segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

UMA MENSAGEM PARA QUEM ESTÁ TRISTE NESTE NATAL

Eu sempre sinto certa nostalgia no Natal, pois lembro das comemorações na casa da minha avó, quando minha irmã caçula ficava esperando o Papai Noel chegar e eu me sentia orgulhoso, porque já sabia que o "bom Velhinho" não existe. Tudo isso passou, como também passaram os maravilhosos almoços de Natal, sempre no dia 25 de dezembro, na casa da minha mãe. Ficou apenas a saudade.

Muitas pessoas também têm momentos de nostalgia no Natal, ao relembrar as coisas boas que passaram. Mas, para muitas outras, o problema é muito mais sério do que uma saudável nostalgia - trata-se de tristeza profunda e cruel. 

E esse sentimento pode vir de famílias irremediavelmente fraturadas, onde as pessoas não podem nem mais comemorar o Natal em conjunto. Ou pode vir de sonhos frustrados pelas circunstâncias da vida, como desemprego, falta de dinheiro, etc. Pode ter vir também de doença incapacitante de alguém querido. Ou ainda pode se dever àquela sensação de profunda solidão ou completo fracasso, que se traduz na chamada “noite escura da alma”.         

É para você, que se sente triste assim neste Natal, que escrevo este texto. E escrevo porque sei bem como é terrível estar triste num momento em que o mundo parace cobrar uma grande alegria de todos - "afinal, é Natal", dizem os outros. 

Aí vão então algumas sugestões, testadas por mim na prática, quando enfrentei minha própria “noite escura da alma”:

1) Admita a tristeza para si mesmo e, se necessário, para os outros. Não tente mascarar o que está acontecendo. E deixe claro para os outros que você não quer estragar a comemoração de ninguém, mas que não vai aceitar pressões para “ficar alegre” - ninguém merece enfrentar horas de tortura numa festa, onde não quer estar.

2) Faça um bom exame de consciência sobre a causa dessa tristeza. O que deu errado? Em alguns casos isso é evidente. Mas, é muito comum que sentimentos como raiva, angústia, inveja e medo estejam sejam difíceis de identificar e “organizar” na mente.

3) É aí que entra a Deus: fale com Ele e abra seu coração. Diga tudo que vai na sua alma - não precisa usar meias palavras, pois Ele já sabe mesmo de tudo. Ao falar, você estabelecerá um vínculo espiritual com Ele, como aquele que existe entre dois confidentes, e isso é muito importante.  

4) Peça ajuda para Ele e reconheça sua dependência total d´Ele. E insista: fale com Deus mais de uma vez - isso foi o que Jesus nos ensinou a fazer. Sua insistência demonstrará seu compromisso com uma solução.

5) Tenha confiança que Deus vai vir em seu socorro: não sei quando, nem como, pois Ele não segue a lógica humana. Mas Ele virá a tempo, posso garantir isso para você.

6) Finalmente, esteja atento/a para perceber quando e como a ajuda está sendo dada. Uma vez eu precisava de   certa quantia, para pagar uma prestação de um apartamento - aí por volta de 1990. Vinha orando para que Deus mandasse ajuda. Aí minha madrasta ligou, oferecendo dinheiro emprestado. Minha primeira reação foi dizer que não precisava, pois confiava na solução que viria de Deus. Então ela me disse algo que nunca vou esquecer: “como você sabe que não foi justamente Deus que me enviou para ajudar você”. Portanto, Ele vai ajudar da forma como entende ser a melhor, que não é necessariamente aquela que você imagina. 

Faça da tristeza deste Natal o início de uma nova caminhada, tendo Jesus como guia e protetor. Posso garantir que não há nada melhor.

Com todo o meu carinho, um bom Natal para você

domingo, 9 de dezembro de 2012

O DIVÓRCIO É PECADO?

Esse é um tema muito, mas muito controvertido, entre os cristãos. Hesitei um pouco em me pronunciar sobre ele pois, como sou divorciado, poderia não ter a necessária isenção para tratar dele. Mas, pensando melhor, acho que não posso me furtar a dizer o que penso, mesmo que seja criticado por isso - os leitores deste blog merecem isso de mim.

E quero deixar bem claro, desde o início, que o divórcio não é uma boa saída para os problemas conjugais. Pode ser até a única saída disponível, em determinados casos, mas o divórcio sempre traz sofrimento, tanto para o casal, como para os filhos. E sempre deixará atrás de si a sensação de fracasso, pois o divórcio é exatamente isso - o fracasso de manter uma relação muito importante. Portanto, todo esforço deve ser feito para preservar os casamentos, sempre que possível.

Mas ainda assim é preciso ter uma resposta para as inúmeras pessoas cristãs, como foi meu caso, que se vêem ante o divórcio. Divorciar-se é pecado? Divorciar-se e casar de novo é adultério?

Uma discussão apropriada do tema, em todas as usas nunaces, seria muito longa para o espaço que tenho aqui. Assim, poderei apenas esboçar os principais argumentos para tentar tirar o peso que muitas vezes é jogado sobre os ombros das pessoas, que já sofrem com a separação em si, quando esse ato é rotulado de "pecado" grave.
O que Jesus disse 
A base dessa discussão está em dois textos bíblicos, um de Jesus e outro do apóstolo Paulo e vou começar pelo que Jesus disse. 

