles relacionados com a salvação, tanto a própria, como a de pessoas queridas.

É comum as pessoas terem dúvida se estão salvas. Não têm segurança da sua fé em Jesus ou de que apenas essa fé seja suficiente para salvá-las. Esse medo pode ser superado com um melhor conhecimento das doutrinas cristãs, para que as pessoas passem a entender melhor como o Plano de Salvação de Deus funciona (leia mais aqui).

Outro medo de natureza espiritual muito comum está relacionado com a salvação das pessoas queridas. Como a salvação é individual e leva em conta as escolhas que cada pessoa faz, muitas vezes não é possível ter certeza que alguém muito querido foi ou não salvo(a) - já vi pessoas em enterros preocupadas com esse tipo de questão.

Na verdade, ninguém pode entrar na mente das pessoas que ama para saber com certeza o que elas pensam ou sentem. Muito menos é possível saber o que irão falar com Deus nos seus últimos momentos de vida. 

Portanto, sempre haverá certo nível de incerteza em relação aos entes queridos. Mas, uma dica pode ajudar: olhe para as obras que essas pessoas fazem e terá uma ideia de como a fé delas anda. Afinal, obras são uma indicação importante da fé de cada pessoa (Tiago capítulo 2, versículos 14 a 26).

Outro medo comum das pessoas é ter cometido o pecado sem perdão (a blasfêmia contra o Espírito Santo). Ora, como esse pecado não tem perdão, quem o cometeu não será salvo. 

Conforme já tive oportunidade de comentar por diversas vezes neste site, quem tem essa preocupação sincera é porque não cometeu tal tipo de pecado (veja mais). Logo, na prática esse medo não deveria existir.

Mas, é interessante perceber que há um tipo de medo espiritual que as pessoas não costumam ter, mas deveriam. Refiro-me à preocupação quanto à própria forma de viver: Será que ela vem agradando à Deus? 

Concluindo, precisamos aprender a enfrentar os próprios medos, mas também precisamos aprender a nos preocupar com as coisas certas. Com aquilo que de fato é importante. 

Com carinho

segunda-feira, 24 de abril de 2017

ELEVO MEUS OLHOS PARA O MONTE...

O salmo 121 é um dos mais queridos e importantes da Bíblia. 

Veja um vídeo com uma linda reflexão sobre esse importante salmo.

sábado, 22 de abril de 2017

FIQUE ATENTO PARA A AÇÃO DE DEUS NA SUA VIDA

Imagine que uma pessoa, tipo “espírito de porco”, conte para você o final de um filme muito interessante. E esse final seja surpreendente, do tipo que ninguém espera.

É lógico que, quando você vier a assistir esse filme, por já saber seu final, o impacto será muito menor. Acabou a surpresa: Vai ficar um certo gosto de frustração na boca. É por isso que quase ninguém gosta de conhecer antes o final de um filme.

Isso acontece também em relação às melhores histórias da Bíblia: Muitas vezes, não conseguimos nos emocionar com o relato, como deveríamos, exatamente porque já sabemos o que vai acontecer. Não há mais surpresa. 

Já ouvimos aquela mesma história tantas vezes que o ouvir fica meio mecânico. Por exemplo, vamos pensar na história da ressurreição de Lázaro (João capítulo 11, versículos 1 a 46). Ele foi amigo de Jesus e irmão de Maria e Marta.

Lázaro adoeceu e quando Jesus chegou a Betânia, onde a família dele morava, Lázaro já tinha morrido e sido enterrado vários dias antes.

Maria lamentou muito o fato de Jesus ter chegado depois da morte do irmão. Chegou a reconhecer que, se Jesus tivesse chegado antes, Lázaro não teria morrido (versículo 32). Agora, se Jesus tivesse curado Lázaro, teria feito, digamos assim, um milagre mais comum. Não haveria muita surpresa.

Mas o que Jesus fez - ressuscitar uma pessoa morta há quatro dias - foi totalmente inesperado. Ninguém tinha sequer pensado nessa possibilidade. O espanto das pessoas ao ver Lázaro saindo da tumba, ainda amarrado com as faixas mortuárias, como se fosse uma múmia, foi enorme. 

É interessante perceber que Jesus se atrasou propositadamente, depois que foi chamado para ir à casa de Lázaro – os versículos 4 a 14 do texto citado acima demonstram isso com clareza. E por que será que Ele agiu assim?

