domingo, 20 de dezembro de 2015

COMO ERA A NATUREZA HUMANA DE JESUS

Durante sua passagem por este mundo, Jesus tinha duas naturezas: humana e divina. Mas Jesus não era um ser "dividido" em duas partes, como muitos pensam, pois suas duas naturezas eram plenas e conviviam de forma integrada. 

Como isso foi possível? Trata-se de um mistério de Deus, que vai além da nossa compreensão. Mas há muitas dicas espalhadas pelos relatos bíblicos para nos ajudar a entender um pouco o que aconteceu. 

Por exemplo, a Bíblia conta que Jesus se "esvaziou" dos seus poderes divinos e nunca os usou - foi como se a natureza divina de Jesus estivesse "adormecida" ao longo dos trinta e poucos anos em que viveu entre nós. 

Se foi assim, de onde veio o poder que Jesus usou para fazer milagres? Isso é simples de responder: Jesus usou sua fé e, através dela, o poder do Espírito Santo. Tanto foi assim que, no Evangelho de João (capítulo 14, versículos 12 a 14), Jesus comentou que seus(uas) seguidores(as) poderiam fazer tudo que Ele fez, pois iriam dispor do mesmo poder - com efeito, os apóstolos repetiram diversos milagres de Jesus, como curar doentes ou ressuscitar mortos.

Entendido isso, podemos passar a discutir o que nos interessa mais de perto aqui: a natureza humana de Jesus. Começo lembrando que Jesus foi concebido por ação do Espírito Santo sobre o corpo de uma mulher, Maria. De forma milagrosa, um dos seus óvulos foi fecundado diretamente, sem que ela tivesse tido relação sexual com qualquer homem. Jesus tinha, portanto, metade do DNA de sua mãe. E podemos especular que também tinha cromossomos da sua parte divina, mas não sabemos como isso funcionou na prática.
  
Jesus teve o desenvolvimento normal de qualquer ser humano - a Bíblia fala que Ele cresceu em estatura (desenvolvimento físico), sabedoria (desenvolvimento mental e emocional) e graça (desenvolvimento espiritual). Os relatos bíblicos falam d´Ele em três diferentes períodos da sua vida: até os dois anos de idade, por volta dos 12 anos e, finalmente, a partir dos 30 trinta anos, período do seu ministério - suas características físicas, emocionais e espirituais são diferentes nesses três momentos.   

Jesus precisou aprender a ler e teve que estudar a Bíblia Hebraica (Velho Testamento), para conhecer a Palavra de Deus. Aos 12 anos tinha bastante domínio desse assunto, tanto que surpreendeu os estudiosos da época com seu conhecimento bíblico, durante uma visita que fez ao templo de Jerusalém - isso indica que sua inteligência era privilegiada, o que não surpreende a ninguém.

Mas como homem, não sabia de tudo que acontecia à sua volta e isso fica bem claro em várias passagens da Bíblia. Por exemplo, certa vez, uma mulher tocou suas vestes (e ficou curada de uma hemorragia que tinha há anos). Jesus olhou para a multidão e perguntou: "quem me tocou, pois senti sair poder de mim". 

Jesus teve revelações de Deus sobre acontecimentos futuros, como ocorreu com diversos profetas (Moisés, Isaías, Jeremias e outros) - nada há de surpreendente aí. Por exemplo, Ele previu sua morte e sofrimento, assim como a destruição de Jerusalém pelos romanos, acontecida cerca de 35 anos depois da sua morte.  

É claro que Jesus conhecia os planos de Deus para sua vida - sabia que precisaria enfrentar Satanás e sofrer morte terrível, tanto assim que ficou extremamente angustiado (suou sangue) horas antes de ser preso. 

Ainda assim, Ele não conhecia cada coisa que lhe iria acontecer e várias vezes ficou surpreendido com os acontecimentos. Acredito que a própria consciência dos planos de Deus para sua vida só foi se consolidando aos poucos, à medida em que cresceu e tornou-se mais capacitado intelectualmente. 

Sendo assim, Jesus deve ter sido uma pessoa normal, certamente mais inteligente e culto do que a média dos judeus. Diferenciava-se certamente por sua fé inabalável, não por suas características físicas. Por isso aqueles(as) - família e amigos(as) - que o conheceram ainda criança ou jovem se surpreenderam ao saber que Jesus era o Messias tão esperado. 

E é exatamente por ter sido inteiramente humano, passando por todas as dificuldades e dores - tentações, inseguranças, medos, problemas financeiros, doenças, etc - que cada um(a) de nós pode vir a enfrentar, que podemos olhar para Ele como a grande referencia para nossas vidas. 

O fato que Ele conseguiu vencer todas as dificuldades apenas através da sua fé deve ser um enorme incentivo para cada um(a) de nós. 

Com carinho

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

É PRECISO VER PARA SABER?

Lembro de um capítulo de uma série policial da qual gosto muito, no qual os personagens principais – uma policial, bonita e competente, e um escritor de livros, engraçado e boa praça – finalmente ficaram juntos pela primeira vez, depois de quase quatro anos de vai não vai. Depois de ver o capítulo, li um comentário interessante sobre a cena final, onde os personagens se beijaram ardentemente, e depois saíram caminhando em direção ao quarto, de mãos dadas. A jornalista que escreveu o comentário disse o seguinte: “A cena final não mostrou tudo em detalhes, mas indicou com clareza o rumo dos acontecimentos. E foi bom ter sido assim. Muitas vezes é melhor apenas saber do que ver.”

O que a jornalista disse foi que muitas vezes é melhor usar a imaginação do que ver como as coisas ocorrem na prática. A imaginação pode ser melhor do que a realidade. 

Algo muito semelhante ocorre com a questão da prova da existência de Deus. Não estou dizendo que essas provas inexistem - elas estão aí para quem quiser procurá-las e já falei sobre esse tema muitas vezes aqui no blog. São fatos como a criação do universo através do Big Bang, a existência da vida, a complexidade da natureza, etc. 

Mas não temos e acredito que nunca iremos ter nenhuma frase escrita no céu, dizendo em letras garrafais que Deus existe ou Jesus é o nosso Senhor. E a razão é clara: Deus espera que usemos nossa fé para saber essas coisas mesmo quando não podemos vê-las diretamente. 

O fato é que Deus dá muita importância à fé e isso fica muito claro numa situação ocorrida com Jesus. Ele já tinha ressuscitado e apareceu diversas vezes para seus seguidores para comprovar essa realidade. Numa dessas vezes, Tomé estava presente e afirmou que somente acreditaria se colocasse seu dedo nas feridas adquiridas por Jesus na cruz (João capítulo 20, versículos 19 a 25). Tomé representa aquele tipo de pessoa que precisa ver com seus olhos para crer: não consegue “ver” apenas com os “olhos” da fé. 

Jesus não brigou com Tomé, depois que ele fez tal afirmação. Pacientemente, deixou que Tomé apalpasse as feridas (João capítulo 20, versículos 26 a 28). Mas aí fez um comentário muito importante (versículo 29): “Porque me viste creste? Bem-aventurados os que não viram e creram”.


