domingo, 30 de agosto de 2015

O POUCO QUE VIRA MUITO

"Então Jesus disse: ... dai-lhes vós mesmos de comer. Mas eles [os discípulos} responderam: Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes. Então Jesus disse: Trazei-mos ... E tomando os cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos ao céu, os abençoou ... Todos comeram e se fartaram ... E os que comeram foram cinco mil homens, além de mulheres e crianças."                                        Mateus capítulo 14, versículos 13 a 21
Uma tia minha, no final da sua vida, passou a fazer dezenas de assinaturas do "Cenáculo", revista cristã trimestral , contendo pensamentos diários, e a enviar os exemplares para uma lista de pessoas. E ela personalizava cada exemplar - por exemplo, se meu aniversário caísse no trimestre em questão, ela colocava uma pequena mensagem no dia certo, dando-me os parabéns. 

Foi isso que ela encontrou para fazer na obra de Deus, considerando suas limitadas condições físicas. E são muitos os testemunhos de pessoas que tiveram suas vidas transformadas pelas revistas por ela enviadas. 

Distribuir o "Cenáculo" foi uma iniciativa simples que gerou resultados muito importantes na obra de Deus. E essa iniciativa da minha tia serve como exemplo para cada um(a) de nós. Todos - independentemente da idade, condição social, situação física, etc - têm condição de fazer algo pela obra de Deus. Basta querer.

Jesus ensinou essa mesma lição quando realizou o milagre da multiplicação dos pais e peixes, relatado no texto que dá início a este post. Repare que antes de fazer o milagre Jesus perguntou aos discípulos o que eles tinham de alimentos. E multiplicou-os, ou seja operou a partir daquela realidade limitada e atingiu um resultado espetacular.

Em outras palavras, Deus parte daquilo que já temos para produzir resultados surpreendentes. Ele multiplica o que existe. Foi isso que Ele fez com a minha tia e assim também poderá fazer com você ou comigo.

Portanto, as únicas coisas necessárias para fazer diferença na obra de Deus são: 1) tomar a decisão de trabalhar nela e 2) ter compromisso com a decisão tomada. Só isso. 

Não é necessário ter talentos especiais, muito tempo, grandes recursos financeiros ou qualquer outra coisa assim. Basta querer e perseverar. 

Garanto para você que não há realização maior do que trabalhar na obra de Deus. De produzir resultados que levem pessoas a aceitar Jesus ou minorem o sofrimento daqueles que passam por dificuldades. E posso afirmar isso por experiência própria.

Com carinho

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

VENDO SATANÁS EM TODO LUGAR ...

Infelizmente, muitas igrejas evangélicas estão sofrendo os efeitos de uma verdadeira "epidemia" de diagnósticos atribuindo quase todos os problemas das pessoas à ação satânica. 

É claro que há situações onde é possível perceber o "dedo" do Diabo mas, na esmagadora maioria dos casos, os problemas das pessoas nada têm nada ver com isso - foram gerados pelas fraquezas e limitações delas mesmas. 

Um exemplo comum do que acabei de falar é atribuir à ação de Satanás de toda e qualquer doença. É claro que Satanás tem poder para causar doenças (por exemplo, veja Jó capítulo 2), mas isso não quer dizer que toda e qualquer doença seja trabalho dele. 

Doenças são parte da nossa vida e na maioria dos casos não têm qualquer componente espiritual. Caso contrário, os(as) verdadeiros(as) cristãos(ãs) nunca morreriam.

Outro exemplo interessante foi tirado de um curso sobre libertação (procedimentos para livrar as pessoas da ação demoníaca), ao qual assisti tempos atrás. Em dado momento, o pastor que dirigia o curso simulou o diálogo entre um evangelista e uma pessoa não convertida que estava rejeitando o Evangelho - essa simulação pretendia discutir o que deveria ser feito nesse tipo de situação. E o pastor afirmou que diria o seguinte para a tal pessoa: "espírito da incredulidade, sai dessa pessoa".

Ora, isso não é bíblico: Jesus e os apóstolos encontraram, durante seus ministérios, muitas pessoas que não aceitaram sua pregação e nenhum deles atribuiu a incredulidade dessas pessoas a espíritos demoníacos. 

Por que então devemos fazer isso hoje em dia? Não devemos esquecer que Deus deu o livre arbítrio para as pessoas e elas podem fazer as escolhas que desejarem, inclusive rejeitar Jesus Cristo. E se vimos ação demoníaca na recusa de uma pessoa, certamente iremos desenvolver uma ação evangelística desconectada da orientação bíblica.

Outro exemplo, muito mais sério, aconteceu com uma querida amiga, moça solteira, que foi receber ministração de um obreiro em determinada igreja. E esse homem revelou-lhe uma palavra que disse ter "recebido" de Deus para ela: a razão para ela continuar solteira seria a ação de Satanás fruto dela manter hábitos considerados pecaminosos.

