terça-feira, 30 de junho de 2020

NOSSAS TEMPESTADES

Existe uma passagem da Bíblia de que gosto muito. Jesus e os discípulos estavam navegando pelo mar da Galileia, quando uma grande tempestade se abateu sobre o grupo. Tempestades são muito comuns naquele local - o mar da Galileia é, na verdade, um grande lago.

Os discípulos ficaram com medo de morrer e se voltaram para Jesus. E o encontraram desligado de tudo aquilo que estava acontecendo - Jesus simplesmente estava dormindo. Quando Jesus foi acordado, Ele acalmou a tempestade e repreendeu os discípulos, chamando-os de homens de fé pequena.

Eu tive oportunidade de experimentar esse tipo de situação quando minha família estava navegando em um rio, numa viagem que fizemos à Amazônia. Lembro-me bem do medo que sentimos. Eu não era convertido, naquela época, mas provavelmente também sentiria medo hoje em dia.

Existe aí um grande ensinamento para nós: quando as tempestades da vida se abaterem sobre nós, precisamos ter Jesus dentro do barco da nossa vida e confiar nele. Acreditar que Ele vai agir, acalmando essas tempestades. Nos ajudando a encontrar a solução para os problemas que nos afligem tanto. 

E é sobre isso que eu falo no meu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

domingo, 28 de junho de 2020

AS DIFERENÇAS ENTRE OS CRISTÃOS


Vou falar hoje sobre as diferenças entre os cristãos. E não me refiro às diferenças estabelecidas pelas diferentes denominações cristãs (como forma de batizar, governo da igreja e outras coisas assim), mas sim ao que vai na alma das pessoas.
Para você me entender melhor o que estou querendo dizer, vou começar fazendo três perguntas:
  • Até que ponto você acha que Deus se envolve nas questões diárias da sua vida e do mundo?
  • Você acha que Deus julga o que as pessoas fazem?
  • Até que ponto você depende de Deus na sua vida diária?
Essas perguntas são muito importantes porque caraterizam como você de fato se relaciona com Deus. Aí está a raiz das diferenças entre os cristãos.

E é isso que comprova um estudo feito alguns anos atrás - o título do estudo é "O que falamos sobre Deus e o quê isso fala sobre nós" ("What we say about God and what that say about us"). O autor desse estudo, Paul Froese, confirmou que são essas respostas e não os rótulos denominacionais (metodista, presbiteriano, batista, luterano, assembleiano, etc) que de fato diferenciam as pessoas entre si quanto à forma como exercem sua fé. 

É claro que boa parte das respostas a essas três perguntas nasce nos ensinamentos passados pela denominações cristãs. Mas, o estudo revelou que a parte mais importante das respostas que as pessoas dão para essas perguntas é construída por elas mesmas, com base nas suas experiências individuais.

Em outras palavras, essas respostas são construídas em grande parte a partir das respostas de oração que as pessoas receberam ao longo das suas vidas espirituais, das conversas que tiveram com irmãos na fé, dos milagres que eventualmente presenciaram, dos livros que leram, dos sermões que ouviram e assim por diante. 

As experiências individuais acabam formando um quadro mental que define como as pessoas entendem a figura de Deus e isso orienta a forma como constroem seu relacionamento com Ele. Por exemplo, se a pessoa percebe Deus como alguém que interfere muito no dia-a-dia, ela passa a esperar orientações divinas para quase todos os seus problemas e, em consequência, tende dar pouca importância para as eventuais respostas oferecidas pela ciência e/ou a sociedade em geral.

No outro extremo, está a pessoa que acredita em Deus como o Criador do universo, mas pensa que Ele pouco interfere no dia-a-dia do mundo, por pensar que Deus tem mais o que fazer do que ficar se preocupando com os pequenos problemas de cada ser humano. Para quem pensa assim, o universo é como uma "máquina" bem regulada que funciona mais ou menos sozinha, com base nas leis físicas universais estabelecidas pelo próprio Deus. Esse tipo de pessoa tende a ter muito maior receptividade para as soluções produzidas pela ciência e/ou a sociedade e não fica esperando muito por uma orientação de Deus, a não ser para coisas mais sérias. 

Agora, o nível sócio-econômico e a escolaridade das pessoas impactam fortemente a formação das suas experiências individuais e, portanto, o quadro mental que acabam estabelecendo sobre Deus.  Pessoas das classes C/D costumam passar por maiores dificuldades e, por causa disso, tendem a crer num Deus mais severo, julgador e muito mais intervencionista no dia-a-dia. Já as comunidades de classe média tendem a vivenciar um tipo de cristianismo mais liberal e veem intervindo menos no seu dia-a-dia. 

Não é por acaso, então, que a religião cristã praticada na periferia de uma grande cidade brasileira seja tão diferente daquela voltada para um público de classe média. E é possível perceber essa diferença até dentro de uma mesma denominação cristã, quando se visita uma paroquia da periferia e outra situado num bairro mais central. 

A mesma diferença de percepção sobre Deus explica também porque uma mesma mensagem cristã tem impacto tão diverso sobre as diferentes pessoas. Eu percebo isso claramente entre os leitores deste site. Uma mesma postagem fala ao coração de uma pessoa,  mas causa indignação em outra, embora ambas sejam cristãs igualmente sinceras - basta ler os comentários postados no site para confirmar o que acabei de dizer.

Agora, é muito importante você entender que essas diferenças de ponto de vista não impedem que as diferentes pessoas sejam igualmente alcançadas pelo Espírito Santo e pela graça de Deus. Afinal, o que salva a pessoa é sua fé em Jesus e não sua percepção quanto ao fato de Deus interferir mais ou menos na sua vida.  

As diferenças que acabei de descrever têm  sido uma constante na história do cristianismo e precisamos aprender a conviver com elas. Temos que ter sempre em mente que Deus não se deixa conter nas "caixinhas" doutrinárias criadas pelas denominações cristãs ou pelas pessoas.

Ele age quando quer e da forma que melhor deseja. Assim, Deus certamente é misericordioso, mas também pode ser severo. Está sempre disponível, mas apenas para que aqueles que o buscam de forma sincera. O Espírito Santo fala constantemente, mas também pode permanecer silencioso por vários anos. 

A fé cristã pode abrigar igualmente as pessoas que pensam e vivem de forma muito diferente. E é muito bom que seja assim, pois por causa disso tem sido possível alcançar de forma efetiva bilhões de pessoas, de diferentes idades, culturas e experiências de vida. Glória a Deus por isso.

Com carinho

sexta-feira, 26 de junho de 2020

SANTOS NÃO TÃO SANTOS ASSIM


Se você tivesse oportunidade de conviver com alguns dos grandes personagens da Bíblia - homens e mulheres considerados santos - o que conseguiria ver nessas pessoas? Refiro-me a gente como Abraão, Jacó, Moisés, Rute, Davi, Pedro, Paulo e tantos outros. Será que veria santidade nessas pessoas? Acharia que elas foram muito melhores do que você ou eu?

Acho que dificilmente você ficaria tão bem impressionado, se convivesse de perto com essas pessoas. Na intimidade, todas elas mostrariam suas imperfeições e pecados.

Por exemplo, Davi adulterou com a mulher de um dos seus mais fiéis auxiliares (Urias) e quando essa mulher engravidou, Davi encontrou uma forma de fazer Urias ser morto em batalha. E, depois, Davi se casou com a viúva, que acabou se tornando a mãe do futuro rei Salomão. 

Jacó enganou seu irmão gêmeo, Esaú, várias vezes e inclusive roubou-lhe a benção de seu pai, Isaque. Abraão vendeu sua mulher para o faraó e depois a recuperou, realizando grande lucro com essa "transação".