Em outras palavras, Jesus afirmou que mais abençoadas por Deus são as pessoas que têm fé suficiente para crer e por causa disso saber, sem precisar ver. E há duas razões para isso.

A primeira delas é que nem sempre será possível ver antes de precisar tomar a decisão de agir. E aí, ou a fé funciona, ou a pessoa fica sem rumo. Por exemplo, quando Deus pediu para Abraão, já um homem velho, sair da sua terra, do seu conforto, e prometeu que lhe daria uma nova terra e uma enorme descendência, não havia como Abraão ver aquela promessa: ou ele sabia que aquilo seria verdade, com base na fé, e iria atender o chamado de Deus, ou ficaria para trás (Gênesis capítulo 12, versículos 1 a 9). E Abraão foi e Deus cumpriu sua promessa.

A segunda razão para a importância que Deus dá à fé é que os cinco sentidos frequentemente iludem as pessoas. Pensamos perceber fisicamente coisas que de fato não existem. Por exemplo, podemos achar que sentimos o sabor de algo que de fato não estava na comida - foi pura impressão. É comum pessoas jurarem que testemunharam uma coisa que de fato não aconteceu. E assim por diante.

Os nossos sentidos não são muito confiáveis, essa é uma realidade que aprendemos com a experiência da vida. Logo, confiar unicamente nos próprios sentidos não parece ser uma boa escolha. É possível saber mais e melhor, se aos sentidos agregarmos os "olhos e ouvidos" espirituais, disponíveis através do uso da fé.

E há um exemplo bíblico que comprova isso: o profeta Eliseu teve sua casa cercada por soldados sírios e não demonstrou medo. Seu criado, apavorado, lhe perguntou como o profeta podia estar tão tranquilo naquela situação. E Eliseu respondeu pedindo a Deus que abrisse os “olhos” espirituais do rapaz. E o criado pode então “ver” centenas de carros de fogo com anjos em volta da casa de Eliseu, para sua proteção (2 Reis capítulo 15, versículos 15 a 17).

Concluindo, não tente saber as coisas relacionadas com Deus somente com base naquilo que você consegue perceber com base nos seus sentidos. Use sempre sua capacidade de saber usando a fé. Certamente você vai ficar favoravelmente surpreendido com os resultados.

Com carinho

domingo, 6 de dezembro de 2015

BONS RELACIONAMENTOS DENTRO DA IGREJA

A Bíblia ensina que as pessoas devem viver sua fé em comunidades (igrejas). A fé cristã não é uma experiência que se deve experimentar de forma isolada. 

Sendo assim, os relacionamentos entre as pessoas dentro das igrejas é de enorme importância. Quando esse relacionamento é bom, todas(as) ganham - há apoio mútuo, compreensão, carinho, etc. Quando não é assim, aparecem atritos, fofocas, ciúmes, etc e as consequências podem ser muito ruins. 

Foi por saber disso que Jesus dedicou parte do seu ministério para orientar as pessoas a como se relacionar bem - é disso que trata o capítulo 18 do Evangelho de Mateus. Vamos ver mais de perto alguns dos ensinamentos contidos ali:  
Naquela hora, chegaram-se os discípulos a Jesus e perguntaram: Quem é, porventura, o maior no reino dos céus? Jesus, chamando para junto de si um menino, pô-lo no meio deles e disse: Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não fizerdes como este menino, de modo algum entrareis no reino dos céus. Quem, pois, se tornar humilde como este menino, esse será o maior no reino dos céus.(versículos 1 a 4)
Jesus discutiu nos versículos acima a questão da vaidade humana e da inveja que dela decorre (quando essa vaidade é frustrada). Ele fez isso respondendo à seguinte questão: Quem é mais importante dentro de uma igreja? 

Os seres humanos vivendo em comunidade costumam disputar os lugares de honra - querem ser admirados, prestigiados e paparicados. Tudo isso é produto da vaidade humana. Como evitar isso? Jesus, como sempre, surpreendeu a todos(as) com sua resposta: as pessoas importantes são as humildes e as puras de coração. Justamente as que não querem ocupar os lugares mais importantes. As que agem com a pureza de coração das crianças. 

Em outras palavras, a disputa por admiração e honrarias dentro das igrejas cristãs é errada. As comunidades cristãs devem ser pautadas por simplicidade e humildade. Nelas não deveria haver espaço para vaidade e inveja. Infelizmente sabemos bem que muitas vezes não é assim.
Que vos parece? se um homem tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixa as noventa e nove e vai aos montes procurar a que se extraviou? Se acontecer achá-la, em verdade vos digo que se regozija mais por causa desta, do que pelas noventa e nove que não se extraviaram. (versículo 12)
Jesus falou depois sobre uma pessoa da comunidade de fé que se desvia das boas práticas cristãs (a ovelha perdida). E isso é muito comum, especialmente entre os(as) jovens. 

Agora, o que fazer quando a ovelha se perde? Jesus orientou que os(as) líderes da comunidade devem ir atrás dessa ovelha e resgatá-la. Isso não significa despejar sobre ela acusações, ameaças de expulsão da comunidade e coisas assim. 

Trata-se sim de entender a fragilidade da natureza humana, analisar os atos dessa pessoa com olhos de amor e ajudá-la a curar suas feridas emocionais e espirituais - exatamente como o Espírito Santo faz com cada um de nós. Esse é o conceito de "resgatar" a ovelha que se perdeu.
Se teu irmão pecar, vai repreendê-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, terás ganhado teu irmão; mas se não te ouvir, leva ainda contigo uma ou duas pessoas, para que por boca de duas ou três testemunhas toda a questão fique decidida. Se ele recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e se também recusar ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano. (versículos 15 a 17)
Jesus continuou a tratar do caso da ovelha perdida. Agora, Ele falou da situação daquela que não quer mudar. O que fazer nesse caso?

A orientação de Jesus foi clara: implantar um processo de resgate que pode ter etapas. A primeira é uma conversa a sós de alguém da liderança da igreja com a ovelha perdida, tentando fazê-la mudar seus caminhos. Se essa conversa der, certo ótimo. Problema resolvido.

Masse não der, passa-se a outra fase. A mesma liderança marca nova conversa, agora com a presença de duas testemunhas. A finalidade dessas duas testemunhas é dupla.  Primeiro, servem para atestar o que foi conversado. Mas o segundo motivo talvez seja ainda mais importante: trata-se de agregar duas pessoas que possam apresentar um testemunho de vida do Evangelho ainda maior do que a pessoa que fez a conversa inicial. 

Em outras palavras, a pessoa que fez a abordagem inicial precisa ser capaz de dar um bom testemunho do Evangelho, isto é viver realmente aquilo que prega e defende, coisa que não é para qualquer um(a). E isso faz todo sentido.

Mas talvez isso não seja suficiente, aí duas outras pessoas se juntam ao diálogo, capazes de dar um testemunho talvez ainda maior do Evangelho. Por exemplo, digamos que eu procure um irmão que está com problemas e tente convencê-lo a mudar seus caminhos e ele recuse minha abordagem. Eu deveria então chamar para o diálogo o(a) pastor(a) da igreja e alguém mais que tivesse uma vida espiritual elevada. Talvez onde eu não tenha tido sucesso, essas pessoas, capazes de dar um testemunho ainda maior do Evangelho, podem conseguir o resultado desejado.