Essa palavra desastrada teve um efeito muito ruim sobre minha amiga - trouxe-lhe grande sofrimento espiritual. E eu pergunto: onde na Bíblia esse obreiro desastrado encontrou respaldo para fazer tal tipo de afirmação? Onde leu que o pecado pode impedir que as pessoas se casem? 

não estou nem discutindo aqui se o obreiro estava certo na sua análise de atribuir pecado às atitudes da minha amiga (desconfio que não). A verdade é que, se os(as) pecadores fossem punidos opor Deus com o celibato, ninguém se casaria, nem mesmo os líderes religiosos que pensam assim, pois todo mundo peca, sem exceção. 

Portanto, tenha muito cuidado quando alguém lançar sobre você um diagnóstico atribuindo à ação de Satanás os problemas da sua vida. Antes de tudo, veja se a Bíblia dá suporte para tal afirmação e se não há respostas muito mais simples e naturais para as questões pelas quais você está passando.

Se ficar em dúvida, peça a Deus confirmação desse diagnóstico mas vindo de outra pessoa que nada tenha a ver com quem fez a afirmação original. Se a primeira revelação foi mesmo de Deus, ela será confirmada. E se não for confirmada, desconheça o que lhe foi falado. 

Concluindo, fuja das pessoas - sejam elas pastores(as) ou obreiros(as) - que aficam atribuindo a Satanás todos os problemas da vida pois isso não é saudável. Simples assim.

Com carinho

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O MUNDO FOI CRIADO EM SETE DIAS?

O relato da criação do mundo contido no capítulo 1 do Gênesis fala que o universo foi feito em 7 dias. E isso sempre gerou muitas dúvidas. Será que os "dias" citados na Bíblia são mesmo períodos de 24 horas? E como reconciliar esse relato com as descobertas recentes da ciência que apontam para uma idade do universo de alguns bilhões de anos? Será que o relato bíblico está errado? São essas as dúvidas que vou procurar esclarecer a seguir:

A teoria da terra "jovem"
Aqueles que fazem uma leitura literal do texto do Gênesis defendem que Deus usou mesmo um período de 7 dias de 24 horas para criar o universo. Essa doutrina é apelidada de "teoria da terra jovem" pois esse entendimento leva forçosamente à conclusão que a terra tem cerca de 10 mil anos apenas de idade, ou seja é bem "jovem". 

Ora, tal teoria não pode ser reconciliada com o entendimento da ciência, que defende uma idade de cerca de 4 bilhões de anos para nosso planeta - esse cálculo é feito a partir de diversos tipos de estudos, como os que estudam a idade das rochas (análises geológicas). E "brigar" contra fatos científicos bem comprovados é muito ruim.

Os(as) que defendem a "teoria da terra jovem" fazem diversos "contorcionismos" para justificar a divergência da sua abordagem com os estudos científicos - por exemplo, alegam que os instrumentos de medição existentes não conseguem fazer avaliações corretas da idade da terra. 

Mas acho sua posição muito frágil e assim é preciso encontrar outra explicação. Afinal, sabemos que a Bíblia não tem erro e deve haver uma explicação convincente.

"Dias" como períodos de tempo indefinidos
Não há qualquer necessidade de defender sete dias normais para aceitar o texto de Gênesis - há outra interpretação possível e muito melhor. 

A palavra no texto original que quer dizer "dia" ("yom" em hebraico) pode significar tanto 24 horas como também um período de tempo qualquer - ela é usada dessa segunda forma em Oseias capítulo 6, versículo 2. 

E o texto bíblico contem pelo menos quatro indícios claros de que não está se referindo a períodos de 24 horas no relato da criação do universo. 

Em primeiro lugar, o sol é criado apenas no terceiro "dia" (versículos 14 a 19). Portanto, não faria sentido considerar os dois primeiros períodos de tempo descritos como dias comuns, referenciados ao nascer ou ao por do sol. 

Os defensores da "terra jovem" tentam argumentar que poderiam ter sido períodos de tempo com duração de 24 horas mesmo sem ainda existir o sol. Os dois primeiros dias não seriam dias medidos pelo avanço do sol mas ainda assim períodos de tempo equivalentes a 24 horas cada um. Em outras palavras, seriam dias simbólicos.

Ora, essa explicação é uma contradição, pois são os(as) defensores da "terra jovem" que fazem uma leitura literal do texto bíblico. E não podem fazer isso onde lhes interessa e, quando deixa de ser conveniente, passam para uma leitura simbólica. Isso não faz sentido.

O segundo ponto que comprova não estarmos lidando com dias normais é a indicação dos versículos 11 e 12, onde Deus ordenou a terra a produzir plantas. Isto é, Ele não criou as plantas já maduras, mas sim deu condições ao solo para germinar as sementes nele lançados. Ora, as plantas não crescem do dia para a noite - no caso das árvores, podem ser precisos vários anos. E o texto não leva em conta o tempo necessário para esse crescimento - trata como se tivesse sido instantâneo.

Ora, Deus poderia ter eliminado o tempo necessário para as plantas crescerem mas o processo de criação não se deu assim: Ele estabeleceu as leis da natureza, deu o impulso inicial e as coisas começaram a ocorrer como previsto - natureza funciona como um relógio. Esse é o espírito do texto. Assim, o tempo necessário para o crescimento das plantas demonstra que se passou um tempo longo, nessa fase, muito maior do que um dia normal de 24 horas.

