quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

QUATRO LIVROS CLÁSSICOS

Livros “clássicos” são aqueles que acabam por se tornar referências para todos os cristãos. Sempre podem ser usados e recomendados, pois não envelhecem. O vigor do seu texto permanece com a passagem do tempo.

A maioria dos livros cristãos publicados acaba simplesmente no esquecimento, mas isso não acontece com os "clássicos". Eles continuam a ser lembrados. Mas são poucos os textos que acabam alcançando essas estatura. 

Quero falar hoje sobre quatro livros que, para mim, são "clássicos" da literatura cristã. Dentre os seus autores, estão alguns dos meus preferidos, como C. S. Lewis e Philip Yancey. Esses livros não estão apresentados em ordem de preferência ou importância. Nenhum deles é caro e, como são bem difundidos, podem ser encontrados em sebos, para aqueles que quiserem pagar ainda mais barato.

Recomendo cada um deles a todos os leitores deste blog. Tenho certeza que vocês vão aproveitar a sabedora contida nesses textos. 

1) Cartas de um diabo a seu aprendiz, de C S Lewis
C. S. Lewis foi professor de inglês nas Universidades inglesas de Oxford e Cambridge e seguramente continua a ser um dos mais importantes escritores cristãos das últimas décadas (morreu na década de 60 do século passado). 

Produziu vários textos clássicos - como "Cristianismo Puro e Simples", quase todos já traduzidos para o Português. Além de livros mais teológicos, escreveu também o clássico infanto-juvenil “As Crônicas de Nárnia”, que já foi parcialmente filmado com bastante sucesso.

"As cartas de um diabo a seu aprendiz" é muito diferente de quase tudo que ele publicou. Trata-se de um “manual de operações” que um diabo velho escreveu para ensinar seu aprendiz a agir de forma efetiva no processo de desviar os seres humanos do caminho certo. O diabo mais velho inclui no tal "manual" todos os truques do ofício que aprendeu durante muitos séculos de exploração das fraquezas humanas.

O livro de Lewis é um mergulho profundo na alma humana, expondo suas fraquezas e dificuldades. Quando perguntado onde tinha se inspirado para escrever com tanta propriedade, Lewis respondeu simplesmente: “nas minhas próprias fraquezas”. 

Embora profundo, o livro é muito fácil de ler e há certas passagens hilárias. É simplesmente imperdível.

2) O Jesus que eu nunca conheci, de Philip Yancey
Esse autor norte-americano vai aos poucos ocupando um lugar parecido com o que C. S. Lewis ocupou em meados do século passado. Seus livros são invariavelmente excelentes e muito populares.

Yancey foi durante muito tempo o Editor-Chefe da mais famosa publicação cristã - a revista Christianity Today. Escreve de forma fácil e agradável, mas seus textos são profundos e levam à reflexão. 

O texto recomendado ganhou o prêmio de melhor livro do ano, da própria Christianity Today, em 1995. Sua visão sobre Jesus é realmente inspiradora. Não deixe de lê-lo.

3) Enigma da Graça: um comentário bíblico sobre o livro de Jó, de Caio Fábio
O pastor autor desse livro foi, sem dúvida, a maior figura do meio evangélico brasileiro durante as décadas de 80 e 90 do século passado. Sua abordagem inovadora da doutrina cristã, dando espaço para os aspectos psicológicos da caminhada do ser humano na sua fé, realmente se destacou da mesmice de outros autores - eu aprendi muito com ele.

Infelizmente passou por alguns problemas pessoais, por volta do ano 2000, e foi “crucificado” impiedosamente por boa parte da comunidade evangélica, sempre pronta a acusar e pouco preparada para perdoar. Sua confissão pública, na revista Vinde, dos problemas pessoais que viveu foi extremamente corajosa e o dignificou muito. Hoje dirige uma comunidade cristã que funciona basicamente na Internet, chamada "Caminho da Graça".

O texto recomendado, sobre o livro de Jó, foi publicado logo após Caio ter voltado à cena evangélica, depois de um período de silêncio que se auto impôs. Reflete bem seu sofrimento pessoal no período. 