Pedro era fanfarrão, impulsivo e medroso, inclusive prometeu que iria seguir Jesus até o fim, mas negou seu Mestre vergonhosamente, por três vezes, pouco tempo depois de fazer essa promessa. 

Pelo menos Pedro ainda se deu conta do que tinha feito e chorou de arrependimento. Já Davi, Abraão e Jacó nem isso. Foi preciso que Deus mandasse um profeta (Natã) chamar a atenção de Davi seu grande pecado, para que ele, finalmente, se desse conta do que tinha feito e se arrependesse verdadeiramente. 

Sabemos que essas pessoas foram muito importantes na história da fé cristã e por isso acabamos por olhar para elas como seres humanos especiais, como se tivessem sido muito melhores do que as demais. E o fato da Igreja Católica ter criado o rótulo de "santos/as", e tê-lo atribuído a muitas dessas pessoas, acabou por perpetuar essa percepção errada. Os "santos/as" passaram a ser vistos como super-homens e super-mulheres.

Mas, não foi nada disso que aconteceu. Essas pessoas eram como você e eu: cheias de dúvidas, contradições, lutando para dar sentido à sua vida, muitas vezes em meio a grandes dificuldades. E é exatamente isso que dá um valor especial às suas realizações. 

Mesmo sendo pessoas comuns fizeram coisas admiráveis, simplesmente porque exerceram sua fé e tiveram persistência, coragem e capacidade de ouvir a voz de Deus. Elas fizeram história e são lembradas até hoje.

Essas pessoas tiveram muito mérito, justificando que sejam reconhecidas, admiradas e citadas como exemplo de vida pelo povo cristão, embora fossem seres humanos comuns.

E é esse o grande ensinamento da vida dos chamados "heróis da fé": qualquer pessoa, como você ou eu, pode fazer diferença na implantação do Reino de Deus aqui na terra. Se essas personagens bíblicas conseguiram deixar uma obra atrás de si, nós também podemos fazer isso. Basta querer e ter compromisso com as coisas de Deus. Aprender com a experiência de vida desses heróis da fé, usando para isso os relatos sobre as vidas deles contidos na Bíblia. E, finalmente, colocar todos esses ensinamentos na prática. Só isso.

Com carinho       

quarta-feira, 24 de junho de 2020

SEU FUTURO NÃO TEM LIMITE NO TEMPO


Você sabia que seu futuro não tem limite de tempo? Pode ser que você seja surpreendido por essa minha afirmação pois a morte é a coisa mais certa da vida e sendo assim, o futuro de cada pessoa na terra parece ser limitado.

Mas, essa é uma grande verdade. E para se convencer que sua vida não tem limite de tempo basta levar em conta o que a Bíblia ensina: a vida da pessoa não acaba com a morte física. A morte simplesmente termina com a passagem da pessoa pela terra, mas sua alma/espírito não morre junto com o corpo físico. Em outras palavras, a essência da pessoa continuará a existir em outra dimensão, que não sabemos bem como funciona. 
Essa segunda fase da existência da pessoa irá até o final dos tempos, ou seja, até a volta de Jesus, quando a pessoa receberá novo corpo (Mateus capítulo 25, versículos 31 a 46) - esse novo corpo será semelhante, na sua natureza, àquele que Jesus recebeu depois de ressurgir dentre os mortos. Já de posse do novo corpo, a pessoa entrará na terceira fase da sua existência, que não terá mais fim, pois não haverá mais morte. 
A terceira fase da vida da pessoa poderá seguir por dois caminhos diferentes: junto a Deus (o que a Bíblia chama de Céu ou Paraíso) ou afastado dele (Inferno). Estar com Deus será motivo de alegria e felicidade contínuas, enquanto que estar longe dele significará sofrimento sem fim. E essa fase da vida não terá limite.

E esse sofrimento não será, como muita gente pensa, fruto de torturas infligidas pelos anjos, a mando de Deus. O sofrimento decorrerá unicamente da ausência de Deus na vida da pessoa. Da mesma forma que um homem profundamente apaixonado sofre quando é afastado da mulher amada, a pessoa no Inferno sofrerá por causa da ausência de Deus.

A definição de qual será o caminho tomado por cada pessoa - Céu ou Inferno - caberá a Deus. E Ele tomará sua decisão com base no que a pessoa fez durante sua vida aqui na terra. Sua vida na terra acabará por definir seu futuro.
As ações da pessoa servirão como base para o julgamento a que será submetida, no final dos tempos, diante de Deus. Nesse sentido, é justo afirmar que é a própria pessoa que se coloca no Inferno, com base nas escolhas que fez durante sua vida aqui na terra.
A Bíblia ensina ainda que todos merecem ser condenados, porque todos pecam. Mas, quem aceitar Jesus, terá seus pecados perdoados e será salvo. E a aceitação de Jesus precisará ser feita durante a vida na terra. Portanto, sua vida atual tem muita importância e vai gerar consequências para você que serão definitivas. 

Pense nisso com cuidado ao decidir como vai agir a partir de agora. Não se deixe impressionar pelos benefícios aparentes deste mundo - sucesso, posição social, consumo e prazeres -, caso eles o afastem de Deus. Os benefícios somente são benefícios verdadeiros se não fizerem você perder sua salvação. 

Com carinho

sábado, 20 de junho de 2020

QUANDO JESUS NÃO CHAMOU DEUS DE PAI

Jesus, durante seu ministério na terra, introduziu uma novidade teológica importante: Chamou com frequência Deus de "Pai". Um bom exemplo disso está na primeira frase da sua mais conhecida oração: "Pai nosso que estás no céus..." 

E a palavra que Jesus usou nesses casos para se referir a Deus ("Abba", na língua aramaica), era mais ou menos o equivalente, no português, a "papai". Era uma maneira informal dos/as filhos/as chamarem seus próprios pais, de maneira carinhosa. 

Ora, escribas e fariseus, na época de Jesus, referiam-se a Deus sempre de forma sempre muito cerimoniosa, usando palavras como "Senhor" ou "Eterno". Uma abordagem bem diferente da usada por Jesus. Portanto, ao chamar Deus de "pai", Jesus introduziu uma importante mudança teológica, ensinando que devemos olhar para Deus também como nosso Pai celestial. 

Agora, houve um momento na sua vida em que Jesus não se referiu a Deus como Pai. Isso ocorreu quando Ele estava pregado na cruz, em sofrimento extremo, e clamou: “...Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste” (Mateus capítulo 27, versículo 46). 

Essa exclamação é uma citação literal do versículo 1 do salmo 22 e Jesus fez uso das palavras do salmista para indicar como Ele mesmo se sentia: angustiado e desamparado por Deus.

Repare que, na madrugada anterior à sua crucificação, ainda um pouco antes de ser preso, Jesus pediu a Deus que, se possível, fosse poupado do sofrimento cruel que estava à sua frente. E naquela oportunidade, também um momento de grande angustia, quando Jesus chegou a suar sangue, Ele ainda se referiu a Deus como Pai (Mateus capítulo 26, versículo 34).

Já na cruz, nos momentos finais da sua vida, Jesus falou de forma diferente. Ele se sentiu desamparado e solitário e chamou seu Pai de "Deus meu", ou seja, de maneira bem mais fria e formal.

É claro que a angustia e o sofrimento explicam essa mudança no comportamento de Jesus. Nesse momento terrível da sua vida, Jesus representou cada um de nós, quando nos sentimos abandonados, por estamos passando por uma situação muito difícil e Deus parece estar calado e inerte. Sentimo-nos lutando sozinhos/as e aí bate o desespero e até mesmo a decepção com Deus.