Em terceiro lugar, o texto diz que o homem foi criado no sexto dia e o detalhamento do que aconteceu nesse dia especial está contido no capítulo 2 do Gênesis. Ora, ao ler esse outro capítulo, fica claro que as atividades relatadas - a nomeação de todos os animais, a criação da mulher, etc - ocuparam bem mais do que 24 horas. Esse é um argumento parecido com o anterior.

Finalmente, o texto da criação conclui o relato do que Deus fez em cada "dia" dizendo que "houve tarde e manhã". Isto porque o dia sempre foi contado, na tradição hebraica, a partir do por do sol. Agora, no relato do sétimo "dia" - aquele em que Deus "descansou" - o texto não fala que "houve tarde e manhã". Ou seja, não há declaração sobre o fim do sétimo "dia". Em outras palavras, o sétimo "dia" ainda não acabou. 

E essa interpretação faz sentido.:O relato do Gênesis está dizendo apenas que Deus criou tudo nos seis períodos anteriores e o sétimo "dia" se refere ao período de tempo em que a criação passa a funcionar normalmente - é exatamente onde estamos hoje. Por isso esse sétimo "dia" não acabou e nem vai acabar tão cedo (só no final dos tempos). 

Palavras finais
Ficou claro, eu espero, que a descrição da criação do mundo relatada no Gênesis não se refere a sete dias de 24 horas cada um. O texto está apontando para sete períodos de tempo de duração indefinida - cada "dia" desses durou muitas centenas de milhões de anos.

E assim torna-se perfeitamente possível reconciliar o texto bíblico da criação com os achados científicos que indicam que o universo tem bilhões de anos de idade.

Com carinho    

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

A PESSOA CERTA, NA HORA CERTA E NO LOCAL CERTO

Deus age no mundo através das pessoas. E faz isso segundo seus planos, essencialmente colocando a pessoa certa, no lugar certo e na hora certa. 

Deus é como se fosse um chefe de cozinha, que busca os ingredientes, coloca-os numa panela na ordem certa e deixa tudo cozinhar pelo tempo certo visando ter um prato delicioso. O ingrediente errado ou o ingrediente certo colocado na ordem errada ou ainda um tempo de cozimento excessivo, qualquer falha pode arruinar o prato. 

Mas com Deus isso nunca acontece, pois seus planos são sempre perfeitos. Dão sempre certo. E vou dar um exemplo para mostrar como Deus age:

O apóstolo para os não judeus 
Paulo passou para a história como o apóstolo cristão para os gentios (os não judeus). Foi o principal responsável para levar o Evangelho de Jesus para fora da Palestina, onde essa ideia nasceu. Ele é um excelente exemplo do homem certo, no local certa e no local certo. Vejamos a razão para essa afirmação. 

Paulo era judeu mas foi criado fora da Palestina, lar histórico do seu povo. Nasceu e cresceu em Tarso, na Asia Menor, sendo exposto desde cedo à cultura grega,  que dominava o mundo daquela época - por causa disso certamente conhecia bem a língua e a filosofia gregas. Foi por isso que quando esteve em Atenas, cidade que era o centro da cultura grega, pode discutir de igual para igual com os filósofos que lá encontrou. 

Paulo também era judeu fariseu e, portanto, profundo conhecedor da teologia judaica - estudou com o grande rabino Gamaliel, em Jerusalém. 

Sendo assim, Paulo transitava perfeitamente bem entre as duas culturas a grega (romana), a cultura da sociedade (e do governo), e a judaica, o meio religioso onde estava inserido. 

O apóstolo era cidadão do Império romano por herança do seu pai. Tinha, portanto, livre trânsito nos territórios imperiais, além de contar com a proteção das leis romanas. Isso facilitou muito suas viagens missionárias.

Finalmente, Paulo era extremamente dedicado às causas que abraçava. Antes de se converter ao cristianismo, perseguiu ferozmente os cristãos por considerá-los hereges. Depois, durante seu mistério apostólico, passou fome, foi preso e torturado, mas nunca desanimou. 

Em resumo, Paulo foi o homem certo para levar o Evangelho de Jesus ao mundo não judaico (gentio). Ele tinha facilidade para explicar para quem não era judeu as nuances dos ensinamentos de Jesus, desenvolvidos dentro da cultura judaica. Por outro lado, conseguiu convencer os líderes cristãos, todos judeus, a eliminar os pré-requisitos que impunham aos gentios - como a circuncisão e a observância de restrições alimentares - antes de serem aceitos no meio cristão. Essas exigências não faziam qualquer sentido para os gentios e se tivessem sido mantidas teriam impedido o crescimento do cristianismo. 

O lugar também foi certo. Paulo atuou basicamente na Asia menor, atual Turquia, onde fundou igrejas importantes (Corinto, Efésios, Galácia, etc), fez incursões até a Grécia (Corinto, Atenas, etc), esteve em Roma e visitou Jerusalém várias vezes. Foi nessa região onde o cristianismo nasceu e deu os primeiros passos. 