Antes de tudo, é preciso entender o pano de fundo para o pronunciamento de Jesus. Em Deuteronômio capítulo 24, versículo 1, a lei que diz que o marido podia se divorciar da mulher no caso de "coisa indecente" praticada por ela. A questão que havia, então, era como definir "coisa indecente" - é importante perceber que a discussão é sempre dos direitos do homem quanto a pedir o divórcio, pois a mulher nunca podia tomar essa iniciativa.

Havia duas escolas rabínicas que competiam entre si: a de Hillel e a de Shamai. Hillel sempre interpretava as leis de forma mais liberal e, quase sempre, Jesus concordava com suas abordagens. E na controvérsia sobre o divórcio, Shamai interpretou a lei dizendo que o divórcio somente poderia ser possível se a esposa fosse infiel ou se deixasse de prover cuidado emocional e material ao marido (Êxodo capítulo 21, versículos 10 e 11). Já Hillel, entendeu que "coisa indecente" se aplicava a muitas situações e, portanto, um homem podia se divorciar até por não gostar da comida da esposa ou por ela ter envelhecido. 

Jesus foi pressionado pelos fariseus a se pronunciar sobre essa controvérsia e ele respondeu da seguinte forma (Mateus capítulo 19, versículo 9): 
"Quem repudiar sua mulher, não sendo por relações sexuais ilícitas, e casar com outra, comete adúlterio (e o que casar com a repudiada comete adultério"
Em outras palavras, Jesus disse que, nesse caso, Ele apoiava a interpretação mais restritiva de Shamai, limitando as razões válidas para divórcio. E a razão foi simples: a posição mais rígida era a que melhor defendia a mulher, a parte mais fraca no casamento.

Infelizmente há muitos que olham para as palavras de Jesus e as tomam ao pé da letra: entendem que Ele proibiu o divórcio, em qualquer situação, exceto em caso de adultério. Mas essa interpretação é muito problemática, pois se levarmos o texto ao pé da letra, a proibição se aplicaria apenas ao divórcio por iniciativa dos homens e as mulheres estariam livres para se divorciar sem restrição, pois elas não foram citadas por Jesus.

Mas é claro que Jesus não se referiu às mulheres porque elas não podiam pedir divórcio e certamente o ensinamento se aplica também a elas. Ora, para chegar a essa conclusão é preciso considerar as circunstâncias em que o ensinamento foi dada e aí a interpretação não é mais apenas ao pé da letra. 

E, se vamos levar em conta as circunstâncias, é preciso considerar a questão entre Hillel e Shamais, que mencionei acima e que Shamais, com quem Jesus concordou, também também admitia como válidas, para fins de divórcio, a negação de cuidados físicos e emocionais. 

Portanto, a melhor leitura do ensinamento de Jesus é: o divórcio não pode ser fator de injstiça, quer contra o homem, como contra a mulher. Quando isso ocorre, o divórcio é pecado. E a injustiça está sempre presente quando não motivo aceitável: infidelidade e negação de cuidados físicos ou emocionais.

O que Paulo disse                                                              (1 Coríntians capítulo 7, versículos 3 a 15)
"O marido conceda à esposa o que lhe é devido e também semelhantemente a esposa a seu marido...Ora, aos casados, ordeno, não eu mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido (se, porém, ela vier a separar-se que não se case, ou que se reconcilie com seu marido); e que o marido não se aparte da sua mulher ... Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos não fica sujeito à servidão, nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamdo à paz."
Paulo começa por dizer que os esposos devem conceder um ao outro o que lhe é devido. E não detalha o que é isso, exceto no que tange aos direitos relacionados com o direito ao sexo. Isso porque todos os leitores daquela época conheciam os textos de Êxodo e Deuteronômio que citei acima, que se referem à fidelidade e obrigação de cuidados físicos e emocionais.
 
A seguir Paulo usa palavras fortes proibindo o divórcio. Mas, pela ordem do texto, onde ele colocou antes a obrigação e depois a proibição, fica claro, a meu ver, que a proibição se aplica desde que a obrigação tenha sido cumprida. Ou seja, se a esposa (ou o marido) cumprir for fiel, der apoio moral e material ao seu marido, é proibido divorciar-se dela. 

O que vemos aqui é Paulo falando mais ou menos o que Jesus já tinha dito: o divórcio por motivos fúteis, é pecado

Mais adiante, Paulo dá uma outra possibilidade que pode ser alegada para pedir divórcio: o abandono de um cônjuge pelo outro. E faz todo sentido, porque um cônjuge abandonado não pode receber apoio material e emocional. 


Ao final, Paulo diz ainda algo de grande importância: Deus nos chama para termos paz! Ou seja, aparece aí um qualificador para o casamento, que permite entender melhor quando é possível pedir divórcio, de forma lícita: onde não há mais esperança de haver paz.  


Palavras finais
Assim, situações onde um dos cônjuges nega ao outro amor, comete abusos emocionais e físicos, trai repetidamente ou abandona, dentre outras, podem caracterizar uma quebra de confiança irrecuperável dentro do casamento. E aí a paz conjugal não mais poderá ser reestabelecida. 

Abre-se, então, espaço para o divórcio, sem que haja pecado, bem como para reconstrução da vida daquele/a que se divorciou com outro/a parceiro/a. 