João da Cruz, talvez o maior místico do mundo ocidental, chamou esse momento de “a noite escura da alma” - ele chegou a escrever um livro belíssimo com esse título. Davi, no salmo 23, chama esse momento de "travessia do vale da sombra da morte". 

E o grande escritor cristão C.S. Lewis, autor das "Crônicas de Nárnia", descreveu esse momento da seguinte forma (ele sofria terrivelmente porque a única mulher que amou na vida estava mortalmente enferma):
Mas se você vai até Ele quando sua necessidade é desesperada, quando todo outro tipo de ajuda é vão, o que você encontra? Uma porta é fechada na sua cara e você ouve um som de fechadura sendo trancada. Depois disso, silêncio … Por que Ele é tão presente no nosso tempo de prosperidade e tão ausente no momento de dificuldade?
Se você está passando pela "noite escura da alma", eu tenho uma palavra de esperança para você: o silêncio de Deus não é indiferença ou inércia. Não foi assim quando Jesus estava pregado na cruz, não foi assim quando Davi foi perseguido pelos seus inimigos ou mesmo quando C. S. Lewis viu sua amada definhar aos poucos. 

Na verdade, Deus é um grande mistério pois seus motivos e sua lógica são bem diferentes dos nossos. Deus não tirou Jesus da cruz porque o sacrifício do seu Filho abriu as portas da salvação para todos nós. E permitiu que Davi fosse perseguido para ele aprendesse, com o próprio sofrimento, a ser um rei melhor para Israel e também desse um testemunho maravilhoso (os salmos), que nos inspiram até os dias de hoje. 

Deus não pensa como nós pensamos e pode ser difícil aceitar isso, mas essa não há como fugir dessa realidade. E Ele usa o sofrimento para trazer o ser humano mais para perto d´Ele.

Então, a forma de enfrentar a "noite escura da alma" é se agarrar ainda mais a Deus. Buscá-lo ainda com mais intensidade. E foi isso que Jesus fez, quando estava na cruz. E como eu sei disso? Simples, analisando o que Jesus fez naquele momento.

Jesus falou do seu desespero, citando o primeiro versículo do salmo 22. Mas, não fez isso por acaso. Ocorre que, nesse mesmo salmo, um pouco mais adiante (versículos 23 e 34) está dito o seguinte: 
Vós que temeis o SENHOR, louvai-o; glorificai-o, ... pois não desprezou nem abominou a dor do aflito, nem ocultou dele o rosto, mas o ouviu, quando gritou por socorro.
Ao citar o salmo 22 para expressar o que sentia, Jesus falou tanto do seu desalento momentâneo, como também da certeza que Deus iria ouvi-lo e cuidar d´Ele no tempo certo. E não há maior expressão de fé do que essa.

É essa mesma certeza que deve servir para consolar você e alimentar sua fé, tanto hoje, como sempre.

Com carinho

quinta-feira, 18 de junho de 2020

A QUEM MUITO FOI DADO...


A pessoas que certamente recebem muito mais oportunidades e benefícios da vida do que outras. São pessoas privilegiadas de algumas formas.

É claro que é bom ser privilegiado - quem não gostaria disso. Mas, é preciso entender que, com o privilégio vem também uma maior responsabilidade aos olhos de Deus. Veja o que a Bíblia fala a respeito:
Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão. Lucas capítulo 12, versículo 48
No texto acima Jesus estabeleceu um princípio muito importante: seremos cobrados por Deus na mesma medida em que tivermos recebido bençãos dele. Portanto, quem recebe mais, passa a ter responsabilidade maior em relação ao Reino de Deus. E não há como fugir disso. E acho que ninguém pode contestar a justiça dessa declaração. 

O quê são essas bençãos 
É preciso, antes de tudo, entender quais são essas bençãos às quais Jesus se referiu: trata-se de qualidades, recursos e talentos que a pessoa recebe de Deus ao longo da sua vida. 

É claro que a pessoa, mesmo sendo abençoada, ainda assim será responsável por desenvolver e dar bom uso àquilo que recebeu gratuitamente de Deus. Por exemplo, se alguém receber dele um talento especial para música, ainda assim vai ter que estudar anos a fio antes de conseguir se tornar um músico de qualidade. Sendo assim, o músico também terá sua parcela de mérito naquilo que vier a conseguir ao longo da sua carreira artística. Mas, a "matéria prima" (seu talento) terá sido recebida gratuitamente de Deus e, sem ela, o sucesso do músico não teria sido possível. 

Em outras palavras, sem a benção inicial, a pessoa nada irá conseguir alcançar, não importa o quanto vier a se esforçar. E as palavras de Jesus se apoiam exatamente sobre essa constatação. 

As áreas de bençãos
O ser humano pode ser abençoado em muitas áreas. A primeira delas é no seu corpo, que pode ser agraciado com beleza e/ou habilidades físicas especiais. 

Pessoas bonitas têm uma série de possibilidades não disponíveis para seres humanos, digamos assim, mais comuns - como trabalhar no cinema, na televisão e em áreas afins, como a moda, setores onde a beleza tem grande importância. Já as habilidades físicas especiais - força, velocidade, coordenação motora, etc - permitem a algumas poucas pessoas serem atletas de alto rendimento, dançarinos profissionais, etc.

A segunda área de bençãos envolve os talentos intelectuais, nos seus vários aspectos, como memória, inteligência, etc. São esses talentos que permitem a algumas pessoas tornarem-se cientistas importantes, escritores famosos, compositores populares, marqueteiros de talento, etc. 

A terceira área onde as bençãos podem afluir é a espiritual - já comentei neste site que o Espírito Santo distribui dons espirituais de acordo com sua vontade, sempre com o objetivo de dar poder às pessoas para fazer a obra de Deus (veja mais). E alguns desses dons espirituais são especialmente valorizados, como a profecia, a capacidade de curar ou de louvar. 

O uso das bençãos
Não há dúvida que bençãos físicas, intelectuais e/ou espirituais costumam dar condições mais favorecidas às pessoas para ocupar papel de destaque na sociedade, conseguindo fama, dinheiro e/ou poder. E aqui está o ponto crucial de toda essa discussão: cada pessoa tem responsabilidade de usar adequadamente as bençãos que recebe. 

E quem receber mais bençãos, mais responsabilidade terá. Essa responsabilidade envolve diversos aspectos. Vou dar três exemplos aqui. Primeiro, a pessoa não pode usar as bençãos que recebe de forma egoísta, isto é, apenas para proporcionar uma vida boa para si mesmo ou para quem ama. É preciso sempre lembrar das pessoas menos afortunadas, que, por algum motivo, não conseguem ter o mínimo necessário para sustentar uma vida decente.

Segundo, é preciso não abusar do próprio corpo, exigindo dele mais do que é razoável. É comum que os atletas, no afã de ganharem competições e prêmios, forcem seu corpo além do limite e acabem doentes e/ou ficando deformados. Como também é comum que algumas atrizes, querendo manter a própria beleza a qualquer custo, acabem abusando de cirurgias plásticas, prejudicando saúde. 

Terceiro, dons espirituais não podem nunca gerar ganhos materiais ou dar poder para quem os recebe. Dons espirituais servem para desenvolver o Reino de Deus, nunca para gerar honra e glória para seres humanos.

Concluindo, você certamente recebeu e continua a receber bençãos de Deus, de diversas naturezas. Será que você vem usando o que recebeu de forma adequada? Será que você está alegrando ou decepcionando Deus com sua forma de agir? 