É um texto lindo e traz abordagem inovadora do sofrimento humano - Caio o liga à Graça de Deus, daí o título do livro. Simplesmente o melhor comentário que já li sobre o livro de Jó. Não perca.

4) Mananciais no deserto, Lettie Cowman
Esse é um livro de leituras devocionais diárias muito simples, mas cheias de espiritualidade. Talvez seja o livro mais popular e influente entre os evangélicos brasileiros. 

É fácil de encontrar e muito barato. Se você ainda não o leu, faça isso. Se já leu, compre outro e abençoe alguém, dando-o de presente.

Com carinho

sábado, 24 de janeiro de 2015

AQUELES QUE SÃO "ANEXOS" NA VIDA

Carlão foi uma pessoa inesquecível. Morreu precocemente, de ataque cardíaco fulminante, e deixou muita gente inconsolável. Tinha no coração o ardor de converter as pessoas a Cristo e pouca paciência para a burocracia que costuma estar presente nas igrejas. Um grande servo de Cristo.

Esse amigo e eu, certa vez, chegamos juntos à conclusão que existem pessoas que são “anexos” na vida, o que acabou virando motivo de brincadeira entre nós. E eu explico o que isso quer dizer.

Um anexo é a parte de um documento importante que é colocado na parte final do texto. Fica ali porque as informações que contém não são tão importantes como o conteúdo do texto principal. De maneira similar, quando a pessoa é um “anexo”, não é um ator principal no "teatro" da vida, no máximo um "coadjuvante". Não fica na parte principal mas apenas complementa o que acontece ali.

“Anexos” são pessoas que dão suporte e cuidam dos outros(as), muitas vezes ajudando de maneira quase silenciosa. Enquanto ficam invisíveis, outras pessoas aparecem mais, estão em maior evidência.

No fundo, cada pessoa quer se sentir importante e reconhecida - ninguém quer ser um mero “anexo”. É por causa disso que algumas atividades, como cuidar da casa, não são populares - as pessoas as evitam enquanto podem.  
Falei tudo isso para chegar à obra de Deus. Ali também existem tarefas que parecem menos importantes e proeminentes. Em outras palavras, também existem "anexos" na obra de Deus.

Entregar folhetos na porta de entrada da igreja, ficar com bebês no berçário para que os pais possam assistir o culto, dar manutenção nas instalações da igreja ou mesmo gastar horas orando por outras pessoas, não dão visibilidade - parecem ser tarefas de menor importância. São todas do tipo "anexo". Por outro lado, fazer uma pregação inspirada, dirigir o louvor na frente da congregação, revelar profecias ou curar doentes parecem ser mais importantes. Fazem as pessoas serem notadas.

Agora, nunca podemos esquecer que na lógica do Reino de Deus importante mesmo são os "anexos", aqueles(as) que fazem atividades simples, movidos(as) apenas pelo desejo de servir ao próximo. Foi isso que Jesus ensinou. 

Na noite mesmo em que foi traído e preso, Ele lavou os pés dos discípulos, como sinal de humildade. E disse que quem quisesse ser maior no Reino de Deus deveria servir aos outros, ser pequeno, ser "anexo". Tal mensagem contraria a lógica humana. 

Por incrível que pareça, você e eu somos chamados para sermos “anexos”Somente quem aceita e entende isso vai cumprir as tarefas mais humildes com um sorriso nos lábios e alegria no coração. Vai se sentir gratificado com as pequenas vitórias, obtidas a cada dia: uma alma ganha aqui ou ali, uma pessoa que é consolada ou uma necessidade material que é satisfeita.

Eu mesmo posso dar testemunho disso: fui professor de Escola Dominical por cerca de 20 anos em diferentes igrejas, maiores e menores, importantes e extremamente simples. E lembro-me com especial carinho de um momento da minha “carreira”. Foi quando dei aulas numa igreja na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. O ambiente ali era pobre e o grupo pequeno, mas as pessoas apareciam na igreja com suas melhores roupas e demonstravam alegria genuína.

