quarta-feira, 30 de outubro de 2019

NÃO FAÇA UMA SALADA COM A DOUTRINA CRISTÃ

Tem muita gente que faz uma salada com a doutrina cristã e isto é muito ruim. Afinal, ser cristão é seguir uma receita que estabelece aquilo que se deve acreditar e como se deve proceder.

Essa receita está pronta e se encontra na Bíblia. Mas, infelizmente, muita gente, não querendo passar uma imagem de intolerante ou quadrado, acaba por se se omitir quando temas mais controversos aparecem nas conversas sociais. Quando se conversa sobre coisas como o quê é pecado, como a pessoa pode ser salva, quem vai ou não para o inferno e por aí vai.

Omitir a verdade, para não incomodar ou escandalizar a pessoa com quem se está conversando, é o que poderia ser chamado de "bondade vazia". Parece ser algo bom, mas acaba prejudicando a pessoa com quem se está conversando. Afinal, ela acaba sendo privada de conhecer a verdade sobre aquilo que a Bíblia fala de fato a respeito de determinados assuntos e acaba tendo uma visão "adocicada" do cristianismo.

Não faça uma salada com a doutrina cristã. E é sobre isso que a Alícia e o pastor metodista Eduardo falam no seu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes da Alícia aqui e aqui.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

E QUANDO O SLOGAN NÃO ESTÁ NA BÍBLIA?

Slogan é uma frase curta que resume uma mensagem importante, que precisa ser bem fixada pelas pessoas. E isso é uma rama muito poderosa.

Lembro-me do slogan "Brasil grande", usado para divulgar os resultados obtidos pelo Governo militar brasileiro, apelando para o patriotismo das pessoas. E ninguém esquece de slogans usados na propaganda de produtos, famosos, como "Coca Cola tem sabor de festa".
As denominações cristãs também recorrem a slogans, que são martelados constantemente na cabeça dos seus frequentadores. Esses slogans tentam passar ensinamentos bíblicos poderosos em frases simples de lembrar.
Não há nada de errado em usar slogans desde que eles transmitam uma mensagem verdadeira. O slogan "Brasil grande" foi ruim porque ele não refletia a realidade do nosso país. E será que a Coca Cola tem mesmo gosto de festa? Acredito que não.

O mesmo problema aparece com os slogans cristãos. Alguns deles não refletem a realidade dos fatos, pois partem da leitura errada da Bíblia. E slogans cristãos imprecisos podem causar grande estrago na vida das pessoas, precisando ser combatidos. Vou dar um exemplo aqui.

O slogan "todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus" é muito repetido nas igrejas cristãs. Ele se baseia no texto de Romanos capítulo 8, versículo 28, o terceiro versículo mais popular da Bíblia (veja mais). Esse slogan ficou famoso por ser entendido como uma promessa de Deus estabelecendo que os cristãos não vão ser atingidos pelo mal.

E aí as pessoas ficam sabendo que o filho querido de um pastor morreu atropelado ou que toda uma paroquia foi destruída, durante um culto, por uma enxurrada ocorrida. Como explicar que desgraças como essas aconteçam com cristãos sinceros? 

Não conseguindo encontrar uma explicação viável para a contradição entre a promessa de proteção definida pelo slogan famoso e os fatos da vida, muitas pessoas acabam desapontadas com Deus. E fraquejam na sua fé. 

Essa situação é equivalente àquela em que a pessoa acredita que a Coca Cola tem mesmo gosto de festa. Aí compra e bebe o conteúdo de uma lata e se desaponta com o que sentiu. O problema não está no refrigerante em si e sim na expectativa criada pelo slogan famoso.
Deus nunca fez uma promessa de proteger os cristãos de todo mal, conforme muita gente acredita. Afinal, Jesus nos alertou que no mundo teremos aflições (João capítulo 16, versículo 33). E o erro do slogan famoso vem de uma interpretação errada do que significa a palavra "bem" na Bíblia.
As pessoas costumam entender "bem" como coisas boas e/ou realizações dos seus sonhos - saúde, paz, felicidade no amor, prosperidade, etc. Logo, se a Bíblia disse que tudo contribui para nosso bem, não deveríamos ser atingidos pelo mal. Deveríamos estar seguros contra os problemas.

Mas, Paulo, o autor desse versículo, sabia que a vida é cheia de problemas que acontecem com todos, inclusive os cristãos. A própria vida dele prova isso - Paulo foi preso diversas vezes, torturado, passou todo tipo de necessidade, naufragou e assim por diante (2 Coríntios 11:16-33). Portanto, Paulo não se referia ao conceito de "bem" usado no mundo secular.

Paulo falou de outro tipo de "bem". E o versículo 29 do capítulo 8 de Romanos, explica isso perfeitamente:
"... também os predestinou para serem conformes a imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos".
A definição correta de "bem" aqui é estar cada vez mais de acordo com o exemplo de vida dado por Jesus - esse é o significado de ter a mesma imagem que Ele. Significa passar por um processo de mudança interior que Paulo chama de santificação (veja mais). Ter o bem na própria vida é parecer como Jesus.
Não há como negar que os cristãos passam por problemas, mas Deus trabalha para transformar essas experiências negativas em avanços na vida espiritual das pessoas. Ele faz do "limão" uma "limonada". Esse é sentido real do slogan que diz todas as coisas contribuem para nosso bem.
O ensinamento de Paulo é que tudo, até o sofrimento e a injustiça, gera ensinamentos para levar os cristãos para mais perto de Cristo. E isso é um "bem" que não tem preço. 

Agora, explicar isso não é tão atrativo para as pessoas como dizer para elas que Deus lhes prometeu que não vão ter problemas (a aforma açucarada do slogan). E por isso essa segunda interpretação do slogan é preferida e se tornou tão popular. O preço de fazer isso é a decepção com Deus quando os problemas batem à porta.

Com carinho

sábado, 26 de outubro de 2019

VIVENDO COMO SE DEUS NÃO EXISTISSE

Há cristãos que vivem como se Deus não existisse. Em outras palavras, são pessoas que se acreditam cristãos e talvez até sigam alguns ritos dessa religião, mas, naquilo que importa de fato - suas atitudes -, não levam Deus em conta.

No Apocalipse capítulo 3, versículos 14 a 21, João, o autor do texto, recebeu sete mensagens de Cristo, dirigidas a igrejas localizadas na Ásia Menor. Na mensagem para a igreja de Laodiceia, Cristo alertou que aquela comunidade era morna (nem fria e nem quente) na sua fé e por causa disto poderia ser “vomitada” da sua boca. Palavras assustadoras.

A situação da igreja em Laodiceia é exatamente a mesma de muitos cristãos hoje em dia, portanto a mensagem do Apocalipse continua muito atual. Essas pessoas dizem acreditar em Jesus, como o Salvador de suas vidas, mas vivem, na prática, como se isso não fosse verdade. Vivem como se Deus não existisse. 

Cristãos "mornos” são aqueles que nada fazem para modificar suas vidas, para torná-las mais de acordo com os ensinamentos de Jesus. Essas pessoas até pensam ser sinceras na sua fé, mas sua crença não é suficiente para modificar sua vida. 

A verdade é que a fé dessas pessoas não tem raízes suficientemente profundas para produzir resultados concretos. Ora, a Bíblia (Tiago capítulo 2, versículos 17 e 18) fala que a fé sem resultados (obras) é morta e para nada serve. Em outras palavras, os resultados concretos é que medem a "saúde" da fé de cada pessoa. 
E que resultados são esses? Em primeiro lugar, é preciso colocar Deus antes de tudo. Isso significa, dentre outras coisas, confiar n´Ele inteiramente, estar constantemente com Deus (em oração e louvor) e levar a sério tudo que Ele nos pede para fazer. 
Cristãos mornos não dão muito espaço para Deus em suas vidas - outras coisas são bem mais importantes, como lazer, trabalho, família e até o time de futebol. E isso não está certo.