Com carinho

terça-feira, 16 de junho de 2020

EXISTE DESTINO?


"Chegou a hora dele/a" é uma frase que se fala com frequência em relação à morte trágica de uma pessoa. E essa frase reflete uma cultura fatalista, que atribui ao destino determinados acontecimentos da vida das pessoas. Será que a doutrina cristã dá suporte à ideia de destinoAcredito que não e explico a razão.
A Bíblia ensina que temos livre arbítrio - a capacidade de fazer escolhas próprias - e tal condição é incompatível com um destino pré-estabelecido por Deus. Afinal, se o destino existisse mesmo, as pessoas não poderiam fugir dele e assim suas escolhas não teriam muito sentido ou valor, pois elas não seriam de fato livres.
E, se o livre arbítrios não fosse uma realidade, as pessoas não poderiam ser responsabilizadas pelos seus pecados, porque teriam sido responsáveis pelas escolhas que levaram a esses erros. Assim, não seria justo que as pessoas fossem condenadas pelo que fizeram e não haveria qualquer sentido para o plano da salvação. Não haveria julgamento final e nem a manifestação, tornando  a vinda de Jesus ao mundo desnecessária.

Como as pessoas têm liberdade de escolha, não podem estar limitadas pelo destino. E são essas mesmas escolhas que vão determinar, em boa parte, o que acontece com cada uma delas.

É claro que há coisas que acontecem independentemente da vontade da pessoa. Por exemplo, alguém pode ser atingido por um galho que caiu de uma árvore. Mas, tal fato provavelmente foi fruto das escolhas de outras pessoas - por exemplo, os responsáveis pelo serviço de manutenção de árvores da prefeitura que não fizeram a poda daquela árvore no tempo certo. 

Portanto, o que nos acontece não é só fruto das escolhas que fazemos por nós mesmos. As escolhas que outras pessoas fazem também impactam nossa vida, tanto para o bem como para o mal.
Eu ouvi muitas vezes, até de pastores,  que a onisciência de Deus comprovaria a existência do destino. Como Ele sabe tudo que vai acontecer é porque tudo já está determinado. Na realidade, não é bem assim. 
É preciso entender que Deus está fora do tempo - afinal, o tempo é uma criação dele mesmo, como tudo mais o que existe no universo. Portanto, para Deus não existe passado, presente e futuro para Deus, como existe para nós. Deus age no tempo - por exemplo, Ele escolheu enviar Jesus ao mundo numa determinada época escolhida a dedo -, mas não é afetado, e nem tão-pouco limitado, pelo tempo. Essa é uma limitação exclusivamente humana.

Além disso, Deus nos conhece melhor do que nós mesmos - lembre-se que Ele conhece tudo, até nossos pensamentos. Portanto, Deus conhece como  cada pessoa pensa, suas preferências, como reage a cada tipo de circunstância e assim por diante. Portanto, não é de se admirar que Deus  conheça também, as escolhas que faremos livremente no futuro. 

Quando eu afirmo que um dos meus filhos, em determinada circunstância, vai fazer uma certa escolha, e acerto o que disse, não acertei porque meu filho foi obrigado a fazer aquilo que eu quis. Meu filho fez exatamente aquilo que eu previ porque a natureza dele me é conhecida. Eu conheço suas preferências, suas limitações, os resultados de muitas de suas escolhas no passado e assim por diante. Por isso meu índice de acerto das previsões em relação a meu filho é grande. E como eu não sou perfeito, de vez em quando erro e meu filho me surpreende com uma atitude inesperada. Mas, Deus sabe tudo e é perfeito, logo Ele não erra nunca e, portanto, suas previsões sempre se realizam.
Outra afirmação muito comum é que os planos de Deus para cada pessoa funcionam como o destino traçado para ela por Deus. Mas, isso também não é verdade. É claro que há coisas definidas por Deus as quais não é possível mudar - elas independem da vontade humana. Por exemplo, Jesus veio ao mundo para morrer por nós e esse fato não poderia ter sido mudado por ninguém. A decisão de Deus de tirar o  povo de Israel de escravidão no Egito, sob a liderança de Moisés, não dependeu da vontade do faraó.
Mas, isso não é equivalente a haver um destino. E tanto é assim, que temos liberdade de aceitar ou não Jesus como nosso salvador. Da mesma forma, nem todos os israelitas aceitaram a liderança de Moisés e alguns se desviaram no caminho.

Deus certamente tem planos para você, mas tudo depende das escolhas que você vier a fazer. A Bíblia está cheia de exemplos de pessoas que acabaram seguindo por caminhos não aprovados por Deus e estragaram os planos que tinham sido traçados para suas vidas. Por exemplo, Saul foi ungido o primeiro rei de Israel e mesmo assim acabou perdendo seu reino e tendo uma morte triste, porque desobedeceu a Deus. Perdeu-se ao longo do seu reinado.

Concluindo, a doutrina cristã não dá suporte para o conceito de destino - são as próprias escolhas humanas que acabam definindo o que vai acontecer com cada pessoa. 

PS Veja mais sobre esse tem aqui.

Com carinho   

domingo, 14 de junho de 2020

SÓ UM SEGUNDO

A Bíblia ensina que a vida é como um sopro, pois pode  acabar em apenas um segundo. E precisamos saber como lidar com essa realidade. 

O tempo que temos é escasso e ele diminui a cada  segundo vivido. Portanto, sobra cada vez menos tempo para fazermos aquilo que é necessário e, sobretudo, para conseguirmos deixar alguma marca positiva neste mundo.

E há duas coisas de enorme importância que precisamos fazer durante nossas vidas. A primeira delas, que se aplica essencialmente a quem ainda não está convertido, é aceitar de Jesus como salvador pessoal. Esse é o passo que abre para qualquer pessoa as portas da salvação e, portanto, é de extrema importância.

A segunda coisa, que se aplica a todos os cristãos, indistintamente, é a necessidade de fazer o máximo possível pela obra de Deus. Isso inclui ajudar quem precisa, pregar o Evangelho, orar, louvar e assim por diante. Significa ouvir o chamado de Deus e responder positivamente.

Você precisa aproveitar o tempo que tem e utilizá-lo bem, porque a vida é breve, muito breve, e pode acabar num segundo. 

O Rogers fala sobre isso no seu novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

AS VIRTUDES CRISTÃS


Hoje vou falar de virtudes cristãs. Todo mundo espera que os cristãos sejam pessoas virtuosas. Mas o que isso quer dizer na prática? Quais são as virtudes cada cristão deveria ter?

Antes de discutir as virtudes cristãs propriamente ditas, gostaria de lembrar a você que virtudes são coisas meio misteriosas, não  sendo tão simples de discutir como pode parecer à primeira vista.

Gostaria de alertar você para três coisas em relação às virtudes. Primeiro, nem tudo que parece ser uma virtude, de fato é isso mesmo. Por exemplo, ser educado (polido) parece ser uma virtude – afinal, todo mundo gosta de lidar com uma pessoa com essa característica. Mas, essa não é uma virtude verdadeira, e tanto é assim, que os maiores estelionatários normalmente são pessoas muito agradáveis e educadas. O mesmo pode ser dito de vários assassinos seriais.
 