Mas se ainda assim a iniciativa não der certo, Jesus orientou a tratar a pessoa como gentio (não judeu) e/ou publicano (coletor de impostos), sinônimo (para os judeus) de pecador. Muita gente interpreta isso como expulsar publicamente a ovelha perdida da igreja e é isso que muitas igrejas fazem. E isso é um erro. 

Repare que Mateus, o autor desse texto, foi um coletor de impostos, antes de se juntar a Jesus. Não faz sentido, portanto, que ele tenha defendido a execração pública de alguém que tenha feito o mesmo que ele, pois não foi assim que Jesus o tratou. O sentido do comentário de Jesus deve ser diferente.

E de fato é: Jesus quis dizer que a tal ovelha perdida, que se recusa a mudar, deve ser tratada não mais como parte do rebanho. Isto é que ela passe a ser vista como alguém ainda não convertido(a). Pode até frequentar a igreja mas não é cristão(ã) de fato. Simples assim. 

E é justamente por não ter ainda se convertido, por não ter a fé que salva, é que essa pessoa resiste a mudar. E o que ela precisa não é execração pública e sim de conversão. Ela precisa ser tratada como qualquer pessoa que entra pela primeira vez numa igreja. Precisa ser levada a conhecer Jesus. Expulsão não, evangelização e discipulado sim. 
Em verdade vos digo: Tudo o que ligardes sobre a terra, será ligado no céu; e tudo o que desligardes sobre a terra, será desligado no céu. Ainda vos digo mais que se dois de vós sobre a terra concordarem em pedir alguma coisa, ser-lhes-á feita por meu Pai que está nos céus. (versículo 18)
Aí Jesus entra numa discussão que costuma causar muita controvérsia: "ligar" e "desligar". Muitos(as) cristãos(ãs) entendem que a afirmação de Jesus dá autoridade à igreja, através da sua liderança, para "ligar" ou "desligar" coisas aqui na terra, gerando consequências no mundo espiritual. Por exemplo, se duas pessoas são casadas na igreja, foi Deus quem as uniu, isto é esse casamento também foi feito no mundo espiritual.

Não vou entrar aqui no mérito dessa questão - já discuti isso em outro post. Meu foco é outro: penso que Jesus não estava dando esse tipo de autoridade à liderança da igreja. E a razão é simples: o texto vem tratando do relacionamento entre pessoas dentro de uma igreja - já falamos sobre vaidade, inveja, resgate da ovelha perdida, etc. E nos versículos 21 e 22, um pouco mais adiante, o tema é perdão. 

Não faria sentido que no meio do caminho o texto tratasse do poder dos líderes religiosos de "ligar" ou "desligar" coisas. Repito, Jesus estava falando da relação entre pessoas, como devem se comportar umas em relação às outras, portanto, "ligar" e "desligar" aqui deve ter outro sentido. 

De fato, penso que o sentido real é o alerta de Jesus que quando uma relação entre membros de uma igreja se estabelece, sempre há consequências espirituais. A relação de amizade ou amor que se firma, gera também laços espirituais. O mesmo acontece quando a relação se desfaz: as duas pessoas brigam. Dentro das igrejas, o mundo físico não anda desacompanhado do mundo espiritual.

Em outras palavras, as relações entre membros das igrejas têm consequências amplas. Muito maiores do que normalmente se percebe. Daí ser tão importante cuidar delas. 

Com carinho 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O PROBLEMA COM O OLHAR

Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora; melhor é entrares na vida eterna com um só dos teus olhos, do que tendo dois, seres lançado no inferno de fogo.                              Mateus capitulo 18, versículo 9
Na passagem acima Jesus tratou do cuidado que as pessoas devem ter para evitar práticas de vida que possam afastá-las de Deus. Ele simbolizou o que estava ensinando com as imagens da "mão", do "pé" e do "olho". 

A "mão" e o "pé" representam os instrumentos que o ser humano usa para realizar atos pecaminosos - matar, roubar, adulterar, etc. É fácil perceber por que Jesus incluiu esses órgãos na sua fala: não há como pecar por ação se a pessoa não tem os meios físicos para isso. 

Já o "olho" é mais difícil de interpretar. Ele representa o que contamina o interior das pessoas e gera motivação para o pecado. Jesus usou essa imagem porque é através do olho que as pessoas percebem o mundo à sua volta e a partir daí podem estabelecer impressões sobre o que existe e decidir fazer alguma coisa. 

Por exemplo, é vendo o que o vizinho tem, e elas não, que a inveja se instala nas pessoas. É olhando para a bonita mulher do próximo, que vem a cobiça, passo inicial para o adultério. E é percebendo que determinado valor foi guardado de forma descuidada que aparece o incentivo para roubar.

O efeito negativo do olhar é sutil e frequentemente as pessoas nem se dão conta do mal que está acontecendo. Vou dar um exemplo que acontece diariamente na minha vida.

Todos os dias, quando minha mulher e eu entramos no elevador, sempre acontece a mesma coisa. Há um grande espelho no fundo cabine e eu automaticamente fico de costas para ele. Minha mulher faz exatamente o contrário. E fica se olhando, reclamando das suas imperfeições físicas, ato bem feminino. É como uma sessão de "auto-tortura" diária - bastaria que ela ficasse de costas para o espelho para evitar esse mal. Mas algo atrai seu olhar - isso é mais forte do que a vontade dela.

Nesse exemplo o mal é pequeno, trata-se de um prejuízo que minha mulher causa a ela mesma. Mas muitas vezes as consequências negativas do olhar são muito mais sérias. Por exemplo, foi ao ver Bate-Seba nua, secando-se ao sol no telado da sua casa, que o rei Davi a desejou e resolveu adulterar com ela. Talvez o rei tivesse visto aquela mulher fazer a mesma coisa outras vezes e nada aconteceu, mas naquele dia o olhar foi diferente. E a história de Israel acabou mudada por causa disso.

Não há dúvida que o olho é um veículo de contaminação do interior da pessoa. E Jesus ensinou que é melhor perder a capacidade de ver, ou seja de perceber bem as coisas à volta, se isso vier a evitar que a pessoa peque e vier dar-lhe condições de herdar a vida eterna.

Jesus, ao usar essa imagem, ensinou que você deve tomar cuidado com o que olha - um programa de televisão ou filme, a casa do vizinho, a loja no shopping com o objeto que você deseja e não pode comprar, e assim por diante.

Resumindo, Jesus ensinou uma coisa simples e importante: é melhor você se privar de coisas importantes, como a capacidade de locomoção, de poder agir à vontade ou de conseguir ver o que está à sua volta, se isso evitar o pecado e a perda da vida eterna. Afinal, a vida eterna é mais importante do que tudo e deve ser sua meta, seu foco. Nada pode atrapalhar sua trajetória em direção a ela. 