O segundo resultado fundamental é ter amor para com o próximo. Essa exigência pode ser resumida na seguinte frase: aja com os outros como você gostaria que eles agissem com você. 

Há muitas outras coisas que são derivadas desse mandamento. Uma delas é a necessidade de você fazer um esforço constante para levar outras pessoas para Cristo. E a razão para isso é simples: se você acha que Cristo é imprescindível em sua vida, deve querer o mesmo para as demais pessoas. Você não pode ficar calado/a ou omisso/a em relação à pregação do Evangelho de Cristo.

Mas, o amor ao próximo inclui também coisas, como paciência, boa disposição, gentileza, caridade, perdão, etc. Sem esquecer o autocontrole no trato do próximo. 
É verdade que o progresso obtido nessas diferentes áreas da vida costuma ser desigual. Alguém pode ser caridoso, mas ter muita dificuldade em perdoar ou ter baixo autocontrole. Eu mesmo, tenho tido dificuldades com a questão da oração. Confesso sentir inveja “santa” daquelas pessoas que conseguem ficar longo tempo orando, sem perder a concentração, coisa difícil para mim.
O importante não é tirar nota dez em todos esses quesitos e sim avançar sempre, melhorar continuamente, ainda que seja mais numa área do que na outra. É viver um processo de aperfeiçoamento contínuo, rumo a um ideal traçado por Jesus. 

Agora, se o tempo vai passando e nenhuma transformação significativa na vida do cristão acontece - se a pessoa não abandona seus maus hábitos e coloca outros melhores no lugar - é preciso fazer um autoexame para verificar se a fé não está “doente”. Se aquela pessoa não se tornou espiritualmente "morna". Se não vive , na prática, como se Deus não existisse.

E se for esse o caso, a pessoa espiritualmente "morna" não pode e nem deve hesitar em procurar ajuda. E essa ajuda pode vir através de pastores e irmãos na fé, bem como pela participação em grupos de estudo da Bíblia e em reuniões de oração.  
Não corra o risco de deixar sua fé esfriar. Não viva como se Deus não existisse. Faça algo a esse respeito, corrigindo as deficiências enquanto houver tempo. E quanto antes melhor.
Com carinho

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

QUAIS NORMAS SOCIAIS VOCÊ SEGUE?

Você obedece uma série de normas sociais das quais talvez nem se dê conta. Por exemplo, quando entra no elevador, normalmente sempre fica sempre de frente para a porta pois é considerado pouco educado ficar encarando as outras pessoas. Quando vai numa festa, cumprimenta todas as pessoas que conhece, pois seria deselegante entrar e sair sem fazer isso. E assim por diante.

As normas sociais variam de país para país e é por isso que às vezes se torna tão difícil adaptar-se à vida num país estranho. Aqui no Brasil, se você for convidado/a para uma festa às oito da noite, calibrará sua chegada para mais ou menos meia hora depois. Nos Estados Unidos ou na Alemanha, esse atraso seria considerado falta de educação. Os donos da festa esperam que você seja pontual.

Essas normas controlam nossas vidas em todos os campos: família, trabalho e até na igreja. Elas estão presentes em todos os momentos. E, muitas delas, mesmo quando não são tão boas assim (como o brasileiro aceitar certa impontualidade), não geram grabes consequências. Mas, há casos em que normas sociais inadequadas têm potencialidade de casuar estragos significativos.

Por exemplo, cerca de 55 anos atrás, alguns jovens da igreja metodista do Catete, no Rio de Janeiro, quiseram introduzir guitarras e bateria no louvor, durante os cultos. Até então, a música na igreja estava restrita ao tradicional órgão. A troca de instrumentos  era uma quebra das normas sociais em vigor e as pessoas mais conservadoras reagiram fortemente.

Os jovens foram muito criticados e não acabaram indo embora da igreja, o que teria sido um desastre, porque alguns dirigentes, mais flexíveis, instituíram o "culto jovem", onde a mocidade passou a ter espaço para tocar música no seu estilo. É interessante observar que hoje quase toda a música nas igrejas evangélicas usa guitarras e bateria e o órgão ficou restrito a ocasiões bem especiais. As normas sociais a esse respeito mudaram totalmente.

Agora, há hoje uma norma social muito seguida pelo público evangélico e que eu acho muito ruim. Ela diz que "evangélicos devem dar preferência para outros evangélicos". Assim, evangélico deve votar em candidato evangélico porque tal candidato vai defender no governo as causas que são importantes para os crentes. E não importa para muitos que boa parte dos políticos evangélicos eleitos tenha comportamento muito pouco ético no trato dos interesses públicos.

A mesma norma diz que evangélico só deve fazer terapia com profissional cristão para ter garantia que seu pensamento não vai ser subvertido. E essa norma não leva em conta que há vários terapeutas evangélicos mal formados, que frequentaram cursos simples de aconselhamento cristão sem grande base científica e conduzem terapias totalmente inadequadas. Já vi isso acontecer. 

Mais recentemente, essa norma foi levada ao ponto de dizer que evangélico deve comprar roupa de loja evangélica, porque ali são fabricadas roupas apropriadas para mulheres e jovens cristãs. Nunca esquecendo que esse tipo de loja costuma fazer patrocínio de conjuntos de música gospel e de ações de evangelização. Agora, tempos atrás, o programa Profissão Repórter, da Globo, fez uma corajosa denúncia sobre trabalho escravo no ramo de confecção. E na denúncia apareceu uma das mais importantes lojas de roupas evangélicas, revendendo tranquilamente produtos que tinham sido fabricados com base nesse tipo de trabalho. Questionados, os donos da tal grife negaram saber que seus fornecedores cometiam esse crime, portanto, ou eram completamente desavisados ou estavam lucrando de forma incompatível com os ensinamentos cristãos.

Acho que já ficou claro para você que essa norma pode causar grande estrago e nunca pode ser seguida cegamente. Nós, como cristãos, devemos sempre buscar pessoas sérias e competentes e, se forem evangélicas, melhor ainda. Mas, ser evangélico, por si só, não deve dar caminho livre para ninguém, pois há muita hipocrisia no mundo. 

Há outras normas "furadas" operando nas igrejas. Por exemplo, "ninguém deve tocar nos ungidos de Deus"  - leia-se pastores não podem ser criticados façam o que fizerem. Ora, o fato de alguém ter a formação teológica que o leva a ser consagrado pastor e/ou se arrogar esse título, não o torna automaticamente ungido por Deus. Todos sabemos que há pastores ruins e até desonestos, causando muito mal aos seus rebanhos. Pastores podem ser criticados sim, como os outros seres humanos, caso se afastem das normas de conduta que a Bíblia estabelece. Simples assim.

Um outro exemplo de norma evangélica "furada" é aquela que aceita o rótulo "gospel" como uma coisa meio santificada e boa. Assim, a música gospel é boa e a música secular não. A literatura, se for gospel, serve para a juventude cristã, o outro tipo de literatura deve ser evitado. E tome de "balada gospel", "carnaval gospel" e talvez venhamos chegar a ter "inferno gospel", como bem me alertou um amigo meu outro dia. 

Nunca se esqueçam que rotular alguma atividade ou coisa de "gospel" é frequentemente um simples recurso de marketing, visando chamar atenção do público evangélico. A ideia que o "gospel" é bom e apropriado para o consumo dos crentes precisa ser olhada com cuidado.
Portanto, tome cuidado com as normas sociais que regem sua vida, especialmente aquelas que controlam o exercício da sua vida espiritual.