Acho que Jesus queria surpreender todo mundo. Demonstrar para as pessoas que Deus não age como pensamos que Ele deveria fazer.

Como sabemos o final da história de Lázaro, não nos surpreendemos com o que Jesus fez, como as pessoas daquela época. Parece natural ler o texto e falar de Lázaro saindo da tumba. Esse fato não nos gera um arrepio, não ficamos admirados. A ressurreição de Lázaro, assim como tantos outros milagres que a Bíblia relata, não mais nos emociona de fato porque reagimos igual ao caso do filme que a pessoa assiste já sabendo do final.

Essa raciocínio me leva ainda a refletir sobre a fé, coisa especialmente importante de fazer numa semana de Páscoa. A Bíblia diz que a fé é a certeza de algo que se espera, mas não se vê ainda. Trata-se de acreditar que nas coisas ditas por Deus, conforme revelado na Bíblia. Saber que elas são verdades absolutas e todas as promessas feitas por Ele vão ser cumpridas. Aqueles que têm fé adquirem certeza e esperança. E isso é fundamental. 

Agora, a fé é mais que isso. Também precisa incluir a capacidade de ver no inesperado a mão de Deus agindo. Mudando o curso da nossa história para sempre.

Infelizmente, ao longo da sua caminhada de fé, algumas pessoas perdem a capacidade de perceber a ação de Deus. E lembro aqui da história de Tomé, o discípulo de Jesus que somente acreditou na ressurreição quando pode colocar as mãos nas marcas da crucificação que Ele ainda carregava no seu corpo.

E é surpreendente perceber que Jesus não se aborreceu com Tomé, mas também precisamos levar em conta o que Ele disse: “[Tomé], porque me viste, creste? Felizes os que não viram e creram..." João capítulo 20, versículo 29

Não perca a capacidade de perceber Deus agindo na sua vida de forma inesperada - pode ter certeza que Ele já fez e/ou irá fazer isso. Pois é assim que se comporta.

Você precisa perceber a mão de Deus num encontro que não estava previsto, na atitude de uma pessoa que faz algo inesperado por você, num problema que foi resolvido de maneira aparentemente misteriosa e assim por diante.

Nunca deixe de se maravilhar quando isso acontecer. Nunca deixe de se emocionar. Nunca deixe de reconhecer a presença de Deus na sua vida. E também nunca se esqueça de agradecer-lhe por isso.

Com carinho

quinta-feira, 20 de abril de 2017

É PARA QUEM QUER E NÃO PARA QUEM PRECISA

Certa vez vi numa série de televisão a seguinte situação: Um homem precisava de ajuda para enfrentar seu problema de alcoolismo e uma senhora bondosa tentou. Ela conseguiu uma clínica e marcou um encontro com ele lá. No dia e hora marcados, a senhora chegou e ficou esperando por horas a fio. E o dependente nunca apareceu. 

Cansada de esperar e decepcionada a bondosa senhora estava indo embora, quando uma enfermeira disse uma frase muito certa: “Tenho muitos anos de experiência com dependentes químicos e aprendi que o tratamento não é para quem precisa e sim para quem quer de fato”. 

Essa é uma grande verdade. Todo dependente químico precisa do tratamento, é claro, mas somente aqueles que desejam de fato se libertar do vício é que terão sucesso nesse esforço. 

Não importam as boas intenções dos que tentam ajudar, é preciso vontade do doente - minha mulher e eu temos uma experiência pessoal com esse tipo de situação, que já descrevi aqui no site (veja mais).

Penso que ocorre o mesmo com a salvação. Todos nós precisamos ser salvos, pois todos pecamos - todos precisamos de “tratamento” contra nossos pecados. E esse “tratamento” está disponível para todos, pois Jesus morreu por cada um(a) de nós.

Mas, a Bíblia ensina que a salvação somente se torna efetiva para quem reconhecer ser pecador(a) e entender que precisa desse “tratamento”. 

Em outras palavras, as pessoas precisam aceitar Jesus como seu Salvador e trazê-lo para dentro de suas vidas. Somente para quem fizer isso, o sacrifício de Jesus se torna efetivo.

Resumindo, a necessidade de salvação é de todas as pessoas. O sacrifício de Jesus – a resposta de Deus para essa necessidade – está disponível para todo o mundo. Ninguém é deixado fora do alcance desse "tratamento" por ter feito isso ou aquilo, por ser “assim ou assado”. 