Segundo, aquilo que parece ser virtude numa situação, pode não ser classificado da mesma forma em outra - como diz o ditado, às vezes, nossas maiores qualidades são também nossos maiores defeitos. Por exemplo, todo mundo quer ter um chefe democrático, alguém que ouça e leve em conta as opiniões e necessidades dos subordinados. Mas, seria recomendável que o chefe da equipe de bombeiros fizesse uma reunião para ouvir a opinião dos subordinados antes de atacar um incêndio? É claro que não, pois a rapidez é essencial nesse tipo de situação. Ser democrático é uma qualidade num caso mas não é igualmente positivo no outro.
Finalmente, é importante sempre considerar que a virtude precisa ser exercida na medida adequada. Por exemplo, coragem é uma virtude importante. Mas, quando ela existe em medida menor do que o necessário, vira covardia, já quando é excessiva, vira temeridade. Portanto, existe um meio termo saudável tanto para a coragem, como para qualquer outra virtude. 

Definição de virtudes cristãs
Virtudes cristãs são aquelas ensinadas na Bíblia e elas são sempre verdadeiras, valem em qualquer circunstância e não tem restrição de medida (quanto mais, sempre é melhor). Nisso elas diferem de outras virtudes. Então, quais são essas virtudes especiais? São sete. Vejamos quais são elas:
Mente pura
Ter pensamentos puros é fundamental, já que de maus pensamentos nunca podem nascer ações boas. Aprender a pensar corretamente - evitando  hipocrisia, auto-engano, preconceitos, mentiras, imoralidades e assim por diante - é fundamental para a vida de qualquer cristão e essa é uma virtude que ajudaria qualquer pessoas a viver melhor.

Confiança absoluta em Deus
É a capacidade de manter sempre vivas a confiança (a fé) em Deus e a esperança naquilo que Ele afirmou e prometeu (como a salvação), independentemente das circunstâncias da vida. 

Compaixão
Essa virtude vai além de simplesmente sentir pena do sofrimento do próximo.  Inclui também a capacidade ser movido a fazer alguma coisa para ajudar quem precisa: doar recursos materiais, levar consolo emocional, orar, etc.

Humildade
Nenhuma virtude verdadeira pode se sustentar em cima do orgulho - é fundamental ser humilde. E isso vai além de se preocupar menos em enaltecer os próprios méritos. Envolve também ter uma visão clara e realista da dependência absoluta que cada ser humano tem de Deus. Nada somos ou podemos fazer sem o apoio dele, pois a soberania de Deus é total. 
Capacidade de perdoar
O cristianismo coloca grande ênfase no perdão - trata-se da decisão de quem foi prejudicado de abdicar dos sentimentos de mágoa e da necessidade de retribuição do mal sofrido. E o perdão não depende da atitude de quem fez o mal para você, pois é uma decisão unilateral sua.

Paciência
A Bíblia chama essa virtude de longanimidade - trata-se da capacidade de suportar problemas, desconforto e/ou dificuldades de qualquer ordem, sem se revoltar ou reclamar de Deus (o termo bíblico para isso é "murmurar").

Frugalidade
Aprender a viver com menos, não se deixando levar pelo consumismo que invadiu nossa sociedade.  

Conclusão
Nem todos os cristãos têm ou virão a conseguir ter essas virtudes exatamente na mesma dimensão. É normal que as pessoas sejam mais desenvolvidas numa área do que em outra. Por exemplo, é possível que a pessoa seja muito frugal, mas tenha dificuldade em perdoar, embora se esforce para isso.
O que Deus espera de cada um de nós é um processo de crescimento e amadurecimento especial contínuo, que vá acontecendo pouco a pouco. Ele sabe que mudar hábitos e costumes das pessoas, especialmente aqueles que já estão bastante arraigados, é tarefa difícil. Mas, Deus espera progresso contínuo do cristãos, e que ele vá adquirindo as virtudes que ainda não tem e aprofundando as que já possui. A Bíblia chama isso de santificação. Portanto, é a santificação aquilo que o cristão deve buscar.

Com carinho

quarta-feira, 10 de junho de 2020

OS INVISÍVEIS


Hoje vamos falar sobre os invisíveis, ou seja, as pessoas que não notadas pela sociedade. E nada melhor para falar desse tipo de pessoa que a letra de uma famosa música de Chico Buarque, chamada "Construção", que trata da morte de um operário da construção civil:
...Subiu a construção como se fosse máquina. Ergueu no patamar quatro paredes sólidas. Tijolo com tijolo num desenho mágico. Seus olhos embotados de cimento e lágrima. Sentou pra descansar como se fosse sábado ...E tropeçou no céu como se fosse um bêbado.  flutuou no ar como se fosse um pássaro.  E se acabou no chão feito um pacote flácido. Agonizou no meio do passeio público.  Morreu na contramão atrapalhando o tráfego...
Não temos uma casta de “intocáveis”, como a Índia teve durante séculos, mas temos uma coisa quase tão ruim: uma enorme massa de “invisíveis”. Gente humilde que quase não é notada no dia a dia.
Parece que elas não existem, são invisíveis aos olhos da sociedade. Refiro-me a garis, porteiros/as, faxineiros/as, operários/as da construção civil, pedintes nos sinais de tráfego, etc. 
O sofrimento de ser invisível
Tempos atrás vi um programa de televisão no qual o repórter se vestiu de gari e passou alguns dias circulando pela cidade. No seu relato, ele falou da angústia que sentiu ao não ser "visto" pelas demais pessoas. Ficou deprimido.
Imagina, então, o que acontece com quem vive esse tipo de experiência todos os dias, muitas vezes sem qualquer perspectiva de mudança. A auto-estima dessa pessoa fica reduzida a nada.

Ninguém gosta de ser invisível e a propaganda trabalha exatamente esse desejo, chamando atenção para as coisas que parecem nos tornar mais notados. Queremos nos tornar bem visíveis para a sociedade.

Os invisíveis, no Brasil, morrem nas filas dos hospitais públicos, por não serem atendidos em tempo. Habitam lugares de risco, pois não tem condições de morar em áreas melhores. Sofrem com as brutalidades dos policiais. E passam necessidade, enquanto outras pessoas se fartam e até desperdiçam os recursos.

Essas pessoas não contam, não opinam, não influem, enfim não valem quase nada para a sociedade. No máximo, são estatísticas nos relatórios do governo.

Elas só costumam se tornar “visíveis” quando acontece uma grande tragédia, como uma inundação, uma pandemia (como a crise do coronavírus), um incêndio, ou um grande desastre.   E também quando, de alguma forma, sua desgraça pessoal interfira no cotidiano da cidade em que moram. É exatamente disso que a letra da música "Construção" trata: o operário "morreu na contra mão", atrapalhando o tráfego” do sábado. 
O ensinamento de Jesus
Os leprosos, na época de Jesus, eram considerados/as impuros e por isso viviam afastados do convívio social, dependendo da caridade pública para sobreviver.
Os leprosos tornavam-se invisíveis para quase toda a sociedade. E, o pior, é que havia a percepção de que essas pessoas tinham feito por merecer sua sorte, pois teriam pecado diretamente ou sofriam as consequências dos pecados de seus pais.
Hoje não é muito diferente. Já cansei de ouvir, a respeito dos nossos invisíveis, comentários do tipo: “são assim por que não se esforçam para serem melhores” ou ainda "no fundo, eles gostam de viver esse tipo de vida". 

Jesus interagiu muitas vezes com os leprosos e curou vários deles. E somente pelo fato de falar com essa pessoas, Ele foi muitas vezes criticado pelas autoridades religiosas, por estar se "contaminando" ao ter contacto com quem seria pecador.