Com carinho. 

terça-feira, 22 de outubro de 2019

AS QUATRO LEIS ESPIRITUAIS

Você conhece as quatro leis espirituais que regem nossa relação com Deus? Se não conhece, este é um bom momento para parar alguns minutos e aprender sobre esse importante tema. Afinal, ele é fundamental no processo de evangelização de outras pessoas. É preciso falar dessas leis quando você estiver tentando converter alguém ao Evangelho de Cristo.

De forma resumida, as quatro leis espirituais estabelecem que:
1) Deus nos ama e esse amor é incondicional, ou seja, não depende de quem você é ou do que faz. Esse amor depende apenas de quem Deus é. Está relacionado com a natureza dele.

2) Todos pecam e, por isso, acabam se afastando de Deus. E a razão para esse afastamento é simples: Deus é santo e não tolera o pecado.

3) Cristo morreu na cruz pelos pecados dos seres humanos. Esse sacrifício abre as portas para sua reconciliação com Deus, ou seja, para sua salvação.

4) A pessoa precisa aceitar Cristo como seu salvador pessoal, para que esse sacrifício produza efeito. Você precisa aceitar Jesus como seu salvador e confessar isso abertamente.

É sobre esse tema que a Alícia e o pastor metodista Eduardo Seixas falam num novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes da Alícia aqui e aqui.

domingo, 20 de outubro de 2019

A ANSIEDADE QUE GERA MEDO

Ansiedade gera medo e desconforto. Quem nunca ficou com medo numa situação que envolvia risco, como uma mudança de emprego, o início de um novo relacionamento ou mesmo uma cirurgia de porte?
O problema é que o nível de ansiedade que gera medo não costuma ser proporcional ao tamanho do risco. Pessoas muito ansiosas sofrem com situações que não deveriam causar qualquer tipo de estresse. É um sentimento terrível que domina as vidas delas.
Outro dia li a história de uma senhora que sofre quando vai passar pela vistoria pessoal, antes de embarcar num avião. Seus batimentos cardíacos aumentam e ela sente o estômago apertado porque teme que alguma coisa venha a dar errado. E se ela for barrada e impedida de viajar? E se os agentes de segurança começarem a lhe fazer perguntas embaraçosas? Ela fica aliviada toda vez que passa pela inspeção sem problemas, mas fica sempre com o sentimento que algum dia sua sorte vai acabar…

Conheci um engenheiro, que era empregado de uma grande estatal. Durante o mês de entrega da declaração de imposto de renda, o nível de ansiedade desse homem atingia valor recorde. Ele acordava de madrugada para conferir suas contas, com medo de ter feito alguma coisa errada. E só entregava a declaração na última hora, pois tinha medo que o governo mudasse alguma coisa e ele fosse pego de “calças curtas”. Acabado o período de entrega da declaração, a ansiedade baixava, para voltar a crescer cerca de um ano depois…

Os exemplos desse tipo de comportamento são intermináveis e o resultado final é sempre o mesmo: enorme desconforto pessoal. Uma vida de qualidade baixa.
Jesus sabia que a ansiedade que gera medo ataca muitas pessoas e se referiu a esse problema mais de uma vez – por exemplo, em Mateus 6:25:
Portanto eu lhes digo: não se preocupem com suas próprias vidas, quanto ao que comer ou beber; nem com seus próprios corpos, quanto ao que vestir
Ele alertou para que não fiquemos ansiosos quanto a termos o suficiente para viver nossas vidas. Se temos tempo bastante para fazer todas as tarefas do dia, se dispomos de recursos financeiros suficientes para enfrentar as despesas mensais, se temos competência bastante para fazer o trabalho que nos foi destinado e assim por diante.
E Ele concluiu explicando que a ansiedade que gera medo não adianta nada (versículo 27):
Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?
Ficar ansioso e amedrontado é como sentar numa cadeira de balanço e achar, porque há movimento, que se está saindo do lugar, se está alcançando algum resultado. E isso é pura ilusão. Ansiedade e medo não geram qualquer resultado prático, só atrapalham.

Há preocupações que são legítimas e até ajudam as pessoas a se prepararem para as eventualidades da vida. Mas, na esmagadora maioria dos casos, ansiedade e o medo dela decorrente não guardam muita ligação com a realidade dos fatos, com os riscos que a pessoa enfrenta, como a mulher que entra em pânico, sem razão, ao passar na inspeção no aeroporto ou o homem que sofre desnecessariamente com a declaração de imposto de renda.
A ansiedade que gera medo, conforme Jesus alertou, desconsidera a presença de Deus. Não leva em conta que temos um Pai para quem podemos apelar quando em dificuldades. Isso me lembra o relato de um pai sobre o que aconteceu com sua filha de 6 anos. A criança estava com pressa e ansiosa porque o ônibus da escola estava para chegar. E acabou fazendo uma grande bagunça com os cadarços do seu tênis. Como não conseguia resolver o problema, a ansiedade foi aumentando. Ela não se deu conta que, ao lado dela, estava o pai, que podia ajudá-la a sair do enrosco. Quando a menina começou a chorar, derrotada pelas circunstâncias, sentindo-se perdida e impotente, o pai se ajoelhou e resolveu facilmente o problema.
Nós frequentemente agimos exatamente como essa menina. E há uma passagem na Bíblia que fala exatamente sobre esse tipo de situação – veja o que diz Marcos 6:31-38:
Havia muita gente indo e vindo, a ponto de eles não terem tempo para comer. Jesus lhes disse: "Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco". Assim, eles se afastaram num barco para um lugar deserto. Mas muitos dos que os viram retirar-se, tendo-os reconhecido, correram a pé de todas as cidades e chegaram lá antes deles. Quando Jesus saiu do barco e viu uma grande multidão, teve compaixão deles, porque eram como ovelhas sem pastor. Então começou a ensinar-lhes muitas coisas. 
Já era tarde e, por isso, os seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: "Este é um lugar deserto, e já é tarde. Manda embora o povo para que possa ir aos campos e povoados vizinhos comprar algo para comer". Ele, porém, respondeu: "Deem-lhes vocês mesmo algo para comer". Eles lhe disseram: "Isto exigiria duzentos denários! Devemos gastar tanto dinheiro em pão e dar-lhes de comer?" Perguntou ele: "Quantos pães vocês têm? Verifiquem". Quando ficaram sabendo, disseram: "Cinco pães e dois peixes".
Jesus já tinha ficado muito popular e era constantemente assediado pelo povo, sedento de ensinamentos e milagres. E os discípulos trabalhavam muito, recebendo as pessoas, fazendo triagem dos pedidos, organizando os atos públicos e até fazendo a segurança de Jesus.
Certo dia, notando que os discípulos estavam cansados, Jesus levou-os para um lugar mais afastado. Mas, o povo percebeu esse movimento e foi atrás de Jesus, chegando antes naquele lugar. E Jesus teve pena da carência das pessoas e passou a atende-las.

A noite se aproximava e os discípulos ficaram ansiosos: aquele lugar era deserto e como fariam para dar comida para a multidão (cerca de 5 mil pessoas)? Foram até Jesus e lhe disseram para dispensar as pessoas, para que elas pudessem procurar o que comer. Reparem que, ao longo desse diálogo, os discípulos não trataram Jesus com a costumeira deferência. Sua ansiedade tornou-os ríspidos.
Jesus surpreendeu-os dizendo para eles mesmos encontrarem a comida necessária. E os discípulos responderam que isso seria muito caro – custaria o equivalente a 8 meses de salário de um trabalhador. E um inventário da comida existente indicou haver apenas 5 pães e dois peixes.
A ansiedade e o medo dos discípulos devem ter chegado ao máximo naquele momento: o que eles deveriam fazer? Uma multidão daquele tamanho, irritada e descontrolada, poderia causar muitos problemas.
Os discípulos nunca perceberam que havia resposta para sua preocupação. Diante deles estava o Mestre que continuamente lhes ensinara:
Por isso lhes digo: Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes será aberta. Lucas 11:9 
Portanto, eu lhes digo: tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá. Marcos 11:24
Mas, os discípulos nunca apelaram para Jesus, segundo o relato de Marcos. Foi preciso que Jesus mesmo tomasse a iniciativa para que o problema fosse resolvido.