E, finalmente, a época foi certa. Paulo viveu no período em que aquela parte do mundo esteve sob domínio de um Império, o romano, extremamente poderoso e organizado, que trouxe paz e estabilidade. A paz romana, é verdade, foi mantida a ferro e fogo, mas dava condições às pessoas de levarem uma vida normal e produtiva. 

Os romanos construíram estradas excelentes (algumas das quais ainda podem ser usadas hoje), calçadas com pedras e contando com infraestrutura de apoio (hospedarias e entrepostos comerciais) para os viajantes. Também estabeleceram várias rotas marítimas pelo Mediterrâneo, para levar e trazer produtos até Roma.

Paulo aproveitou esses recursos e a paz reinante para fazer diversas viagens missionárias para divulgar o Evangelho e fundar igrejas, caminhando ou navegando milhares de quilômetros. 

Agora, se olharmos para o desenrolar da história daquela região é fácil perceber que se Paulo tivesse vivido cem anos antes, ou depois, as condições ambientes não teriam sido tão favoráveis. 

Palavras finais
Podemos ficar surpresos com as pessoas que Deus escolhe - p. ex. simples pescadores foram tornados apóstolos. Podemos ainda achar que Deus está demorando pois vivemos debaixo de um ponto de vista imediatista. E finalmente podemos pensar que o lugar não é o melhor - p. ex. Jesus viveu todo o começo da sua vida e boa parte do seu ministério na Galileia, a parte mais atrasada da Palestina e motivo de piada para os demais judeus. 

Mas Deus sabe o que faz, como faz e quando faz. É n´Ele, portanto, que devemos depositar nossa confiança e esperança.

Com carinho  

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

SEU DESCANSO AGRADA A DEUS

As pessoas têm agendas muito carregadas. Parece ser que a única forma de viver hoje em dia é aproveitar o próprio tempo ao máximo para fazer coisas "produtivas" ou "recompensadoras". Por isso a desculpa que mais se ouve para não conseguir fazer isso ou aquilo é a falta de tempo. 

Por que falta tempo?
Há três razões:
  • Assumir responsabilidades excessivas - p. ex. para sustentar a família em padrão elevado ou obter sucesso profissional rapidamente. Trata-se da geração de expectativas de vida superdimensionadas.
  • Adotar a premissa de que a vida é curta e precisa ser aproveitada ao máximo como se tudo fosse acabar amanhã.   
  • Tentar manter controle total sobre as coisas relacionadas com a própria vida.

O ensinamento da Bíblia
Ela propõe um estilo de vida totalmente diferente, privilegiando coisas como repouso da luta diária, meditação, oração e estudo bíblico, atividades que estou aqui agrupando sob o rótulo de "descanso". Nenhuma delas pode ser considerada como "produtiva" ou "recompensadora" no sentido moderno em que esses termos são usados. 

A Bíblia vai ao ponto de estabelecer incluir entre os Dez Mandamentos a ordem para descansar um dia por semana - o mandamento relacionado com o "sábado" (veja mais). 

Em outras palavras, Deus estabeleceu que as pessoas não podem trabalhar continuamente e precisam dedicar tempo para o repouso e o desenvolvimento da mente e espírito. Descansar periodicamente é uma necessidade. Portanto, a pessoa não pode jamais assumir mais compromissos do que seria saudável. 

Como mudar?
Apresento a seguir algumas ideias que merecem ser exploradas por aqueles(as) que vivem esse tipo de problema: 


  • Reduzir suas expectativas de vida, por exemplo aceitando diminuir seu padrão de consumo ou ambição. Fiz isso alguns anos atrás e posso testemunhar que minha vida mudou para melhor - eu não teria tempo de manter este blog se não tivesse tomado essa decisão. 
  • Manter o nível das suas expectativas mas aceitar alcançá-las num tempo maior. Ir com mais calma.
  • Mudar seu conceito do que seja "aproveitar" a vida, passando a dirigir mais atenção, por exemplo, para o mundo espiritual, a beleza da natureza à sua volta ou mesmo a alegria das pessoas que você ama. 
  • Abrir mão do controle a todo custo sobre as questões da sua vida. Você precisa fazer tudo que estiver a seu alcance para que as coisas deem certo, mas precisa saber quando é preciso parar e descansar em Deus. O Pr. John Piper costuma dizer que "... o sono é como um disco quebrado que traz a mesma mensagem todos os dias: o ser humano não é soberano". 


Palavras finais
Não tente fazer mais do que pode, não importa quão nobres sejam seus motivos. O descanso é fundamental. Foi instituído por Deus. E não tente viver sem ele. Não mesmo.

Faça as mudanças necessárias para que você tenha tempo para descansar o suficiente e verá como sua vida vai melhorar. Até seu relacionamento com Deus vai mudar para melhor.

Com carinho

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

AS TRÊS FASES DA SUA VIDA ESPIRITUAL

A vida de todo(a) cristão(ã) passa por três fases diferentes: antes da conversão, novo nascimento (conversão) e santificação. E ao longo delas, a pessoa sempre está inteiramente dependente da Graça de Deus. Vamos ver como isso funciona:

Antes
Algumas pessoas, como eu, criadas na igreja cristã, podem não ter uma noção clara de como era sua vida antes de se converterem a Jesus - provavelmente foram se convertendo aos poucos, meio sem perceber. 