Concluindo, o divórcio em si não é pecado, desde que haja razões justas para ele. Pecado é aquilo que antecede e justifica o divórcio: desamor, falta de tolerância, quebra da confiança, e assim por diante.

Com carinho


 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

O TAXISTA E EU

Dias atrás, precisei tomar um táxi na porta do meu escritório, pois minha mulher precisou do nosso carro e não conseguiu voltar a tempo para me buscar. Confesso que estava meio mau humor, pois achar um táxi, naquele começo de noite, ainda mais com ameaça de chuva, não ia fácil. De fato, a espera foi longa e, em dado momento, fiz o que é normal em momentos de dificuldade: pedi ajuda para Deus. 

Mas nada aconteceu. Pelo contrário, perdi duas oportunidades fáceis, que normalmente teria conseguido. E aí, veio claro na minha mente o seguinte pensamento: "Egoísta, você só pensa em resolver  seu problema"

Fiquei confuso com esse "puxão de orelhas" e procurei analisar meus atos para entender o que estava errado. A resposta veio de imediato: minha oração tinha sido inadequada! 

Voltei a falar com Deus e disse: "Por favor manda-me um táxi que seja dirigido por alguém a quem eu possa falar de Jesus". Oração corrigida, meu coração se aquietou e fiquei esperando. Cerca de 5 minutos depois, encostou um táxi e eu embarquei. 

O motorista era jovem, cabeça quase raspada, tatuagens, brincos, enfim tudo aquilo que os jovens gostam de usar. Ora, o ministério para os jovens nunca foi meu forte, pois sempre trabalhei com grupos de adultos. Conclui então que a tarefa não ia ser fácil.

Puxei assunto e a conversa fluiu muito melhor do que esperava. E qual não foi a minha surpresa ao perceber que se tratava de um rapaz de origem evangélica, que já tinha trabalhado muito pela obra de Deus. Mas estava afastado pois teve alguns problemas e sua igreja não tinha sabido lidar como lidar com a situação - era uma alma ferida, mas ainda aberta para Jesus.

Junto a tudo isso havia uma série de erros teológicos, fruto de um discipulado deficiente, como infelizmente é muito comum nas igrejas evangélicas. Assim, tive oportunidade de esclarecer coisas que estavam atrapalhando a retomada do seu diálogo com Deus. E concentrei-me na forma como ele podia reforçar essa relação, através de oração, louvor, e estudo bíblico. A conversa terminou com ele me pedindo o endereço deste blog. Espero sinceramente que meu amigo taxista volte a se aproximar de Deus. 

Mas quero voltar à minha oração inicial, que é de fato o tema deste texto. A Bíblia diz que pedimos e não recebemos porque não sabemos pedir - pedimos mal. E minha primeira oração foi exatamente desse tipo: queria resolver meu problema e pronto. Nada mais interessava naquele momento que não fosse meu conforto pessoal. E Deus não atendeu ao meu pedido.

Não só não atendeu, como "puxou minha orelha", alertando-me que já estava mais do que na hora de agir de outra forma. Daí a mudança na minha oração, reformulando meu pedido para dar prioridade àquilo que deve sempre vir em primeiro lugar: a obra de Deus. E aí meu pedido foi atendido. E pude transformar um momento de mau humor em alegria, pois feliz de ter podido ajudar alguém na sua caminhada cristã.

Portanto, quando você estiver buscando uma graça e, apesar de pedir com fé e constância, ela não chegar às suas mãos, examine-se e veja se seu pedido está de acordo com a vontade de Deus. Se não estiver, você nunca será atendido, por mais amor que Ele sinta por você. 

Ter uma nova perspectiva sobre aquilo que você deseja, pode ser a diferença entre ser atendido ou não por Deus. E lembre-se que, quando Deus não responde, isso não deixa de ser uma resposta - pode ser que Ele esteja apenas esperando que você mude, antes de agir.

Com carinho

sábado, 13 de outubro de 2012

OS FINS, OS MEIOS E O PROCESSO DO MENSALÂO

O processo do "mensalão" vai chegando ao seu final, depois de despertar grande interesse do público e dos meios de comunicação. Mas meu tema aqui não é a questão do saneamento das práticas políticas brasileiras - embora eu torça muito para que isso aconteça. 

Vou falar de algo que me chamou atenção ao longo do processo judicial: pelo menos um dos réus - refiro-me a José Genoino - tem perfil diferente dos demais, levando vida modesta e tendo uma história de vida bonita, marcada pela luta a favor da democracia e da justiça social.

Então, como é possível que uma pessoa assim entre numa "roubada" dessas, participando de algo em desacordo com sua própria história de vida? Acho que esse é mais um caso de erro com base no princípio "os fins justificam os meios". 

Penso que o que aconteceu nesse caso foi mais ou menos o seguinte: como o dinheiro ia ser usado para uma boa causa - manter no controle do Governo Federal um partido que Genoino acreditava privilegiar corretas -, era razoável ser "flexível" quanto à forma a ser usada para conseguir e distribuir esse dinheiro. Como a causa era nobre, não importava muito os meios usados para realizá-la com sucesso.  

