sexta-feira, 29 de maio de 2020

A BELEZA RADIANTE DE DEUS

Eu gosto muito de viajar, assim como muitas outras pessoas. Tenho enorme prazer em ver locais cuja beleza deixa uma impressão permanente na minha mente. E um desses locais é a ilha de Fernando de Noronha, local simplesmente espetacular. Inesquecível mesmo.

Quando visitei Fernando de Noronha eu ainda não era convertido, portanto, toda a minha admiração e louvor foram dirigidos ao local em si. Ou seja, minha apreciação foi dirigida à criação, porque Fernando de Noronha, assim como tudo o mais, é obra das mãos de Deus.

Hoje tenho outra percepção e ao ver uma coisa bela, minha mente se volta ao Criador, que é a razão de ser para tudo aquilo que existe. Foi essa a minha experiência, bem mais recente, ao visitar o Jalapão - eu me senti muito perto de Deus.

Uma outra coisa que aprendi foi que a beleza da criação simplesmente reflete a beleza muito mais e radiante de Deus. A beleza que vemos nas coisas da natureza - plantas, animais, geografia, etc - nada mais são do que uma amostra pálida da beleza que poderemos admirar e desfrutar quando estivermos junto a Deus na vida eterna.

E é sobre isso que eu falo no meu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

CAMINHANDO COM BASE NA FÉ


Fé em Deus significa ter confiança nele - nas suas boas intenções, na correção das suas leis, na sua fidelidade e assim por diante. E é com base nessa fé que precisamos aprender a caminhar. A Bíblia chega a alertar que sem fé é impossível agradá-lo.

E não é difícil entender a razão para essa afirmação tão forte. Afinal, a confiança é fundamental na relação entre pessoas - sem ela, o relacionamento nunca vai funcionar direito. Por exemplo, num casamento, como seria possível ao marido e à mulher ficarem juntos, se sentindo bem na relação, sem haver confiança mútua? 
Sem confiança mútua, o canal de comunicação fica "entupido" e a relação não floresce. E vai passar por crise após crise.
Além disso, a fé em Deus é o "gatilho" que move o agir do Espírito Santo na sua vida. Afinal, como Deus poderia agir na sua vida, se bem lá no fundo, você duvidasse da ação dele ou se não confiasse nele? 

É preciso, agora, responder uma pergunta: o que caracteriza a fé em Deus? Acho que há três aspectos a considerar. O primeiro é acreditar naquilo que você não vê (Hebreus capítulo 11, versículo 1).

Um bom exemplo foi Noé: Recebeu uma missão de Deus que pareceu meio louca para todo mundo - construir um grande barco para enfrentar uma enchente que iria acontecer anos depois. Noé foi ridicularizado pelos seus vizinhos, pois não fazia qualquer sentido construir um enorme barco num local totalmente seco. Mas, pela fé, ele obedeceu e acreditou no dilúvio. E quando a chuva chegou, somente ele estava preparado  (Hebreus capítulo 11, versículo 7).

Portanto, é pela fé que você vai ter certeza da sua salvação, que somente será vivida de fato depois da segunda vinda de Cristo. E será essa mesma fé que lhe permitirá identificar a mão de Deus nas coisas mais inesperadas na sua vida.

O segundo aspecto importante da fé é a capacidade de obedecer mesmo quando você não compreende. Foi isso que Abraão fez (Hebreus capítulo 11, versículos 8 a 10). Certamente, ele não entendeu porque Deus lhe pediu para sair da sua terra e ir para a Palestina, pois isso não fazia qualquer sentido, já que Abraão era um velho. E mesmo assim ele obedeceu. E, pela mesma fé, Abraão aceitou sacrificar seu filho, Isaque, mesmo esse ato lhe parecendo absurdo - Deus parou Abraão no último momento antes do sacrifício se concretizar.

Deus não espera obediência com base no entendimento, pois aí fé não seria necessária - bastaria usar a razão. Ele espera que você dê passos no escuro... 

Lembro de um filme da série Indiana Jones. O personagem principal saiu em busca do cálice sagrado, aquele que Jesus tinha usado na Última Ceia. Em dado momento, Indiana Jones precisou atravessar um desfiladeiro muito profundo, onde não havia ponte.

Depois de pensar, ele deu um passo na direção do abismo pela fé de que havia sim uma ponte ali. E foi exatamente isso que ele encontrou. Mas, a ponte só foi vista por ele depois do primeiro passo.

O terceiro aspecto relevante da fé é a necessidade de persistir, mesmo quando você achar não haver mais razão para seguir adiante. E há vários personagens da Bíblia que deram esse tipo de exemplo. 

Moisés foi um deles (Hebreus capitulo 11, versículo 27). O processo de libertação do povo de Israel da escravidão no Egito foi lento - levou cerca de 2 anos. E foi preciso que Deus mandasse dez pragas para forçar o faraó a ceder.

Ao longo desse tempo, os israelitas se queixavam continuamente que a libertação estava demorando. Cobravam uma solução de Moisés e resmungavam. E o profeta precisou se manter firme - perseverou, apesar das dificuldades.

É a fé que vai lhe dar condições de persistir mesmo em meio a dificuldades que parecem não ter fim. Dificuldades que podem até parecer serem maiores do que sua capacidade de enfrentá-las.

E é a fé que vai lhe sustentar quando Deus parecer calado e distante, já que a resposta dele parece tardar - sei disso, por experiência própria. 

Quando a doutrina cristã afirma que basta ter fé para que as coisas aconteçam, parece que isso é fácil e simples de conseguir fazer. Mas, a realidade é bem diferente. Trata-se de um desafio diário, que você vai vencer com a ajuda do Espírito Santo.

PS Veja mais sobre esse tema aqui.  

Com carinho

segunda-feira, 25 de maio de 2020

VOCÊ É IMPORTANTE PARA DEUS


Você é importante para Deus. E isso é surpreendente, considerando a grandeza e majestade do Criador do Universo.

Certa vez uma amiga me contou que pedia a Deus para ajudá-la em tudo, até para encontrar vaga em estacionamento de shopping. Confesso que na hora fiquei surpreendido com aquele comentário e pensei que minha amiga estava se julgando importante demais, pois Deus tem muito mais com que se preocupar do que ajudá-la a encontrar vaga em estacionamento. 

Mas, à medida que amadureci no entendimento da doutrina cristã, entendi que minha amiga estava certa. Eu me explico.

Comparados com a dimensão de Deus e a importância das tarefas que Ele desempenha - praticamente todos os pedidos humanos são pequenos insignificantes. Não deveriam ser dignos de ocupar a atenção de Deus. Mas, o fato é que Ele se importa sim. E, o que mais surpreende, é que Deus atenda muitos desses pedidos.

E é sobre isso que fala a letra do conhecido hino evangélico "Tu és tremendo". Um dos trechos dessa letra resume bem o que acabei de comentar, pois diz assim: 

...E apesar dessa Glória que tens, Tu te importas comigo também... 
Apesar de toda a glória que Deus tem - sua dimensão, soberania, poder, etc -, Ele se importa com você e comigo. Somos importantes para Ele sim, a ponto dele atender pedidos pequenos nossos, como o de uma vaga num estacionamento.

