quinta-feira, 30 de abril de 2015

AS VERDADES DA BÍBLIA SÃO MAIS VERDADEIRAS?

Certa vez assisti duas pessoas conversando e uma delas, cristã ferrenha, declarou o seguinte: "as verdades da Bíblia são mais verdadeiras do que as da Psicologia e as das demais ciências". Você concorda com essa declaração? Será que ela faz sentido à luz da doutrina cristã?

Talvez você se surpreenda quando eu disser que essa declaração está errada até porque contraria a lógica. Simplesmente não há "verdades mais verdadeiras". E eu me explico

A filosofia ensina que as propriedades das coisas (altura, cor, ser verdadeira, etc) podem ou não permitir uma graduação do tipo "maior e menor". 

Há propriedades que podem ser "medidas" e permitem graduação. Por exemplo, as alturas de duas pessoas podem ser medidas (em centímetros) e assim é possível compará-las, estabelecendo que "fulano é mais alto do que beltrano". O mesmo ocorre com o "peso" e com muitas outras propriedades. 

Já a propriedade "beleza" também pode ser graduada, mas apenas de forma qualitativa, pois não há como medi-la. Assim, é possível afirmar que "Maria é mais bonita do que Joana" mas não dá para dizer quanto mais bonita Maria de fato é. Existe a mesma limitação para graduar sentimentos - posso reconhecer que amo uma pessoa mais do que outra mas não posso determinar o tamanho dessa diferença.

Agora, há propriedades que não admitem qualquer graduação, mesmo qualitativa. São do tipo "sim ou não". Nesses casos nunca dá para fazer comparações do tipo "maior ou menor". Simples assim. 

Por exemplo, uma mulher está grávida ou não e um homem é solteiro ou não. Não faz sentido dizer que uma mulher está mais "grávida" do que outra ou um homem é menos solteiro do que seus amigos. 

E "ser verdadeiro" é uma propriedade do tipo "sim ou não". Não admite graduação. Assim não tem qualquer lógica dizer que certa declaração é mais verdadeira do que outra.  

Portanto, mesmo um(a) cristão(ã) deve considerar a declaração "2 + 2 = 4" igualmente verdadeira do que a afirmação "Jesus é o Salvador da humanidade". Qualquer outra coisa contraria a lógica.

Agora, podemos afirmar sim que as verdades têm importâncias distintas - afinal, há coisas mais importantes do que outras. Assim, e voltando ao exemplo anterior, é possível dizer que nenhuma verdade é mais importante do que "Jesus é o Salvador da humanidade". Ou ainda que as verdades contidas na Bíblia são extremamente importantes, fundamentais mesmo para a vida humana. 

Espero que essa explicação ajude você a colocar as coisas na perspectiva correta.

Com carinho  

terça-feira, 28 de abril de 2015

O QUE DEUS TEM SEPARADO PARA VOCÊ?

Certa vez conversei com uma amiga, moça que foi criada numa igreja evangélica e continua cristã fervorosa até hoje. Ela me contou que passou longos anos esperando pelo seu “prometido” - aquele homem que Deus tinha separado para se casar com ela. Ela agiu assim pois aprendeu na sua igreja que Deus tem uma pessoa especial separada para cada um(a) de nós e acreditou nisso piamente

O fato é que hoje ela está na faixa dos 40 anos e continua solteira. Ela se sente enganada por ter acreditado nesse tipo de promessa. E fala isso abertamente. O que pode ser dito para essa mulher? 

Acho que essa discussão interessa bastante pois é comum encontrarmos pessoas na mesma situação: aceitaram promessas que pensaram vir de Deus e tiveram suas esperanças frustradas. E esse tipo de experiência pode enfraquecer muito ou até levar a pessoa a perder completamente sua fé. 

E a explicação que mais ouço para esse tipo de situação é que a falta de fé da pessoa para alcançar a promessa. E o efeito dessa explicação é devastador, pois a pessoa, além de frustrada, ainda pode acabar se sentindo culpada. 