Esse mesmo tipo de erro esteve presente muitas vezes na história do cristianismo. Por exemplo, na Idade Média, os cristãos acreditavam que aqueles que não eram batizados iam direto para o inferno. Daí era elogiável fazer qualquer esforço no sentido de batizar o maior número possível de pessoas, mesmo que fosse preciso empregar a força. E, por causa, índios, judeus, africanos e outras populações não cistãs sofreram graves perseguições e abusos.

Infelizmente também há muitos exemplos atuais para apresentar: agressão a pessoas consideradas "pecadoras" (por exemplo, gays e prostitutas), assassinato de médicos que realizaram abortos, invasão e destruição de terreiros de religião afro, etc. E a lógica é sempre a mesma: para combater um mal ou fazer um bem, vale qualquer coisa.

Ora, a Bíblia nos ensina postura totalmente diferente. Numa religião calcada no amor ao próximo, nunca deve ser possível esquecer a qualidade dos meios usadaos para se chegar a determinado fim. Fazer o bem ou evitar um mal não justifica desenvolver ações erradas aos olhos de Deus. Isso simplesmente contraria o cerne daquilo que Jesus ensinou e viveu. 

Nesse momento em que vemos diversos políticos sendo condenados pela justiça, alguns até com possibilidade de ir para a cadeia, ao invés de exultarmos com a desgraça dessas pessoas, melhor seria refletir sobre os erros cometidos por eles - como procurei fazer neste texto -, para não seguirmos também por caminhos errados. 

Com carinho

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

POR FAVOR, ALGUÉM SALVE O RIO JORDÃO

O rio Jordão liga o lago de Tiberíades (ou mar da Galileia), no norte de Israel, ao Mar Morto, no sul, junto ao deserto do Sinai. Margeia todo o território de Israel a leste e é uma fonte fundamental de água para aquela região. 

O Jordão foi extremamente importante na história do povo de Israel, inclusive no ministério de Jesus Cristo. E basta citar dois fatos para comprovar isso.  O primeiro ocorreu quando o povo de Israel, saído do Egito e após 40 anos de peregrinação no deserto do Sinai, foi entrar na Terra Prometida e teve que atravessar o Jordão. Para que essa travessia desse certo, ocorreu um milagre parecido ao da travessia do Mar Vermelho, pois as águas do rio Jordão se separaram e Israel passou no leito seco (Josué capítulo 3).
 

Foi também no Rio Jordão que João Batista exerceu seu ministério e batizou a Jesus (veja mais).

O rio Jordão hoje em dia
 
 


A foto acima retrata o grau de poluição que existe hoje no rio. O cenário é desolador - o rio está morrendo, assim como acontece com diversos rios que cortam as cidades brasileiras, como o Tietê, em São Paulo.
 

Resíduos agrícolas e esgoto são lançados no Jordão em diversos pontos. Barragens nesse rio e nos seus afluentes, como o Jaboque (onde Jacó teve a luta com o anjo), diminuíram radicalmente o fluxo de água, o que está fazendo o mar Morto encolher a olhos vistos. O fluxo de hoje é apenas 4% daquele que existia cerca de 100 anos atrás.
 

A situação ficou tão grave que o governo de Israel finalmente resolveu agir e lançou um plano para despoluição. Mas como existe uma grande distância entre os planos que os governos formulam e o que é feito na prática, ainda não há qualquer razão para nos alegrarmos. 

Vamos pedir a Deus que esse plano resulte em algo positivo, antes que seja tarde demais, e o rio Jordão vire apenas um registro nas páginas dos livros de história e na própria Bíblia.

Com carinho  

domingo, 23 de setembro de 2012

UM BOM EXEMPLO, A SER IMITADO

Antes de ler o texto, veja este vídeo.

Frequentemente o marketing é usado de forma negativa, para gerar falsas necessidades e levar as pessoas a consumir aquilo de que não precisam - esse é um fenômeno muito conhecido na chamada sociedade consumo. 

Mas o exemplo acima é exatamente o oposto: o uso do marketing em uma iniciativa altamente positiva - incentivar a doação de orgãos para transplantes. A experiência mostrada foi feita numa das melhores padarias de São Paulo. O local é muito frequentado e sempre é preciso pegar senha para ser atendido. E quem bolou a campanha ligou esse fato à questão da fila de pessoas para conseguir doações de orgão - uma ideia tanto simples como comovente. Portanto, se você ainda não é doador, e é jovem, se inscreva.

Mas, esse vídeo também me fez refletir também sobre como as prioridades da nossa sociedade estão erradas, já que as vidas humanas não têm o valor que deveriam ter. E é sobre esse ponto de vista que eu vejo a iniciativa desse vídeo - um esforço para ensinar as pessoas a adquirir novas prioridades -, o que é extremamente importante. 

E é aí que nós, cristãos, precisamos ter um papel relevante, tanto para apoiar propostas boas, como essa, quanto para denunciar medidas ruins, venham de onde vierem. Não podemos nos omitir, pois nossa missão é ser "luz para o mundo", conforme Jesus nos ensinou. 

Com carinho

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O QUE ACONTECEU COM A MULHER DO KAKÁ?