O carinho e a atenção de Deus conosco são tão grandes que, conforme a Bíblia diz, até os fios de cabelo das nossas cabeças (no meu caso, já bem poucos) estão contados. Fantástico!

A única explicação que encontro para essa surpreendente realidade aponta para a própria natureza de Deus, para sua essência: Deus é amor. Isso quer dizer que Deus nos dá importância porque nos ama muito. 

Isso explica porque Ele acompanha nossas vidas e aquilo que fazemos no dia-a-dia. Deus faz isso não porque, como muito gente pensa, quer nos vigiar e tomar conta do que fazemos. Ele faz isso porque se interessa por nós.

E essa é a razão também para Ele criticar nossos pecados. Afinal, se Deus se dá ao trabalho de acompanhar as nossas necessidades diárias e intervém nas circunstâncias para nos ajudar, por que haveria de causar estranheza que Ele também se preocupasse com as consequências dos nossos erros e pecados e procurasse nos afastar dos caminhos ruins? É tudo parte do mesmo "pacote". 

O Deus que servimos se preocupa com você. E você é importante para Ele. E essa é uma realidade que deve alimentar sua gratidão a Ele.

Com carinho

sábado, 23 de maio de 2020

EVANGELIZAR É UM ATO DE AMOR


Hoje vamos falar sobre a importância do ato de evangelizar. E isso não é uma escolha nossa, algo que podemos fazer ou deixar de fazer conforme nossa vontade e conveniência. A necessidade de evangelizar é um mandamento dado pelo próprio Jesus - veja o que diz Marcos capítulo 16, versículo 15:
Indo por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura
O mandamento contido no versículo acima é conhecido (no jargão teológico) como a Grande Comissão. Esse mandamento é simples: temos obrigação de falar sobre o Evangelho de Cristo para pessoas não convertidas com as quais viermos a encontrar. 

A Grande Comissão é extremamente importante, mas, infelizmente, poucas pessoas se empenham de fato em obedecê-la. E o pior é que as pessoas ficam encontrando desculpas para si mesmas, tentando justificar o que deixam de fazer e acalmar suas consciências. Vejamos o que está por trás dessas situações:

1. Preservação da própria imagem 
Há cristãos que se sentem constrangidos por precisar falar sobre o Evangelho com quem não for convertido, pois têm medo de sofrer críticas e/ou serem rejeitados por quem vierem a abordar. Em outras palavras, esses cristãos querem preservar sua imagem e não serem vistos como fanáticos, incômodos ou outras coisa assim.

Cristãos com esse comportamento frequentemente acabam por se auto-enganar, alegando, por exemplo, não ter tempo para falar do Evangelho. Há até quem crie desculpas mais sofisticadas, alegando que não falam diretamente sobre Jesus, mas usam estratégias alternativas para evangelizar. 

Tempos atrás, durante uma aula de Escola Bíblica Dominical, uma senhora alegou que preferia falar do Evangelho usando seu próprio exemplo de vida pessoal como referencia. E fez essa declaração mostrando-se muito satisfeita consigo mesma. Ora, essa atitude não é bíblica - nenhum dos apóstolos fez isso. 

É claro que o testemunho das vidas dos cristãos é importante, pois comprova o impacto do Evangelho na vida deles, depois de se converterem. Mas, o foco da mensagem precisa ser sempre a figura Jesus e apenas o testemunho da própria vida não consegue fazer isso. Afinal, mesmo as pessoas mais avançadas espiritualmente são referencias imperfeitas, pois elas também pecam, menos que as outras pessoas, mas ainda assim estão longe de serem perfeitas. A única referencia perfeita é o próprio Jesus.

Quem faz atua assim, na verdade tem vergonha de falar do Evangelho, pois quer se preservar de críticas ou incompreensões. Só isso.

2. Falta de conhecimento 
Muita gente alega ter falta de conhecimento da Bíblia para dizer aquilo que é necessário sobre Jesus, inclusive para rebater os argumentos contrários ao Evangelho. 

Essa justificativa é até razoável no início da vida espiritual de uma pessoa, nos primeiros tempos após sua conversão, quando ela ainda está sendo discipulada e aprendendo coisas básicas do cristianismo. Foi isso que aconteceu com o apóstolo Paulo, por exemplo, já que, após sua conversão, ele ficou três anos se preparando, antes de começar seu ministério de pregação do Evangelho. 

Agora, é comum encontrar cristãos com muitos anos de vida espiritual ainda usando essa mesma desculpa - conheço vários casos assim. E é claro que há algo errado aí. Na verdade, falta a essas pessoas dedicação e compromisso para se preparar para obedecer à Grande Comissão, estudando as doutrinas básicas do cristianismo. Preferem continuar a viver sua vida espiritual de forma passiva, só recebendo e não se preocupando em dar algo de si para os outros. 

3. Necessidade de encontrar o momento certo 
Tem gente que se justifica dizendo ser difícil encontrar o momento certo para falar do Evangelho. Alegam, por exemplo, que não podem fazer isso no trabalho, pois ali não seria lugar para falar sobre Jesus. Quando estão com convivendo secamente com amigos, não querem incomodar, falando sobre salvação ou pecado. E em família, os assuntos são outros e a chance de falar sobre Jesus parece nunca aparecer. O momento certo de evangelizar nunca chega, pois sempre há algo no caminho.

Na minha experiência, quando a pessoa decide mesmo se tornar disponível para falar sobre Jesus, a oportunidade sempre acaba aparecendo, pois quem cidade de gerar as oportunidades certas é o Espírito Santo. Às vezes, entro num táxi e começo a jogar conversa fora com o motorista e, quando me dou conta, o assunto já é Jesus. E o motorista está me fazendo perguntas sobre o Evangelho. O mesmo acontece quando vou numa festa familiar ou estou com amigos. É como se houvesse uma força invisível que puxa a conversa para esse lado e coloca Jesus como o centro das atenções. 

A evangelização como ato de amor
Evangelizar é um mandamento, não há dúvida quanto a isso. E, além da obediência, uma outra razão importante para fazer isso: trata-se de um ato de amor ao próximo.

Eu me explico. O Evangelho é a coisa mais preciosa que existe para qualquer ser humano - é como um tesouro que encontramos ao longo da vida. Ora, se o Evangelho é tão precioso assim, você deve ter vontade de reparti-lo com quem ama. Falar do Evangelho, portanto, é um ato de amor. 

Não fique encontrando desculpas para acalmar sua consciência por não falar sobre o Evangelho e assuma um compromisso de vida real com a Grande Comissão. Não tenha vergonha e nem preguiça de falar sobre Jesus, sempre que for possível. E saiba que você acabará por fazer grande diferença na vida de muitas pessoas.

Com carinho

quinta-feira, 21 de maio de 2020

O INTERESSE DOS OUTROS

O interesse dos outros deveria ser muito importante para nós - esse é um ensinamento que vem do próprio Jesus. Foi Ele que nos apontou a importância desse caminho e fez isso não apenas com suas palavras, mas também, e principalmente, através do seu próprio exemplo.

De fato, quando esteve entre nós, Jesus demonstrou enorme humildade. É isso que está explicado no texto de Filipenses capítulo 2, versículos 1 a 11, onde o apóstolo Paulo  esclareceu que Jesus se esvaziou da sua glória e majestade, como Filho de Deus, para poder verdadeiramente viver uma natureza humana. Sem esse exercício de humildade, não teria sido possível para Jesus viver entre nós.