Mas posso testemunhar que frequentemente - como aconteceu no caso da minha amiga que ficou solteira - não houve falta de fé. As pessoas acreditavam na promessa e ainda assim não alcançaram a benção. 

Lembro aqui do caso de outra amiga que ficou orando por uma cura pois tinha certeza absoluta que esse milagre serviria como testemunho para a conversão da família do doente. E a pessoa morreu.

Ora, sabemos que Deus nunca deixa de cumprir suas promessas. E se não houve falta de fé, como explicar a benção não ter vindo? A resposta é simples, mas nem por isso menos dolorosa: as pessoas acreditaram em promessas que Deus não fez. Ele até pode agir e fazer coisas maravilhosas, movido pela sua Graça, mas não tem qualquer obrigação de fazer isso, pois nada prometeu. 

O problema é que existe uma corrente teológica que defende a tese de haver muitas promessas na Bíblia relacionadas com a prosperidade e a felicidade para quem tiver fé suficiente (e também fizer contribuições financeiras generosas). E tais conceitos acabaram penetrando quase todo o mundo evangélico e infelizmente se tornaram amplamente aceitos. 

Por exemplo, não há qualquer promessa de Deus de que haver um(a) "escolhido(a)" para cada um de nós. Isso até pode acontecer, mas não podemos cobrar de Deus tal tipo de resultado. O mesmo podemos falar sobre a prosperidade.

O que a Bíblia fala de fato é que Deus prometeu concorrer para nosso bem, coisa totalmente diferente. Para alguns(mas) pode parecer ser a mesma coisa, mas não é. 

Afinal, quase sempre nem sabemos bem o que é melhor para nós. Lembro do caso de uma amiga que queria se casar com um primo e ficou longo tempo pedindo a Deus para abençoar aquela união e nunca foi atendida. Tempos depois se casou com outro homem e veio a entender que o tal primo teria sido um desastre amplo, geral e irrestrito na sua vida.  

O fato de Deus não atender todos os nossos pedidos pode ser facilmente entendido. Afinal, é assim que criamos nossos(as) próprios(as) filhos(as). Não lhes damos tudo que nos pedem. Dizemos não para eles(as) com muita frequência e fazemos isso com a convicção que isso concorre para seu bem, embora muitas vezes eles(as) fiquem infelizes com nossa atitude.

O que podemos esperar de Deus
Deus não faz promessas somente para nos agradar. Ele simplesmente não opera assim. Sua lógica é outra. E acho interessante discutir alguns princípios que regem sua atuação. 

Primeiramente, Deus espera que cada um faça sua parte. Ele definitivamente não vai fazer por mim ou por você aquilo que nós mesmos(as) podemos alcançar. 

No exemplo que citei acima, cabe diversas perguntas nesse sentido: será que a moça fez todos os esforços ao seu alcance para se tornar agradável ao sexo oposto? Investiu o tempo necessário para socializar com os rapazes? Terá ela feito exigências exageradas aos possíveis candidatos, confiada na tal "promessa" de Deus? 

Em segundo lugar, é preciso entender que a benção de Deus nem sempre se materializa da forma esperada - pode até acontecer e não ser reconhecida como tal. 

Certa vez, eu precisava de determinada quantia para pagar uma prestação de financiamento imobiliário. E orei muito para que Deus resolvesse o problema e tinha certeza que a solução viria do recebimento de um dividendo atrasado. 

Poucos dias antes da data de pagamento, recebi uma ligação da minha madrasta, oferecendo-me a quantia necessária emprestado. Agradeci e disse que não, pois tinha certeza que Deus iria mandar auxílio. E ela retrucou: "quem disse que não foi Deus quem me mandou te ajudar?" Eu peguei o empréstimo. E deu tudo certo. Na verdade, eu tinha colocado na mente que Deus iria agir de determinada forma e quase recusei a ajuda que Ele me enviou, porque ela veio sob forma diferente. 