Caroline Celico é esposa do famoso jogador Kaká. Ficou conhecida, depois do casamento com ele, pela fidelidade à Igreja Renascer em Cristo e pela imagem de certinha. Hoje, ela quer mudar essa imagem: fez um ensaio fotográfico “ousado” para a revista RG e disse que não frequenta mais qualquer igreja, faz suas orações em casa e lê a Bíblia sozinha:
Não me considero evangélica porque eu acredito que a única coisa que me liga a Deus é Jesus. Acabei me envolvendo numa doutrina religiosa e quando vi estava amando mais o local físico da igreja do que Deus realmente. Fazia as coisas para agradar aos outros, achando que assim estaria agradando a Deus. Eu não comungo mais dessas ideias”.
 O que aconteceu?
O casal era um dos seguidores mais famosos da Igreja Renascer e fazia aparições em apoio à denominação. Carolina até se disse interessada em ser pastora. O afastamento da Igreja Renascer veio depois dos episódios da prisão dos fundadores daquela denominação nos Estados Unidos e da queda do telhado da sede da Igreja em São Paulo, que causou a morte vários fiéis. 
 
Temos aqui o caso clássico de decepção de fiéis com a denominação cristã a qual seguem fervorosamente, fenômeno muito comum entre os evangélicos. E a decepção é proporcional ao comprometimento - quanto maior o comprometimento maior a decepção -, podendo até levar ao abandono do cristianismo. Veja, por exemplo, a continuação da declaração de Carolina: 
Hoje eu faria de outra maneira, mas acredito que todas as coisas acontecem para nos levar para algum lugar melhor. Sou como sou porque passei por alguns episódios traumáticos e outros muito bons. Mas sou curiosa e continuo superaberta a novas ideias”.
O quadro relatado não parece promissor: ela vai tentar levar a própria fé para diante, sozinha, decepcionada, e aberta a “novas ideias”. Só futuro dirá o resultado disso. 

Há várias causas para esse tipo de decepção. E é fácil identificar duas delas nesse caso:

Problema 1: Confiança no lugar errado
Algumas denominações crsitãs atribuem excessiva importância às suas lideranças - normalmente seus fundadores. Quando a denominação fica importante no cenário religioso brasileiro, essas pessoas alcançam um status especial e algumas viram quase semi-deuses - ficam acima do bem e do mal - e demonstram isso atribuindo a si mesmos títulos pomposos: "apóstolo", "bispo primaz", "patriarca", etc.

O problema é que todos pecam, inclusive "apóstolos", "bispos primazes" e "patriarcas". Não há com escapar disso. E aí quando o pecado transparece, a reação normal é o líder não reconhecer que pecou - atribue o que ocorreu à perseguição da imprensa e/ou a ações demoníacas, para acabar com seu ministério. E, ao não reconhecer seu erro, esse líder não se purifica do seu pecado e seu ministério fica comprometido. Vimos isso acontecer recentemente no caso da igreja Renascer.

Quando o líder pego em falta, corajosamente faz um ato de contrição pública, reconhecendo seu erro e pedindo perdão, ele tende a ver sua obra destruída. Isso porque quanto maior for a devoção que ele desperta nos fiéis, maior será a revolta contra ele - na verdade, a mesma mão que aplaude é aquela que apedreja. Aqui no Brasil, tivemos o exemplo do pastor Caio Fábio em relação à Fábrica da Esperança e à VInde, por ele fundadas e dirigidas. Por isso, muito poucos escolhem esse caminho, que é o certo.

Poucas denominaçãoes sabem lidar bem com a presença de líderes fortes e carismáticos. A maioria acaba permitindo  devoção excessiva a ele, muitas vezes instigada pelo próprio líder. Mas algumas denominações conseguem fazer isso, ao despersonalizar a liderança - por exemplo, no metodismo, que eu sigo, os bispos são eleitos a cada 5 anos e não têm garantia de reeleição. Assim, um líder problemático será naturalmente substituído por outro, sem gerar grandes problemas 

Problema 2: teologia tóxica
Carolina também sofreu o efeito de uma teologia tóxica (já falei outras vezes sobre isto, por exemplo). 

A Renascer, assim como diversas outras denominações evangélicas, defende a teologia da prosperidade: se as pessoas tiverem fé suficiente poderão se apropriar de inúmeras promessas de prosperidade que Deus fez para seus filhos. Vemos isso com clareza numa declaração anterior de Carolina, onde ela afirmou convicta que Deus tinha dado dinheiro para que o Real Madrid contratasse o Kaká (seu salário atual, por contrato, é de cerca de R$ 4 milhões). 

É claro que ela não pensou nos inúmeros outros jogadores de futebol que também são cristãos fervorosos, mas que nunca tiveram acesso a contratos iguais aos do Kaká. Será que falta fé a essas pessoas, enquanto essa fé sobra para o Kaká? Dificilmente. Ou o que falta a esses outros jogadores é a qualidade do futebol que Kaká sempre demonstrou? Acho que a resposta é óbvia.

Teologias como essa causam grande estrago, pois fazem promessas que não podem ser cumpridas, por não serem sancionadas por Deus, causam grande estrago. E o não cumprimento da falsa promessa pode nem ocorrer com a própria pessoa, pois basta que ela olhe em torno e veja o que acontece com os outros, como parece ter sido o caso de Carolina.

Palavras finais
Há muitas outras causas para decepção que não se fizeram presentes no caso em análise, mas impactam muitos outros cristão sinceros. Por exemplo, a promiscuidade de igrejas cristãs com políticos; a ganância de líderes religiosos que procuram extrair dinheiro das pessoas a qualquer custo; ou ou mesmo tentativa de obter controle da vida das pessoas através da imposição de códigos de comportamente sem sentido. Mas não tenho espaço para discutir todos esses casos aqui. 