Com carinho 

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

AS MULHERES NÃO SÃO BEM TRATADAS EM MUITAS IGREJAS

Lucetta Scaraffia é uma historiadora italiana envolvida há muitos anos com causas feministas. Ela foi uma das 32 mulheres convidadas a participar do sínodo dos bispos da Igreja Católica sobre a família, realizado no mês passado. Seu relato mostra as dificuldades da Igreja Católica em lidar bem com as mulheres:

...O que mais me espantou nesses cardeais, bispos e padres foi sua perfeita ignorância sobre o sexo feminino, seu pouco conhecimento em relação a essas mulheres tidas como inferiores, como as freiras, que geralmente lhes serviam de domésticas... para a imensa maioria deles, o constrangimento sentido pela presença de uma mulher como eu era palpável... minha presença era no máximo tolerada... Bem que tentei dividir minhas impressões com as outras poucas mulheres presentes no sínodo, mas elas sempre me olhavam com espanto; para elas, esse tratamento dos homens era totalmente normal... A simplificação excessiva é uma realidade... todos falam em uma linguagem autorreferencial, quase sempre incompreensível para quem não pertence à "panelinha" do clero: "afetividade" para se referir a "sexualidade"... falam também em "arte do acompanhamento"... Quase todos estão convencidos de que basta um curso de preparação para o casamento para superar todas as dificuldades e talvez também um pouco de catecismo antes das núpcias.
Achei esse relato interessante porque toca em alguns problemas muito comuns a diversas denominações cristãs, inclusive as evangélicas - afinal, não é só a Igreja Católica que tem dificuldades em tratar bem as mulheres. Muitas igrejas continuam, até mesmo sem querer, reproduzindo comportamentos machistas, que alienam as mulheres. 

Dentre as muitas questões que poderiam ser levantadas com base no relato acima, separei duas, que vou discutir com um pouco mais de profundidade, pois acredito que resumem bem o problema como um todo: 

Falta de vontade de lidar com o problema real
A liderança religiosa do sexo masculino com frequência nem faz muito esforço para entender os sentimentos e as necessidades reais das mulheres. Não procura conhecer o problema real e assim não consegue lidar bem com ele. No caso da Igreja Católica, essa questão é ainda mais aguda porque os padres não são casados, portanto não vivem uma experiência - a vida matrimonial - que ensina muito os homens sobre a condição feminina. 

É justo dizer que em muitos casos até são feitos esforços para reduzir o machismo nas igrejas, mas como o problema não é corretamente entendido, as medidas tomadas mostram-se inadequadas - um bom exemplo é o que aconteceu com as mulheres convidadas a participar do sínodo da Igreja Católica, conforme o relato acima, que estavam lá apenas para constar, para "sair bem na foto". 

Gênero (masculino ou feminino) nunca deveria ser critério para escolha de lideranças dentro das igrejas cristãs. Simples assim. Afinal, o Novo Testamento está cheio de exemplos de mulheres que lideraram igrejas, como Priscila, e isso numa época em que a mulher de fato pouco representava em termos sociais. O que deve comandar a escolha de uma pessoa para a liderança religiosa são suas características individuais, seu chamado espiritual. Nada mais. 

Muitas igrejas, na tentativa de reduzir o machismo, procuram reservar um espaço de trabalho para as mulheres. O problema é que as funções normalmente reservadas para elas - como a decoração dos templos ou a ministração de aulas para crianças na escola dominical - são escolhidas por serem mesmo "coisa de mulher", acabando por perpetuar o machismo que esse tipo de atitude procura superar.  

Uma das piores consequências da discriminação é a geração de apatia entre as mulheres. A maioria delas acaba se conformando com essa situação e achando que as coisas precisam ser assim mesmo e não há muito a fazer. E quando isso acontece, a comunidade cristã perde uma parte importante das vocações espirituais com as quais poderia contar, pois as mulheres constituem cerca de dois terços dos frequentadores das igrejas - não é por acaso, portanto, que a Igreja Católica, onde esse problema é bem agudo, passe por uma grande crise de lideranças.

Interpretações distorcidas
Outro problema comum é a distorção da doutrina para facilitar a manutenção da visão machista. E há várias formas de fazer isso, como a simplificação excessiva de conceitos complexos ou a interpretação errada de ensinamentos bíblicos. 

No relato acima, a autora falou sobre a excessiva simplificação no trata de determinados assuntos delicados, como no caso em que os líderes católicos pensam ser suficiente um simples curso pré-matrimonial (umas poucas aulas durante um mês)  para dar aos noivos a orientação necessária para a vida de casado.

Conforme o relato, essa excessiva simplificação também passa pelo uso de jargão, onde são usadas palavras neutras, como "afetividade", para se referir a conceitos mais incômodos, como "sexualidade". Ora, sexualidade é certamente bem diferente de afetividade e tratar uma coisa como se fosse a outra só leva a conclusões e medidas erradas.  

As mulheres são particularmente prejudicadas por esse tipo de abordagem, por exemplo quando a discussão sobre sexualidade se limita a falar sobre "pureza". E das moças é cobrado um grau de pureza que não é exigido dos rapazes, caso claro de "dois pesos e duas medidas". 

Tem ainda a questão da interpretações erradas dos textos bíblicos, como por exemplo, na questão do papel da mulher dentro do casamento. A visão mais corrente no mundo cristão, especialmente entre os evangélicos, é que o marido deve ser o "cabeça do casal", sendo isso entendido como "o marido manda e a esposa obedece". Tal orientação distorcida infelizmente é alcançada a partir da interpretação equivocada de um texto do apóstolo Paulo, onde o conceito de "cabeça", usado para significar "origem", é usado com o sentido de "liderança" - já falei sobre isso em outro post aqui no blog.

São muitos os exemplos que poderia dar, mas penso que já deu para passar a mensagem que eu queria: a discriminação é uma realidade.  

Palavras finais
Há muito trabalho a ser feito para dar mais espaço e tratar melhor as mulheres dentro das igrejas cristãs. Fico triste com essa constatação, mas essa é uma realidade da qual não se pode fugir. 

E deixar de reconhecer isso só contribui para perpetuar a discriminação. Afinal, a solução de qualquer problema começa pelo reconhecimento da sua existência.

Com carinho

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

AS TRAGÉDIAS EM MARIANA E EM PARIS

Vivemos recentemente duas tragédias horríveis: o rompimento da barragem de uma mineradora em Mariana e o ataque terrorista em Paris. Ambas geraram muitas mortes e uma delas, a de Mariana, trouxe consigo também um grande dano ecológico, enquanto o ataque terrorista deixou um rastro de medo que vai afetar o futuro da França.

Ambos eventos foram terríveis e merecem repúdio de todas as pessoas decentes. Num dos casos uma empresa se mostrou irresponsável ao deixar de tomar os cuidados necessários com sua barragem - a tragédia poderia ter sido evitada pois não houve nenhuma circunstância especial para justificar o ocorrido como uma enchente gigantesca ou um terremoto. Por causa disso uma pequena comunidade sumiu do mapa e muitas cidades terão seu meio ambiente afetado por décadas.

O atentado em Paris foi diabólico - pessoas indefesas foram metralhadas em restaurantes e numa casa de shows. Muitas famílias tiveram suas vidas mudadas para sempre. Impressiona a decisão dos terroristas de causar o mal ao maior número possível de pessoas - é claro que há um propósito político nesse aparente desatino, mas nem vou entrar nessa discussão aqui.