Já para outras pessoas, a fase anterior à salvação é um momento negro na vida, marcado por crises existenciais. Aí certo dia elas ouvem o Evangelho de Jesus e mudam de rumo. 

Mas sem duvida sempre há um período anterior à conversão mesmo que não seja possível precisar a data exata em que essa transformação aconteceu. Agora, a doutrina cristã ensina que antes da conversão a pessoa estava entregue à sua própria natureza, que tende para o pecado (veja mais). Isso vale para todo mundo, sem distinção. 

Por causa disso, ninguém por si mesmo(a) tem capacidade de aceitar Jesus como Salvador. Se o Espírito Santo não fizer essa "aproximação", a pessoa continuará entregue à sua natureza original. Esse trabalho do Espírito Santo é chamado no jargão teológico de Graça Preveniente porque é prévio à conversão.

O novo nascimento
A Graça Preveniente gera uma mudança fundamental na pessoa fazendo-a perceber ser pecadora e precisar da salvação trazida por Jesus. Aí se dá o arrependimento e a conversão, o novo nascimento.

Ao se converter, a pessoa tem acesso à salvação proporcionada pelo sacrifício de Jesus Cristo na cruz. Ela tem seus pecados perdoados por Deus e passa para nova fase na sua vida espiritual, onde o pecado não mais a domina. A pessoa estava espiritualmente "adormecida" e é "acordada" para uma vida espiritual plena. 

Não tenho dúvida em afirmar que esse é o momento mais importante da vida de qualquer pessoa - nenhuma conquista tem valor maior. E isso somente é possível porque a Graça de Deus que salva - a Graça Salvífica no jargão teológico - se fez presente. 

A santificação
Será que a pessoa que se converteu, nascendo de novo, deixa de pecar? É claro que não. Infelizmente, mesmo tendo acordado espiritualmente, o pecado ainda é uma realidade presente na vida dela - há hábitos arraigados que não desaparecem com essa facilidade.

Agora, a pessoa convertida passa a ter perspectiva diferente dos próprios pecados. Fica incomodada quando peca, se arrepende e pede perdão. E, sobretudo, luta para não errar de novo. 

Tudo isso é fruto de uma mudança interior que torna a pessoa desconfortável diante do pecado. A Bíblia chama a esse processo de melhoria contínua de santificação. O(a) cristão(ã) começa a se santificar ao se converter e vai continuar nessa caminhada por toda a sua vida humana. Continuará sempre a fazer progressos mas nunca irá alcançar a perfeição. 

E a vontade de melhorar, de deixar o pecado para trás, não se faz presente porque a pessoa é compelida a fazer isso. É um processo voluntário e por isso muito mais efetivo. E somente assim o ser humano muda de fato.

Minha irmã mais nova, que é professora, deu aulas por algum tempo num presídio masculino. Certo dia ela me deu seu testemunho afirmando que somente aqueles homens que se converteram ao Evangelho foram de fato recuperados para uma vida normal. Nada mais funciona de fato. 

A Bíblia chama de "obras" os resultados positivos desse processo de mudança interior, ao avanço na estrada da santificação. E as obras são o termômetro da presença da fé que salva. Não são elas que salvam mas sua falta indica que a fé salvífica não está presente de verdade (Tiago capítulo 2, versículos 17 e 18).

Por isso é perfeitamente possível encontrar pessoa que frequentam igrejas por décadas e não estão salvas. Elas conhecem Jesus, sabem bem quem Ele é, mas não se converteram de fato. Não nasceram de novo. E como é possível perceber isso? Pela falta de obras nas suas vidas. 

O Espírito Santo tem papel fundamental no processo de santificação. É através do trabalho d´Ele que o cristão(ã) é incomodado(a) quando peca, é incentivado(a) a se arrepender e a corrigir seus caminhos. E essa ação do Espírito Santo é chamada no jargão teológico de Graça Santificadora.

Palavras finais 
A Graça de Deus está presente em todas as fases da vida do cristão(ã). Antes da conversão, a Graça de Deus age para aproximar a pessoa do Evangelho de Cristo. Quando ela se converte, a Graça Salvífica age para que a pessoa se reconcilie com Deus e tenha acesso à salvação. E, finalmente, a Graça Santificadora age para que a pessoa mude de fato mostrando frutos da sua salvação.

Graça Preveniente, Salvífica e Santificadora, a Graça de Deus está presente em todas as fases das nossas vidas. Por isso toda Glória seja dada a Ele. 

Com carinho     

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

CUIDADO COM A RELIGIÃO DO "NÃO"

"Você não pode fazer isso porque é pecado". "Você vai para o inferno se fizer aquilo". Frases assim são ouvidas com frequência em muitas igrejas cristãs. É como se muitos(as) cristãos(ãs) fossem forçados a viver uma religião baseada no controle externo sobre suas vidas - o que eu apelidei de "religião do não". 