Voltando ao exemplo da moça que ficou solteira, cabe perguntar: será que Deus não mandou alguém que ela não aceitou por pensar não ser a pessoa certa? Ou a benção reservada para ela não foi, por exemplo, alcançar sucesso profissional? Afinal, quem disse que todos(as) precisamos casar? 

Em terceiro lugar, é preciso entender que Deus frequentemente não faz algo diretamente mas age para nos capacitar para fazermos aquilo por conta própria

Por exemplo, Jesus investiu todo o seu ministério treinando seus discípulos para serem "pescadores de homens". Capacitou-os para darem continuidade ao seu trabalho. 

Palavras finais
Deus não faz necessariamente aquilo que esperamos e/ou queremos. E isso não significa pouco caso ou indica falta de fé da pessoa. Há muitas outros aspectos a considerar e eu discuti alguns deles acima. 

Agora, há muito mais a considerar porém não tenho espaço aqui para debater cada possibilidade. Mas acho que já deu para você ter uma ideia sobre o que estou falando aqui e passar a olhar para as situações em que parece haver não cumpridas de outra forma. 

Teologias simplistas que colocam na boca de Deus promessas que Ele não fez são muito perigosas. Cuidado, portanto, com elas. Leia e estude sempre a Bíblia para saber de fato o que Deus tem prometido para você. 

A coisa mais importante que Ele  prometeu para você, sem dúvida, é a vida eterna (salvação). Mas também prometeu fazer coisas que venham a concorrer para seu bem (dentro do ponto de vista d´Ele), protegê-lo(a), estar ao seu lado nos momentos difíceis e assim por diante. 

E pode ter certeza que Ele faz e continuará a fazer tudo isso na sua vida. 

Com carinho

domingo, 26 de abril de 2015

AS TENTAÇÕES DA VIDA

E quarenta dias foi [Jesus] tentado pelo diabo, e naqueles dias não comeu coisa alguma; e, terminados eles, teve fome. 
E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão. 
E Jesus lhe respondeu: Está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus. 
E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe todos os reinos do mundo. 
E disse-lhe: Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória; porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero. 
Portanto, se tu me adorares, tudo será teu. 
E Jesus respondeu-lhe: Vai-te para trás de mim, Satanás; porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás. 
Levou-o também a Jerusalém, e pô-lo sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo. 
Porque está escrito: Mandará aos seus anjos, acerca de ti, que te guardem, 
E que te sustenham nas mãos, para que nunca tropeces com o teu pé em alguma pedra. 
E Jesus, respondeu-lhe: Dito está: Não tentarás ao Senhor teu Deus. 
E, acabando o diabo sua tentação, ausentou-se por algum tempo.
Lucas capítulo 4, versículos 2 a 13
Tentações são parte da vida. Afinal, o Diabo está sempre nos incentivando a proceder de forma errada (pecar). E nem Jesus ficou livre desse tipo de teste pois foi tentado ao longo de 40 dias, conforme a descrição acima do Evangelho de Lucas. 

E a tentação pela qual Jesus passou ensina três estratégias que o Diabo usa e a melhor forma de enfrentá-las. Vamos a elas:

1. Tornar o desejo humano justificativa suficiente 
Jesus teve fome, pois tinha sido submetido a longo jejum. E Satanás tentou se aproveitar disso para forçá-lo a fazer um milagre - transformar pedras em pão. 

Ora, não há nada de errado em realizar milagres - Jesus fez muito deles ao longo da sua missão terrena. Mas fazer um milagre instigado por Satanás seria uma falta muito grave. 

A estratégia usada nesse caso foi simples: usar o desejo humano como justificativa para a realização de ato errado. E se trata de estratégia muito eficaz pois as pessoas quase sempre caem nela. 