Se você quer mesmo fazer diferença na obra de Deus, saiba que o seu chamado é para servir. E, parafraseando o grande poeta Carlos Drummond de Andrade, é como se o Espírito Santo dissesse para cada um(a) de nós: “Vai, vai ser um “anexo” na vida..." 

Com carinho

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

OS ATENTADOS TERRORISTAS

Volta e meia o mundo assiste chocado a mais uma série de atentados terroristas. Os caos são incontáveis. Já aconteceram nas principais cidades do mundo como Nova Iorque, Paris, Londres, Barcelona, Tóquio e outras mais.

Na maior parte das vezes, os atentados são conduzidos por radicais islâmicos. Mas, não se limitam a eles embora não se limitem a eles. Lembro que, no começo de 2015, radicais islâmicos assassinaram vários jornalistas na sede da revista satírica francesa Charlie Hebdo. Elas ficaram incomodados com reportagens e caricaturas sobre o profeta Maomé publicadas ali. Essas referências foram consideradas heréticas e precisavam ser punidas, na visão desses radicais.

Esse terrível ato gerou uma onde de suporte internacional enorme. O número da revista que acabou foi publicado logo após o atentado vendeu cerca de 5 milhões de exemplares, enquanto o normal são cerca de 60 mil. Ocorreram ainda gigantescas manifestações em Paris, que recebeu a visita de muitos líderes mundiais. Todo os manifestantes buscaram mostrar suporte para a liberdade de expressão, valor muito prezado pela sociedade moderna.

Esse tipo de atentado sempre gera muitas discussões. E vale à pena comentar aqui pelo menos duas questões muito importantes. A primeira delas é o hábito de algumas pessoas, e mesmo órgãos de mídia, de atribuir a responsabilidade pelo ato também à religião dos extremistas. No exemplo que estou discutindo, a religião era o islamismo. 

Eu penso que tal tipo de avaliação é injusta. E não falo isso por conta de simpatia pelo islamismo, coisa que nem tenho, por conta da forma como essa religião trata as mulheres, sempre discriminadas, e também pela redução das liberdades individuais que costuma gerar. Os países de maioria islâmica não costumam ser democráticos, nem respeitar os direitos das minorias.

Mas sei bem separar a religião, como doutrina, daquilo que as pessoas, especialmente os radicais, fazem quando dizem seguir essa mesma doutrina. O próprio cristianismo já passou por esse tipo de problema, por exemplo, quando fanáticos religiosos promoveram as Cruzadas, a Santa Inquisição e diversas outras guerras religiosas. E todos sabem que a doutrina cristã defende o amor ao próximo, como um de seus valores fundamentais.

Pessoas nominalmente cristãs cometeram toda a sorte de barbaridades e as "justificaram" com base na sua religião. Foram buscar na Bíblia razões para agir como agiram. As Cruzadas, por exemplo, foram justificadas como uma iniciativa para "libertar" os lugares santos (relacionados com a vida de Jesus). A Santa Inquisição buscava combater heresias e converter pagãos ao cristianismo. E assim por diante.

Portanto, é preciso separar a religião, como doutrina, dos atos cometidos em seu nome. Não é justo atribuir ao cristianismo, enquanto religião, a responsabilidade pelas Cruzadas. E da mesma forma não é justo colocar na conta do islamismo os atentados terroristas praticados por fanáticos muçulmanos. É preciso separar uma coisa da outra.

A segunda questão que precisa ser analisada, quando se discute atentados terroristas, é a tendencia de muita gente de colocar parte da culpa nas próprias vítimas. Por exemplo, várias pessoas argumentaram que as heresias publicadas pela revista Charlie Hebdo foram, em parte, responsáveis pelo atentado terrorista. Ou seja, se a revista não tivesse provocado os fanáticos muçulmanos, ao publicar heresias sobre Maomé, não teria sofrido violência.