Será que isso agrada a Jesus? Penso que não e me explico. Se olharmos para os ensinamentos d´Ele, veremos que Jesus não se preocupou em estabelecer um esquema para controle da vida das pessoas. Por exemplo, quando lhe perguntaram como fazer para cumprir a lei do "amor ao próximo", Jesus simplesmente contou a parábola do "bom samaritano" (Lucas capítulo 10, versículos 30 a 37). Demonstrou que, para Ele, a melhor forma para ensinar as pessoas a viver era dar um bom exemplo

Jesus agiu assim porque desejava que as pessoas introjetassem o espírito das leis dadas por Deus e assim passassem a viver normalmente com base nelas. Em outras palavras, Jesus não defendia a ideia que a vontade de Deus deva ser imposta de fora para dentro, com base num controle externo, inclusive apelando para ameaças de punição com o inferno. O comportamento correto precisa se alcançado a partir de uma mudança interior (que começa na conversão).

O apóstolo Paulo completou esse ensinamento afirmando que as leis deixariam de ser necessárias se as pessoas mudassem de fato, pois aí a própria consciência delas passaria a ser um guia confiável para suas vidas.

Ora, se foi isso que Jesus e Paulo ensinaram, por que o cristianismo continua frequentemente sendo uma religião baseada no controle externo, uma "religião do não"? Por que tantos líderes cristãos ainda entendem ser preciso regular a vida das pessoas, chegando a detalhes como controlar a música que elas ouvem, os lugares que frequentam e até como se relacionam com o sexo oposto?

Penso que há duas razões para isso. Primeiro, porque é mais fácil liderar uma comunidade cujo comportamento é controlado por regras bem definidas, quando não há mais nada a debater e cabe às pessoas apenas obedecer e cumprir o que lhes foi imposto. 

E não podemos esquecer que tudo fica ainda mais facilitado quando é estabelecido um "patrulhamento" dentro da comunidade religiosa, isto é os próprios membros dela se encarregam de tomar conta uns dos outros, denunciando os eventuais "desvios" de comportamento.

A segunda razão para a predominância da "religião do não" é que tal linha de conduta dá muito poder aos(às) líderes religiosos. Afinal, cabe a eles(as) definir o que as pessoas podem ou não fazer - é frequente encontrar comunidades cristãs onde as pessoas pedem permissão aos(às) pastores(as) até para comprar uma geladeira nova. Um verdadeiro absurdo.

Reconheço que as pessoas, logo depois de se converterem e antes de serem discipuladas adequadamente, precisam passar por uma fase da sua vida espiritual onde se torna necessário dizer para elas o que fazer, especialmente quando essas pessoas viviam antes uma vida muito desregrada. Mas isso só deve acontecer por pouco tempo, até que as pessoas aprendam a distinguir o certo do errado, isto é sejam adequadamente discipuladas ("educadas" espiritualmente).

Essa estratégia é a mesma que usamos no processo de educação das crianças. No início da vida delas, antes de serem devidamente educadas, os pais precisam lhes dizer o que fazer. Mas depois elas precisam aprender a tomar suas próprias decisões.

Concluindo, se sua igreja tenta controlar a vida dos membros, se nela o que mais se ouve é "você não pode fazer isso ou aquilo" e se você não é incentivado(a) a aprender a tomar as decisões certas, com base num conhecimento sólido da doutrina cristã, provavelmente esse não é o melhor lugar para você viver o cristianismo. Pense seriamente em passar a congregar em outra comunidade.

Com carinho

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

COMO JESUS É HOJE?


O quadro acima é um dentre milhares que retratam Jesus. O denominador comum da esmagadora maioria das pinturas desse tipo é retratarem Jesus como um europeu: pele branca, olhos claros e cabelo louro ou castanho. 

E as pessoas se acostumaram com essa imagem europeizada de Jesus e demorou muito tempo para que elas percebessem que Ele não era nada assim. O Jesus branco e louro é apenas a forma como os artistas europeus perceberam o Messias. 

Como uma pessoa que viveu na Palestina, no século I da nossa era, Jesus provavelmente era baixo (para os padrões atuais), tinha cabelos pretos, encaracoladas e barba cerrada. Sua pele era morena, até por conta de grande exposição ao sol. 

Quando o cristianismo chegou em outros continentes, como África e Ásia, os artistas locais começaram a retratar Jesus e fizeram o mesmo que os europeus: viram-no de acordo com as "lentes" da sua própria cultura. E aí passamos a ter diversas imagens de Jesus, algumas de pele escura, outras com olhos puxados e assim por diante, como no exemplo abaixo.


Eu não vejo nada errado com essa prática, desde que as pessoas entendam que têm diante de si uma simples imagem do homem verdadeiro. Uma releitura da realidade, do homem que viveu 2.000 anos atrás. 

Acredito que essa reflexão gera uma curiosidade. Sabemos como Jesus foi, milhares de anos atrás. Mas como será Ele hoje? 