A ansiedade gera medo porque as pessoas querem ter certezas, precisam de segurança completa. E não conseguem isso porque lhes falta fé, confiança em Deus.

Talvez, bem lá no fundo, a pessoa ansiosa ache que Deus não quer se envolver com os pequenos problemas da sua vida – Ele seria muito ocupado para fazer isso. Ou, talvez pense que ela mesma sabe melhor daquilo que precisa e Deus não irá tomar conta das coisas tão bem quanto ela mesma. Ou outra possibilidade qualquer.
Jesus ensinou que, se a pessoa confiar mesmo em Deus, não terá razão para ficar ansiosa. Não terá razão para sentir medo. Essa constatação dá possibilidade de montar uma receita para enfrentar a ansiedade e o medo dela decorrente:
  • Passo 1: Ore entregue sua ansiedade e seu medo nas mãos de Deus. Por exemplo, não fique andando para lá e para cá na sala de espera do hospital: ore pela cirurgia e pelos médicos. Não fique com medo do emprego novo: ore para ter sabedoria para enfrentar a situação e para que seu novo chefe e novos companheiros de trabalho recebam bem sua presença. Esse procedimento segue o ensinamento de Filipenses 4:6-7:
Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus.
  • Passo 2: Entregue sua ansiedade para Deus. Escreva sua preocupação num pedaço de papel, date e coloque-o o papel numa caixa com o rótulo “entregue a Deus”. Ao fazer isso, você estará entregando aquela ansiedade nas mãos de Deus.
  • Passo 3: Se a preocupação voltar, lembre-se que dar espaço para ela seria como pegar o papel. Seria como tirar o problema das mãos de Deus e você não vai querer fazer isso. Portanto, resista.
Sugiro ainda que, periodicamente, você pegue os papéis que estão dentro dessa caixa e leia-os. E rememore o que aconteceu. Tenho certeza que você vai se dar conta de algumas coisas. A primeira delas é que a esmagadora maioria das suas ansiedades e medos não tinham qualquer suporte na realidade – simplesmente estavam dentro da sua cabeça.
Depois, você vai se surpreender com a ação de Deus na sua vida. As muitas coisas que Ele fez por você. E aí será um bom momento para agradecer-lhe e louvá-lo. E isso sempre me faz lembrar de um hino muito conhecido, cuja letra diz:

                             Conta as bênçãos, dize quantas são
                             Recebidas da divina mão
                             Vem dizê-las, todas de uma vez
                             E verás surpreso, quanto Deus já fez

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

CONVERSANDO SOBRE DONS ESPIRITUAIS

Já comentei em diversos outros textos  que existem muitos dons espirituais, cada um deles necessário para determinado tipo de tarefa (ou ministério) que o cristão desempenha na obra de Deus. Os dons espirituais destinam-se a revestir quem trabalha na obra de Deus do poder necessário para realizar as atividades sob sua responsabilidade.

Será que os dons permanecem presentes?
Há uma dúvida que aparece com frequência quando se discute esses dons: será que eles permanecem presentes hoje em dia, da mesma forma que nos tempos bíblicos? Em outras palavras, temos acesso hoje ao mesmo tipo de poder que os primeiros cristãos?

A resposta a essa dúvida me parece relativamente simples. Enfrentamos hoje desafios importantes para realizar a obra de Deus. Portanto, a necessidade de contar com poder dado pelo Espírito Santo (dons espirituais) permanece a mesma. Assim, esses espirituais continuam hoje como eram no passado.

Em João capítulo 14, versículo 12, Jesus disse que "...aquele que crê em mim, fará também as obras que eu faço e outras maiores fará". Ele quis dizer que seus seguidores teriam à disposição o mesmo poder usado por Ele. E Ele usou o Espírito Santo para realizar sua missão aqui na terra. E repare que Jesus não estabeleceu por quanto tempo esse poder estaria disponível - isso ficou em aberto. Assim, é razoável supor que essa promessa continue válida.
Os dons são muitos porque as necessidades da obra de Deus são variadas. E não seria possível discuti-los todos aqui. Vou me concentrar nos seis dons mais conhecidos, ou seja, aqueles com os quais provavelmente você vai se deparar ao longo da sua vida espiritual:
Profecia 
Trata-se da capacidade de transmitir mensagens de Deus para as pessoas, com o objetivo de exortá-las, ensiná-las e/ou consolá-las. Por exemplo, quando o rei Davi adulterou com Bate-Seba, foi o profeta Natã que teve a tarefa de alertá-lo para o tamanho do seu pecado (2 Samuel capítulo 12).

E por ter que falar para as pessoas o que elas não desejam ouvir, os profetas não costumam ter vida fácil. Vários dos profetas da Bíblia tiveram problemas com os poderosos de plantão naquela época.

É importante deixar claro que essas mensagens de Deus podem incluir informações sobre o que vai ocorrer no futuro das pessoas, mas essa não é a principal razão de ser de uma profecia. Mas, conhecer o próprio futuro acaba sendo o principal motivo para as pessoas se interessarem pelas profecias e por isso esse dom acaba sendo muito valorizado nas igrejas.

E por causa disso ele costuma sendo muito abusado - eu mesmo já fui várias vezes abordado por pessoas que começavam o diálogo dizendo “o Senhor me faz saber isso ou aquilo a seu respeito", para depois me passar uma mensagem sem pé nem cabeça.
Ensino
Esse dom é importante para que as pessoas possam ser esclarecidas sobre a doutrina cristã e também sobre a forma de viver o cristianismo. O ministério correspondente a esse dom é normalmente desenvolvido através das escolas bíblicas e dos grupos de discipulado. Mas, também podem ser incluídas outras iniciativas, como, por exemplo, este site.
Os mestres têm grande responsabilidade pois podem desencaminhar , com um eventual ensino errado, as pessoas sinceramente interessadas em seguir Jesus Cristo (1 Timóteo capítulo 6, versículos 3 a 6).

Línguas
Há dois tipos de dons relacionados com línguas. O primeiro deles se fez presente no evento do Pentecoste, em Jerusalém, quando Pedro fez uma pregação (provavelmente em aramaico) e pessoas de diferentes nacionalidades ouviram o discurso dele como se tivesse sido feito na língua materna de cada uma.

Agora, quando as pessoas se referem ao "dom de línguas" normalmente estão falando de outra coisa: a capacidade de falar a língua dos anjos - muitos teólogos acham que seja o hebraico antigo. Nesse caso, o dom de línguas tem por objetivo estreitar o relacionamento da pessoa com Deus, ou seja, trata-se de um forma elevada de louvor e adoração.

Infelizmente, como se trata de dom valorizado por muitas comunidades, há muita mistificação no seu uso, sendo frequente pessoas ficarem repetindo interminavelmente certas palavras estranhas que aprenderam aqui ou ali.

Cura
É um dos dons mais procurados porque gera grande visibilidade. E nunca devemos esquecer que, quando as curas aparecem nos relatos bíblicos, elas sempre tiveram um propósito claro, como, por exemplo, recompensar a fé extraordinária de uma pessoa ou mesmo dar credenciais espirituais para os apóstolos, provando que seu ministério vinha mesmo de Deus.