É sempre muito injusto jogar qualquer parte da culpa sobre as vítimas. Existe um raciocínio muito parecido no caso do estupro: alguns pensam que, se a mulher atacada não tivesse usado roupa provocante, não teria sofrido violência.

Ora, uma coisa nunca pode justificar a outra. O uso de roupa provocante nunca pode justificar um ataque de natureza sexual. Jamais. Aquele que ataca sexualmente uma mulher é uma pessoa doente e acabará por cometer esse tipo de crime por qualquer razão. A vítima não tem culpa de nada.

A mesma coisa se pode dizer dos atos terroristas. É possível até que os jornalistas da Charlie Hebdo tenham se excedido aqui ou ali, mas nada , nada mesmo, justifica o que foi feito. Radicais sempre vão encontrar "razões" para "punir" heresias reais ou inventadas pelas suas mentes doentias.

É claro que a prudência é sempre recomendável: por exemplo, uma moça sozinha deve saber onde pode ir e evitar lugares perigosos. Mas, mesmo se ela tiver sido imprudente, isso não justifica um eventual ataque feito a ela. A mesma coisa pode ser dita dos jornalistas da Charlie Hebdo - eles deviam ter tomado cuidado com os radicias soltos por aí. Mas, mesmo que tenham sido imprudentes, isso nunca poderia justificar o ataque terrorista sofrido.

Ataques terroristas são um câncer da sociedade moderna. E, infelizmente, eles vieram para ficar, porque se tornaram armas poderosas de propaganda para grupos radicais, que querem chamar a atenção. E, de certa forma, não há como negar que os terroristas têm tido sucesso em alcançar esse objetivo. Basta ver as inúmera precauções contra ataques terroristas que precisam ser tomadas hoje em dia, em relação aos passageiros de aviões. O que antes era simples e agradável de fazer, acabou virando, muitas vezes, num pesadelo, pela a necessidade de enfrentar enormes filas de segurança, deixar a bagagem ser revistada, tirar peças de roupas e até sapatos.

Agora, não podemos tornar as coisas ainda piores, colocando a culpa dos atentados terroristas onde ela não deve estar. A culpa nunca está nas próprias vítimas ou em determinada religião.

Com carinho

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

UM DISCÍPULO RELUTANTE

Tenho um amigo que apelidei de “discípulo relutante”. Ele é uma pessoa muito boa, “pau para toda obra” e tenta crescer na sua fé em Cristo. Sua “relutância” vem do fato de querer entender tudo que se relaciona com Deus. E de condicionar o crescimento da sua fé a esse entendimento. Reluta em se entregar, até entender tudo bem direitinho. 

Sua trajetória na fé é cheia de perguntas como: Por que o mundo tem injustiça? Por que temos que perdoar a quem nos fez mal? Por que Deus não impede que seus filhos sofram? Às vezes consegue respostas que o satisfazem, mas outras vezes, como qualquer um de nós, as respostas simplesmente não são suficientes. Aí ele fica "congelado", deixa de avançar.  

Meu amigo é parecido com muitas pessoas que conheci - são aqueles(as) que querem chegar a Deus basicamente pelo entendimento. Minha própria trajetória pessoal se deu mais ou menos por esse caminho.

O problema com os "discípulos relutantes" é que ninguém consegue obter todas as respostas de que precisa. Tentar entender Deus - um Ser onipotente, onipresente e onisciente -, não é possível para quem é limitado e finito, como nós. É assim que as coisas são.

A doutrina cristã denomina aqueles temas que não podem ser entendidos de "mistérios de Deus". Alguns exemplos são a natureza da Trindade Santa (Deus Pai, Filho e Espírito Santo), como foi possível a Jesus ser homem e Deus ao mesmo tempo, o fato de haver mal no mundo, dentre outros.

E os "mistérios de Deus" somente podem ser compreendidos (discernidos) espiritualmente, com os “olhos” da fé. É como disse um filósofo cristão: "creio para poder entender". Mas discípulos relutantes têm dificuldade em fazer isso. Se recusam usar o recurso da fé para entender as coisas de Deus. 