Por exemplo, desejam ter uma vida confortável e tal desejo justifica a prática da mentira e de desonestidades. Querem conquistar o poder e tal desejo justifica a mentira e a manipulação das opiniões das pessoas numa eleição. Desejam sexualmente uma pessoa e tal vontade justifica o adultério. E assim por diante.

Os desejos humanos podem até ser justos e sinceros - como no caso da fome de Jesus. Mas eles sempre precisam se subordinar às leis de Deus, à vontade d´Ele. 
   
2. Manipular as promessas de Deus
Num dado momento, Satanás levou Jesus a um lugar alto e o incentivou a se atirar de lá de cima, justificando seu pedido com uma citação do Salmo 91 (sim, o Diabo também conhece a Bíblia), onde está dito que Deus mandará seus anjos para sustentarem seus filhos.

Ora, tal pedido foi uma tentativa clara de manipular uma promessa de Deus. E a resposta de Jesus deixou isso bem claro: Ele explicou que fazer o que Satanás pedia seria tentar a Deus. 

O abuso das promessas de Deus é muito frequente - pode ser visto a toda hora. Por exemplo, são muitos os tele-evangelistas que desafiam as pessoas a doarem dinheiro para colherem prosperidade. Ora, as promessas de Deus não podem ter como condição doações prévias de dinheiro. Vincular uma coisa a outra é erro grave, uma tentativa de "comprar" a benção de Deus. E eu poderia citar muitos outros casos aqui do mesmo tipo de manipulação. 

Agora, quando o Diabo manipula promessas, ele tem como objetivo decepcionar as pessoas com Deus. Isso porque, quando a pessoa sinceramente acredita que há uma promessa de Deus aplicável à sua situação, certamente fica esperando por um bom resultado. E se isso não acontece, acaba por ficar decepcionada, o que pode até levá-la a se afastar de Deus. Já vi isso acontecer muitas vezes.

É preciso muito cuidado em usar promessas de Deus. Isso nunca pode ser feito de forma apressada e leviana. Se há uma promessa de Deus envolvida, você pode ter certeza que ela vai se cumprir. Agora, se não acontecer aquilo que era esperado é preciso verificar se a interpretação dada estava correta. Ver também se aquela promessa se aplica mesmo ao caso em questão. Se não havia uma condição prévia que precisava ser cumprida. E assim por diante.

3. Desviar o foco de Deus para o ser humano
Repare que nas três tentações descritas acima o Diabo sempre procurou tirar o foco da discussão de Deus e centrá-lo nas necessidades humanas. E as pessoas frequentemente caem nesse tipo de armadilha.  

E quando o foco vira para o ser humano, Deus acaba ficando em segundo lugar, ofuscado pelas vontades e desejos das pessoas. Assim são as necessidades humanas, e não a vontade de Deus, que de fato acabam por ditar o ritmo das coisas. E Deus torna-se apenas no meio através do qual essas necessidades podem ser preenchidas. 

Agora, repare que ao responder às iniciativas de Satanás, Jesus sempre trouxe o foco de volta para Deus. Lembrou sempre qual seria sua vontade e a forma correta de se relacionar com Ele. E essa é a forma correta de resistir.

Palavras finais
Como você pode ver, as estratégias usadas por Satanás são relativamente simples. Até mesmo cruas. Mas são extremamente eficazes - as pessoas vem caindo nelas a milhares de anos.

Penso que conhecer bem aquilo que o Inimigo tenta fazer na sua vida é um passo importante para que você possa resistir melhor às suas iniciativas malignas. 

E entender bem como Jesus se comportou no mesmo tipo de situação é fundamental - é a chave de uma resposta correta. Perceba que, em primeiro lugar, Ele se recusou a colocar seus desejos na frente de tudo. E não permitiu que eles justificassem eventuais atos errados.

Depois, Jesus não permitiu que Satanás manipulasse uma promessa de Deus, tirando-a do seu contexto e distorcendo seu significado. Lembrou que é preciso entender corretamente e aplicar de forma adequada o conhecimento sobre aquilo que Deus promete fazer. 