Mas, somente quem entender isso tudo e reconhecer que precisa de Jesus, será salvo(a). Afinal, o "tratamento" não é para quem precisa e sim para quem quer de fato.


Com carinho 

terça-feira, 18 de abril de 2017

VAMOS FALAR SOBRE PLANOS DE VIDA?

Você costuma fazer planos para sua vida? Onde e como a vontade de Deus entram nos seus planos?

Esse é o tema do mais novo vídeo da pastora Carol e da Alícia. Elas conversam sobre essas questões e dão alguns conselhos práticos para você - veja o vídeo aqui.

Se você quiser fazer perguntas para a pastora, mande email para pastoracarol@sercristão.org. Para mais vídeos com a participação da pastora, visite o canal dela aqui.

domingo, 16 de abril de 2017

AS TRÊS PERGUNTAS DE JESUS PARA VOCÊ

Hoje comemoramos a ressurreição de Jesus. É Domingo de Páscoa e nada mais apropriado do que refletir sobre nossa relação com Ele. E vou fazer isso lembrando das três perguntas fundamentais que Ele fez para as pessoas que o seguiam e/ou o procuravam pedindo ajuda.

Acredito que elas mostram bem o que Jesus espera de nós. São elas:
  • Quem você acha que Eu sou?
  • Você Me ama?
  • O que você quer que Eu faça?
Pegue lápis e papel e responda cada uma dessas perguntas com sinceridade, antes de ver meus comentários. Depois de responder, leia aquilo que escrevi. 

Quem você diz que Jesus é? 
Essa pergunta apareceu quando Jesus questionou os discípulos sobre o quê as pessoas, de um modo geral, falavam a seu respeito. E recebeu deles a resposta que estava sendo comparado a importantes profetas do passado, como Elias. 

Jesus, então, perguntou aos discípulos o que eles próprios pensavam. Por incrível que pareça houve perplexidade até Pedro responder que Jesus era o Messias tão esperado, o Filho de Deus (Mateus capítulo 13, versículos 13 a 17).

Muitas pessoas acham ser cristãs apenas por saber que Jesus é o Filho de Deus, mas tal tipo de conhecimento não quer dizer muito - até os demônios sabem disso (Lucas capítulo 4, versículos 31 a 37). É preciso mais.

É preciso acreditar de todo o coração que Ele é o Salvador da sua vida. E essa crença precisa transformar sua forma de agir - fazer de você uma nova pessoa.

Tal tipo de fé significa também depositar em Jesus todas as suas esperanças. Ter certeza que você não será desamparado(a) em meio às tempestades da vida. Nunca mais irá andar sozinho(a).

Você ama Jesus? 
Jesus fez essa pergunta para Pedro, depois da sua ressurreição. O apóstolo estava profundamente envergonhado por ter negado seu Mestre por três vezes. E aí, também por três vezes, Jesus perguntou a Pedro se o amava. E Pedro respondeu sim, nas três vezes. 

Agora, o ponto crucial é o comentário que Jesus fez depois de cada resposta de Pedro: "cuida das minha ovelhas". Ou seja, tomar conta daqueles que seguem a Jesus - os(as) fracos(as), necessitados(as) e/ou indefesos(as) - essa é a prova de amor que Ele espera (veja mais). 

Você acha que ama Jesus verdadeiramente? Como demonstra esse amor na prática? Se você nada faz pelas ovelhas d´Ele, pode ter certeza que não está no caminho certo.

O que você quer que Jesus lhe faça? 
Essa mesma pergunta surgiu em diversos momentos quando pessoas lhe pediam ajuda. Normalmente, eram pessoas desesperadas, portanto deficiências físicas ou passando por doenças sérias (p. ex. Marcos capítulo 10, versículos 46 a 52).

E há nesse tipo de pergunta uma lição importante: é preciso que quem pede ajuda a Jesus saiba com clareza aquilo que espera d´Ele. Infelizmente, muitas vezes não é isso que acontece.

Já cansei de ver pedidos do tipo: "quero ser feliz" ou "quero ser próspero". Mas o que isso significa na prática? Será que para você ser feliz é não ter problemas, encontrar o amor verdadeiro, ter uma família perfeita e assim por diante? Agora, será que para Jesus esse é o conceito correto de felicidade? Será que para Jesus a felicidade não é estar junto a Deus?