Jesus via invisíveis e nos ensinou a fazer o mesmo, inclusive com seu exemplo pessoas. E Ele nos ensinou que nenhum gesto de bondade, que venhamos a fazer para com essas pessoas, deixará de ser recompensado por Deus (Mateus capítulo 10, versículo 42). Disse ainda mais: ao vermos os invisíveis, estaríamos vendo a Ele  mesmo (Mateus capítulo 25, versículos 35 a 45). 
Palavras finais
Quantas vezes você leva em conta essas palavras de Jesus? Você já tentou se colocar no lugar de qualquer desses invisíveis para tentar entender como eles se sentem? O que você sabe da vida e dos problemas deles? Quando eles recorrem a você para pedir ajuda, o que você faz? 
Se você ainda não vê invisíveis que Deus colocou no seu caminho, lembre-se que Jesus espera que você mude seu comportamento. E passe a se relacione de forma carinhosa e misericordiosa com essas pessoas. Quase sempre, elas precisam de muito pouco: um sorriso, uma palavra amorosa e alguma atenção.

PS Veja mais sobre este tema aqui.
Com carinho

segunda-feira, 8 de junho de 2020

DECISÕES GERAM CONSEQUÊNCIAS


Tomamos decisões de todos os tipos diariamente, tratando dos mais diversos assuntos. Essas decisões  podem ser muito simples - por exemplo, se devo levar um guarda-chuva -, até bem sérias - mudar ou não de emprego.

Toda decisão gera consequências, que podem ser pequenas - por exemplo, choveu e eu fiquei molhado por não ter levado guarda-chuva -, ou grandes - por exemplo, fiquei profundamente infeliz no novo emprego.
E essas consequências são o preço a ser pago pelas decisões tomadas. E o preço pago pode tomar forma material - por exemplo, ficar sem dinheiro -, emocional - por exemplo, sofrer uma desilusão amorosa -, ou espiritual - por exemplo, perder a salvação.

O problema é que muitas vezes tomamos decisões sem avaliar antes seu impacto sobre nossas próprias vidas, bem como sobre as vidas de outras pessoas. 
Um exemplo: a decisão sobre o aborto
Vejamos um exemplo histórico de consequências desastrosas, e não previstas, de uma decisão. Algumas décadas atrás, a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu liberar a prática do aborto, quando houvesse  decisão expressa da gestante nesse sentido e a gestação estivesse limitada a 20 semanas.
As estatísticas mostram que mais de 50 milhões de bebês foram abortados desde essa decisão. Um número simplesmente estarrecedor. E as investigações comprovaram que acabou se desenvolvendo uma verdadeira indústria de abortos, tanto para promover esses os atos médicos propriamente ditos, como também para vender partes dos corpos dos fetos abortados para serem usados em pesquisas ditas científicas.
Não vou entrar aqui no mérito da discussão do aborto (evidentemente sou contra), mas aqueles juízes do Supremo americano tomaram uma decisão que continua a ter repercussões imensas cerca de 50 anos depois. Será que aqueles juízes tinham noção dos efeitos da sua decisão? 
Depoimento recentes de ex-assessores daqueles juízes indicam que aqueles magistrados não tinham ideia clara das consequências totais da sua decisão - nunca imaginaram que as coisas chegariam onde chegaram. Tomaram uma decisão com a melhor intenção possível, pensando fazer o que era certo, mas acabaram se tornando co-responsáveis por resultados catastróficos.
As consequências das suas decisões
Você precisa tomar muito cuidado com as decisões que toma na vida, especialmente aquelas que não têm volta, isto é, que dificilmente podem ser desfeitas.
Vou dar alguns exemplos.  Se você não levar um guarda-chuva e chover, é possível entrar na loja da esquina e comprar um novo por, digamos, R$ 10,00. Portanto, corrigir o erro, nesse caso é relativamente simples e barato. Mas, se você escolher errado seu novo emprego, sua carreira profissional pode nunca mais se recuperar. 

Sem dúvida, sua escolha mais importante na vida é a decisão de aceitar Jesus como seu senhor e salvador pessoal. Afinal, deixar de dar esse passo poderá levar você a se afastar de Deus e a perder sua salvação.

Tem gente que pensa poder adiar essa escolha, por não querer mudar sua vida agora. E usam o exemplo do ladrão que apenas aceitou Jesus quando já estava morrendo na cruz, e mesmo assim foi salvo (João 19:31-33), para justificar o adiamento.

É verdade que sempre há tempo, enquanto houver vida, para dar o passo em aceitar Jesus e esse aproximar de Deus. Mas, adiar essa aceitação gera um enorme risco, pois pode não dar tempo.

E há um outro risco que aqueles que se recusam a tomar a decisão já não percebem: as consequências dos pecados cometidos no passado. Por exemplo, uma pessoa que viva uma vida desregrada por muitos anos e venha a se converter já idosa, não conseguirá apagar  as consequências do tipo de vida que escolheu, tanto no seu próprio corpo, como nas suas emoções, sem contar em outras pessoas. Essa pessoa será salva sim, mas as consequências dos pecados passados vão permanecer, de uma forma ou de outra. E algumas dessas consequências podem se perpetuar de geração em geração, como no caso de filhos e filhas traumatizados  para sempre por pais péssimos. Foi sobre isso que Deus quis alertar quando disse que visitaria a iniquidade dos pais na vida dos filhos, até a quarta geração (Êxodo capítulo 20, versículo 5).

Portanto, pense bem ao tomar suas decisões. Leve em conta as consequências para você e aqueles que ama, tanto a curto, como a longo prazo.

Com carinho

sábado, 6 de junho de 2020

UM POUCO DE PARAÍSO

O Paraíso deve ser a meta de todo cristão. Afinal, é para lá que esperamos ir, graças à salvação que nos foi proporcionada pelo sacrifício de Jesus na cruz.

Mas, você já reparou que falamos do Paraíso de forma meio leviana, sem dar a esse lugar a importância que ele tem? O Paraíso é motivo de brincadeiras, batiza lugares e é tratado como uma outra coisa qualquer. E não é assim, pois se trata de lugar muito especial.

A Bíblia conta, na carta de Paulo aos Romanos, que o mundo natural geme enquanto aguarda a redenção. E esse sofrimento aconteceu por causa do pecado humano. Essa redenção virá no final dos tempos, quando Jesus voltará para o julgamento final de todos os seres humanos. Aí as coisas se farão novas e os salvos - e esperamos estar entre eles - habitarão com Deus para sempre. A Bíblia refere-se a esse lugar como a "nova Jerusalém" (no livro do Apocalipse) ou como Paraíso (em diversos outros livros, como nos Evangelhos).

O Paraíso será um lugar maravilhoso, onde não mais haverá morte e sofrimento. Onde toda lágrima será enxugada e onde os salvos viverão em permanente alegria por estarem juntos a Deus.

E é sobre isso que eu falo no meu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

NOVOS TEMPOS, NOVAS PRIORIDADES

Vou falar hoje sobre as prioridades da vida. Falar sobre isso agora faz sentido porque a história ensina que as prioridades mudam muito durante as grandes crises.

Por exemplo, muitas centenas de milhares de jovens norte-americanos foram convocados para servir nas Forças Armadas e nas fábricas de material bélico durante a Segunda Guerra Mundial. Por causa disso, milhares de postos de trabalho ficaram vagos nas demais indústrias, no comércio e nos escritórios. Aí as mulheres foram chamadas para preencher esse espaço vazio. Ora, a prioridade das famílias americanas, até então, tinha sido manter as mulheres em casa tomando conta da família. Repentinamente, a prioridade mudou totalmente e as mulheres foram para o mercado de trabalho. E depois do fim da guerra, boa parte delas continuou trabalhando, o que gerou profundas mudanças socioeconômicas nos Estados Unidos. E já começamos a perceber mudanças nas prioridades também no Brasil, por conta da crise atual: a longa quarentena priorizou as vidas humanas, mesmo prejudicando a atividade econômica.