Finalmente, Jesus manteve sempre o foco em Deus. Toda vez que Satanás tentou trazer a discussão para o terreno das necessidades humanas, Jesus respondeu falando de Deus. 

Com carinho

sexta-feira, 24 de abril de 2015

MILAGRES COMO PARTE DA OBRA DE DEUS

Jesus saiu da sinagoga e foi com Tiago e João para a casa de Simão [Pedro] e André. A sogra de Simão estava de cama, com febre e eles contaram a Jesus. E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu e ela começou a servi-los.                                        Marcos capítulo 1, versículos 29 a 31
A cura da sogra de Pedro por Jesus é uma história muito interessante. E pode dar origem a uma série de discussões teológicas bem interessantes: por exemplo, ela caracteriza que Pedro era casado, o que derruba a tese do celibato dos padres abraçada pela Igreja Católica e também demonstra que milagres de cura são uma realidade, dentre outras coisas. 

Agora, gostaria de falar aqui sobre um aspecto menos notado no relato acima. Refiro-me ao que está ao final da última frase do texto acima: "... e ela começou a servi-los". Ou seja, assim que a sogra de Pedro ficou curada, voltou a trabalhar, servindo Jesus e seu grupo de discípulos. 

Isso fala muito sobre o significado dos milagres para Deus. Quando pedimos a Deus que faça um milagre normalmente pensamos em algo que venha a nos beneficiar: livrando-nos de um grande problema e/ou nos proporcionando algo bom. E não há nada de errado nisso.

Mas sob o ponto de vista de Deus, o significado dos milagres é algo diferente. É claro que Deus quer nosso bem, porém não é apenas isso que o move. Há muito mais em jogo. 

Basta lembrar que Jesus não curou todos os doentes com quem cruzou durante seu ministério na terra - curou muitos, mas não todos. Da mesma forma, não vemos milagres de cura acontecerem em todos os casos em que pedimos a intervenção divina. 

O que então leva Deus a realizar milagres? Jesus fez muitos milagres porque sua autoridade como Messias precisava ser autenticada, reconhecida por seus seguidores. As pessoas olhavam para quem fazia tais milagres e raciocinavam, com razão, que tal tipo de poder somente podia ter sido dado a alguém com conexão especial com Deus. E o mesmo aconteceu com os apóstolos, depois da ressurreição de Jesus - eles precisavam levar o Evangelho adiante e também precisavam ter sua autoridade espiritual reconhecida. O mesmo pode ser falado de Moisés, quando trabalhou para libertar o povo de Israel da escravidão no Egito. Ou do profeta Elias, quando lutou quase sozinho contra o culto a Baal.

Esses casos dão uma importante pista: milagres podem ser esperados quando deles depende o avanço da obra de Deus. Sempre que há encruzilhadas no caminho do Evangelho, podemos esperar a atuação de Deus sem limites.

Nessa linha de pensamento, vamos voltar a olhar para o milagre com a sogra de Pedro: repare que ela foi curada e imediatamente voltou a trabalhar na obra. Mais importante ainda, a presença do milagre aponta para a importância de Pedro na obra de Deus - se a sogra continuasse doente, o apóstolo certamente teria que deixar, pelo menos por algum tempo, a companhia de Jesus para dar assistência em casa. E esse tempo não podia ser desperdiçado, pois o ministério de Jesus na terra teve duração curta (apenas 3 anos).

É por isso que o testemunho do milagre conseguido precisa ser sempre dado. Esse testemunho frequentemente é uma das razões pela qual Deus fez o milagre. E se ele é "sonegado", Deus certamente vai ficar decepcionado. 

Concluindo, milagres acontecem basicamente para ajudar no avanço da obra de Deus. Simples assim. E quando antes entendermos isso, mais facilmente iremos compreender a forma de Deus agir. 