Sabemos que Ele é o Cristo glorificado, que está à direita de Deus Pai, pois a Bíblia nos conta essa verdade. E podemos ter uma ideia da sua aparência através do relato de João, contido no Apocalipse capítulo 1, versículos 13 a 16.  O autor descreveu uma visão que teve do Cristo glorificado e a aparência d´Ele impressionou muito a João. Tanto assim que precisou usar metáforas para conseguir contar o que viu - nunca devemos esquecer que a linguagem humana tem dificuldade para descrever as coisas de Deus:
"O cabelo dele era branco como a lã ou a neve, e os olhos eram labaredas de fogo.  Os pés brilhavam como o bronze polido e a sua voz ressoava como o som de muitas águas... da sua boca saia uma afiada espada de dois gumes; e o rosto dele brilhava como a força do sol do meio dia..."
A primeira coisa que vem à minha mente ao ler esse texto é que as visões de Jesus encontradas em muitos livros atuais não estão de acordo com esse relato. A Palavra de Deus fala de um ser que irradia poder e glória e não de um homem humilde, calçado de sandálias, como frequentemente Jesus é descrito por aqueles que dizem tê-lo visto. Essa figura humilde viveu na terra dois mil anos atrás e não mais existe. 

Hoje quem vive é o Cristo glorificado, o ser que João viu e descreveu no Apocalipse. E acho que vale a pena aprofundar um pouco o significado das metáforas usadas por João para entender melhor quem ele viu. 

O cabelo branco significa sabedoria - hoje ainda, nos tribunais ingleses, os juízes colocam uma peruca branca quando vão julgar, para demonstrar serem sábios. Na maioria das sociedades primitivas o Conselho de Anciãos representava a voz da sabedoria e da prudência. Portanto, o Cristo glorificado irradia grande sabedoria. 

O fogo tradicionalmente é o agente usado para refinar os metais - separar impurezas. A Bíblia fala várias vezes do ouro refinado (puro) como algo de enorme valor. 

Portanto, os olhos como chama de fogo representam um olhar capaz de ver o interior de cada pessoa, tanto as qualidades como as "impurezas". Nada escapa a esse olhar.

O bronze sempre tinha na antiguidade o significado de força, pois as armaduras e espadas eram feitas desse metal. Mas também representava majestade, pois as estátuas dos reis e poderosos eram forjadas desse metal. 

Os pés do Cristo glorificado serem de bronze polido representam a força e o poder que emanam da sua figura. E indicam também que tudo está debaixo do seu governo. 

A voz como de "muitas águas" significa uma voz forte como o ruído de uma cachoeira - pode ser ouvida e identificada ao longe. Ninguém pode alegar que entrou em contacto com o Cristo glorificado e alegar que não conseguiu ouvir sua voz.

A figura da espada afiada é usada em vários locais da Bíblia para significar a Palavra de Deus, que é poderosa para "separar" o corpo do espírito. Cristo é a Palavra de Deus, o Verbo divino encarnado, conforme o evangelho de João capítulo 1, versículo 14. Portanto, tudo que Jesus falou e fala é a Palavra de Deus, pura e simplesmente. 

Por isso Deus ordenou, durante o evento em que Jesus foi transfigurado (Mateus capítulo 17, versículos 1 a 5): "A Ele ouvi". Precisamos ouvir o que Ele fala e saber que sua mensagem tem poder para "cortar" fundo.

Finalmente, o brilho igual ao do sol do meio dia significa que João estava diante de um ser magnífico, cuja glória o olho humano não pode suportar, tal como acontece com o sol. Afinal, ninguém pode suportar o brilho dessa estrela por mais de uns poucos segundos, sob pena de ficar cego. 

E assim também acontece com o Cristo glorificado: sua glória é tão impressionante que consumiria os seres humanos que resolvessem olhar diretamente para Ele. Podemos apenas vislumbrar o ser que está ali mas nunca tentar examiná-lo em detalhe. 

Esse é o Cristo em toda a sua glória e poder. Nada a ver com aquele homem humilde, de sandálias empoeiradas, acostumado a sofrer, que os Evangelhos descrevem. Esse homem existiu, mas acabou crucificado e morto. O ser que ressurgiu, ao terceiro dia, e subiu aos céus é bem diferente. 

Com carinho  

terça-feira, 4 de agosto de 2015

SEGUINDO PASSO A PASSO PELA ESTRADA DO MAL

Há uma grande confusão acontecendo nos Estados Unidos por conta de uma organização chamada "Planned Parenthood" (em português "Paternidade ou Maternidade Planejada"), que fornece serviços para mulheres que desejam abortar (legal naquele país).

A questão do aborto, por si só, já gera enorme controvérsia, pois muita gente (eu incluído) é contra o aborto como prática anti-concepcional. Mas a questão que gerou celeuma vai bem além do aborto em si. 

Num vídeo, filmado de forma clandestina, uma executiva dessa organização aparece falando sobre diversos assuntos e defende a prática, que já vem sendo utilizada, de recolher órgãos dos fetos abortados para uso em práticas médicas. Ela defendeu tal medida alegando que os fetos vão ser mesmo descartados e nada mais natural que seus corpos sejam usados para salvar vidas. 

Essa notícia me fez pensar em como as pessoas vão trilhando o caminho do mal - vão andando por ele, passo a passo, muitas vezes sem perceber as consequências do que estão fazendo. E isso acontece porque, ao avaliar a moralidade do próximo passo, essas pessoas olham apenas para a diferença entre ele e a situação imediatamente anterior, quando deveriam olhar para sua trajetória (desde o ponto de partida). 