E nunca podemos esquecer que Jesus se humilhou, aceitando uma morte terrível na cruz, para poder assumir a condição de nosso salvador.
Vivendo sempre de forma humildade, Jesus nos ensinou também, pelo seu exemplo, a servir o próximo, ao invés de ficar esperando sermos servidos e atendidos nas nossas necessidades pelas outras pessoas.

Em outras palavras, devemos primeiro olhar para os interesses das outras pessoas, deixando de nos concentrar exclusivamente no nosso próprio interesse. 

E aí está o tema do meu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

terça-feira, 19 de maio de 2020

O VERDADEIRO SAL DA TERRA


Jesus, durante o Sermão do Monte, disse que seus seguidores deveriam ser o sal da terra (Mateus, capítulo 5, versículo 13). E esse ingrediente, naquela época, era muito importante pois não só dava sabor como ajudava a conservar os alimentos.  Logo, Jesus quis dizer que seus seguidores deveriam ser importantes para o mundo, fazer a diferença nele.
Hoje essa expressão parece que perdeu seu significado original. Por exemplo, tempos atrás o jornal Irish Sun da Irlanda fez uma reportagem para mostrar quem é o sal da terra hoje em dia. Uma das pessoas citadas foi Angelina Jolie por causa das suas campanhas humanitárias.
Já o jornal Montreal’s Gazette do Canadá afirmou que o jogador Brenden Morrow, líder do time canadense campeão olímpico de hóquei em 2010, era o sal da terra por sua bravura e resiliência.  Já o clube de futebol inglês Burnley tem a seguinte frase na sua declaração de princípios: “Nós somos... sal da terra... um clube que tem sensibilidade para o momento atual de dificuldades da Inglaterra e que pode ser o segundo time de todos...” 

Será que Jesus chamaria essas pessoas de sal da terra ou diria que um clube de futebol tem essa qualidade? Claro que não. Para Jesus, a pessoa que é verdadeiramente sal da terra não precisa ser bonita, charmosa, vitoriosa, carismática ou mesmo ter feito boas obras para gerar repercussão favorável na mídia. 
Sal da terra é quem contribui para a implantação do reino de Deus neste mundo. Trata-se de alguém que luta contra a pobreza, a injustiça, a desigualdade social, etc, sem se preocupar em aparecer ou ganhar recompensas. É também quem fala do Evangelho de Jesus e contribui para colocar as pessoas no caminho da salvação. 
Sal da terra foi o apóstolo Paulo, que levou o Evangelho a locais longínquos do Império Romano e sofreu muita perseguição para desempenhar sua missão. Foi também John Wesley, que andou a cavalo o equivalente a três voltas ao mundo para pregar a palavra de Deus na Inglaterra e, nesse processo, mudou a história daquele país. Foi ainda Albert Schweitzer, artista e filósofo renomado, que deixou a vida de conforto na  Alemanha para ser médico de leprosos no interior da África. Ou mesmo madre Teresa de Calcutá, que cuidava das pessoas mais pobres e rejeitadas da Índia.

São também sal da terra as milhares de pessoas abnegadas que pregam o Evangelho diariamente em cadeias, hospitais e comunidades pobres, levando consolo e ajuda aos desesperados, sem esperar ou receber nada em troca. Finalmente, também é sal da terra o pai de duas meninas que perdoou o assassino das filhas, em obediência ao mandamento de Jesus (veja mais).

Que você possa ser também uma pitada de sal neste mundo cada vez mais necessitado da mensagem verdadeira de Jesus e da presença do Reino de Deus.

Com carinho

domingo, 17 de maio de 2020

A LIÇÃO DA CRISE

Qual lição tirar da crise atual? O quê aprender de tudo que está acontecendo? Essas perguntas são interessantes porque as grandes crises costumam gerar consequências importantes. E a crise do coronavírus não será diferente das demais.
A primeira lição que você pode tirar dessa crise parte da constatação que o mundo mudou de forma permanente. Quando a crise passar, as coisas não voltarão a ser o que eram. Muitas coisas passarão a ser feitas de forma diferente. Muitas mudanças vieram para ficar.
Nem todas as mudanças serão boas. Às vezes, as coisas mudam para pior. Por exemplo, a crise gerada pelo ataque terrorista às torres gêmeas de Nova Iorque, em 2001, trouxe enormes mudanças nos procedimentos de segurança para viagens internacionais de avião. Ficou muito mais difícil viajar do que antes. 

Certamente, também ocorrerão mudanças positivas. Por exemplo, a quarentena vem obrigando as famílias a reaprender a conviver de forma mais próxima, com mais intimidade, e isso é bom. 

O mundo futuro não será perfeito, e nem poderia ser, pois a essência das pessoas continua a mesma. E hoje não dá para saber qual será o resultado final de todas as mudança: vamos avançar ou regredir? 

Muitas as mudanças às quais me refiro serão inevitáveis, isto é, elas ocorrerão você concordando, ou não, com elas. O maior rigor na segurança dos vôos internacionais é um bom exemplo de mudança obrigatória. Outro exemplo de mudança inevitável é a transferência de muitas atividades do mundo físico para o virtual. Mais compras serão feitas pela Internet, muitas aulas passarão a ser dadas à distância, haverá aumento na quantidade de pessoas trabalhando em casa e assim por diante. Isso tudo vai acontecer por causa da redução dos custos administrativos, da minimização da necessidade de deslocamentos urbanos e pela diminuição de possíveis riscos de contágio, dentre outras vantagens. E a quarentena funcionou como ensaio geral para a generalização dessa tendência.
Muitas mudanças serão obrigatórias, mas nem todas. Outras mudanças vão depender das suas escolhas. E você vai precisar fazê-las para se adaptar à nova realidade. E, caso você não mude, passará a se sentir como "um peixe fora d’água".
Uma sobrinha minha, psicóloga competente, confessou-me que não gosta de usar a tecnologia que permite reuniões e consultas virtuais. Ela vai precisar aprender a superar essa rejeição. Vai precisar aprender a conviver bem com as novas tecnologias para não ficar ultrapassada.
A segunda lição da crise decorre diretamente da primeira: é preciso aceitar as mudanças, mesmo quando você não gostar delas. Resistir, tornando-se um saudosista do passado, só tornará as coisas piores para você. Só fará sua vida mais difícil.
A Bíblia traz um exemplo muito interessante do perigo do saudosismo cego, quando a mudança é inevitável. O povo de Israel tinha saído do Egito, deixando para trás mais de 400 anos de escravidão. As pessoas tiveram que caminhar muitos anos pelo deserto, antes de entrar na Terra Prometida. E, periodicamente, o povo começou a  se queixar de Deus e de Moisés. Veja o relato de Números 11:4-10:
Um bando de estrangeiros que havia no meio deles encheu-se de gula, e até os próprios israelitas tornaram a queixar-se, e diziam: "Ah, se tivéssemos carne para comer! Nós nos lembramos dos peixes que comíamos de graça no Egito, e também dos pepinos, das melancias, dos alhos porós, das cebolas e dos alhos. Mas agora perdemos o apetite; nunca vemos nada, a não ser este maná!” O maná era como semente de coentro e tinha aparência de resina e o povo o colhia nas redondezas, e o moía num moinho manual ou socava-o num pilão; depois cozinhava o maná e fazia bolos. O gosto era de bolo amassado com azeite de oliva. Quando o orvalho caía sobre o acampamento à noite, também caía o maná. E Moisés ouviu gente de todas as famílias se queixando, cada uma à entrada de sua tenda.
O povo de Israel ficou olhando para trás e se esqueceu do sofrimento passado no Egito, durante a escravidão. E os israelitas acabaram fazendo pouco das bênçãos que Deus estava derramando sobre eles. Uma dessas bênçãos era o maná, o pão caído do céu. Como o deserto não tinha comida, Deus mandava diariamente o maná. Ao invés de serem gratos, os israelitas começaram a reclamar que a comida no Egito era melhor e mais variada! Desprezaram a dádiva de Deus.
O povo de Israel foi ingrato com Deus e Moisés, um pecado terrível. E isso também pode acontecer com você, caso você caia numa posição de inconformidade com as mudanças. Aí, você pode facilmente perder a perspectiva do que Deus faz na sua vida.
O terceiro ensinamento é tirado bem do começo do texto de Números citado acima, na parte onde são citados os "estrangeiros". Quando os israelitas saíram do Egito, muitos estrangeiros viajaram com eles. Essas pessoas tinham visto o poder de Deus, demonstrado durante vários eventos extraordinários, como as pragas e a abertura do mar, e concluíram ser bom ficar do lado de uma divindade tão poderosa. Mas, esses estrangeiros não eram convertidos de fato a Deus. 