Com carinho

terça-feira, 14 de abril de 2015

COMO ENCONTRAR SENTIDO PARA SUA VIDA

Dados divulgados pelo Google informa que todos os dias cerca de 20 mil pessoas fazem buscas relacionadas com o tema "sentido para a vida". Essa estatística reflete a enorme preocupação que todos nós temos de dar um propósito adequado para nossas vidas.

Afinal, precisamos de boas razões para levantar da cama de manhã e seguirmos ao longo do dia, enfrentando as dificuldades e lutas das nossas vidas. Precisamos ter boas razões também para formar planos para nosso futuro e irmos atrás deles. E até para enfrentar a morte, nossa realidade última. 

Há várias respostas-padrão para a pergunta: qual é o sentido para avida. Elas foram desenvolvidas em diferentes culturas e circunstâncias ao longo da história humana. E quando uma pessoa aceita uma dessas respostas como padrão para sua vida, seu comportamento e tudo que faz passa a ser influenciado por essa escolha. Isso define a escolha de suas prioridades, o esforço que coloca em cada atividade, onde encontra realização na sua vida, etc.

Vamos comparar quatro dessas respostas alternativas e ver o que a doutrina cristã tem a dizer a respeito dessa questão: 

1. A vida não tem sentido, vale apenas o aqui e agora

Friedrich Nietzsche disse que a vida não tem mesmo sentido, Bertrand Russell disse que, por causa disso, só nos resta conviver com o desespero da condição humana e Albert Camus completou que o melhor mesmo era apelar para o suicídio (o que ele de fato fez).

Decidir que a vida não tem qualquer sentido é a posição adotada pelos ateus convictos. Se não existe nada além do mundo material, vale apenas o que se faz aqui e agora. E quando morremos, tudo se acaba. Uma perspectiva assustadora mas aceita por muita gente.


2. O sentido da vida é um mistério
Num episódio do desenho "Os Simpsons", o pai, Homer, perguntou a Deus qual era o sentido para a vida. Quando Deus começou a responder, o episódio propositalmente acabou e a resposta ficou incompleta. 

E assim é para muitas pessoas: simplesmente não conseguem achar sentido para suas vidas. Aí se defendem dizendo que a vida é um mistério e deve simplesmente ser vivida, sem maiores preocupações. E vão vivendo na base do “deixa a vida me levar, vida leva eu…”, como diz uma conhecida música. 

3. O sentido é o que a pessoa consegue dar 
Uma resposta muito comum hoje em dia é: o sentido para a vida é alcançar a felicidade. E felicidade tem a ver com conseguir aquilo que desejamos, por exemplo, sucesso profissional, uma boa família, saúde e estabilidade financeira.

Em outras palavras, o sentido para a vida vai ser encontrado na própria vida, nas coisas que obtidas a partir dela. Mas isso não funciona porque o sentido de uma coisa não pode vir dela mesma. É preciso haver uma referencia maior, externa a essa coisa.

Por exemplo, quando dizemos que algo é bom precisamos ter antes uma definição do significado de "bem". Por exemplo, digamos que a definição de "bem" seja o respeito à vida humana. E a partir dessa definição podemos dizer que melhorar as condições de vida das pessoas é uma coisa boa. Repare que a avaliação de que um ato é bom veio de uma definição anterior, externa.


Portanto, o sentido para a vida não pode ser simplesmente vivê-la bem, seja lá o que isso queira dizer. E quando tentamos fazer isso alguma outra coisa, externa, vai aparecer para dominar a cena, mesmo que não consigamos perceber.

É por isto que alguns homens de negócios ficam ricos e continuam a trabalhar porque o sentido para suas vidas é, na realidade, ganhar dinheiro. Assim também os artistas nunca querem perder a fama porque isso que os faz sentir-se importantes. E uma dona de casa entra em crise quando os filhos que criou vão cuidar da própria vida - a síndrome “do ninho vazio” - pois o papel de "mãe", que deu sentido para sua vida, tornou-se secundário dentro da família.