Essas duas tragédias geraram enorme comoção nas redes sociais, com pessoas se manifestando com palavras emocionadas. E de repente começou uma "competição": qual delas deveria indignar mais as pessoas. Aquelas pessoas que se manifestavam sobre uma eram cobradas por não terem mostrado a mesma solidariedade com as vítimas da outra. Como se o mal pudesse ser medido, pudesse ser comparado. Como se a indignação num caso fosse mais justa do que no outro.

Ora, isso é um absurdo. Os dois casos são terríveis e tentar estabelecer uma escala do mal e ficar cobrando das outras pessoas que se comovam ou se solidarizem mais com uma ou com outra não tem o menor sentido. Sem contar, que tal tipo de julgamento dos outros foi condenado por Jesus.

É perfeitamente compreensível que uma pessoa com laços afetivos com Mariana ou cidades vizinhas certamente se senta mais tocada pelo que aconteceu lá e nada há de errado nisso. Uma pessoa que ame Paris e tenha raízes na cultura francesa pode ficar mais emocionada com o atentado e isso também é perfeitamente natural.

Aos olhos bíblicos, essa situação é explicada pelo conceito de "próximo" que Jesus usou quando contou a parábola do bom samaritano (Lucas capítulo 10, versículos 30 a 37). Ele ensinou que temos sim responsabilidades de solidariedade e fornecimento de ajuda com as pessoas próximas a nós. Agora, o conceito de "próximo" tem mudado muito a partir do advento da Internet e redes sociais. Você que lê este blog é meu "próximo(a)", embora possa viver até em outro país. E pode ser mais próximo(a) do que uma pessoa que more no mesmo bairro meu, mas a quem eu não conheça ou não cruze meu caminho.

O que nos foi cobrado é que façamos o possível pelas pessoas com quem temos contacto. O sofrimento dessas pessoas precisa nos afetar e precisamos ajudá-las no que estiver a nosso alcance. 

Isso não quer dizer que devemos desprezar outras tragédias, menos próximas de nós, física ou emocionalmente, mas se trata simplesmente de levar em conta que ninguém consegue abarcar tudo. Ninguém consegue se emocionar e se indignar com todo o mal que acontece no mundo. Simples assim.

Portanto, resta-nos lamentar ambas as tragédias e pedir a Deus que console todas as pessoas afetadas. E se pudermos fazer algo pelas pessoas afetadas - por exemplo, mandar água e roupas para as pessoas da região de Mariana - devemos fazer isso sem hesitar. Sem fazer comparações. Sem estabelecer escalas de importância. 

Com carinho 

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O SONHO DA MULHER DE PILATOS

De vez em quando, pessoas comuns, como você ou eu, são colocadas diante de situações que podem ter repercussões muito grandes. Por exemplo, os tripulantes do avião que transportou a bomba atômica lançada sobre a cidade de Hiroshima não tinham a menor ideia da dimensão do que estavam fazendo, tanto foi assim que o piloto apelidou o avião de "Enola Gay", nome da sua própria mãe, que acabou ficando tristemente famosa por causa disso.

Cláudia Prócula, esposa de Pôncio Pilatos, o Governador da Judeia que condenou Jesus à morte na cruz, passou por uma situação desse tipo. Cláudia vinha de família romana importante e foi o casamento com ela que abriu para Pilatos as portas para uma vida melhor. Ele subiu rapidamente no serviço público, culminando com a designação para governar a Judeia no tempo de Jesus.

Agora, para você entender o que aconteceu com ela é preciso falar um pouco sobre o contexto dos fatos que levaram à condenação de Jesus. Ele foi preso na madrugada de uma sexta feira por ordem dos líderes religiosos judeus. Esses homens tinham poder para prender e julgar qualquer judeu mas uma condenação à morte precisava, segundo as leis romanas, ser confirmada pelo Governador (João capítulo 18, versículos 28 a 31).

Os principais sacerdotes judeus estavam vivendo um dilema naquela oportunidade. Foram avisados por Judas Iscariotes (o discípulo que traiu Jesus) que haveria uma oportunidade para prendê-lo na noite de quinta para sexta feira. Segundo o relato bíblico, esse aviso chegou até os principais sacerdotes por volta de nove horas da noite de quinta. Eles levaram algum tempo para preparar tudo e conseguiram prender Jesus já na madrugada de sexta feira.

O dilema ao qual me referi consistia no prazo extremamente curto que eles tinham para julgar, condenar e executar Jesus - o prazo acabava às seis da tarde de sexta feira, pois aí começaria o sábado judaico e todo trabalho precisava ser interrompido. E havia um agravante: os judeus estavam comemorando na mesma data a Páscoa e, após o sábado, viriam mais 7 dias de feriado. Assim, se não conseguissem condenar e executar Jesus naquelas poucas horas, somente poderiam fazê-lo cerca de 8 dias depois.

Ora, durante a Páscoa, Jerusalém ficava lotada de peregrinos (a população era multiplicada por quase 10) e Jesus era uma figura muito popular por causa dos muitos milagres que tinha realizado. Quando a notícia da prisão d´Ele se espalhasse, havia grande risco de haver uma revolta popular, coisa que os principais sacerdotes judeus queriam evitar a qualquer custo. 

Portanto, antes de prender Jesus, os sacerdotes precisavam se assegurar que Pilatos iria confirmar a condenação à morte e que concordaria em fazer isso muito cedo, já na manhã de sexta feira. Assim, quando receberam o aviso de Judas Iscariotes, o sumo-sacerdote correu para o palácio do Governador, para conversar com Pilatos. 

A Bíblia não relata essa conversa, mas percebemos que ela ocorreu por várias razões. Primeiro, porque era a coisa lógica naquela situação. Depois, porque houve uma demora de mais de duas horas entre o aviso de Judas e a partida do grupo que foi prender Jesus, conforme fica claro na cronologia do relato bíblico - esse foi o tempo necessário para manter a conversa, tomar a decisão final e dar ordens à guarda do Tempo (que fez a prisão).

Como o sumo- sacerdote procurou o Governador já tarde da noite (as pessoas deitavam e acordavam cedo naquela época), o que era surpreendente, é natural que Pilatos tenha comentado o ocorrido com sua esposa, que também estava em Jerusalém ( a residência oficial do Governador da Judeia era na cidade de Cesareia Marítima).

Então, Cláudia foi dormir com a informação que Jesus seria condenado e executado na manhã seguinte, com a concordância de Pilatos. E aí ela teve um sonho para avisar Pilatos a não dar apoio ao que estava para acontecer. 

E estando ele [Pilatos] no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas com esse justo [Jesus], porque hoje em sonho muito sofri por seu respeito.                                                             Mateus capítulo 27, versículo 19
O sonho de Cláudia é mais uma prova de que ela sabia da conversa entre Pilatos e o sumo-sacerdote, ocorrida na noite de quinta feira, caso contrário o tal sonho não teria feito o menor sentido para ela.

Isso tudo deixa claro que, na manhã de sexta feira, ao acordar, Cláudia percebeu que Pilatos já saíra para tratar do caso de Jesus. Avisada em sonho, ela percebeu que estava diante de um momento que pode mudar toda a história de uma vida, conforme comentei no começo deste post.