E, quando eles foram surpreendidas pelas dificuldades inesperadas durante o trajeto até a Terra Prometida, foram os primeiros a reclamar e, ainda pior, influenciaram o povo de Israel a fazer o mesmo. 

Você sempre terá ao seu lado pessoas que não seguem sua fé - os “estrangeiros". Elas fazem parte da sua vida e não há nada de errado com isso. Mas, tenha cuidado com aquilo que essas pessoas falam e recomendam, pois elas não têm perspectiva da presença de Deus na sua vida. Os “estrangeiros" podem facilmente desencaminhá-lo, especialmente nos momentos de maior dificuldade.

A quarta lição talvez seja a mais importante. Como já comentei, há mudanças que dependerão das suas escolhas. E isso significa ajustar suas prioridades pessoais - definir aquilo que é importante na sua vida, quais hábitos enfatizar e quais deixar para trás. Assim, você precisa aprender a selecionar as prioridades certas. Mas, como fazer isso? 
Acho que essa resposta passa por um dos dois grandes mandamentos dado por Jesus, na chamada “Lei do Amor” (Lucas 10:25-28):
Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento.
Deus deixou de ser a coisa mais importante na vida da maioria das pessoas. Um monte de outras coisas passaram a ser mais importantes do que Ele, como família, emprego, lazer e posição social. Até times de futebol do coração passaram a andar na frente de Deus.

É por isso que uma das desculpas que mais ouço, quando incentivo algumas pessoas a trabalhar na obra de Deus, é que lhes falta tempo. Ou seja, Deus não vem em primeiro lugar.  

Suas prioridades talvez precisem mudar, com Deus sendo colocado em primeiro lugar, balizando sua vida e inspirando suas escolhas. E, se isso acontecer, suas decisões serão sempre para melhor.
Concluindo, a primeira lição dessa crise é que o mundo vai mudar bastante, mas nem todas as mudanças serão boas. Existirão mudanças obrigatórias e outras que vão depender de você. 
A segunda lição é não ficar agarrado ao passado, pois isso nada gera de produtivo. E, sobretudo, nunca deixar de perceber a presença de Deus na sua vida, mesmo naquilo que você não gosta ou não concorda. Cuidado para não ser ingrato.

A terceira lição é cuidado com os conselhos dos “estrangeiros” - as pessoas presentes na sua vida que não se apoiam em Deus. Elas podem facilmente desencaminhá-lo, especialmente nos momentos de maior dificuldade, como nas travessias dos “desertos" da vida.

Finalmente, há mudanças que vão depender das suas escolhas, isto é, das prioridades determinadas por você mesmo. E para poder escolher bem, você precisa aprender a colocar Deus em primeiro lugar, deixando que tudo o mais seja decorrência disso.

Com carinho

sexta-feira, 15 de maio de 2020

A BÍBLIA E AS LENDAS URBANAS


Lendas urbanas são relatos que aparecem meio do nada e, alguns deles, de tão repetidos, acabam por ser considerados como verdades. 

Basta passear pela Internet para ler "relatos" que são apresentados como reais de pessoas que teriam sido drogadas para terem seus órgãos roubados ou de trabalhador que caiu vivo num tonel de suco (ou refrigerante) e foi dissolvido, ou mesmo estórias de assaltos bizarros. E quem conta essas, jura que os fatos são verdadeiros. Mas, não são...
 
Infelizmente, também há diversas lendas urbanas que usam a Bíblia como ponto de partida e suporte. São relatos falando de coisas que não estão relatadas no texto bíblico, mas acabam sendo tomados como verdades absolutas. Vejamos quatro exemplos bem conhecidos desse tipo de coisa:
1. Jonas foi engolido por uma baleia?
O profeta Jonas recusou a missão que lhe foi dada por Deus - ir pregar em Nínive para que o povo assírio se arrependesse. Para se esconder de Deus, Jonas embarcou num navio em direção contrária àquela em que precisava ir.
E Deus mandou uma grande tempestade que só foi acalmada quando o profeta foi atirado ao mar por seus companheiros de viagem - veja o relato do que aconteceu conforme Jonas capítulo 1, versículos 15 a 17:
E levantaram Jonas, e o lançaram ao mar; cessou o mar da sua fúria... Separou o SENHOR um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites no ventre do peixe. 
A lenda diz que Jonas foi engolido por uma baleia, mas repare que no texto acima a Bíblia fala num peixe. Ora, baleias não são peixes e sim cetáceos (mamíferos), logo não foi uma baleia que engoliu Jonas.

Por que, então, esse ato é atribuído a uma baleia? Simples, porque as baleias são os maiores seres viventes no mar e várias espécies delas são grandes o suficiente para engolir um homem inteiro.  Em outras palavras, a lenda da baleia que engoliu Jonas nasceu da tentativa de harmonizar o relato da Bíblia com aquilo que se conhece sobre a natureza, sem precisar recorrer a um milagre.

E não há porque fazer isso. Afinal, qual seria a dificuldade para Deus, que criou o universo, formar um peixe grande o suficiente para conseguir engolir Jonas? Acredito que Ele não  teria qualquer dificuldade para fazer isso.
2. Os três reis magos visitaram Jesus na manjedoura?
Outra, dentre as lendas urbanas bíblicas, é a presença dos reis magos no presépio de Natal. O presépio tradicional mostra Jesus deitado na manjedoura, cercado por José, Maria, os animais, os pastores e os três reis magos (oferecendo presentes) - é uma cena que está na mente de todo mundo. É uma imagem linda.
Mas, talvez você não saiba que essa cena nasceu de uma lenda, pois a Bíblia não fala exatamente isso. Na verdade, os reis magos visitaram Jesus vários dias depois do seu nascimento. Vejamos o texto que descreve essa visita em Mateus capítulo 2, versículos 1 a 12:
... E perguntavam [os magos]: Onde está o recém-nascido Rei dos Judeus? Porque vimos sua estrela no Oriente, e viemos adorá-lo... [Responderam] em Belém da Judeia, porque assim está escrito por intermédio do profeta... Eis que a estrela que viram no Oriente os precedia, até que chegando parou sobre onde estava o menino... Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se o adoraram; e abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra.
O texto deixa claro que os magos foram primeiro a Jerusalém e falaram com o rei Herodes e os principais sacerdotes judeus, perguntando-lhes sobre Jesus. Só depois foram até Belém encontrar Jesus. O texto ainda diz que eles visitaram o recém-nascido numa casa, enquanto  Jesus nasceu numa estrebaria. 