Por exemplo, imagine que alguém já admite o aborto como coisa aceitável. Aí o próximo passo parece simples: muitos fetos vão ser mesmos descartados, não seria melhor então aproveitá-los para salvar outras vidas? E colocada dessa forma, a decisão parece fazer sentido. E o mesmo raciocínio simplista vai fatalmente levar a um novo passo: gerar fetos apenas para coletar seus órgãos para fins médicos. 

Cada passo parece simples de dar pois é quase a consequência natural da posição imediatamente anterior. E assim a pessoa vai se perdendo, pouco a pouco, sem parar para pensar para onde está indo. É como se a pessoa fosse anestesiada e se acostumasse a praticar o mal (muitas vezes até pensando que está praticando o bem).

Essa tipo de atitude é mais comum do que você possa imaginar. Há muitos exemplos que posso dar desse tipo de situação, além do que acabei de mencionar. Basta lembrar lembrar do famoso Pastor Jim Jones, que levou sua congregação para o suicídio coletivo - ele começou seu ministério muito bem e foi se desviando e enlouquecendo pouco a pouco.  

Outro exemplo, também do meio evangélico brasileiro, é o caso de um pastor muito querido e famoso que caiu em desgraça, pouco mais de dez anos atrás, depois de confessar ter cometido diversas ações imorais. Meses depois desses acontecimentos, ele teve coragem de dar uma entrevista onde explicou o que tinha acontecido, de forma muito simples: "fui me perdendo pouco a pouco, passo a passo, sem nem perceber".  

E descreveu sua vida de "estrela de primeira grandeza" do mundo evangélico, que o levou a fazer cerca de 300 pregações por ano, sem contar os outros compromissos ligados a seu ministério. Deixou de ter tempo para orar, estudar a Palavra, enfim para viver uma vida espiritual plena. E aí perdeu sua ligação com o Espírito Santo e a capacidade de perceber que estava se perdendo, um pouquinho a cada dia.

O tal pastor começou ocupando seu tempo de forma excessiva, julgando estar ajudando a obra de Deus - afinal, sempre é bom fazer mais, não é? Depois, meteu-se em atividades que dependiam de verbas públicas e, portanto, de algum envolvimento político. A seguir, entendeu que precisava ter atuação política para poder apoiar suas atividades na obra de Deus e ajudar a mudar o país. O passo seguinte foi se envolver numa denuncia, que depois percebeu-se ser forjada (o pastor não sabia disso), para prejudicar os adversários políticos do partido que ele apoiava. E tal armação acabou exposta pelas pessoas prejudicadas pela denúncia irresponsável e o fato levou-o à desgraça pública. 

Se no início dessa caminhada, alguém lhe perguntasse se ele iria ter tal tipo de envolvimento político, o pastor certamente diria que nunca. Mas passo a passo ele se envolveu nessa teia tenebrosa, sem perceber direito o que estava fazendo.

O adultério também tende a seguir o mesmo tipo de trajetória. Muitas vezes, começa numa amizade inocente, em conversas que duas pessoas fazem porque muitas vezes se sentem sem diálogo com o(a) esposo(a). Das confidencias, passa-se para a admiração mútua e para a comparação com o(a) esposo(a). Daí vem os toques ocasionais e assim os dois vão trilhando o caminho do mal, passo a passo, quase sempre sem ter noção clara de onde tudo isso vai acabar. 

Voltando ao caso da tal organização que explora o aborto, as pessoas que apoiam essa causa costumam entrar nesse caminho pensando proteger as mulheres menos favorecidas, que são as que mais sofrem com a concepção não planejada. Depois, passam pelo passo da negação da humanidade do feto (antes dele atingir determinado tempo de gestação). Em seguida, dão à gestante o direito de escolher o que fazer com o feto, inclusive descartá-lo nas fases iniciais da gravidez, pois não se trata de um ser humano. Mais adiante, pensam em aproveitar os órgãos dos fetos descartados. E terminam apoiando a ideia de gerar fetos de propósito para que eles possam ter seus órgãos aproveitados. 

Passos pequenos, que começaram com uma intenção pura - defender mulheres que sofrem com gravidez indesejada - e acabaram defendendo a criação de fetos para ter seus órgãos aproveitados para fins médicos. Um caminho em que a pessoa vai se perdendo aos poucos, dando passos sucessivos, fazendo escolhas que parecem lógicas, mas cujo resultado final é desastroso.

É triste perceber que é possível a alguém seguir pela estrada do mal sem se dar conta sequer de ter entrado por ela. E quando percebe o que fez, a pessoa pode já estar de tal maneira envolvida que fica difícil dar meia volta.

Somente uma vida espiritual sólida, que proporcione à pessoa contato constante e estreito com o Espírito Santo pode proteger a pessoa desse tipo de risco. Dar-lhe condições de discernir ainda no começo as consequências a médio e longo prazo do que está começando a fazer.  

E que Deus nos proteja hoje e sempre.

Com carinho