Para você o conceito de ser próspero(a) talvez seja é ter muitos bens. Viver de forma extremamente confortável, conseguindo tudo que seu coração deseja. Será que Jesus enxerga a prosperidade da mesma maneira? Lembre-se que certa vez Ele nos mandou juntar tesouros no céu.

As pessoas deixam de ter seus pedidos atendidos porque não sabem pedir as coisas certas (Tiago capítulo 4, versículo 3). Então, o que você quer que Jesus faça por você? 

Não há dúvidas que há muitas coisas que somente Ele pode fazer na sua vida. Por exemplo, só Ele pode lhe dar a esperança de uma vida eterna, a certeza do perdão para seus pecados e a paz de espírito. E pode lhe dar tudo isso e muito mais.

Conclusão
Agora, compare o que você escreveu com os meus comentários e avalie suas respostas. O que elas demonstram sobre seu relacionamento com Jesus? 

Com carinho


sexta-feira, 14 de abril de 2017

FORAM MESMO TRÊS DIAS ATÉ A RESSURREIÇÃO?

Uma pergunta que recebo com frequência, bem apropriada para hoje, Sexta Feira Santa, dia m que relembramos a morte de Jesus, refere-se ao tempo em que Ele passou enterrado.

O relato bíblico fala em que Ele ressuscitou ao terceiro dia muita gente pensa que há um erro aí. Mas, vamos aos fatos.

Jesus morreu por volta de 3 horas da tarde de sexta feira e foi enterrado antes do por do sol (6 da tarde), pois depois dessa hora começava o sábado e nenhum trabalho poderia ser feito segundo as leis judaicas. Se Jesus não tivesse sido enterrado antes das 6 da tarde, seu corpo teria ficado insepulto por um bom tempo.

Não sabemos a hora exata em que Jesus ressuscitou, mas a Bíblia conta que as mulheres foram até seu túmulo no domingo (que hoje chamamos da Ressurreição ou de Páscoa) logo cedo. Elas queriam preparar melhor seu corpo, pois Ele tinha sido enterrado às pressas.

Provavelmente, elas chegaram no local do túmulo com o nascer do sol (por volta de 6 horas da manhã), pois precisavam de luz natural para fazer esse trabalho. E elas já encontraram Jesus ressuscitado, pois o túmulo estava vazio. Em outras palavras, Jesus ressuscitou antes das 6 da manhã de domingo.

Assim, Jesus esteve enterrado por um período que vai aproximadamente de pouco antes das 6 horas da tarde de sexta feira até perto do nascer do sol no domingo. Isso dá no máximo 36 horas. 

Quando profetizou sobre esse período da sua existência, Jesus falou o seguinte:

"... E O FILHO DO HOMEM SERÁ ENTREGUE AOS PRINCIPAIS SACERDOTES E AOS ESCRIBAS. E ELES O CONDENARÃO À MORTE. E O ENTREGARÃO AOS GENTIOS PARA SER ESCARNECIDO, AÇOITADO E CRUCIFICADO.; MAS AO TERCEIRO DIA RESSURGIRÁ". MATEUS CAPÍTULO 20, VERSÍCULOS 18 E 19 

Ou seja, Ele disse que ressuscitaria no terceiro dia e três dias totalizam cerca de 72 horas. Mas essa informação parece entrar em choque com o que acabamos de ver. Será que há um erro na Bíblia?

Antes de discutir essa questão em particular, vou dar um conselho: toda vez que você se defrontar com uma possível discrepância no relato bíblico, a primeira coisa a fazer é renovar, em seu coração, a confiança na Bíblia. Assuma que deve haver uma explicação, mesmo que ela não seja aparente. Nunca perca a confiança na Bíblia. Simples assim.

A explicação nesse caso é relativamente simples, bastando levar em conta como os judeus contavam o tempo na época de Jesus. Eles não tinham relógio e, como os demais povos da antiguidade, contavam o tempo de forma aproximada. E faziam isso sempre a partir de dois eventos diários: o nascer e o por do sol. 

É claro que essa forma de medição era imprecisa pois a duração dos períodos de claridade e escuridão varia com a passagem das estações - por exemplo, as noites ficam maiores no inverno. Mas, isso era o que melhor podiam fazer.

As horas eram estimadas de forma aproximada, com base na altura do sol acima do horizonte (durante o dia) ou na trajetória da lua (durante a noite). 