A reflexão que quero deixar é que os cristãos precisam se defender dos "lobos em pele de cordeiro", para não acabar decepcionados. E, se mesmo assim a decepção ocorrer, é preciso lembrar que nem todos os líderes religiosos são iguais. Sempre há cristãos sérios e dedicados em fazer a obra de Deus. 

Com carinho 

domingo, 29 de julho de 2012

POBRE MENINA RICA: QUEM PODERÁ SALVÁ-LA?

A atriz Kristen Stewart ficou famosa como a heroína da série Crepúsculo. Galgou rapidamente o estrelato e, com apenas 22 anos já é rica e famosa. Em junho passado, ela deu uma entrevista para a revista Elle, onde disse literalmente o seguinte: "Você aprende muito com as coisas ruins. Estou cansada. Sinto algo, como, 'por que as coisas são tão fáceis para mim? Mal posso esperar para que algo louco aconteça comigo. É a vida. Quero que alguém me ferre!"  

Hoje ela está nas manchetes por ter tido um caso com o diretor do seu último filme (casado e com dois filhos), revelado publicamente através de fotos comprometedoras. Pelo menos ela teve a decência de reconhecer seu erro e pedir desculpas àqueles a quem feriu.

Olhando de fora, tudo parece uma loucura. Uma pessoa ainda jovem recebe tudo num bandeja - fama, riqueza, talento e beleza. E, como não é totalmente alienada, é capaz de perceber o tamanho desse privilégio, que ela mesma reconhece não ter feito por merecer. Sentindo-se cuulpada, pasasa desejar que algo de ruim lhe aconteça,  para se sentir mais normal. Assume então um comportamento autodestrutivo – tem um caso com um homem casado, à vista de todo mundo – para que sua “profecia” venha a se cumprir. E acaba ferrada aos olhos de todos.   

Essa história surpreendente, que ainda está longe de acabar, demonstra bem dois tipos de problemas que são terríveis na vida de qualquer ser  humano e que são muito mais frequentes entre as pessoas privilegiadas (ricas, bonitas, poderosas, famosas, etc):
 

“Ter” não é melhor do que “ser”
Eu já comentei várias vezes neste blog (XXX) que vivemos numa sociedade onde o sucesso é medido pelo que as pessoas têm: dinheiro, fama, poder, beleza, etc. E não importa como isso foi conseguido. 


Quem tem é um sucesso, mas quem não tem é um fracasso. Nesse tipo de sociedade, Kristen Stewart é um sucesso, enquanto Jesus foi um fracasso. Afinal, Ele não teve dinheiro, poder, beleza e sua fama só lhe trouxe problemas. 

No entanto, apenas com o poder da sua palavra e do seu exemplo de vida, Ele mudou a história da humanidade. É que na verdade Jesus foi um sucesso quando as coisas são medidas pelo que se é e não pelo que se tem. Era sábio, bom, paciente com as falhas do ser humano e amoroso, de uma forma além da nossa compreensão (morreu por nós).   

E é interessante perceber que Kristen tem noção de não ser o sucesso que todos querem ver nela. Percebe que tudo lhe veio muito fácil e que há algo de distorcido no “conto de fadas” que vive. Isso até é um avanço porque outras pessoas na mesma condição tornam-se arrogantes e acabam concluindo que são mesmo especiais.  

A primazia do "ter" sobre o "ser" é péssima, pois torna a sociedade materialista e tira importância das questões espirituais. Kristen talvez não consiga ver as coisas dessa forma clara, mas percebe que há algo de errado, de muito errado.

Não é possível ser feliz sem Deus
O segundo problema que transparece no depoimente de Kristen é o vazio que fica no interior do ser humano que não se relaciona intimamente com Deus. Ela sabe não ter merecido aquilo que tem, mas em momento nenhum procura entender de onde lhe veio as bençãos recebidas. E se tivesse essa preocupação, poderia demonstrar gratidão a Deus, colocando seus recursos e talento em prol de causas nobres. Mas ela vai por um caminho diferente e muito estranho: passa a desejar uma vida menos privilegiada, para não se sentir tão culpada.   


O fato é que fomos criados para viver em comunhão e harmonia com nosso Criador. O ser humano nunca atinge a felicidade plena sem estar junto a Deus. Um exemplo ajuda a explicar bem isso: também fomos feitos para conviver com outras pessoas e, por causa disso, a solidão é das piores coisas, pois deixa um enorme vazio na vida do solitário.  
  
O vazio causado pela necessidade de Deus não pode ser preenchido por nada material, assim como acontece com a solidão. Somente a presença de Deus em nossa vida elimina esse vazio. E é por isso que vemos tantos artistas, políticos, esportistas e socialites, pessoas altamente privilegiadas, profundamente infelizes. Muitas chegam a se autodestruir por conta das drogas e bebida.  

Palavras finais
Eu não sei o que vai acontecer na vida de Kristen Stewart, mas somente desejo o bem para ela. E ela até demonstra uma percepção e humildade acima daquilo que vemos em outras pessoas privilegiadas. 