Essas pessoas acabam presas numa armadilha: não entendem esses "mistérios", sua fé não cresce e, por continuar pequena, não pode ser usada para entender aquilo que a mente não alcança. 

Talvez surpreenda a muitos, mas Deus espera de seus seguidores que usem sua fé para superar as dificuldades. Sempre. Tanto é assim, que a Bíblia ensina ser impossível agradar a Deus sem fé. 

Meu amigo, assim como eu fiz, vai ter que escolher se entregar, mesmo sem entender tudo. Confiar no Deus que criou a cada um de nós e nos ama tanto que mandou seu Filho para morrer por nós. Simples assim.

Com carinho

domingo, 4 de janeiro de 2015

O NOVO FILME SOBRE O ÊXODO

Existe um filme sobre o êxodo de Israel do Egito, dirigido pelo famoso cineasta Ridley Scott, conhecido por filmes como "O Gladiador". 

Para aqueles que não se lembram bem dessa história, o livro bíblico do Êxodo (o segundo do Velho Testamento) relata os fatos relacionados com a libertação do povo de Israel, após 430 anos de escravidão no Egito. Deus levantou um libertador, Moisés para cobrar do faraó a saída do seu povo e depois liderá-lo na viagem até a Terra Prometida (Palestina). 

É durante a luta pela libertação do povo que ocorrem as famosas dez pragas, que assolaram o povo do Egito e forçaram o faraó a liberar os israelitas contra a sua vontade.
O filme de Ridley Scott é interessante e o recomendo a quem gosta de cinema. A seguir meus comentários sobre ele:

O filme não tem a pretensão de ser fiel ao relato bíblico. Isso fica muito claro desde o seu início. Na verdade, o filme é uma releitura do relato bíblico. Em outras palavras, é uma interpretação do relato bíblico feita por alguém que não é religioso.

Assim, o filme toma diversas liberdades com o relato bíblico, embora , para ser justo, nenhuma delas seja desrespeitosa. Portanto, pode ser assistido com tranquilidade, pois não ofende a ninguém. 

Dentre essas liberdades, por exemplo, está uma revolta armada contra o governo do faraó, liderada por Moisés. Tal fato nunca aconteceu. Como também a busca de uma explicação científica para as dez pragas, evitando catalogá-las como milagres de Deus. Por exemplo, a água do rio Nilo teria se tornada vermelha como sangue por causa de sedimentos trazidos das margens. E isso teria causado mortandade de peixes, que, por sua vez, trouxe rãs, vermes e doenças, explicando outras três pragas. 

Outra liberdade interessante é a descrição de Deus como um menino, sério e compenetrado. Muita gente pode achar isso estranho, pois estão acostumadas a pensar em Deus como um senhor de barbas brancas. Essas pessoas se esquecem que essa imagem de Deus também é fruto da imaginação de um artista, nesse caso Michelangelo, conforme as pinturas do teto da Capela Sistina, no Vaticano.
É claro que Deus não é um menino, mas também não é um senhor de barabas brancas e ar severo. Ambas as visões estão erradas. O ser humano não consegue imaginar e retratar Deus como Ele é de fato. Simples assim.

Agora, para mim a coisa mais interessante do filme é o retrato de Moisés apresentado nele. O filme mostra Moisés como um homem com muito senso da sua missão, incomodado com a escravidão do seu povo, mas também cheio de dúvidas e hesitante em entrar numa parceria com Deus. 

A Bíblia não trata explicitamente dessa hesitação de Moisés, exceto bem no início da história, quando ele foi convocado por Deus. Mas, penso que o retrato apresentado pelo filme é bastante coerente e bem desenvolvido, sob o ponto de vista espiritual. Eu me explico.

Outros filmes que falam de Moisés - como o famoso "Dez Mandamentos", estrelado por Charlton Heston - apresenta-no como um super herói. Um homem acima de tudo e de todos. E, ao fazer isso, prestam um desserviço à causa de Deus. Esse tipo de retrato leva as pessoas a concluir que a obra de Deus somente pode ser feita por pessoas muito especiais.