Como a medição das horas era imprecisa, elas não eram muito usadas como referencia - por exemplo, os romanos dividiam o período de claridade em quatro estações de vigília, com três horas de duração aproximada cada uma. É por isso que a Bíblia se refere a horários como a "hora terceira" (o segundo período de vigília) ou "nona" (a quarta vigília). 

Voltemos agora à nossa discussão inicial: Repare que no texto acima Jesus falou da sua ressurreição no terceiro dia. E essa era uma forma de falar típica daquela época. A referencia é à unidade de tempo maior - o dia - e não ao período do dia.

Jesus nunca disse que ficaria 72 horas morto e sim que sua morte aconteceria num dia e sua ressurreição dois dias depois (o tal terceiro dia). A cronologia à qual Ele se referiu foi a seguinte:
Primeiro dia: Sexta feira, dia da morte de Jesus e do seu enterro - esse dia terminou por volta das 6 da tarde da Sexta Feira Santa.
Segundo dia: Das 6 da tarde da Sexta Feira Santa até as 6 da tarde do Sábado.
Terceiro dia: Das 6 da tarde de sábado até as 6 da tarde do domingo da Ressurreição (ou de Páscoa). Jesus foi encontrado vivo por volta de 6 da manhã nesse domingo. 

Portanto, como profetizado, Jesus ressuscitou ao terceiro dia. E a Bíblia está correta.

Com carinho

quarta-feira, 12 de abril de 2017

A FALTA QUE O AMOR FAZ

Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. Marcos capítulo 12, versículos 30 e 31
Os principais mandamentos de Deus são baseados no amor - amá-lo sobre todas as coisas e também ao próximo, como a si mesmo(a).

Repare que esses mandamentos falam de três objetos do seu amor: Deus, você mesmo(a) e o próximo. E a razão para isso é simples: tudo está interligado. O amor a Deus leva você a valorizar e amar a si mesmo(a), como também ao seu próximo, ao reconhecer que em cada ser humano reside a centelha divina, a fonte da vida. 

Por outro lado, o seu amor por si mesmo(a), somado ao entendimento de ser Deus a fonte de tudo de bom que existe na sua vida, conduz você a amá-lo. E assim por diante.

Acredito que o desamor (a falta de amor) é a raiz da maior parte dos males que existem na sociedade humana. Se o mandamento do amor ao próximo fosse seguido à risca por todo mundo, por exemplo, sem dúvida viveríamos no melhor dos mundos, sem injustiças, sem violência e sem miséria. 

A falta de amor, portanto, é um pecado sério. E como você deve amar a Deus, a você mesmo(a) e ao seu próximo, o desamor também pode se fazer presente em uma ou mais dessas áreas da sua vida.

Falta de amor a Deus 
O desamor a Deus é muito mais comum do que se possa imaginar. Por exemplo, quando a pessoa vai bem na sua vida, costuma se esquecer de Deus, ficando mais preocupada em aproveitar bem aquilo que conquistou e o bom momento que vive.

Deus acaba perdendo importância - a pessoa até pode acreditar que Ele existe e conhecer seus mandamentos, mas não lhe a Deus dá qualquer prioridade. Vive como se Deus não existisse - sei bem como é isso, pois já fui assim.

Agora, quando a maré da vida vira e os problemas aparecem, a pessoa volta correndo para Deus, pedindo e esperando livramento. É quando ela se dá conta da sua completa dependência d´Ele - afinal, até o ar que respira é proporcionado por Deus.

O problema é que se aproximar de Deus na dor - em meio à angústia e sofrimento - pode levar a construir um relacionamento com Ele não com base no amor e sim na esperança de ter os próprios problemas resolvidos. E isso não leva à construção de um relacionamento saudável.

Há também quem busque se relacionar com Ele na base da troca. A pessoa julga que por se comportar bem - por seguir os mandamentos que Deus deu e/ou trabalhar com dedicação na sua Obra - vai conseguir juntar mérito suficiente e garantir, em troca, proteção e bençãos. Outra maneira pouco saudável de se relacionar com Ele.

O relacionamento da pessoa com Deus precisa ser baseado naquilo que Deus é, ou seja na sua natureza, e não naquilo que Ele pode vir a fazer - como bem disse o profeta, ainda que me falte tudo, ainda assim eu parei e louvarei a Deus (Habacuque capítulo 3, versículos 17 e 18).