O sentido para a vida, seja qual for, precisa ser encontrado fora dela, além dela. Simples assim.

4. O sentido foi estabelecido na criação

Todos nós criamos coisas: uns pintam, outros fazem artesanato, outros ainda fundam empresas e assim por diante. E quando criamos algo, sempre temos um propósito em mente para nossa criação - aquela peça de crochê vai para a netinha, a empresa vai me gerar muito dinheiro e assim por diante. Ninguém cria somente pelo prazer de criar. E por que seria diferente com Deus? 

Se Ele nos criou, tinha um objetivo para nós em mente. Um propósito. E pode ter certeza que não é nos fazer felizes, se definirmos felicidade como conseguir aquilo que queremos. Assim, a resposta correta para o sentido para a vida é aquele que Deus estabeleceu ao nos criar. 

E a Bíblia ensina que esse objetivo é estar em comunhão com Ele, cumprindo sempre sua vontade nas nossas vidas. É isso, e somente isso, que dá sentido para nossas vidas. 
 
Como Deus dá sentido para nossas vidas
E Deus faz isso de três formas:   

  • Convidando-nos para participar da vida d´Ele. Jesus disse que quem viesse até Ele beberia "água viva" e nunca voltaria a ter "sede" (João capítulo 7, versículo 38). E que Ele enviaria o Espírito Santo para habitar conosco (João capítulo 14, versículos 23 a 26). E com o Espírito Santo presente, tudo aquilo que era comum, tornar-se especial. Passa a ter outro sentido. Foi isso que o monge Lawrence descobriu quando trabalhava na cozinha do seu convento e passou a fritar panquecas para a glória de Deus. Madre Teresa de Calcutá aprendeu o mesmo ao cuidar dos pobres e passou a ver o rosto de Cristo em cada pessoa de quem cuidava. E é o que você também descobrirá, se o Espírito Santo preencher sua vida.
  • Incluindo-nos na história do seu povo. Essa história começou com Abraão (Gênesis capítulo 22 em diante) e terá fim quando o mundo for restaurado e não houver mais sofrimento (Apocalipse capítulos 21 e 22). E essa história dá contexto para nossas vidas, esperança e mecanismos para interpretar nossas experiências diárias. 
  • Chamando-nos a participar da sua obra. Quando respondemos positivamente ao seu chamado, o Espírito Santo passa a trabalhar em nossas vidas, mudando nosso interior (Filipenses capítulo 2, versículo 3). E assim, será através de nós que Deus falará, curará, confortará, ensinará e amará as pessoas. Será ainda através de nós que Ele alimentará, abrigará, aquecerá e protegerá os pequeninos. E não há sentimento de realização maior.   

Com carinho

segunda-feira, 6 de abril de 2015

BUSCANDO JESUS NO VELHO TESTAMENTO

Por favor, leia este mesmo post no meu novo site http://www.sercristao.org/2015/04/06/buscando-jesus-no-velho-testamento/ .  

Recentemente comecei um grupo de estudo abordando o Velho Testamento com um todo (tema central, correlação entre os 39 livros, a história que cerca os fatos relatados, etc). Durante a primeira aula, eu afirmei que a chave da interpretação do Velho Testamento é Jesus. E incentivei todos(as) a sempre terem isso em mente. 

Aí uma pessoa presente perguntou: como Jesus pode ser a chave de interpretação do Velho Testamento? Esse tipo de dúvida é muito comum: as pessoas tendem a achar que Jesus é assunto exclusivo do Novo Testamento. E algumas tendem até a pensar que o Novo Testamento é mais importante pois é nele que são relatados os fatos da vida de Jesus e seus ensinamentos. 