Na verdade, enquanto os magos tentavam chegar até Jesus, José já tinha conseguido levar sua família para um lugar melhor, tirando-a daquela estrebaria horrível, à qual ele tinha recorrido num momento de desespero, pois não havia lugar disponível em Belém, na noite em que Jesus nasceu.
 
E foi nessa casa, para onde a família tinha ido, que os magos visitaram Jesus. Portanto, a imagem dos reis magos presentes na cena da manjedoura é linda, mas não passa de uma lenda.
3. Paulo caiu do cavalo na estrada para Damasco?
O apóstolo Paulo, perseguiu os cristãos antes de se converter, conforme o relato do Atos dos Apóstolos. E vários cristãos morreram por causa dessa perseguição, dentre os quais o diácono Estevão (o primeiro mártir cristão).
Certo dia, ainda antes de se converter, Paulo foi de Jerusalém para Damasco, seguindo ordem dos principais sacerdotes judeus. A ideia era que Paulo liderasse a perseguição aos cristãos em Damasco. No caminho, Paulo teve uma visão de Jesus - veja o texto em Atos dos Apóstolos capítulo 9, versículos 1 a 9:
Seguindo ele [Paulo] estrada a fora, ao aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou a seu redor, e caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues... 
Essa visão mudou a vida de Paulo, que se tornou o mais importante dentre os apóstolos - escreveu quase metade do texto do Novo Testamento, fundou inúmeras igrejas e levou o cristianismo até os gentios (os não judeus).

Mas, reza a lenda que Paulo viajava montado num cavalo e caiu ao ter a visão de Jesus - vem daí a expressão "cair do cavalo" para indicar o momento em que a pessoa perde o controle da situação.

Repare que o texto bíblico não fala em cavalo. Naquela época, quase todas as pessoas, exceto as mais ricas, viajavam a pé, contando, no máximo, com jumentos para carregar a bagagem. Portanto, é muito mais provável que Paulo estivesse viajando a pé e não caiu de cavalo nenhum. 
4. Maria Madalena foi prostituta?
Maria Madalena foi pessoa muito importante na história do cristianismo. Liderou um grupo de mulheres que deu apoio, inclusive financeiro, a Jesus e seus discípulos. E foi ela a primeira pessoa a ver e falar com Jesus depois da ressurreição. 
A importância dessa mulher foi tamanha que surgiram várias lendas sobre ela, incluindo um pseudo casamento com Jesus (o livro "O código da Vinci" explora essa lenda). 

Outra lenda afirma que Maria Madalena foi uma prostituta antes de se converter. Ora, em lugar nenhum a Bíblia fala disso. O texto bíblico diz, apenas, que Madalena foi libertada por Jesus da influência de sete demônios (Lucas capítulo 8 versículo 2). E possessão não tem nada a ver com prostituição - conheço diversas mulheres que foram libertas de possessões e nunca foram prostitutas. 

A lenda que coloca Maria Madalena como prostituta foi construída no século VI da nossa era, quando alguns teólogos afirmaram que ela foi a mulher que lavou os pés de Jesus com suas lágrimas. Vejamos o que a Bíblia fala sobre isso em Lucas capítulo 7, versículos 36 a 50:
... E eis que mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele [Jesus] estava à mesa na casa do fariseu... estando por detrás, a seus pés, chorando, regava-os com as suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos... 
Repare que o texto não identifica Madalena como essa mulher prostituta. Portanto, não há base para afirmar que Madalena teria exercido tal profissão. E tanto é assim que estudos recentes mostraram que essa confusão foi proposital para reduzir a importância de Madalena na história cristã, que incomodava muita gente. Ou seja, essa lenda é fruto de machismo puro e simples.  
Comentários finais
Citei aqui apenas quatro dentre as várias lendas urbanas construídas usando a Bíblia como o caso. Muitas, como o caso do cavalo inexistente de Paulo ou a visita dos reis magos à manjedoura, não têm maior consequência teológica. Merecem ser citadas mais pela curiosidade que levantam, do que pelos problemas causados. 
Mas, outras lendas urbanas bíblicas têm importância sim. Dizer que uma baleia engoliu Jonas reduz o tamanho do milagre que Deus fez. Atribuir o pecado da prostituição à Maria Madalena diminui o legado dela, reproduzindo uma visão machista. Erros assim não são inocentes e precisam ser combatidos. 

Com carinho  

quarta-feira, 13 de maio de 2020

NÃO MEDO, MAS FÉ

Medo e fé são como duas faces de uma mesma moeda. Quando o medo bate à porta, a única resposta que realmente pode ser dada para ele é o exercício da fé. Somente exercendo a confiança em Deus e acreditando que Ele está no controle, e vai nos levar por caminhos certos, torna possível para nós vencer o medo. Somente essa confiança pode evitar que fiquemos paralisados quando o medo chega.

A Bíblia está cheia de exemplos de situações onde a fé conseguiu vencer o medo. E um deles está descrito nos capítulos 13 e 14 do livro de Números.

O povo de Israel se preparava para entrar na Terra Prometida, depois de sair da escravidão no Egito e passar um período no deserto. Ao se preparar para entrar em Canaã, Israel ficou sabendo, por conta do relato de uns espias que tinham sido mandados adiante, que iria enfrentar inimigos muito poderosos.

Bateu o medo e somente a confiança na proteção divina foi capaz de evitar que aquele povo ficasse paralisado e deixasse de ir em busca da promessa de Deus.

É sobre isso que falo no meu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

segunda-feira, 11 de maio de 2020

O DESAFIO DA GRAÇA DE DEUS


Hoje eu vou falar da graça de Deus. Hoje em dia é muito comum a ideia que não há um único caminho para nos levar até Deus. Vários caminhos (religiões) conseguiriam o mesmo resultado que o cristianismo.
Por mais simpática e inclusiva que essa ideia possa parecer, esse não o ensinamento da doutrina cristã. A Bíblia diz que ninguém vai até Deus sem passar por Jesus (João capítulo 14, versículo 6). E, por causa disso, cada vez mais o povo cristão é desafiado a demonstrar porque sua crença seria especial.
Acredito que a resposta para esse desafio é simples: o que nos diferencia é a ideia da graça de Deus. Afinal, esse é o ensinamento que o cristianismo traz diferente de todas as outras religiões. E se nenhuma outra religião fala sobre a graça de Deus, esse conceito deve resumir tudo aquilo que o cristianismo tem de melhor para oferecer. 