Deus não vai abençoar você por conta do seu merecimento. Não mesmo. Ele vai abençoar você por causa da sua Graça. Por causa do amor que Ele tem por você. E espera que você o ame também, de forma livre e desinteressada, pois só esse tipo de amor tem valor verdadeiro. 

Falta de amor a si mesmo(a)
O padrão de amor que você deve ter pelo seu próximo é o amor que tem por si mesmo(a). Isso significa que o amor próprio é muito importante. Fundamental mesmo.

Mas, canso de ver por aí demonstrações de pessoas de falta de amor por si mesmas. Por exemplo, praticando hábitos de vida nocivos, como vícios, promiscuidade sexual, alimentação desregrada e tantas outros coisas. 

Por que as pessoas agem assim? Há várias respostas, como baixa auto-estima, falta de informação sobre os danos que pode vir a sofrer, busca exacerbada pelo prazer e até mesmo a culpa (a pessoa não se sente digna). Não tenho espaço aqui para discutir cada um desses aspectos, assim vou me concentrar apenas no último deles - a culpa -, por ser frequente, especialmente no meio cristão. 

Até certo ponto, é claro que a culpa é necessária, pois é ela que detona o arrependimento quanto aos atos errados e pode levar à busca de mudança na forma de agir. Mas, a culpa não pode se transformar numa constante, naquilo que define a vida da pessoa. Ela não pode acabar se julgando indigna de ser amada, até mesmo por si própria. Culpa nesse grau leva à destruição.

Penso que culpa assim caminha junto com a crença da pessoa que ela não vai ser perdoada por Deus porque seu pecado foi sério demais - conheço uma mulher que cometeu aborto quando jovem e nunca conseguiu sair da armadilha da própria culpa. 

Ora, não há pecado que Deus não perdoe, exceto o cometido contra o Espírito Santo (veja mais), que não é o caso aqui. A Bíblia está cheia de exemplos de grandes pecadores que foram integralmente perdoados, como Davi, o adúltero assassino, ou mesmo Pedro, o medroso traidor. 

Você precisa entender o valor que tem e aprender a se amar como merece. Até porque, se não fizer isso, como vai de fato amar seu próximo? Lembre-se sempre que não foi por acaso que Jesus ligou as duas coisas. 

Falta de amor ao próximo
Esse tipo de desamor tem muitas faces, mas vou me limitar a tratar do egoísmo e da inveja. Essas duas questões estão ficando cada vez mais importantes na nossa sociedade sofreu e por uma razão muito simples: ao longo das décadas os valores mudaram e a sociedade passou a priorizar cada vez mais o "ter", em lugar do “ser”. 

Ora, os relacionamentos humanos são muito melhores - mais estáveis e prazerosos - quando o "ser" predomina, como ocorre na família e, algumas vezes, na igreja. Na família, normalmente, as pessoas são aceitas pelo laço de sangue, isto é por quem são, independentemente de seu sucesso profissional, status social e/ou situação financeira e/ou poder. Agora, no mundo do “ter”, basta perder o dinheiro, o status e/ou o poder para que a pessoa perca rapidamente o valor. 

Como o "ter" se tornou dominante, a inveja (que é desejar aquilo que a outra pessoa tem e você não) e o egoísmo (querer tudo para si mesmo), sentimentos naturais em todo ser humano, saíram totalmente do controle. Vivemos cada vez mais num mundo dominado por esse tipo de sentimento.

A inveja faz mal para a própria pessoa, pois não lhe permite ver o que já tem de bom, pois sempre aquilo que a outra pessoa tem parece ser melhor. E inveja gera todo tipo de problema, como mentira, traições, roubos, etc. 

O egoísmo leva a pessoa a se colocar em primeiro lugar - é um adoecimento do amor próprio. A pessoa se preocupa apenas com o próprio "umbigo" - ela mesma e quem ela ama (a própria família e alguns amigos). Não há qualquer interesse pela vida do próximo. E é nesse tipo de terreno que floresce o mal, como a exploração do mais fraco, a hipocrisia, a mentira, etc. 

A incapacidade de amar ao próximo foi uma das coisas com as quais Jesus mais se preocupou, pelos males que tal tipo de atitude gera. Boa parte das suas pregações tocaram nesse aspecto. 

Palavras finais
O amor a si mesmo(a), a Deus e ao próximo estão interligados. O processo de amar, dentro da receita de Deus, é uma coisa completa. Abrange tudo: Deus, você mesmo e as pessoas no seu entorno. Não se consegue seguir apenas parte dessa receita. É preciso cumprir o ciclo completo. Simples assim.