Mas sem resolver essas duas questões importantes – passar a privilegiar o “ser” sobre o “ter” e se aproximar realmente de Deus – ela não vai resolver suas questões existenciais. Nem ela, nem nenhum de nós, pois estamos todos no mesmo barco. 

Com carinho

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O SIGNIFICADO DA "PARTÍCULA DE DEUS" PARA OS CRISTÃOS

O nome técnico da chamada “partícula de Deus”, tão comentada na mídia nesses últimos dias, é bóson de Higgs. A existência dessa partícula foi postulada por um físico britânico chamado Peter Higgs, mas até agora não tinha sido provada sua existência, pois trata-se de algo extremamente difícil de encontrar. Foi preciso um projeto (chamado CERN) que juntou vários países e custou cerca de 10 bilhões de dólares, para conseguir essa prova. Tanto é assim que o próprio Higgs sempre achou que não veria em vida sua teoria comprovad - agora ele certamente vai ganhar o prêmio Nobel.

Higgs pode fazer essa previsão porque existe um modelo padrão para o átomo. Esse modelo começou a ser construído no início do século passado por cientistas como Niels Bohr. Aos poucos, outros cientistas foram completando o modelo, que foi se tornando mais complexo: é esse modelo que fala da existência e do papel do neutron, do elétron, do próton, dos quarks, etc.
Usando esse modelo, Higgs percebeu que faltava uma partícula, ou seja havia algo ainda não descoberto que era necessário existir para que as contas fechassem. Tal partícula era do tipo bóson – não vou nem tentar explicar o que é isso aqui, para não complicar as coisas. E deram o nome do descobridor para o tal bóson, como é comum na ciência.
Segundo a física, o universo começou com uma explosão de um “ovo” de energia, o Big Bang, cerca de 13,7 bilhões de anos atrás, explosão essa que permitiu a formação de toda a estrutura de galáxias, estrelas e planetas que existe hoje. E o bóson de Higgs foi o fósforo que acendeu o pavio dessa explosão.
Na verdade essa partícula explica porque as coisas têm massa. E a existência de massa é muito importante, pois além de explicar o Big Bang, esclarece a força da gravidade que mantém os corpos celestes nas suas órbitas e, portanto, a organização do cosmos.
O apelido “partícula de Deus” foi proposto por outro cientista, ganhador do prêmio Nobel, Leon Lederman, no seu livro de mesmo nome. Veja o que ele disse:

“Esse bóson é tão central para o estado da física de hoje, tão crucial para nosso entendimento final da estrutura da matéria, entretanto tão difícil de detectar, que eu dei-lhe um apelido: a partícula de Deus. Por que? ... por que existe uma conexão, de certa maneira, com outro livro, esse muito mais antigo [se referindo ao Gênesis].”
Ora, por causa do apelido, muitas pessoas pensam que há conexão entre essa descoberta e os ensinamentos da Bíblia – o bóson de Higgs iria provar ou não a existência de Deus ou o relato da criação do mundo contido no Gênesis. Nada disso: a confirmação da existência dessa partícula pode iluminar a teoria adotada pela física para o Big Bang e a gravidade, mas nada fala de Deus.
Para nós cristãos, portanto, essa descoberta é muito interessante no sentido que ela reforça a teoria do Big Bang e essa teoria comprova que o universo teve início e isso aponta diretamente para Deus, conforme já comentei em outro texto aqui no blog. Somente isso. O que passar daí é pura fofoca.

Com carinho

quarta-feira, 27 de junho de 2012

"SOLITÁRIO GEORGE": UM GRITO DE SOCORRO

No fim de semana passado, morreu “Solitário George”, a última tartaruga gigante da sua subespécie que vivia nas ilhas Galápagos. Sua geração se acabou porque o ser humano introduziu cabras nas ilhas, que comeram toda a vegetação da qual viviam as pobres e indefesas tartarugas. Capturado, George foi levado a um centro animal e tentaram fazê-lo cruzar com tartarugas aparentadas, mas sem sucesso. E ali ele viveu solitário, o último da sua linhagem, por mais de 40 anos.
 
De uma forma geral, os seres vivos, pelo menos aqueles gerados por reprodução entre dois sexos diferentes, não foram criados para viverem inteiramente solitários. Por exemplo, no relato da criação no Gênesis, Deus disse: não é bom que o homem esteja só (capítulo 2, versículo 18). E aí estava a mulher para encantar a vida do homem - menos nos dias de TPM, mas aí já é outra história. E com os animais não é diferente.


Tudo isso me fez refletir sobre a ação predatória dos próprios seres humanos, que já dizimou milhares de espécies e acabará por dizimar outras tantas. E o desequilíbrio do nosso ecossistema poderá causar, além de todo tipo de catástrofe natural, o próprio fim da humanidade.
 

E nem percebemos que estamos destruindo aquilo que Deus fez com tanta sabedoria e desejando o melhor para nós. É interessante observar que, depois de cada ato de criação relatado no Gênesis, o texto diz que Deus olhou para o que tinha sido feito e viu que tudo tinha excelência (capítulo 1, versículos 1 a 25).
 

Mas a sociedade humana nem parece se importar muito com isso, pois lá no fundo deve achar que sempre teve e sempre terá a natureza para ser explorada, o que não é verdade. 