A graça de Deus é uma coisa que ninguém fez por merecer – ela existe e é derramada sobre nós porque Deus assim o quer. Só por isso.

A graça é gerada e alimentada pela misericórdia e o amor de Deus por nós. E é por essa graça, e nunca pelos próprios méritos, que as pessoas ganham acesso a Deus, sendo reconciliadas com Ele, apesar dos seus pecados.
Esse processo funciona assim: todos os seres humanos pecam e, portanto, não conseguem agradar a Deus de forem levados em conta somente os seus próprios méritos. Em outras palavras, pelas próprias obras, ninguém consegue chegar até Deus.
A alternativa estabelecida por Deus para superar essa incapacidade do ser humano foi a graça dele mesmo, através do sacrifício de Jesus na cruz, quando Ele tomou sobre si a punição que deveria ser de cada pessoa.

Assim, toda pessoa que reconhecer seus pecados, arrepender-se deles e aceitar Jesus como seu Salvador, é perdoado, mediante essa mesma graça, e pode ser salva (João capítulo 3, versículo 16).

Nenhuma outra religião defende esse tipo de conceito. Algumas religiões - por exemplo, o budismo e o espiritismo - pregam um processo de aperfeiçoamento constante do ser humano, obtido ao longo de múltiplas vidas. As pessoas vão melhorando aos pouco, na base da tentativa e erro. E terão tantas chances (novas vidas) quantas forem necessárias para fazer o aprendizado necessário. 

Essa linha de pensamento defende que, na verdade, as pessoas salvam a si mesmas, através dos seus próprios méritos. E a graça de Deus deixa de ser necessária - na verdade, não espaço para ela. 
O desafio da graça
Mas, aqui cabe uma pergunta importante: por que a graça é necessária? Simplesmente porque um esquema baseado no mérito, onde as pessoas conquistam sua própria salvação pelos seus atos meritórios, não é viável. 
E a razão é simples. Os requisitos de Deus para a salvação do ser humano são muito grandes. Eles estão definidos na Lei transmitida aos israelitas por Moisés (como os Dez Mandamentos), registrada nos cinco primeiros livros da Bíblia, posteriormente detalhada por diversos profetas no restante do Velho Testamento, e modificada e ampliada por Jesus, Paulo e outros escritores do Novo Testamento. São esses mandamentos que Deus espera que as pessoas cumpram para viver uma vida aceitável a seus olhos. 

Conforme já disse, o problema está no fato que esses requisitos são impossíveis de preencher. Por exemplo, basta pensar na exigência de "amar o próximo como a si mesmo". Você conhece alguém que faz isso completamente? Eu não conheço.

Quando a pessoa se conscientiza que não consegue agradar a Deus pelos seus próprios méritos, costuma vir à sua mente uma pergunta: “O que devo fazer, então, para ser salvo/a?”. E a resposta de Deus é a sua graça: se a pessoa reconhecer seus pecados e aceitar essa graça (isto é, afirmar Jesus como seu Salvador), terá acesso a Deus. 
Parece fácil, não é? Afinal, como diz um famoso ditado: “de graça, até injeção na veia...”. Portanto, deveria ser fácil para todo mundo aceitar a graça de Deus. Por que então tanta gente resiste a ela?
O problema é que, ao aceitar a graça, as pessoas precisam também aceitar outras coisas que fazem parte do "pacote", ou seja, sendo consequência direta dessa graça. E isso muita gente não quer fazer.

Primeiro, porque aceitar a graça é também aceitar a soberania de Deus, isto é, reconhecer que Ele tem direito de salvar quem quiser. Como a salvação vem sem mérito pessoal, Deus tem tal direito e ninguém pode questionar o que Ele vier a decidir.

Mas, muitas pessoas querem manter sua autonomia e questionam as escolhas de Deus. Acham injusto que gente boa (aos seus olhos) não seja salva e quem parece não merecer (como o ladrão que estava ao lado de Jesus na cruz e aceitou Jesus no último momento, conforme Lucas capítulo 23, 39 a 43) seja aceito por Deus. Para essas pessoas, Deus é injusto.

Outro aspecto que afasta as pessoas da graça é a percepção que a fé em Cristo é um requisito. E essa fé não é, como pode parecer à primeira vista, uma simples declaração de intenções feita num momento de emoção, como muitas vezes ocorre depois da pessoa ouvir uma pregação e um louvor inspirados. 

A fé verdadeira precisa mudar a pessoa, transformar sua forma de ser e viver. Em outras palavras, essa fé precisa gerar obras (Tiago capítulo 2, versículos 14 a 26). Não são as obras que salvam, mas elas são um termômetro da fé - se as obras não existem, a fé da pessoa não está viva.
E muitas pessoas não querem mudar. Não desejam deixar seus caminhos e até seus pecados "de estimação". Simples assim. E essa provavelmente é a causa mais comum das pessoas não seguirem pelo caminho da graça. 
Concluindo, a graça de Deus é aquilo que torna o cristianismo especial. Não existe nada que seja igual. 

Não há dúvida que aceitar essa graça é um desafio e esse é o verdadeiro desafio de ser cristão.

PS Ver mais sobre esse mesmo tema aqui.

Com carinho

sábado, 9 de maio de 2020

O USO DE SÍMBOLOS


O uso de símbolos é uma das coisas que diferencia o ser humano dos demais animais. Por exemplo, todos os animais se alimentam, mas apenas seres humanos fazem refeições à luz de velas, com música ambiente, para criar um clima romântico. Animais alimentam-se exclusivamente para matar a fome, mas os humanos,  frequentemente, dão ao ato de comer um significado simbólico importante. 

Estudos sociológicos demonstraram que os símbolos ajudam a dar sentido à vida humana. Por exemplo, eles ajudam a criar um sentido de identidade - por exemplo, bandeiras nacionais são muito mais do que simples pedaços de pano coloridos, já que representam nações.
E é interessante perceber que Deus fez um grande uso dos símbolos para tornar sua relação com os seres humanos mais concreta. Isso porque Ele sabia que não é fácil para as pessoas se relacionarem de forma próxima com um Ser invisível. 
Alguns símbolos que Deus estabeleceu
Há símbolos estabelecidos por Deus tanto no Velho Testamento, como no Novo Testamento, O primeiro grupo é mais voltado para o povo de Israel, enquanto o segundo grupo é voltado para os seguidores de Cristo.  
Vou citar três exemplos no Velho Testamento. O primeiro deles é o arco-iris, que simboliza o compromisso de Deus de não mais destruir o mundo através de um dilúvio (Gênesis capítulo 9, versículos 12 a 17).

O segundo símbolo é a Arca da Aliança - uma pequena urna, de cerca de 1 metro comprimento por meio metro de largura, feita de madeira, coberta por placas de ouro. Ela simbolizava a presença de Deus em meio ao povo de Israel (Êxodo capítulo 25, versículos 10 a 16).

O terceiro símbolo é a ceia da Páscoa (Êxodo capítulo 12, versículos 1 a 28), cerimônia na qual cada família judaica come um cordeiro assado, acompanhado de ervas amargas e pães sem fermento, simbolizando a libertação de Israel do cativeiro no Egito, depois das dez pragas. 