Com carinho

segunda-feira, 10 de abril de 2017

CUIDADO COM OS TRUQUES USADOS PARA DISTORCER UM DEBATE

Já assisti muitos debates - políticos, religiosos, esportivos, etc. E participei diretamente de outros.

Debates são positivos, desde que conduzidos de forma educada e respeitosa, pois são bons instrumentos para testar e transmitir ideias, sendo essenciais para a vida democrática e até para a liberdade religiosa.

Jesus, nossa referencia para tudo na vida, também participou de debates, especialmente com fariseus e doutores da Lei, pessoas que não concordavam com as ideias d´Ele e fizeram tudo para desacreditá-lo. Ele nunca se furtou a discutir suas ideias, como também sempre deixou clara sua discordância quanto àquilo que pensava ser errado.

As redes sociais aumentaram o espaço para os debates na vida moderna - antes as pessoas tinham que debater pessoalmente, agora basta um clique no Facebook. E isso é bom, embora às vezes canse um pouco, pois frequentemente ocorrem excessos.

Normalmente, as pessoas não sabem debater - atropelam as outras com suas ideias ou tornam-se agressivas, quando contestadas. É comum que elas levem a discordância para o lado pessoal - pensar diferente torna-se uma ofensa. E não por acaso, muitas amizades foram rompidas nesses últimos tempos, em que a luta política no Brasil se acirrou. 

Também são comuns as agressões à lógica - por exemplo, veja os comentários aqui no site, em resposta a alguns das minhas postagens polêmicas, como aquela em que questiono o ateísmo. 

Todos(as) os(as) cristãos(ãs) precisam aprender um pouco mais sobre como participar e/ou analisar um debate, pois vão viver essa situação em muitos lugares, ao discutirem dúvidas teológicas nas suas igrejas ou ao defenderem o cristianismo contra ataques injustos. Daí minha motivação de escrever este texto.

A melhor forma para fazer isso é conhecer bem quais são os cinco truques que os(as) debatedores(as) costumam usar para fazer seu ponto de vista prevalecer. Eles agridem a lógica, sem dúvida, mas as pessoas com menos experiência têm dificuldade de perceber isso. Os cinco truques são: 

1. Confundir eventos sucessivos com relação de causa/efeito
Um exemplo simples explica isso bem: todo dia o galo canta quinze minutos antes do sol nascer. Mas, não é verdade que o sol nasce porque o galo canta.

O galo sempre canta antes do sol nascer - o canto é o aparecimento do sol são eventos sucessivos -, mas não há relação de causa e efeito entre as duas coisas.

É claro que muitas vezes duas coisas que se sucedem tem relação de causa e efeito - por exemplo, um jogador chuta a bola e ela entra no gol. O chute vem antes porque é ele que faz a bola se movimentar. Mas, nem sempre isso é verdade, como o exemplo do galo demonstrou. 

Esse tipo de confusão é muito comum no meio cristão e causa grande estrago. Por exemplo, a pessoa cometeu um erro sério e pouco tempo depois apareceu um problema na vida dela. Aí muita gente na igreja daquela pessoa monta uma relação de causa e efeito entre as duas coisas: o novo problema na vida da pessoa é castigo pelo erro cometido. O erro é a causa e o problema o efeito.

Ora, sem outras evidências, ninguém pode tirar tal tipo de conclusão. Pode ser simples coincidência. Simples assim.

2. Atacar o caráter da pessoa e não sua ideia
Normalmente, quando alguém tem argumentos mais fracos, procura compensar atacando o caráter da pessoa com quem está debatendo. Vemos isso com muita frequência nos debates políticos: Por exemplo, políticos de esquerda encurralados imediatamente acusam o(a) oponente de fascista, elitista ou de não pensar nos pobres, etc. Os de direita, quando na mesma situação, acusam o adversário de irresponsáveis com os gastos públicos ou demagogos(as).

Os cristãos também fazem uso desse recurso, quando acusam a pessoa de quem discordam de ser herege e/ou fazer a obra de Satanás. Atacam a pessoa e não as ideias dela.

3. Criar um "espantalho" 
Trata-se de repetir a tese do oponente mas de forma ligeiramente diferente daquela que foi originalmente apresentada. E essa distorção sutil pode fazer toda a diferença, tornando mais fácil rebater a ideia da qual não se gosta. 