Ela então decidiu mandar avisar o marido para não seguir em frente com o combinado pois isso traria maldição para sua vida. Pilatos recebeu a mensagem e realmente mudou de comportamento - o relato bíblico conta que ele tentou por várias vezes inocentar Jesus, chegando a oferecer trocá-lo por outro prisioneiro, Barrabás (Mateus capítulo 27, versículos 15 a 18).

Sua mudança inesperada de comportamento enfureceu os líderes judeus, que começaram a ameaçar Pilatos, dizendo que iriam denunciá-lo para o Imperador romano (João capítulo 19, versículo 12). E o Governador não teve personalidade suficiente e acabou cedendo à pressão. Num último gesto, tentou tirar a responsabilidade dos seus ombros, lavando de forma simbólica as suas mãos (Mateus capítulo 27, versículo 24).

Não adiantou: Pilatos passou para a história como o carrasco de Jesus e, a partir daquele acontecimento, sua carreira política foi por água abaixo - poucos anos depois ele acabou perdendo seu cargo e foi para o exílio, em desgraça perante o Imperador.

Uma pessoa comum - Cláudia - foi colocada numa situação desafiadora: sabia que seu marido ia cometer um ato muito grave e tentou evitar isso. Mas não teve sucesso.

É provável que Cláudia pudesse ter feito mais - talvez se tivesse ido pessoalmente falar com Pilatos, o resultado teria sido outro -, mas não podemos saber com certeza. O fato é que ela não conseguiu evitar a má ação do marido e acabou pagando um alto preço, pois as consequências ruins que vieram sobre Pilatos certamente também afetaram sua vida.

Fica aí um importante ensinamento: há momentos na vida onde não a pessoa não pode deixar de fazer a coisa certa, pois as consequências de um erro naquela situação podem ser desastrosas.

Com carinho

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

FAÇAM O QUE EU DIGO E NÃO O QUE FAÇO

Recentemente passei por experiência que tem tudo a ver com o título deste post. Ouvi mensagem onde a pregadora falou sobre fidelidade - cobrando das pessoas serem fiéis à mensagem do Evangelho em uma série de aspectos da suas vidas.

Sem dúvida, tal mensagem é correta e mesmo necessária. Afinal, infidelidade desagrada muito a Deus. Tanto é assim, que a Bíblia chama esse pecado de "prostituição" ou "adultério", acusação muito séria.

O problema não estava no conteúdo da mensagem, sem dúvida correto,  e sim na autoridade da pregadora em cobrar das pessoas que fossem fiéis. Conheço um pouco da história daquela pregadora e sei que ela não age assim na sua vida privada. Em outras palavras, cobra das demais pessoas aquilo que ela mesma não faz.

Como isso é possível? Na minha experiência, duas possibilidades explicam esse tipo de comportamento. A primeira é o auto-engano. Esse é o caso da pregadora à qual me referi - ela encontrou uma série de desculpas para si mesma, para justificar seu comportamento aos próprios olhos. Ela acredita que não errou e está tudo bem.

Auto-engano é uma arma muito poderosa. Permite que a pessoa faça uma monte de coisas erradas e ainda assim se sinta bem (veja mais) - muita gente faz isso, inclusive sem perceber. E a menos que alguém chegue para a pessoa que se auto-engana e a "sacuda", apontando-lhe seus erros, ela não vai "acordar" e corrigir seus caminhos.

A Bíblia tem uma história que fala sobre isso. O rei Davi adulterou com Bate-Seba e a mulher engravidou. Para esconder seu pecado, Davi mandou matar o marido de Bate-Seba e se casou com ela. E não se deu conta do que tinha feito - sei lá que mentiras contou para si mesmo. Até que o profeta Natã foi falar com o rei, a mando de Deus, para alertá-lo do seu pecado e Davi finalmente "acordou" (2 Samuel capítulo 12, versículos 1 a 10).  

Outra possibilidade que explica a pessoa pregar sobre algo que não pratica é a hipocrisia. A pessoa sabe que peca, que não tem moral, mas cobra dos(as) outros(as) o que não pratica pois não tem saída - precisa salvar a própria pele. 

Lembro do caso de um casal de pastores flagrado ao entrar em outro país com dólares não declarados, escondidos numa Bíblia. Acabaram confessando para a justiça daquele país o que tinham feito, sendo condenados e cumprindo pena de prisão. Mas aqui no Brasil, para seus seguidores, muito dos quais pessoas simples, sem acesso a essas informações, disseram que nada tinham feito de errado, que tudo foi armação, etc. Hipocrisia pura e simples. 

Vemos o mesmo acontecendo com um Deputado evangélico, flagrado com muitas contas no exterior, abastecidas com dinheiro de corrupção. Ele continua a afirmar que não tem dinheiro no exterior, embora haja documentos com a assinatura dele comprovando o contrário. E tem gente que acredita na sua versão dos fatos.

Hipocrisia infelizmente funciona. Existe um ditado que diz: "não é possível enganar todo mundo todo o tempo". Isso significa que sim é possível enganar poucas pessoas por muito tempo ou muitas pessoas por pouco tempo. E há muitos líderes religiosos que fazem exatamente isso e vivem muito bem.

Agora, a Bíblia alerta muito sobre essas questões. Por exemplo, Jesus foi muito duro com os(as) hipócritas(as) - chamou essas pessoas de "túmulos caiados de branco por fora e dentro cheio de podridão".  E disse que haverá muito rigor com essas pessoas no Julgamento Final.

No caso do auto-engano, a situação é mais sutil. A pessoa cria processos mentais que a fazem acreditar em algo que não é verdadeiro. Para corrigir isso, Deus manda alertas para essas pessoas, como fez com Davi. E cabe a elas aceitar ou sofrer a consequência dos seus erros.

Até agora abordei o lado de quem prega e não tem condições morais para fazer isso. Mas é como fica quem ouve esse tipo de pregação? Estou agora falando de nós, cristãos(ãs).

A primeira coisa a entender é que se formos exigir que os(as) pregadores(as) não tenham pecado para poder falar do Evangelho ninguém poderia falar nada - e eu não poderia escrever esse blog. Afinal, todo mundo peca. Sem exceção.

Deus escolheu transmitir seu Evangelho através de pessoas, mesmo sabendo que todas pecam, portanto, conhecia bem esse dilema. Não é surpresa para Ele.

O que então Ele espera de nós? Simplesmente que separemos o conteúdo da mensagem de quem a transmite - analisar aquilo que é falado e ver se está de acordo com a verdade ensinada por Deus na Bíblia, não importa quem tenha transmitido a mensagem. Entender que a credibilidade da mensagem é dada por Deus e não por quem a prega aqui ou ali.

O problema que vejo na separação entre mensagem e mensageiro(a) é a dificuldade em aceitar a mensagem como verdadeira quando o(a) mensageiro(a) perde a credibilidade. Tendemos dar à mensagem a mesma credibilidade do(a) mensageiro(a) e se ele(a) não tem credibilidade, a mensagem vai direto para o lixo.

Sei bem disso, porque já passei por essa dificuldade. Mas essa lição precisa ser aprendida: a mensagem tem que ser analisada nos seus méritos. Simples assim.