Esse é outro dom frequentemente abusado e já vi muita mistificação acontecer - pessoas se dizerem curadas quando não o foram. 

Apostolado
A palavra apóstolo quer dizer testemunha. Ou seja, a pessoa que tem esse dom torna-se testemunha do Evangelho de Cristo. E ela precisa fazer isso não só com a sua pregação, mas também com sua vida.

Infelizmente, hoje em dia o título de apóstolo tornou-se corriqueiro e serve apenas para dar status e alimentar o ego inchado de alguns líderes religiosos, o que é muito ruim. 

Pastoreio
Trata-se do dom voltado para o cuidado com a vida espiritual das “ovelhas", ou seja, dos membros de uma comunidade cristã. Nada tem a ver com o título de "pastor" que as igrejas evangélicas dão aos seus sacerdotes.

É claro que um sacerdote deve ter o dom de pastoreio para poder desempenhar bem sua função, mas há pessoas que tem esse dom e não são sacerdotes. Por exemplo, Nelson Mandela pastoreou o povo da África do Sul e era um político.

O mau uso dos dons espirituais
Já falei acima sobre alguns abusos do uso de dons. E gostaria de aprofundar essa discussão falando de mais dois problemas muito comuns.

Um deles é o uso do dom espiritual para obter ganhos pessoais. Há uma passagem no livro de Atos dos Apóstolos (capítulo 8, versículos 14 a 20) onde uma pessoa tenta comprar dons espirituais. E ele ofereceu dinheiro para o apóstolo Pedro e acabou sendo amaldiçoado.

Os dons espirituais são dados de graça e de graça devem ser exercidos. Ninguém deve cobrar ou obter vantagens materiais pelo uso desses dons.

Outro problema é o fato que as pessoas exercem alguns desses dons - como profecia ou cura - adquirem status mais elevado dentro das comunidades que frequentam. A importância na obra de Deus, segundo Jesus ensinou, não vem dos dons exibidos por ela e sim da capacidade de servir os outros. Em outras palavras, o maior é aquele que se faz menor, por servir mais, fazendo isso de forma humilde.

Com carinho

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

VOCÊ ESTÁ SENDO PREPARADO

Você sabia que está sendo preparado/a por Deus? Eu me explico.

Muitas vezes você foi levado/a está na sua vida a fazer coisas de que não gosta e/ou não motivam você. Pode ser no seu trabalho, nos seus estudos, na sua vida particular, ou seja, em qualquer campo da sua vida. Parece ser que aquela atividade e/ou responsabilidade não tem nada a ver com suas habilidades e mesmo seu potencial. E mesmo assim você está meio que "amarrado" tendo que fazer aquilo.

Se você se sente assim, eu tenho uma palavra de esperança para você. Tenha fé e pense que você simplesmente pode estar sendo preparado por Deus. Talvez seja preciso que você tenha que fazer aquela coisa da qual não gosta para aprender alguma coisa importante ou até mesmo para criar em você mesmo/a a disciplina necessária para vir a ter responsabilidades maiores na vida e tarefas mais desafiadoras.

Foi isso que aconteceu com Davi, que foi o maior rei de Israel. Ele começou sua vida pastoreando ovelhas - uma tarefa muito simples e cansativa. Vários de seus irmãos mais velhos já tinham funções importantes na sociedade, inclusive no exército do rei Saul. Davi não, vivia uma vida humilde.

Mas, foi na vida de pastor que ele desenvolveu qualidades importantes, que viriam ser muito importantes no seu reinado e também aprendeu a confiar em Deus.

Você pode não saber, mas está sendo preparado por Deus. É sobre isso que o Rogers fala no seu mais novo vídeo - veja aqui.

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segunda-feira, 14 de outubro de 2019

ONDE ESTÁ O ESPÍRITO SANTO

Temos atrás fez sucesso em todo mundo uma série de livros que tinha como tema: onde está Wally? Esse personagem era um cara de óculos, boné e camisa listrada de vermelho e precisava ser procurado e encontrado no meio de vários desenho, cada um deles contendo centenas de outros personagens. As pessoas ficavam horas procurando onde Wally estava nesses desenhos.

Lembrei-me desse personagem noutro dia, quando estava pensando na presença do Espírito Santo na minha vida. Sei que muitos vezes me comporto fora dos padrões que o Espírito Santo tem para mim. E será que Ele se faz presente na minha vida, por exemplo, nas horas que perco a calma com as outras pessoas no trânsito, ou quando deixo de fazer uma gesto de amor dirigido ao meu próximo?

Onde está o Espírito Santo nessas horas? Na verdade, Ele está sempre ao lado dos crentes. O problema é que não costumamos dar ouvidos para o Espírito Santo como deveríamos. Não fazemos isso e aí não colhemos o fruto do Espírito, conforme a Bíblia ensina em Gálatas 5:22, que inclui amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. 

É sobre esse tema que a Alícia reflete no seu mais novo vídeo - veja aqui.
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sábado, 12 de outubro de 2019

O MEDO DA MORTE DA PESSOA QUERIDA

O tema hoje é o medo da morte de uma pessoa querida, coisa também extremamente comum na nossa sociedade.