Quais, então, devem ser suas prioridades de vida daqui para frente? O que passar a orientar sua vida? É o que vamos discutir a seguir, tomando, como sempre, a Bíblia como referência.
O conceito de prioridade
Definir prioridades é essencialmente escolher aquilo que vem antes, aquilo que tem preferência. Essas escolhas precisam ser feitas porque os recursos humanos, como tempo e dinheiro, são sempre escassos. Nunca há o suficiente para se fazer tudo o que seria desejado.
Por exemplo, a capacidade financeira de uma empresa é limitada e ela precisa priorizar os seus investimentos. Se a escolha for a de priorizar a qualidade dos seus produtos, a empresa vai dar preferência em investir na melhoria dos seus processos de fabricação. Agora, se a empresa escolher priorizar a conquista de novos mercados, vai precisar investir mais em marketing e no desenvolvimento de novos produtos. Pode ser ainda que ela decida fazer um pouco de cada coisa, mas aí não vai extrair o máximo de nenhuma das duas opções, ou seja, não vai melhorar ao máximo seus produtos, como também não vai conquistar todos os novos mercados possíveis.

Para as pessoas, o recurso mais escasso costuma ser o tempo - só temos 24 horas por dia e nunca teríamos tempo para fazer tudo que gostaríamos. Todos os dias precisamos desenvolver algumas obrigatórias: dormir, comer, cuidar da higiene pessoal, deslocar-se daqui para lá, cuidar da casa e ganhar o sustento. O tempo que sobra é o que se chama tempo livre e somente nesse período é possível fazer livremente aquilo que se deseja.  

Os estudos indicam que morador de uma grande cidade costuma ter entre 2 a 4 horas de tempo livre por dia, tendo um pouco mais de folga no sábado e no domingo. Isso é pouco, algo entre 15 e 25% do tempo total. Por isso existe a necessidade de priorizar bem o uso desse tempo que sobra. Em outras palavras, torna-se preciso escolher o quê fazer e o quê deixar de fazer.
Essas são escolhas difíceis e até dolorosas. É melhor estudar mais ou ter mais lazer, é melhor dar mais atenção à família ou dedicar mais tempo ao trabalho? E assim por diante.
Deus reconheceu a limitação do tempo útil do ser humano quando nos deu o mandamento para descansar um dia por semana, conforme estabelecido no livro do Êxodo capítulo 28, versículos 8 a 10. Através desse mandamento, Deus nos ensinou que é necessário ter tempo livre para fazer coisas importantes como descanso, lazer e, sobretudo, manter convivência com Ele.

Outra coisa a ter em mente é que as prioridades da vida seguem uma escala de importância: há prioridades mais importantes do que outras. E duas prioridades nunca serão igualmente importantes, pois, quando for preciso escolher, uma delas acabará tendo a preferência.

Por exemplo, a preservação da vida humana e a garantia da liberdade são duas prioridades fundamentais da sociedade e ambas constam da Declaração dos Direitos Humanos da ONU. E elas parecem ser igualmente importantes. Mas, durante a Segunda Guerra Mundial, a sociedade deu prioridade ao resgate da liberdade, o que gerou a necessidade de sacrificar centenas de milhares de vidas na luta contra o nazismo. Já na crise atual, cedemos parte da nossa liberdade, ao ficarmos retidos em casa, em prol de salvar vidas humanas. Nesses dois momentos foi preciso escolher qual prioridade iria comandar os acontecimentos. E é interessante perceber que as escolhas foram diferentes nos dois momentos históricos.
E aqui cabe uma terceira observação interessante: Tanto as prioridades, como sua importância relativa, mudam ao longo do tempo. Cerca de 80 anos atrás, a preservação da liberdade foi a prioridade maior, já na crise atual o que pesou mais foi a preservação de vidas humanas.
A minha própria vida fornece um outro exemplo interessante. Quando eu era jovem, minha maior prioridade era alcançar a estabilidade financeira para minha família. Hoje, décadas depois, minhas prioridades são bem diferentes: Ter paz de espírito e ajudar as outras pessoas. 
Como você determina suas prioridades?
Você estabelece suas prioridades a partir da sua visão de mundo, ou seja, com base na perspectiva que você tem para sua própria vida. Por exemplo, quando eu era jovem, minha visão do mundo estava muito ligada às coisas materiais. E essa perspectiva da vida guiou as escolhas que fiz, determinou minhas prioridades.
Sua visão de mundo estabelece aquilo que você considera bom ou ruim, fornece a métrica com a qual você avalia seu sucesso ou fracasso e determina os objetivos para sua vida. E é a partir disso tudo que você faz suas escolhas e organiza suas prioridades. Portanto, visões de mundo diferentes levam a prioridades de vida distintas.

Li, recentemente, um texto do pastor John Piper, intitulado “Não desperdice o seu tempo”. Nele, o autor contrasta a história de vida de dois grupos de pessoas. O primeiro grupo era composto por duas missionárias. Essas mulheres decidiram, após se aposentar, passar a dedicar suas vidas ao trabalho missionário na África, em meio a populações muito carentes. E fizeram isso por muitos anos, até que um acidente de carro as matou.

O outro grupo de pessoas era formado por um casal, sem filhos, que estabeleceu como sua prioridade curtir a vida após a aposentadoria. E alcançaram seu objetivo: ele se aposentou por volta dos 60 anos e ela com mais ou menos 55. Mudaram-se para a Flórida, local de clima quente e cheio de condomínios para pessoas ricas. Compraram um veleiro de 10 metros de comprimento e passaram muitos anos curtindo sua vida, até o fim dos seus dias. Em paralelo, montaram uma enorme coleção de conchas.
O pastor Piper fez no seu texto uma pergunta muito relevante: Qual das duas histórias de vida é marcada por um sucesso e qual é marcada por uma tragédia? Se olharmos para essas histórias pela óptica tradicional do mundo mais comum, a tragédia marcou a vida das duas missionárias, enquanto o casal de aposentados é um caso de sucesso.
Aí Piper fez uma observação decisiva. No dia do Julgamento Final, todos seremos reunidos perante Deus, para prestarmos contas.  E quando Deus pedir às missionárias para dizerem o que fizeram com seus talentos, elas terão algo relevante para mostrar. Vão poder apontar para os trabalhos que desenvolveram em meio a um povo muito sofrido e alegar que ajudaram muita gente. Já quando Deus pedir para o casal de aposentados mostrar o que fez com seus grandes talentos, tudo o que eles terão para mostrar será uma grande coleção de conchas...

Onde está o sucesso e onde está a tragédia agora? Sem dúvida, a avaliação torna-se totalmente diferente, quando é feita com base em outra visão do mundo, levando em conta a óptica de Deus. 
E Jesus falou exatamente sobre essa questão na parábola dos talentos (Mateus 25:14-30):
...um homem... partindo para fora da terra, chamou os seus servos e entregou-lhes os seus bens. E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe... [O] que recebera cinco talentos negociou com eles e granjeou outros cinco talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois. Mas o que recebera um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. E muito tempo depois veio o senhor daqueles servos, e pediu que os servos prestassem contas. Então aproximou-se o que recebera cinco talentos e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que granjeei com eles. E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles granjeei outros dois talentos. Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste. E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo... Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos...Lançai, pois, o servo inútil nas trevas; ali haverá pranto e ranger de dentes.
O ensinamento dessa parábola é muito claro. O servo que recebeu um talento nada fez com ele – agiu exatamente igual ao casal de aposentados. O que muda entre os dois casos é a motivação para a falta de ação: No caso do servo, ela foi fruto do medo de errar; já no caso do casal de aposentados, ela foi fruto do egoísmo. Mas, o resultado foi exatamente igual: uma vida estéril.
Suas novas prioridades
A crise atual está gerando um empuxo para que as pessoas mudem suas prioridades. Por exemplo, a importância do consumo desenfreado e da luta para conseguir mais status está em baixa, enquanto a importância de passar mais tempo com a família está em alta.
Use você também essa experiência toda para refletir sobre sua própria vida. Para escolher quais devem ser suas prioridades a partir de agora. E, se você for sincero/a com você mesmo/a, acho que há mudanças à vista.