No Novo Testamento, Jesus estabeleceu a Santa Ceia como um símbolo do seu sacrifício em prol da salvação da humanidade: O pão representa seu corpo e o vinho seu sangue. E Ele nos ordenou tomar a Santa Ceia regularmente para nos lembrarmos sempre desse sacrifício (Mateus capítulo 26, versículos 26 a 29).

Já o batismo simboliza a morte de quem se converte para a velha vida, dominada pelo pecado, e o nascimento de nova existência, em Jesus Cristo (Atos dos Apóstolos capítulo, versículos 37 a 41). 
Outros símbolos cristãos
Agora, nem todos os símbolos cristãos normalmente usados por nós foram estabelecidos diretamente por Deus. Ao longo da história, os líderes cristãos perceberam a importância desse tipo de recurso e estabeleceram alguns símbolos, como a cruz vazia, que identificam o cristianismo em qualquer lugar do mundo. 
No início da sua história, o cristianismo era simbolizado pelo peixe, lembrando o chamado de Jesus para sermos pescadores de seres  humanos. 

A chama passou a simbolizar o Espírito Santo, por conta do dia do Pentecostes, quando o Espírito se manifestou como pequenas chamas pousadas sobre a cabeça das pessoas (Atos dos Apóstolos capítulo 2, versículos de 1 a 13). Também é muito comum simbolizar o Espírito Santo como uma pomba, lembrando que um pássaro desse tipo apareceu no momento do batismo de Jesus (Lucas capítulo 3, versículos 21 e 22).
O problema com os símbolos
Conforme já disse, símbolos são coisas muito importantes e geram grande impacto sobre as pessoas. O problema é que eles são, muitas vezes, abusados.
A primeira forma de abuso é a instituição de símbolos indevidos. Por exemplo, as relíquias humanas - línguas, pedaços de ossos, cabelos - atribuídas a santos, veneradas pela Igreja Católica. Não me parece que tais itens sejam símbolos saudáveis da vida de pessoas santas e da fé cristã.
A segunda forma de abuso é a atribuição aos símbolos de um papel que eles não podem ter. Muitas vezes as pessoas são levadas a considerar símbolos como coisas sagradas, quando não são. Tal tipo de postura pode levar à idolatria, coisa que a Bíblia expressamente condena. 
Aliás, Deus demonstrou preocupação com essa possibilidade, segundo conta a Bíblia. Por exemplo, Ele orientou o rei Ezequias que  destruísse a serpente de bronze, feita por instrução do próprio Deus, dada a Moisés, para imunizar os judeus contra picadas de cobra, durante a jornada do povo pelo deserto do Sinai. Aquele artefato tinha virado uma relíquia adorada pelos judeus. Pela mesma razão, Deus nunca revelou o local onde Moisés foi enterrado (Deuteronômio capítulo 34, versículos 5 e 6).

A terceira forma de abuso dos símbolos é seu uso visando obter poder ou tirar vantagens indevidas. Por exemplo, o governador romano da Judeia, na época de Jesus, mantinha sequestrado a vestimenta cerimonial que o sumo-sacerdote judeu precisava usar quando dirigia determinadas cerimônias, como o Dia do Perdão. Com isso, o governador garantia a obediência dos líderes religiosos judeus. 

Interesses financeiros escusos também podem gerar esse tipo de abuso. Por exemplo, ainda na época de Jesus, os principais sacerdotes judeus cobravam uma taxa anual de todo homem judeu adulto para garantir-lhes acesso ao Templo de Jerusalém, o centro simbólico da religião judaica.  

E continuamos a ver o mau uso dos símbolos cristãos hoje em dia. Por exemplo, na imposição de restrições indevidas para que as pessoas recebam os sacramentos (batismo ou ceia) ou na venda de relíquias sem sentido (por exemplo, água "miraculosa" do rio Jordão ou óleo "ungido" por essa ou aquela pessoa). 
Palavras finais
Precisamos de símbolos para ajudar a estabelecer nossa identidade, para encontrar sentido no mundo que nos cerca e, especialmente, para nos sentirmos mais próximos de Deus. 
Símbolos, quando bem usados, são muito importantes - na verdade, não podemos viver sem eles. E o próprio Deus recorreu com frequência a eles.

O perigo mora no abuso dos símbolos, para gerar situações de poder, para adquirir vantagens pessoais indevidas ou para controlar coisas ditas sagradas. Portanto, muito cuidado com isso. 

Veja mais sobre esse tema aqui.
Com carinho

quinta-feira, 7 de maio de 2020

NÃO SE PODE SERVIR A DOIS SENHORES


Hoje eu vou falar dos dois senhores que costumam se revezar na vida das pessoas. E veja o texto bílico que vai embasar a minha discussão:

Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração..."Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro. Mateus capítulo 6, versículos 19 a 24

Muitas pessoas pensam que nesse ensinamento Jesus falou contra a pessoa juntar riquezas, indicando que quem fizesse isso, estaria pecando aos olhos de Deus. Mas não creio que esse seja o ensinamento real. Eu me explico.

A palavra chave nesse texto é "tesouro", que significa algo extremamente valioso, de valor maior que qualquer outra coisa que a pessoa possa ter. E Jesus disse para não juntarmos "tesouros" na vida terrena e isso significa não termos nessa vida coisas materiais mais valiosas do que tudo o mais, inclusive as coisas espirituais.

Esses "tesouros" na vida da pessoa podem ser de naturezas diversas, sendo os bens materiais (dinheiro, propriedades, etc) a coisa mais comum. Mas o ensinamento não se limita a isso, pois cobre também a glória deste mundo (como a fama), a posição social e outras coisas assim.

Jesus alertou que onde estiverem os "tesouros" da pessoa, aí também estará seu "coração". Para entender bem o significado dessa declaração, é importante saber primeiro o significado da expressão "coração" no tempo de Jesus. 

Hoje em dia, quando a pessoa toma uma decisão baseada nos sentimentos, diz-se que ela usou o "coração". Ou seja, o "coração" funciona como a sede dos sentimentos humanos. Mas na época de Jesus não era bem assim: o "coração" era a sede da mente. Como prova do que acabei de falar, analise essa conhecida frase de Paulo: 

Se, com tua boca, confessares que Jesus é Senhor, e creres em teu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Romanos capítulo 10, versículo 9

Esse é o ensinamento clássico fala sobre a condição para qualquer pessoa ser salva, que é a fé em Jesus Cristo como seu Salvador. E Paulo referiu-se a "crer no coração" e se ele entendesse "coração" como fazemos hoje, o significado dessa frase seria que a pessoa deveria crer em Jesus com base nos seus sentimentos. Mas isso não faz sentido, pois a fé não vem assim. 

As pessoas creem com base na sua mente, ou seja, com base naquilo que entendem e sobre o qual adquirem convicção. Sendo assim, a declaração de Paulo passa a fazer todo sentido, sendo o "coração" a sede da mente. 

Voltando ao ensinamento de Jesus, Ele alertou que onde a pessoa tiver seus "tesouros", aí também estará seu "coração". Ou seja, as coisas que a pessoa de fato valorize - dinheiro, propriedades, fama, posição social, etc - são aquelas que ocupam sua mente e onde ela acaba por depositar sua confiança. 