Por exemplo, num caso hipotético, João diz que é contra a pichação feita sem autorização. Aí Pedro muda um pouco as coisas, chamando pichação de grafite e dizendo que se trata de uma manifestação cultural popular.

Ora, é mais fácil criticar quem se opõe a uma manifestação cultural popular (o "espantalho" desse caso) do que quem é contra uns rabiscos feitos sem autorização, danificando o patrimônio de terceiros (a pichação). 

Esse tipo de recurso é usado com frequência contra o cristianismo, que é apresentado pela imprensa como intolerante e defensor de crenças absurdas. O dízimo, por exemplo, costuma ser apresentado pela mídia como uma exploração de pessoas ignorantes (os cristãos) promovida por pastores(as) desonestos. Cria-se um "espantalho" (a exploração dos indefesos) para tornar mais fácil atacar a ideia (a prática do dízimo).

Quem faz isso nunca comenta que o dízimo objetiva dar sustento à obra de Deus e financiar a ajuda aos menos favorecidos. Boa parte dos cristãos entende isso perfeitamente e não se sente de forma alguma explorada - é claro que há pastores(as) inescrupulosos(as), mas isso tem a ver com o caráter dessas pessoas e não com a prática do dízimo.

4. Fazer falsa analogia
Muitas vezes um dos participantes do debate faz uma analogia interessante e até engraçada que parece destruir o argumento da outra pessoa. Mas, na verdade, a analogia não se enquadra bem na situação sendo discutida. Quase todo mundo usa esse recurso, incluindo os cristãos.

Certa vez, ouvi um debate onde um cristão e um ateu discutiam a teoria da evolução (darwinismo). O ateu defendia que as mutações que geram mudanças nos organismos vivos se dão por acaso, não sendo preciso recorrer a uma inteligência superior (Deus) para explicar o que acontece. 

Aí o cristão, querendo justificar que tudo é parte de um plano de Deus, fez uma analogia, comparando as mutações dos seres vivos com as mudanças que ocorrem periodicamente nos modelos de carros, que são sempre planejadas pelos projetistas de automóveis. Ora, mudanças em carros são muito diferentes de mutações em seres humanos - uma coisa tem pouco a ver com a outra. A analogia, embora interessante, distorceu completamente o debate. 

5. Criar falso dilema
Trata-se de apresentar a situação como uma escolha simples entre duas alternativas, sem qualquer possibilidade de haver um meio termo. Essa é uma estratégia muito usada por políticos(as).

Por exemplo, um político afirma que as alternativas para resolver o problema do deficit público são cortar gastos públicos, provocando recessão, ou ver a inflação aumentar, pela necessidade do governo imprimir dinheiro para financiar esse deficit. O falso dilema é "recessão" ou "mais inflação". Podemos escolher, mas somente entre um e outro.

Ora, é possível controlar a inflação sem provocar recessão, pois há alternativas intermediárias - muitos governos já conseguiram fazer isso. Por exemplo, é possível melhorar a produtividade da mão-de-obra, dando-lhe melhores equipamentos para trabalhar e/ou educando-a melhor. As pessoas passam a produzir mais com os mesmos recursos, ou seja nem se faz recessão e nem se produz inflação.

Quem cria o falso dilema procura forçar a escolha da opção que prefere, ao apresentá-la como o menor de dois males. No exemplo acima, o político tenta influenciar os(as) eleitores(as) a concordar com o aumento da inflação, para evitar a recessão (isso aconteceu durante muito tempo no Brasil).

Cristãos(ãs) também usam esse recurso, por exemplo quando afirmam que se a pessoa fizer tal coisa estará praticando o bem, enquanto se fizer o contrário, estará pecando. Por exemplo, um líder cristão diria: "dar é sempre bom e não dar é pecado".

Esse é um falso dilema, pois a Bíblia diz que dar dinheiro para quem precisa é bom, mas apenas quando isso é feito com amor. Se a pessoa doa para ganhar elogios, estará pecando. E também há situações em que dar é mal - por exemplo, se a doação for usada para comprar drogas. 

Palavras finais
Procure se familiarizar com o que expliquei acima e tente aplicar o que aprendeu quando participar ou assistir um debate de ideias. Certamente você vai se surpreender com a mudança na forma como vê as coisas. 

Com carinho