Ora, a Bíblia é clara que algumas pessoas foram levadas a fazer coisas extraordinárias por causa da sua fé em Deus e não por suas qualidades individuais extraordinárias. É através dessa fé que o Espírito Santo atuou e produziu milagres. E por isso Jesus ensinou que a fé pode até remover montanhas. 

E não é preciso ter qualidades especiais para ter fé. Isso está ao alcance de qualquer pessoa. Portanto, quem faz o obra de Deus são pessoas comuns, como você e eu, como eram Pedro (simples pescador), Paulo (fabricante de tendas) e tantos outros.

Ao mostrar Moisés como um homem com dúvidas e hesitações, o filme acertou na mosca. Afinal, não deve ter sido nada fácil para Moisés cumprir sua missão. Basta lembrar que o processo de libertação do Egito durou quase dois anos e foram preciso dez pragas, entre muitos avanços e recuos. E, ao longo desse processo, os israelitas se revoltaram contra Moisés, por não verem os resultados que esperavam. 

Finalmente, o filme sobre o êxodo nos passa uma inegável sensação de admiração quando mostra os milagres acontecendo em sucessão. Quando mostra como o enorme poder do Egito, o país mais rico e forte daquela época, foi esmagado. Quando a mão de Deus pesou contra aqueles que tentaram impedir a realização dos seus planos.

Nessa altura eu me lembrei do outro filme famoso sobre Moisés - "Os Dez Mandamentos". Nele há uma cena em que o faraó volta para seu palácio, depois de perder grande número de soldados. Ele tinha se arrependido de ter deixado Israel ir embora e perseguiu o povo com seu exército. Aí o mar Vermelho que tinha sido aberto para Israel passar, se fechou quando o exército de faraó tentou ir em sua perseguição.

Ao chegar no palácio e ao ser perguntado pela sua rainha o que tinha, o faraó, ainda chocado com o que tinha visto, declarou: "o seu Deus é o Deus". Esse é o ensinamento maior do êxodo do Egito. 

Servimos ao Deus verdadeiro. Não há outro como Ele, nunca houve e nunca haverá. E nada pode ficar no caminho dos seus planos. A história do êxodo prova exatamente isso. Amém.

Com carinho

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

ANO NOVO, VIDA NOVA

É impressionante como a passagem de ano tem o dom de renovar as esperanças das pessoas. "No novo ano tudo vai ser diferente, melhor" é o que muitas pensam. 

Ora, a data de 31 de dezembro é uma simples convenção, pois o ano pode começar em qualquer dia. Tanto é assim que outros povos comemoram a passagem de ano em janeiro ou em março (como os judeus). 

Portanto, nada há de especial ou mágico na meia noite do dia 31. O ano vira e tudo continua o mesmo. Essa é a realidade dos fatos. O resto é fantasia e propaganda.

Mas as pessoas acreditam na mística da virada de ano e renovam suas esperanças e expectativas. E isso é bom e ruim. Bom porque o ser humano sempre está melhor quando renova suas esperanças. Afinal é preciso manter a capacidade de sonhar. Sempre.

É ruim porque uma mudança artificial não altera nada de fato. Não traz resultado duradouro. É pura fantasia. Tanto é assim que, frequentemente, poucos dias depois do ano virar, as esperanças renovadas começam a murchar quando a pessoa percebe que está no mesmo lugar e os problemas continuam os mesmos.

Mudança de fato é um processo difícil e até doloroso vindo de dentro para fora. Tem que ser conquistada dia a dia, passo a passo. Alias é assim que a doutrina cristã vê as coisas. 

Tanto é verdade que o cristianismo foi inicialmente conhecido como "O Caminho", pois é exatamente isso que ele é: uma estrada por onde a pessoa deve viajar para chegar num bom destino (Deus).

Que 2015 seja um caminho muito bom para você. Que neste novo ano você consiga dar um bom rumo à sua vida. E que a esperança, que decorre da fé em Jesus Cristo, floresça no seu coração e aqueça a sua vida. 

Com carinho