Penso que essa crise comprovou que a vida humana é um valor fundamental: Tudo perde importância e empalidece quando coloca em risco a vida. Portanto, você precisa viver de forma mais saudável, sem correr tanto, sem se preocupar com tantas coisas. Sem sofrer tanto desnecessariamente. Cuidando mais de você mesmo/a e dos seus entes queridos.
E para que sua vida de fato floresça, é preciso uma coisa fundamental: Deus no centro de tudo. Foi exatamente isso que Jesus nos ensinou através do mandamento que está registrado em Marcos capítulo 12, versículo 30, que diz: 
Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.
Jesus nos disse que o relacionamento com Deus deve ser a prioridade. Portanto, Ele precisa vir antes de tudo (família, carreira profissional ou lazer). E isso não é uma coisa fácil de fazer – não era fácil no tempo de Jesus e continua sendo difícil hoje em dia. O apóstolo Pedro era casado e deixou sua família para seguir Jesus. E sempre me pergunto sobre as pressões que deve ter sofrido quando mudou sua prioridade de vida. Certamente não foram poucas.

Deus como a prioridade maior não significa sair do mundo, não significa abandonar tudo. Afinal, precisamos continuar a ser o “sal da terra”. Significa de fato que as coisas materiais não podem mais colocar obstáculos na sua relação com Deus. Você nunca pode alegar falta de tempo para estar na sua presença ou fazer sua obra. Amém.

terça-feira, 2 de junho de 2020

UM PESO E DUAS MEDIDAS

Há um ditado popular muito conhecido que diz: Aos amigos e à família tudo, aos inimigos a lei. Esse é um dos pontos de partida da ideia de usar um peso e duas medidas.
Esse ditado indica que, para muita gente, o tratamento dado às pessoas a quem se quer bem deve ser o melhor possível, mesmo que viole as leis, enquanto, para os demais, valem as leis e as regras, aplicadas com rigor. O ditado ensina que se deve tratar pessoas diferentes segundo padrões distintos, beneficiando mais a quem se ama. 
Esse padrão ético duplo, infelizmente, é uma realidade arraigada na sociedade em que vivemos. A ideia de usar um peso e duas medidas está tão presente que esse comportamento chega até a ser esperado. E tanto isso é verdade que, quando alguém age de forma diferente, fazendo aquilo que é de fato o certo, esse comportamento gera até notícia na mídia.
Anos atrás, uma mulher entregou o próprio filho, que era traficante de drogas, à polícia do Rio de Janeiro porque entendeu que ele estava em dívida com a lei e a sociedade. E esse fato foi até capa de jornais. 
O que se espera mesmo é ver filhos, esposas e familiares contratados para cargos públicos para os quais não têm a necessária qualificação; funcionários injustamente promovidos, em detrimento de outros, por causa de laços de amizade ou políticos; a leniência da justiça quando o acusado tem dinheiro e/ou poder; e assim por diante.

Esse padrão ético injusto não vale só para pessoas,  sendo bastante comum também nas relações entre nações. E os exemplos históricos são muitos - vou dar aqui apenas um deles.
Hoje há uma grande preocupação na opinião pública  mundial pelo fato da Coréia do Norte ter a bomba atômica e o Irã tentar fazer o mesmo. E quero deixar bem claro, desde já, que não sou favorável nem ao regime da Coréia do Norte e muito menos ao do Irã, como também sou contra as armas nucleares. 
Ora, a realidade atual é que umas poucas nações - por exemplo, China, Estados Unidos, França e Rússia - têm armas nucleares e as outras não.  E a nação que não tem esse tipo de armamento é criticada quando tenta obter-lo para se sentir mais segura. E a desculpa dada para essa assimetria é que as nações que já têm bombas atômicas seriam "confiáveis" e é preciso evitar a disseminação das armas nucleares.

Mas, será possível concordar com o rótulo de "confiável" para os Estados Unidos dirigido pelo Trump, ou a Rússia dirigida pelo Putin ou para o regime totalitário da China? Parece-me que não.

É claro que as razões dessa assimetria são bem outras: quem tem armas nucleares adquire poder e é preciso limitar as nações com acesso a tal poder. Esse é um caso clássico de um peso e duas medidas. O correto seria ninguém ter armas nucleares e aí os países teriam moral para cobrar essa posição uns dos outros. 
O problema com a ideia de um peso e duas medidas é que a confiança entre pessoas ou nações desaparece. E a sociedade, como um todo, passa a funcionar pior do que poderia. E é por causa desse tipo de ética torta que a maioria dos países se protege atrás de fronteiras fortemente guardadas e gasta muito dinheiro para ter manter forças armadas fortes, garantindo seus interesses. 
As pessoas com mais condições fazem o mesmo nas sociedades onde vivem. Moram em casas gradeadas, contratam segurança particular, blindam seus carros, usam advogados extremamente caros para defender seus interesses e assim por diante. Procuram se proteger também através de redes de amizades, onde há trocas de favores. E sempre tentam eleger políticos que lhes possam favorecer. 

Por causa dessas atitudes, a sociedade atual acaba vivendo um grande engano: tudo parece estar em ordem aparente, mas há graves problemas. E esses problemas mostram sua cara tenebrosa quando alguma crise bate às portas, destruindo o equilíbrio precário. Esse foi o caso da crise financeira que se abateu sobre os mercados internacionais em 2008-2009 e, hoje em dia, a crise trazida pela pandemia do coronavírus.

O terrorismo mundial volte e meia ataca e lembra o mundo que há grandes tensões políticas e sociais não resolvidas. E a violência urbana também nos alerta diariamente a sociedade para as injustiças sociais.
Mas, será que há um remédio para esses males todos? Há sim, mas, infelizmente, ele é pouco usado. Refiro-me ao mandamento do amor ao próximo dado por Jesus, que pode ser resumido assim: Aja com o outro como gostaria que ele agisse com você.
Esse é um padrão ético perfeito e que pode ser aplicado em qualquer situação e com qualquer pessoa. Nele, não há lugar para um peso e duas medidas. 
Assim, se quero me sentir seguro, não posso ameaçar o próximo; para eu viver confortavelmente, meu vizinho tem precisa viver igualmente bem; se não gostaria de ser injustiçado, não devo ser injusto com quem depende de mim; e se preciso de apoio nas minhas aflições, também preciso apoiar outras pessoas quando elas passarem por dificuldades. Imagine como o mundo seria  muito melhor de se viver, se essa regra simples estivesse em vigor. 

Então, o que cabe a você fazer? Afinal, você sabe que não pode mudar o mundo sozinho. A resposta para essa pergunta é simples: Faça sua parte. Aja como se tudo dependesse apenas de você e procure sempre fazer a coisa certa. Você não vai mudar o mundo sozinho, mas pode, e deve, dar sua contribuição.

Nós, cristãos, precisamos dar o exemplo, pois é isso que Deus espera de nós.

Com carinho