Quando peguei meu primeiro filho no colo, lembro de perceber como ele era frágil. Tanto assim, que só me senti seguro com ele depois de sentar numa cadeira. Tive medo de pegá-lo no colo estando em pé e deixá-lo cair. É claro que essa insegurança diminuiu com o tempo. Mas, meu sentimento de preocupação com o bem-estar dos meus filhos continua o mesmo. O medo que algo de ruim venha a acontecer com eles sempre me acompanhou. 
Por isso, costumo dizer que a preocupação dos pais com os filhos só muda de lugar ao longo do tempo. Quando os filhos são pequenos, a preocupação é cuidar deles, pois são totalmente dependentes para sobreviver. Quando se tornam adolescentes, eles ficam mais independentes, mas aparecem outras preocupações: violência na escola, drogas, acesso à pornografia e por aí vai. E a preocupação com os filhos vai mudando com o tempo, mas continua até o final da vida dos pais.
O medo da morte de uma pessoa querida, tema de hoje, é bastante centrado nos filhos, mas vai muito além disso. Tememos perder outras pessoas importantes para nós, como o/a companheiro/a da vida. Não queremos também perder nossos pais, coisa que é natural acontecer. E assim por diante. O medo de perder uma pessoa querida está sempre presente na vida. Ele é quase universal.
E, quando vemos uma pessoa querida correndo perigo, costumamos entra em pânico e queremos agir, para afastar o perigo. Mas, o que fazer, quando nossos recursos não dão conta da ameaça? Foi essa a situação em que estava Jairo, líder da sinagoga de Cafarnaum. Sua filha estava morrendo e ele não tinha nada para fazer. Até que se lembrou de um rabino, chamado Jesus, que andava por aquelas terras, curando as pessoas. E Jairo percebeu que Jesus era sua única esperança – veja o relato de Lucas 8:41-42 e 49-56:
Então um homem chamado Jairo, dirigente da sinagoga, veio e prostrou-se aos pés de Jesus, implorando-lhe que fosse à sua casa porque sua única filha, de cerca de doze anos, estava à morte…Enquanto Jesus ainda estava falando, chegou alguém da casa de Jairo, o dirigente da sinagoga, e disse: "Sua filha morreu. Não incomode mais o Mestre".
Ouvindo isso, Jesus disse a Jairo: "Não tenha medo; tão-somente creia, e ela será curada". Quando chegou à casa de Jairo, não deixou ninguém entrar com ele, exceto Pedro, João, Tiago e o pai e a mãe da criança. Enquanto isso, todo o povo estava se lamentando e chorando por ela. 
"Não chorem", disse Jesus. "Ela não está morta, mas dorme". Todos começaram a rir dele, pois sabiam que ela estava morta. Mas ele a tomou pela mão e disse: "Menina, levante-se!" O espírito dela voltou, e ela se levantou imediatamente. Então Jesus lhes ordenou que lhe dessem de comer. Os pais dela ficaram maravilhados, mas ele lhes ordenou que não contassem a ninguém o que tinha acontecido.
Jairo era um homem importante na sua cidade, mas não teve vergonha de se prostrar aos pés de Jesus, implorando por ajuda. E assim é conosco: fazemos qualquer coisa para ajudar a pessoa querida que esteja em risco de vida. Não olhamos para o incômodo, não poupamos despesas e apelamos para qualquer coisa.
O caso de Jairo não é o único descrito nos Evangelhos. Há vários outros exemplos, como o caso do pai de um menino possesso (Marcos 9:17-27):
Um homem, no meio da multidão, respondeu: "Mestre, eu te trouxe o meu filho, que está com um espírito que o impede de falar. Onde quer que o apanhe, joga-o no chão. Ele espuma pela boca, range os dentes e fica rígido. Pedi aos teus discípulos que expulsassem o espírito, mas eles não conseguiram". Respondeu Jesus: "Ó geração incrédula, até quando estarei com vocês? Até quando terei que suportá-los? Tragam-me o menino"… 
Jesus perguntou ao pai do menino: "Há quanto tempo ele está assim?" "Desde a infância", respondeu ele…Mas, se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos." "Se podes? ", disse Jesus. "Tudo é possível àquele que crê." Imediatamente o pai do menino exclamou: "Creio, ajuda-me a vencer a minha incredulidade!". 
Quando Jesus viu que uma multidão estava se ajuntando, repreendeu o espírito imundo, dizendo: "Espírito mudo e surdo, eu ordeno que o deixe e nunca mais entre nele". O espírito gritou, agitou-o violentamente e saiu. O menino ficou como morto, a ponto de muitos dizerem: "Ele morreu". Mas Jesus tomou-o pela mão e o levantou, e ele ficou em pé.
As irmãs de Lázaro também ficaram desesperadas com a doença do irmão. Para elas, as consequências da morte do irmão seriam drásticas. Além de perder a pessoa que amavam, elas teriam suas vidas transformadas, pois eram solteiras e passariam a ser tutoradas por outro parente. Sendo assim, mandaram chamar Jesus - veja o relato em João 11:1-5 e 17-44:
E aconteceu que Lázaro ficou doente. Então as irmãs de Lázaro mandaram dizer a Jesus: "Senhor, aquele a quem amas está doente"…Jesus amava Marta, a irmã dela e Lázaro. No entanto, quando ouviu falar que Lázaro estava doente, ficou mais dois dias onde estava. Depois disse aos seus discípulos: "Vamos voltar para a Judeia"… 
Ao chegar, Jesus verificou que Lázaro já estava no sepulcro havia quatro dias...E muitos judeus tinham ido visitar Marta e Maria para confortá-las pela perda do irmão. Quando Marta ouviu que Jesus estava chegando, foi encontrá-lo, mas Maria ficou em casa. Disse Marta a Jesus: "Senhor, se estivesses aqui meu irmão não teria morrido. Mas sei que, mesmo agora, Deus te dará tudo o que pedires"…E, chamando à parte Maria, disse-lhe: "O Mestre está aqui e está chamando você". Ao ouvir isso, Maria levantou-se depressa e foi ao encontro dele. 
Jesus ainda não tinha entrado no povoado, mas estava no lugar onde Marta o encontrara…Chegando ao lugar onde Jesus estava e vendo-o, Maria prostrou-se aos seus pés e disse: "Senhor, se estivesses aqui meu irmão não teria morrido"...Jesus agitou-se no espírito e perturbou-se. "Onde o colocaram?", perguntou ele. "Vem e vê, Senhor", responderam eles. Jesus chorou. Então os judeus disseram: "Vejam como ele o amava!" 
Jesus, outra vez profundamente comovido, foi até o sepulcro. Era uma gruta com uma pedra colocada à entrada. "Tirem a pedra", disse ele. Disse Marta, irmã do morto: "Senhor, ele já cheira mal, pois já faz quatro dias". Disse-lhe Jesus: "Não lhe falei que, se você cresse, veria a glória de Deus?"..Depois de dizer isso, Jesus bradou em alta voz: "Lázaro, venha para fora! " O morto saiu, com as mãos e os pés envolvidos em faixas de linho, e o rosto envolto num pano. Disse-lhes Jesus: "Tirem as faixas dele e deixem-no ir".
Jairo, o pai do menino possesso, Marta e Maria são pessoas que passaram pelo desespero de ver uma pessoa querida doente e em risco de vida. E o que elas tiveram em comum, além do sofrimento? Todas estenderam sua mão para Jesus e pediram ajuda. Essas pessoas usaram o conselho dado pelo profeta Jeremias em Lamentações 2:19:
Levante-se, grite no meio da noite, quando começam as vigílias noturnas; derrame o seu coração como água na presença do Senhor. Levante para ele as mãos em favor da vida de seus filhos, que desmaiam de fome nas esquinas de todas as ruas.
Não adianta simplesmente ficar com medo dos perigos que rondam seus entes queridos e ficar sofrendo. É preciso agir: derrame seu coração diante de Deus e interceda por quem você ama. A melhor forma de você ajudar quem ama é interceder continuamente por ela.
Outro dia li o depoimento de uma mãe de família, que tem vários filhos - hoje todos já são adultos. Ela relatou como quase toda noite ia pela casa, de cômodo em cômodo, orando, pedindo pela vida e integridade física de cada uma daquelas pessoas. Esse é um exemplo magnífico.

Quando você ora, Cristo responde. Assim, como respondeu para Jairo, Marta e Maria. Ore pela pessoa querida. E também ore com ela. 
Você não pode, mesmo querendo, proteger filhos e demais pessoas queridas dos perigos da vida. Mas, pode levá-los diante daquele que é a fonte da vida. Pode entregá-los nas mãos de Cristo.
Jairo conseguiu atrair a atenção de Jesus e estava levando-o para sua casa, com a esperança de ver a filha curada. Aí chegou a notícia que a menina já estava morta. Certamente bateu o desespero no seu coração. Mas Jesus lhe disse simplesmente: “Não tenha medo. Apenas creia…”
Aquele pai enfrentou duas forças opostas na sua mente: medo e confiança. E precisou escolher uma delas. Exatamente como acontece com você. De um lado, você tem a realidade dos perigos que rodeiam a vida dos seus entes queridos e, de outro, a realidade da sua fé. Isto é, a possibilidade de depositar sua esperança e sua confiança naquele que é o autor e consumador da vida.
Conhecemos a escolha de Jairo. Mas ele não tinha qualquer garantia, naquele momento, de ter feito a escolha certa. Os amigos chegaram a dizer-lhe que não havia mais nada a ser feito. Mas, Jairo persistiu e recebeu a graça.
Jesus deixou apenas que três apóstolos – suas testemunhas –, além do pai e da mãe entrarem na casa da menina. E é interessante perceber que só aí a mãe aparece no relato. Mas, naquele momento crucial, Jesus uniu pai e mãe num mesmo propósito. Ele poderia ter entrado na casa somente com os apóstolos e deixado a mãe para trás, mas Jesus queria a família reunida. E Ele agiu de forma parecida com Marta e Maria, levando-as até o túmulo de Lázaro, antes de fazer o milagre.