Jesus ainda alertou que ninguém pode servir dois senhores ao mesmo tempo, pois acabará desagradando a um deles. O significado disso é o seguinte: se a confiança da pessoa estiver nos seus "tesouros", não poderá estar também em Deus. Se ela se tornar dependente das coisas materiais e colocar nelas a sua confiança, não mais precisará ter fé em Deus, pois já se sentirá suficientemente segura.
 
Em outras palavras, quando a pessoa coloca sua confiança em "tesouros" materiais, essas coisas se tornam no seu deus, no seu senhor. E sabemos que não se pode ter outra divindade diante do nosso Deus, conforme ensina os Dez Mandamentos. Logo, essa atitude é pecado.

Foi por isso que Jesus começou falando que a pessoa deve juntar tesouros espirituais, ou seja, aqueles baseados no Reino de Deus, pois esses não são roubados e nem se deterioram. Esses são os verdadeiros "tesouros" que podemos ter.

Jesus ensinou que primeiro a pessoa deve buscar Deus e seu Reino e, a partir daí, pode ter certeza que suas necessidades serão atendidas, conforme está registrado em Mateus capítulo 6, versículo 33. E nunca pode tentar servir a dois senhores.

Com carinho

terça-feira, 5 de maio de 2020

A VEZ

Deus dá vez a cada pessoa para fazer sua obra. Faz isso sempre no momento e na circunstância certos, portanto, adequados para cada caso e para cada necessidade.

E Deus costuma dar vez e empoderar as pessoas mais inesperadas, aquelas que não estavam no nosso radar, aquelas de quem não esperávamos muita coisa. E com isso Ele quase sempre nos surpreende.
E é interessante notar nossa dificuldade em entender essa forma de dele agir. Por exemplo, vamos à igreja e a pessoa que vai pregar não é aquela que gostaríamos de ouvir, aquela pela qual temos preferência ou já estamos acostumados. Ou então percebemos que o louvor não vai ser conduzido por quem parece ter mais talento, na nossa opinião. Em resumo, não era aquilo que esperávamos ao nos dispor a ir à igreja.

E, aí chega a surpresa. Uma frase do pregador ou uma observação simples do responsável pelo louvor naquele momento, nos deixam ver a mão de Deus. Conseguimos perceber a voz dele nos falando algo importante e, mais importante ainda, sua presença nas nossas vidas  fazendo-se notar da forma mais inesperada.

É sobre isso que eu falo no meu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

sexta-feira, 1 de maio de 2020

QUEM É E QUEM NÃO É CRISTÃO

Com frequência as pessoas ficam em dúvida sobre quem é cristão de fato. Sobre quem professa as crenças mínimas que qualquer cristão deve ter.

Essas dúvidas aparecem porque muitas vezes as diferenças entre o cristianismo e outras religiões não são fáceis de identificar, principalmente quando essas outras religiões usam, ou alegam usar, conceitos da doutrina cristã. Isso acontece, por exemplo, com as Testemunhas de Jeová, com os mórmons, com os espíritas e várias outras religiões.

Tomando o caso dos espíritas como exemplo, muitos se consideram porque procuram seguir os ensinamentos de Jesus e até fazem referencia constante ao Novo Testamento (como no caso do livro "O Evangelho segundo Alan Kardek). 

Mas, se olharmos mais de perto, o espiritismo não segue de fato a matriz cristã e fácil de explicar a razão. O principal aspecto do cristianismo é Jesus como o Salvador da humanidade. Ora, o espiritismo não tem o conceito de salvação, logo não há como Jesus ter o papel que o cristianismo dá a Ele.

Para o espiritismo, o espírito de cada pessoa passa por aperfeiçoamentos sucessivos, ao longo de múltiplas vidas (reincarnações), sendo que em cada vida a pessoa paga pelos pecados cometidos nas reincarnações anteriores. E assim vai até a pessoa atingir o nível de aperfeiçoamento pleno, quando não mais é preciso reincarnar. 

Assim, Jesus, para o espiritismo, é apenas um espírito que atingiu o maior nível de desenvolvimento possível ("espírito de luz"), sendo digno de admiração e de ter seus ensinamentos seguidos. Mas Ele não é o Salvador da humanidade. 

Sendo assim, não é possível afirmar que um/a espírita é cristão/ã, pois lhe falta a crença básica do cristianismo. Agora, isso não significa que ele/a seja má pessoa, pois conheço espíritas que são pessoas excelentes. 

A confusão existe também entre as denominações tradicionalmente aceitas como cristãs. Existe muita disputa sobre questões doutrinárias entre elas e, por causa disso, pessoas que deveriam se considerar irmãs na fé, ficam se acusando mutuamente de ensinarem doutrinas erradas e até fazer a obra de Satanás.

É comum que católicos/as não considerem os evangélicos/as cristãos/ãs de fato, por não seguirem a "igreja verdadeira" (a Igreja Católica Romana). E muitos/as evangélicos retribuem afirmando que os/as católicos/as não são cristãos/ãs verdadeiros por causa da idolatria em relação a Maria. Também há evangélicos/as que afirmam não haver salvação se a pessoa não for batizada da forma correta. E assim por diante. 

Nesses casos o erro parece-me estar em dar peso demais a determinados aspectos laterais da doutrina cristã (como a forma de batizar), que muitas vezes nos afastam, e deixar de enfatizar aquilo que nos une, as doutrinas fundamentais (por exemplo, Jesus como Salvador).

Acho que já deu para você perceber que a questão de fundo nessa discussão toda é definir quais doutrinas cristãs são de fato fundamentais, isso é, sem acreditar nelas não é possível caracterizar a pessoa como cristã. 

O ponto de partida parece ser Jesus como Salvador - acreditar e confessar publicamente isso, como o apóstolo Paulo ensinou no capítulo 10 da carta aos Romanos. Mas há mais crenças necessárias para dar sustentação à fé cristã. 

Por exemplo, se existe um Salvador, é porque o ser humano precisa ser salvo de alguma coisa. E essa linha de raciocínio leva à doutrina do pecado humano - sem acreditar que o ser humano tem tendência para o pecado e sempre acaba pecando, não há porque falar em salvação. 

Existe ainda o requisito que o ser humano possa ser responsabilizado pelos pecados que comete e isso só é possível se a pessoa tem liberdade de fazer suas escolhas. E isso aponta para a doutrina do livre arbítrio.

Outra doutrina necessária é a da justiça de Deus, que culmina no Julgamento Final, quando Ele haverá de avaliar tudo que cada ser humano fez e escolher algumas pessoas para permanecerem junto d´Ele (salvação) e outras para ficar longe da sua presença (condenação).

Só para citar mais uma doutrina, só podemos saber sobre o papel de Jesus como Salvador, sobre a justiça de Deus e outras coisas mais porque aprendemos sobre essas doutrinas na Bíblia. E isso é relevante porque acreditamos que a Bíblia é a Palavra de Deus, crença extremamente importante. 

Concluindo, várias crenças adicionais são necessárias para dar suporte ao conceito de salvação. E como você pode ver, essas doutrinas vão se se apoiando umas nas outras - como um edifício sendo construído andar a andar. 

Ser cristão/ã, portanto, é atributo de quem acredita nesse conjunto de doutrinas que culmina no papel de Jesus como nosso Salvador. E se você quiser saber mais detalhes sobre esse conjunto mínimo de doutrinas, veja essa outra postagem

Com carinho