É exatamente por isso que os avanços das políticas e práticas que preservam o meio ambiente é tão lento – basta ver os resultados limitadíssimos da Rio + 20, que se encerrou nos últimos dias. Mais uma vez tudo foi empurrado com a barriga para o futuro. A maior parte do esforço das autoridades presentes foi usado em parecer que estavam interessadas no assunto, para passar uma boa imagem para a opinião pública, sem se comprometer com algo de muito concreto, que viesse a dificultar o ato de governar.
 

Agora preocupo-me mais ainda quando o povo cristão também não dá muita importância para o assunto. E é fácil perceber isso: basta você se perguntar quantas pregações já ouviu sobre temas ecológicos ou qual foi o interesse que sua igreja demonstrou sobre a Rio+20. Provavelmente a resposta será decepcionante, com raras e honrosas exceções. Esse tema ainda não entrou no radar das igrejas cristãs para valer.
 

Nós, cristãos, precisamos assumir mais responsabilidades e interesse na preservação do nosso planeta. Afinal é nosso dever cuidar daquilo que Deus criou para nós. Se não fizermos isso, assistiremos de camarote a contínua deterioração da "casa" que foi feita especialmente para nós. 

E caso isso venha a ocorrer, daqui há algum tempo, pode aparecer outro “Solitário George”, dessa vez um homem alquebrado, vivendo sozinho num mundo desolado e que nem terá o consolo de contar sua história, pois não haverá ninguém para ler o que ele escreva...
 

Com carinho

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O DIVÓRCIO DEPOIS DE 115 ANOS


A mídia divulgou amplamente a notícia que o casal de tartarugas acima “resolveu” se separar, depois de 115 anos de união. Para quem não sabe, a “iniciativa” foi dela, ao expulsar o macho - parece que ela considerou não haver mais diálogo e quer sua liberdade de volta...

Brincadeiras à parte, essa notícia me fez refletir sobre a transitoriedade da vida. O ditado popular “não há bem que sempre dure nem mal que não se acabe” fala exatamente sobre essa questão.
 

Todos gostam da segunda parte do ditado e porisso ele é muito usado nos momentos ruins da vida. Afinal saber que nenhum mal vai durar para sempre é um grande consolo e um incentivo para perseverar ante as dificuldades.

Mas, meu tema hoje é a primeira parte do ditado: “não há bem que sempre dure”. E não gostamos nada de saber disso - eu pelo menos nunca ouvi esse ditado ser usado, por exemplo, num casamento ou num batizado.

Mas, gostemos ou não, viramos páginas boas das nossas vidas todos os dias: o último Natal na casa dos avós; o último dia daquelas férias de verão fantásticas; o último dia de aula no colégio onde tínhamos tantos amigos; o último dia da faculdade, quando a responsabilidade da vida começou a pesar; o último dia de vida de uma pessoa querida; e assim por diante.

Nada material fica para sempre. Impérios foram construídos e caíram, reduzidos a algumas ruínas sem qualquer sinal de vida humana. Fortunas foram ganhas e perdidas ao longo de gerações. Empresas se tornaram poderosas, para depois acabarem aos pedaços.

Olhando o sol...
Não gostamos de pensar muito no fim das coisas boas, pois isso nos faz mal. Como disse um escritor famoso: "pensar no fim é como olhar diretamente para o sol - não dá para fazer isso por muito tempo."

De fato, poucos conseguem fazer isso de fato e meu pai foi uma dessas pessoas. Lembro-me que, cerca de dez anos atrás, encontrei-o lendo um livro intitulado “Como morremos”. Reagi de imediato, dizendo que ler aquilo era absurdo. E ele, sempre muito sábio, respondeu: “meu filho, se eu não ler isso agora, quando vou ler?”. E ele morreu dois anos depois. Não sei se o livro (que hoje está comigo) ajudou, mas certamente ele escolheu a hora certa para lê-lo.  

Como não conseguimos encarar vamos sempre nos auto enganando e ai prosperam as juras de amor eterno, as promessas de estar sempre presente na vida ds pessoas amadas, os planos de vida de longo prazo, etc. E temperamos um pouco esse otimismo excessivo, fazendo seguro de vida.

Jesus nos advertiu várias vezes para não esquecermos que as coisas boas também têm fim. Numa delas, contou uma parábola onde um senhor de terras construiu novos celeiros pois sua produção de grãos tinha aumentado muito. Ele imaginou que passaria a ter uma vida tranquila e farta, mas mal sabia que naquela mesma noite sua alma seria chamada por Deus (Lucas capítulo 12, versículos 16 a 20).

Há razão para esperança?
Mas há sim razão para ter esperança no futuro. Afinal, Deus nos prometeu uma segunda vida maravilhosa, depois da presente existência (Apocalipse capítulo 22, versículos 3 a 5):

Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro [Jesus]. Os seus servos [nós] o servirão, contemplarão sua face... Então já não haverá noite, nem precisarão eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos. 
Essa segunda vida não vai se acabar - terá começo, mas não terá fim. Nela não haverá choro e nem sofrimento. E é para lá que vamos. Glórias a Deus poristo!

Assim, quando chegar minha vez de ler aquele livro que meu pai já leu, espero ter sempre presente essa esperança. E com base nela poder, com serenidade, finalmente "encarar o sol". Foi isso que eu vi meu pai fazer.

Com carinho
Vinicius