E é nesse círculo de amor que Jesus operou os milagres. Foi nessas circunstâncias que Ele agiu. E isso comprova a importância que a família tem para Jesus.

Com carinho

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

A TRISTE HISTÓRIA DE DINÁ


A história de Diná é muito triste. E ela tem tudo a ver com a opressão da mulher, uma chaga social presente no mundo desde o início da vida humana. 
Infelizmente, um dos maiores focos de discriminação das mulheres é a própria família - velhos hábitos demoram a morrer... 

Para exemplificar o que acabei de dizer, basta pensar num típico almoço de domingo na casa de uma família brasileira. A família está toda reunida em torno da mesa. Pergunto: quem está na cozinha nesse momento? E depois, quem vai lavar a louça? Acredito que todos sabem a resposta: na esmagadora maioria dos casos, serão as mulheres. Os homens ficarão batendo papo, comendo e vendo televisão.

E um dos mais importantes aspectos da opressão da mulher dentro da própria família é a usurpação do direito dela a ter voz própria. E a história de Diná me parece ser um exemplo muito triste de como isso é feito. 
A história de Diná 
Vou dar aqui um resumo da história que está em Gênesis capítulo 34, versículos 1 a 29. Diná, filha de Jacó, saiu de casa sozinha para ver as "filhas da terra” - possivelmente outras moças da região onde morava. Foi um comportamento estranho, pois as mulheres virgens naquela época nunca saiam de casa sozinhas.
Ela foi vista por Siquem, um príncipe da cidade de mesmo nome. E ele aparentemente usou de força para ter relações sexuais com a jovem – a Bíblia usa a palavra "humilhar" para se referir ao que ele fez com Diná. Mas, depois do ato, Síquem tomou-se de amores pela moça e quis se casar com ela. 

Hamor, pai do rapaz, foi até Jacó e prometeu um dote pela moça e, mais ainda, ofereceu aliança entre seu povo e a família de Jacó. Durante essa negociação, Diná foi mantida na casa de Hamor (versículo 26).

Simeão e Levi, irmãos de Diná, responderam que somente poderiam consentir no casamento se Siquem e todos os demais homens da sua cidade fossem circuncidados. Hamor concordou e assim foi feito. 

Aproveitando-se do período de convalescença dos habitantes da cidade de Siquem, após a dolorosa cirurgia, Simeão e Levi mataram todos os homens e pilharam seus bens. Levaram Diná de volta para a casa de Jacó, onde ela terminou seus dias, de forma melancólica.  Pois, não sendo mais virgem, não podia se casar com outro homem e quem queria se casar com ela, Siquem, tinha sido morto.

A interpretação tradicional dessa história apela para a sociologia dos clãs.  A cultura daquela época se baseava no princípio da força - quem podia mais, chorava menos. Então, para ter alguma segurança, as pessoas passaram a se organizar em clãs. Dentro de um clã, todos os homens eram obrigados a defender e vingar as afrontas sofridas por qualquer membro do grupo. E ao fazerem parte de um clã, as pessoas se sentiam mais protegidas.

Portanto, atacar uma pessoa significava provocar a ira de todo o seu clã. A chave de tudo era a capacidade do clã de reagir às ofensas, já que não fazer isso demonstrava fraqueza, tornando a sobrevivência do clã ameaçada. Portanto, quando um clã tomava vingança por uma afronta, o objetivo não mais do que punir a ofensa em si, mas também demonstrar força para os inimigos.

A violência contra as mulheres do clã, como o estupro de uma virgem, era uma ofensa particularmente grave. E é nesse contexto que a história acima precisa ser analisada. A reação exagerada de Simeão e Levi teria servido como demonstração que o clã de Jacó não estava indefeso.

Mas, essa história admite uma leitura completamente diferente: tratou-se de um caso de amor proibido. O casal Diná e Siquem teria tentado “forçar a barra" para conseguir o consentimento da família da moça para seu casamento. E essa versão parece explicar bem melhor os fatos ocorridos.

Primeiro, a saída de Diná para ver as “filhas da terra”. Esse foi um ato de enorme imprudência de Diná e só faz sentido se ela fosse muito imprudente, coisa pouco provável numa mulher daquela época, ou se tivesse um objetivo secreto em mente: encontrar-se com Siquem e dar início ao processo que levaria ao seu casamento com ele. 

Vale lembrar que nenhuma das palavras usadas no texto da Bíblia pode ser traduzida exatamente como “estupro”. A palavra usada - “humilhar” - refere-se a qualquer relação sexual ilícita, como a que houve entre os jovens, pois eles não eram casados. E isso não significa que tenha havido um estupro de fato.

O amor repentino de Siquem não faz muito sentido depois de um estupro, mas tem toda lógica na versão do amor proibido. Nessa segunda hipótese, Siquem já amava Diná em segredo e depois que a relação dos dois se tornou pública, ele demonstrou seus sentimentos e implorou ao pai que conseguisse a mão da moça em casamento. 

O fato da moça ter sido mantida na casa de Siquem durante as negociações entre as famílias, também fala muito a favor da hipótese de um amor proibido. Se tivesse havido um estupor de fato, a tendencia de Diná teria sido correr de volta para a casa do pai.
A opressão da mulher
Existe um importante aspecto a ser considerado, que não costuma ser considerada nas análises tradicionais: a voz da própria Diná nunca foi ouvida. Em momento nenhum os irmãos a consultaram para saber qual seria sua vontade, muito menos pensaram no que teria sido melhor para ela. 
Pelo contrário, quando mataram Siquem, eles tiraram de Diná qualquer possibilidade de reconstruir a vida e a condenaram a viver como morta-viva na casa paterna. Um horror.

E não podemos esquecer que o próprio Deus condenou a atitude dos irmãos de Diná e os puniu com a perda do direito de primogenitura  (Gênesis capítulo 49, versículos 5 a 7). 

É claro que a sociedade da Bíblia era muito mais machista do que a sociedade atual. Mas a opressão à qual Diná foi submetida continua a ocorrer, não pelas mesmas razões, é claro, e certamente não da mesma forma. Mas o problema continua presente.

O pior é que, nas filhas evangélicas, muitas vezes a própria Bíblia é usada como "instrumento" dessa opressão. São comuns as leituras distorcidas do texto bíblico que mostram a mulher, por exemplo, como fraca moralmente diante da tentação , fruto da ideia equivocada que Eva teria levado Adão a pecar. 

Uma estratégia sutil, mas bem cruel, muito usada nesse processo de opressão é alegar que decisão sendo tomada pela família, contra a vontade da própria mulher, é para o "bem" dela. Alguns exemplos desse tipo de situação, que já presenciei, foram: o marido tem mais experiência do que a esposa e deve decidir, inclusive por ser o "cabeça do casal"; o pai deve resolver tudo para que a filha não precise esquentar a cabeça; ou mesmo a mãe viúva precisa ser tutelada pelos filhos para ser defendida dos perigos do mundo.

O pior é que, muitas vezes, as mulheres são as primeiras a dar apoio ao processo que as vitimiza. Isso porque se sentem inferiores - talvez por terem menos estudo) e/ou experiência - ou mesmo por terem sido educadas para deixar as grandes decisões para os homens. 

Nós, cristãos, precisamos aprender a reconhecer essas situações e conseguir dizer não para elas. Lutar para que todos, homens e mulheres, sejam tratados da mesma forma e tenha seus seus direitos reconhecidos. Afinal, perante Deus, todas as pessoas são consideradas iguais e têm o mesmo valor.

Com carinho

terça-feira, 8 de outubro de 2019

O PREÇO DO AMOR

Qual é o preço do amor? Essa é uma pergunta que muita gente já se fez, em diferentes momentos da vida. E eu tive oportunidade de fazer essa pergunta para mim mesmo, recentemente, quando meu filho mais velho se casou e foi viver sua nova vida, feliz. Glória a Deus por isso.