Isso também significa que não devemos depositar nossa esperança nos líderes cristãos, não importa quem sejam. Devemos seguir o Evangelho de Jesus.

Infelizmente, muitas pessoas acabam tão encantadas com determinados(as) pastores(as) que eles(as) se tornam sua referencia na vida - o que esses líderes afirmam acaba sendo a mensagem do Evangelho, não importa o que seja. Na cabeça dos(as) seguidores(as), o Evangelho acaba por se tornar equivalente ao líder que seguem

Mas isso é um grande erro pois cedo ou tarde esses(as) pastores(as) irão errar e mostrar seu lado pecador. É só uma questão de tempo. E aí os(as) seguidores(as) vão se sentir decepcionados(as) tanto com o seu líder como também com o Evangelho. E isso é muito ruim. Muito ruim mesmo.

Está aí um grande desafio para a vida cristã: entender que a mensagem de Jesus é o que importa de fato. E não quem a transmite num ou noutro momento.

Com carinho

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O CRISTÃO NÃO DEVE JULGAR NEM POLÍTICO CORRUPTO?

O noticiário na mídia é um show de horrores. Esquema após esquema de corrupção é desvendado e mais e mais pessoas - políticos (muitos deles evangélicos), empresários, funcionários públicos, diretores de estatais, etc - aparecem envolvidas. 

Tudo isso causa enorme indignação a quem é cristão(ã) verdadeiro(a) pois essa corrupção viola vários mandamentos de Deus, como aqueles que estabelecem ser proibido roubar, cobiçar o que pertence ao próximo ou dar falso testemunho. E em consequência são feitas críticas pesadas a quem tal tipo de procedimento errado. 

Mas, por outro lado, Jesus advertiu que é pecado julgar o próximo (Mateus capítulo 7, versículos 1 a 5). Como então reconciliar essas duas situações - as denúncias comprovadas de práticas pecaminosas com o mandamento para não julgar? Será que cristão(ã) não pode nem julgar políticos corruptos

E esse dilema fica ainda pior quando quem age errado é pastor(a). Aí junta-se à mistura o mandamento de não se tocar nos(as) ungidos(as) por Deus e fica quase impossível criticar quem quer que seja, não importa o que tenha feito.

Quando caiu o teto de uma igreja evangélica, matando várias pessoas ali reunidas em culto, eu critiquei, durante uma aula na escola dominical da minha igreja, os pastores responsáveis pela administração da igreja pelo seu descaso. E uma senhora mostrou-se inconformada com meu comentário e usou os dois mandamento de Jesus que citei acima para concluir que eu tinha pecado. 

Temos aí mais um exemplo do mal causado por teologia errada. As consequências ruins nesse caso são levar os(as) cristãos(ãs) a se calar, não levantar suas vozes contra o que acontece errado. Como prova do que acabei de falar, lembro que poucos líderes cristãos se levantaram para criticar o Presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, acusado de práticas de corrupção. 

Garanto a você que não é pecado criticar político corrupto, como também não o é apontar erros éticos cometidos por pastores(as). Fazer tal tipo de crítica em nada contraria os mandamentos para não julgar ou não tocar nos(as) ungidos(as) por Deus. E eu me explico.

O apóstolo Paulo ensinou que o(a) cristão(ã) deve julgar todas as coisas e reter o que é bom (1 Tessalonicenses capítulo 5, versículo 21). Ora, nessa única frase ele abordou três coisas. Primeiro, o(a) cristão(ã) deve colher informações sobre os fatos (as "coisas"), até porque não se pode avaliar algo sobre o qual nada se sabe. 

Depois, ele(a) precisa construir um juízo de valor ("julgar") o que aconteceu com base nas informações colhidas. 

Finalmente, o(a) cristão(ã) deve manter (concordar com) aquilo que for considerado bom e lançar fora (rejeitar) aquilo que não passar nesse teste.  

Paulo, portanto, incentivou o(a) cristão(ã) a julgar sim, mas fatos concretos. E Jesus disse a mesma coisa quando comentou que as pessoas devem ser avaliadas pelos seus frutos, ou seja, os resultados dos seus atos (Mateus capítulo 7, versículos 16 a 20). 

Então, o(a) cristão(ã) precisa avaliar as pessoas com base naquilo que fazem e nos resultados que obtém. E não há qualquer pecado em fazer isso. E isso também se aplica ao caso das pessoas "ungidas" por Deus, como pastores(as). 

O que Jesus quis dizer, quando nos proibiu julgar o próximo, foi fazer avaliações quando não há fatos concretos - por exemplo, quando uma pessoa julga as intenções de outra com base apenas nas suas percepções pessoais. Jesus alertou que as pessoas não conseguem conhecer de fato o que vai no coração umas das outras - as aparências sempre enganam. 

Voltando ao exemplo da igreja onde o telhado caiu, eu teria pecado se tivesse afirmado que o descaso demonstrado pelos pastores(as) deveu-se ao fato que eles(as) se importavam mais com o dinheiro do que com a vida dos frequentadores(as), coisa que não fiz. Afinal, não havia dados concretos para fazer esse tipo de avaliação- tudo poderia ter acontecido simplesmente por incompetência. Era possível afirmar que houve descaso porque a direção da igreja não seguiu a legislação pertinente, o que teria evitado a queda do teto e as mortes - esse era um fato concreto. Mas atribuir aos(às) pastores(as) tal ou qual motivação já ia além dos fatos e isso não poderia ter sido feito.  

Um outro exemplo interessante tem a ver com o depoimento do bicheiro Carlinhos Cachoeira numa CPI do Senado, cerca de 3 anos atrás. Ele declarou que somente estava falando ali porque tinha se arrependido, ao se converter a Jesus. As provas levantadas permitiam afirmar que aquele homem infringiu a lei e era um criminoso. Mas não era possível dizer que ele estava mentindo sobre sua possível conversão para conseguir leniência da justiça, como muita gente afirmou naquela época. Isso seria fazer o que Jesus proibiu.

Essa argumentação vale para todos os casos que temos visto na realidade brasileira atual. Vale para todo mundo envolvido nessas questões. Precisamos nos ater aos fatos e julgar as ações erradas das pessoas com rigor, à luz dos mandamentos da Bíblia. Mas devemos deixar a avaliação de intenções e outras coisas que escapam nosso conhecimento para Deus, pois Ele sim conhece o interior de cada ser humano.

Finalmente, gostaria de voltar à questão de não tocar nos ungidos de Deus. Quem disse que um(a) pastor desonesto(a), que não mostra respeito pelo seu rebanho, é ungido(a)? Só porque foi ordenado(a) pastor(a)? Pensar assim é confundir duas coisas: a ordenação, como ato administrativo conduzido pela direção de uma denominação cristã qualquer, com a unção de Deus. São coisas bem diferentes.

Um(a) pastor(a) ordenado pode ser ungido por Deus e acredito que muitos dentre eles(as) o sejam. Mas nem todos são - muitos(as) não têm condições morais para cumprir tal tipo de ministério. É uma pena, mas essa é a verdade nua e crua.