Mas, o vazio do lugar que ele ocupava na nossa casa, ficou para trás. E isso era inevitável, pois sem sair de um lugar, ele não poderia vir a desempenhar seu novo papel, junto à sua esposa.

Usei essa reflexão para falar de outra coisa, muito importante: o sacrifício de Jesus por nós na cruz. Há um texto em Isaías, capítulo 53, onde o profeta reflete sobre essa questão e dá para perceber o sofrimento de Deus, ao entregar seu Filho para morrer de forma horrível naquela cruz.

Esse foi o preço do amor de Deus por nós. Esse foi o preço que precisou ser pago para que nós possamos ver o caminho do perdão de Deus e da salvação aberto à nossa frente. Não acredito que preço maior tenha sio pago em outra circunstância da história da humanidade. 

É sobre isso que o Rogers fala no seu mais novo vídeo. Veja aqui.

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domingo, 6 de outubro de 2019

O QUE BUSCAR NUMA IGREJA

Muitas pessoas estão interessadas em buscar uma igreja para frequentar. E me perguntam sobre como fazer essa escolha. Elas querem entender que comunidades e denominações cristãs poderiam ser adequadas para elas. E essas são perguntas importantes.

Mas, ao invés de fazer uma lista de denominações cristãs "aprovadas", coisa que não penso ser apropriada, prefiro responder dando instrumentos para que as próprias pessoas possam refletir e avaliar, por si mesmas. Prefiro que elas aprendam o que buscar numa igreja, antes de decidir frequentá-las.
Local de liberdade
A primeira coisa é buscar um local de liberdade. Na igreja a pessoa deve poder ser autêntica. Mostrar quem verdadeiramente é, inclusive suas dificuldades, fraquezas e dúvidas. A pessoa não deve nunca se sentir constrangida pela comunidade do local que frequenta.
Até porque, a igreja que ficando julgando as pessoas – separando as ovelhas “boas” das "más" - não segue o Evangelho de Jesus. Simples assim.

A igreja precisa viver a verdade que as mudanças para melhor na vida das pessoas precisam vir de dentro delas e não serem impostas de fora. E a igreja é como um hospital: é o lugar de "doentes" que querem se curar, ou seja, é ali que as pessoas precisam encontrar respostas e incentivo para mudar suas vidas, deixando o pecado de lado.
Tratamento transparente da questão do dinheiro 
É sempre preciso buscar uma igreja onde o dinheiro seja tratado de forma transparente. Fuja das igrejas que não fazem isso. Aquelas que não contam o quanto arrecadam e, principalmente, onde gastam o dinheiro recebido dos fiéis, fruto do seu dízimo e ofertas.
Comunidades onde os pastores mostram sinais de prosperidade muito maior do que a média das suas ovelhas passam sinais preocupantes de mau uso dos recursos.
É claro que as igrejas precisam de dinheiro para se manter, mas arrecadar não pode se transformar numa obsessão, na sua razão de ser delas. Em outras palavras, as igrejas nunca podem ser tratadas como negócios.

As pessoas também devem fugir das igrejas que tentam desafiar os crentes a assumir compromissos financeiros visando ter acesso às bençãos de Deus, como se fosse uma troca. Pode ter certeza que Deus não faz qualquer tipo de barganha e sua graça não tem, nem pode ter, preço.
Casa de oração
Oração precisa ser um dos alimentos básicos de qualquer comunidade cristã. Como bem diz um bispo que conheci: “oração deve estar sempre na ordem do dia”.
Portanto, a pessoa deve procurar saber como é o hábito de oração da igreja que pretende frequentar. Uma igreja saudável é uma casa de oração, como Jesus ensinou. Todas as pessoas na comunidade devem ser sempre incentivadas a orar com frequência e sinceridade. E quem não sabe orar deve ser incentivado a aprender a fazer isso ali.
Mudança de vida
Você deve buscar uma comunidade que não somente pregue o Evangelho de Jesus, mas também ajude as pessoas a encontrar um sentido maior para suas vidas, isto é, fazê-las entender o que é verdadeiramente seguir Cristo. A comunidade cristã precisa ensinar as pessoas a colocar seus egos e vaidades de lado e servir à causa do Reino de Deus, da forma como melhor puderem.
Em outras palavras, a igreja precisa ser um local onde as pessoas se unam para “pegar no arado e preparar o terreno” para o Reino de Deus. Nenhum trabalho deve e pode ser considerado pequeno ou humilde demais, pois todas as atividades têm valor aos olhos de Deus.

Finalmente, as lideranças da igreja, especialmente seus pastores/as, não podem ter privilégios e devem ser os/as que mais trabalham. Afinal, é esse exemplo de humildade e dedicação que Jesus deixou e as faz deixar seu “eu” e suas necessidades pessoais de lado e se dedicar à causa de Deus.
Espaço para trabalhar na obra de Deus
Todos têm dons espirituais que podem ser utilizados no crescimento da obra de Deus. Pode ser, como no meu caso, o ensino e a divulgação da Palavra de Deus. Em outros casos, pode ser o louvor (cantar e/ou tocar um instrumento), a evangelização ou o cuidado com quem sofre.
Há muitos dons espirituais porque a obra de Deus tem muitas necessidades. E é o trabalho efetivo nessa obra que permite às pessoas exercer os próprios dons. Sendo assim, a igreja precisa abrir espaços para que as pessoas possam fazer isso.
Uma igreja saudável nunca pode ficar restrita a um grupo de pessoas "especiais", a quem cabe fazer tudo. A igreja não pode ter “donos”, além de Jesus Cristo.
Agora, a igreja precisa ainda ajudar as pessoas a se prepararem para poder trabalhar na obra. Por exemplo, precisa ser treinada a conhecer a Bíblia bem e poder ensiná-la a terceiros. Uma igreja séria não joga as pessoas no campo de batalha sem lhes dar apoio e instrumentos de trabalho adequados. Infelizmente, muitas agem isso sob a justificativa que a obra é do Espírito Santo e cabe a Ele preparar as pessoas.
Humildade
Finalmente, a pessoa deve fugir da igreja que não seja humilde, ou seja, aquela que sempre se coloca como dona da verdade. Por exemplo, a comunidade que acredita na tese que só serão salvas as pessoas que a frequentam.
Ora, ninguém tem o monopólio de Jesus Cristo. E se Ele pudesse ser totalmente compreendido e abarcado por uma única comunidade ou denominação cristã, Deus nunca poderia ser onipresente e infinito, como entendemos que Ele é. Nosso Deus simplesmente não cabe dentro de nenhuma instituição estabelecida e gerenciada por seres humanos. Portanto, humildade é um requisito fundamental para uma igreja que pretenda realmente seguir a Cristo.
Palavras finais
Ser um local libertador, transparente no tratamento do dinheiro e uma casa de oração. Pregar a Palavra de Deus e incentivar a mudança positiva na vida das pessoas. Dar-lhes espaço para trabalhar na obra de Deus. E, finalmente, ser humilde. Aí estão os principais requisitos para uma comunidade cristã boa e saudável.
Nenhuma igreja atenderá todos esses requisitos igualmente bem. Mesmo as melhores dentre elas, serão boas em algumas coisas e não tão boas em outras. Afinal, instituições humanas nunca são perfeitas. É preciso, portanto, ter tolerância ao analisar as comunidades que se estuda frequentar.

Essa lista serve como um guia que pode ajudar você a fazer a escolha certa quando buscar uma igreja. E que Deus lhe guie ao fazer isso.

Com carinho