Líderes cristãos que se apresentam como ungidos(as) de Deus, e em paralelo agem de forma reprovável, estão na verdade se apossando de uma unção que não foi derramada de fato sobre eles(as). Simples assim.  

Com carinho

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

PROVANDO A EXISTÊNCIA DE UM DEUS CRIADOR

Imagine que você foi convocado para ser jurado num julgamento criminal que irá definir se é possível condenar alguém por um crime. Você sabe que precisará analisar as provas juntadas pela acusação e ver se elas são convincentes - se forem, você votará pela condenação, caso contrário irá absolver o acusado. 

Agora, imagine que esse julgamento objetive definir se há provas suficientes para estabelecer que alguém criou o universo e tudo que nele há. Ou seja, trata-se de dar um veredito para definir se foi Deus mesmo o responsável pela criação do Universo, incluindo a vida.

Os ateus insistem que não há provas disso - basta ler os livros de Richard Dawkins, o mais famoso dentre eles, para ser bombardeado com uma série de declarações estabelecendo que acreditar em Deus é bobagem pura e simples.

Infelizmente muitos cristãos, por falta de conhecimento, acabam aceitando a tese de que não é possível provar a existência de Deus. Na verdade, aceitar essa premissa é fazer o jogo dos ateus, pois não é verdade que a existência de Deus não possa ser provada.

A existência de Deus pode ser sim estabelecida, desde que mantenhamos as expectativas corretas de como isso pode ser feito. É claro que não podemos esperar ter testemunhas oculares da criação do universo ou da vida - não será possível buscar isso. É preciso tomar outro caminho. Mas isso não significa que se trata de tarefa impossível.

Provas diretas ou circunstanciais? 
Vou começar, lembrando que existem dois tipos de provas que podem ser usadas num julgamento criminal: diretas e circunstanciais. O primeiro tipo é composto pelas evidencias que atestam diretamente o que aconteceu. Por exemplo, um testemunho ocular confiável sobre quem cometeu o crime, o DNA do suspeito no corpo da vítima, etc. 

É claro que nem sempre é possível ter esse tipo de prova por isso os promotores recorrem a outro tipo: provas circunstanciais. Trata-se daquela prova através da qual se infere a autoria do crime, por ser a explicação mais viável para a situação. 

Agora, provas circunstanciais só funcionam bem de forma cumulativa - quantas mais delas forem acumuladas, mais forte fica o caso contra o acusado. 

Uma única prova direta - por exemplo, o DNA no corpo da vítima - pode ser suficiente para provar que determinada pessoa é culpada. Mas serão necessárias muitas provas circunstanciais para construir um argumento forte para condenar alguém. 

Por exemplo, vamos imaginar que haja uma testemunha de do crime que consiga apenas dar uma descrição aproximada do assassino - por exemplo, alto, moreno, forte e com cabelo curto. Assim, se um suspeito não bater com tal descrição, já se sabe que essa pessoa é inocente. Mas se o suspeito for parecido com a descrição da testemunha, isso não provará definitivamente sua culpa, mas somará alguns pontos nesse sentido.

Álibi é outra prova circunstancial: se a pessoa tem álibi adequado, fica claro que é inocente. Se não tem um bom álibi, isso não prova que é culpada, mas tal lacuna soma mais pontos na direção da culpabilidade.

Vamos imaginar ainda que o suspeito tem um carro igual ao que foi visto no local do crime.  Trata-se de mais um ponto a favor da culpabilidade. Digamos também que se conhece outro detalhe importante: o criminoso calçava botas de couro verde. E vamos imaginar que uma busca na casa do suspeito encontre botas desse tipo. Essa prova soma mais pontos em direção à culpabilidade. 

Juntando tudo: o suspeito não tem álibi, sua descrição bate com a do assassino, dirige um carro igual ao visto no local e tem botas iguais às percebidas nos pés do assassino. Aí as coisas começam a ficar complicadas para o suspeito. Mais algumas provas circunstanciais desse tipo e os(as) jurados(as) terão condições de condenar o acusado sem medo de cometer uma injustiça.

Provas circunstancias, portanto, funcionam por acumulação - nenhuma prova sozinha consegue provar a culpa do acusado, mas o conjunto delas apontando numa mesma direção pode sim comprovar a autoria do crime e levar à condenação. E esse tipo de abordagem é amplamente usado no julgamento de crimes.

E é assim que a existência de um deus criador pode ser provada. Ninguém estava presente quando o universo foi criado ou quando a vida começou a existir, portanto, não há provas diretas da existência de Deus. Precisamos recorrer a provas circunstanciais.

As provas de que Deus criou o mundo
Será que há provas circunstanciais suficientes para provar que Deus criou o mundo? Sim e as provas são bem convincentes.

Num debate ocorrido na Universidade Purdue, nos Estados Unidos, cerca de dois anos atrás, o filósofo William Craig Lane apresentou 8 diferentes provas circunstanciais fortes de que Deus criou o universo e a vida. Não é pouca coisa.

Não tenho espaço aqui para discutir todas elas, assim vou me restringir a três, para dar uma ideia para você de como esse argumento pode ser construído:
  • O universo teve início (não é eterno) - esse é um fato comprovado pela ciência, com base na descoberta do Big Bang. Ora, o universo não pode ter surgido do nada, pois isso não é possível, nem lógico. Foi preciso haver uma força incomensurável para conseguir fazer isso. Os ateus não tem uma explicação para o surgimento do universo, mas nós temos: essa força é Deus (veja mais).
  • O funcionamento do universo é corretamente descrito através de equações matemáticas - por exemplo, o Boson de Higgs (a partícula de Deus), observado poucos anos atrás (veja mais), foi prevista muito tempo antes por um físico com base em fórmulas matemáticas por ele desenvolvidas. Ora, não seria razoável imaginar que um universo formado por mero acaso - como postulam os ateus - possa ter esse tipo de organização. Foi necessária uma mente muito sofisticada para estruturar tal organização. E que mente pode ter sido essa? Os cristãos têm a resposta: Deus.
  • A existência do código genético como o mapa para a vida - o DNA é formado por enorme quantidade de informações organizadas de maneira impecável. Depois que os cientistas conseguiram decifrar esse código, passaram a poder modificar organismos de todos os tipos. Os ateus creditam a formação do DNA ao simples acaso (com base na teoria da evolução descrita por Darwin). Mas informação nunca é organizada por acaso - é preciso sempre ter uma mente inteligente por trás. E no caso do DNA, foi necessária uma mente extremamente sofisticada. E a explicação cristã para isso é Deus. 
Acho que já deu para você perceber que essas são provas circunstanciais fortes e cumulativamente apontam para Deus. É muito pouco razoável imaginar que o início do universo (via Big Bang), a existência do DNA regendo a vida e a organização "matemática" do universo possam ter ocorrido por simples acaso. A probabilidade disso tudo ter acontecido sem planejamento é simplesmente desprezível.

E a essas provas se juntam diversas outras, por exemplo a formação da consciência humana (que não pode ter vindo de compostos químicos, como querem os ateus) ou a organização do universo para permitir o desenvolvimento da vida na terra (o chamado princípio antrópico) (veja mais). Assim, é praticamente impossível deixar de reconhecer que há provas suficientes para apontar para um deus criador. 

Com carinho