Mas isso não é verdade: as duas partes da Bíblia são igualmente importantes. E Jesus está bem presente em ambas. É claro que, no Velho Testamento, Jesus não se faz presente fisicamente, pois ainda não tinha nascido. Mas é muito referenciado através de profecias e do simbolismo. Vejamos alguns exemplos:

•  Jesus na Páscoa dos judeus

Moisés foi enviado por Deus para tirar o povo de Israel da escravidão no Egito. E foi preciso que Deus mandasse dez pragas para forçar o faraó a aceitar sua determinação. E, na última noite antes da saída do Egito, quando estava em curso a décima praça (a morte dos primogênitos dos egípcios), os israelitas foram instruídos a matar um cordeiro por família e passar o sangue desse animal no umbral da porta da casa. A carne do animal deveria ser assada e comida juntamente com pães sem fermento e ervas amargas (Êxodo capítulo 12). E o povo foi instruído a repetir essa cerimônia todos os anos, numa festa religiosa chamada Páscoa (Pessach). 


Cerca de 1.500 anos depois da saída de Israel do Egito, o apóstolo Paulo disse que Jesus era nosso cordeiro pascal (1 Coríntios capítulo 5, versículo 7), pois seu sangue nos salva da destruição gerada pelos nossos pecados. E lembrou que Jesus, na noite em que foi preso, estabeleceu que deveríamos comer seu corpo e beber seu sangue - o que hoje chamamos de Santa Ceia -, numa nova alusão à Páscoa judaica. 

Jesus no Dia do Perdão 
Outra grande festa do judaísmo também faz referencia ao sacrifício de Jesus. Refiro-me ao Dia do Perdão ("Yom Kippur"), conforme relato de Levítico capítulo 16, versículos 23 a 32. Durante essa festa, o sumo-sacerdote judeu, considerado naquela época o mediador entre o povo e Deus, pegava dois bodes sem defeitos físicos. Um deles, o “bode expiatório”, servia para carregar todos os pecados do povo - esse animal era largado no deserto para morrer. O outro animal, o “bode sacrificial”, era morto pelo sumo-sacerdote e seu sangue aspergido sobre a Arca da Aliança, que ficava dentro do Tempo de Jerusalém - esse sacrifício oferecia reparação pelos pecados do povo judeu, evitando sua punição por Deus.

Para os cristãos, Jesus levou sobre si todas as nossas culpas e seu sangue foi derramado como reparação pelos nossos pecados (Hebreus capítulo 9, versículos 7 a 14). Ele representa os dois bodes. A diferença é que seu sacrifício só precisou ser feito uma vez.   

•  Jesus na história de Adão e Eva
Depois que Adão e Eva pecaram, ao comerem do fruto proibido, foram castigados por Deus. E, ao descrever esse castigo, Deus disse (Gênesis capítulo 3, versículo 15), referindo-se à serpente (Satanás), que tinha incitado Adão e Eva ao pecado: “...porei inimizada entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar".

Repare que, no texto, descendente está no singular e, portanto, se refere a uma única pessoa. E quem derrotou Satanás, embora tenha sido ferido por ele com o tormento da cruz, foi Jesus. Em outras palavras, a trajetória do Salvador foi profetizada já no início do Velho Testamento.

•  Jesus nas profecias de Isaías
Há uma passagem muito conhecida do profeta Isaías (capítulo 9, versículos 6 e 7) onde ele profetizou a vinda de um menino que seria chamado de "Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz". Isaías escreveu esse texto cerca de setecentos e cinquenta anos antes do nascimento de Jesus. 

Conclusão
Velho e Novo Testamento se complementam - são como as duas faces de uma mesma moeda. No primeira parte da Bíblia, o Velho Testamento, é contada a história de Israel (o povo escolhido) e profetizada a vinda do Messias (Jesus). No segunda, o Novo Testamento, é feito o relato do ministério de Jesus na terra, como Ele acabou morto na cruz e ressurgiu dos mortos. E é descrito o início da história da igreja cristã.

Portanto, ambas as partes são igualmente necessárias. E compartilham a mesma chave de interpretação: Jesus (sua missão, sacrifício e legado). Assim, não importa qual parte da Bíblia você está lendo, procure sempre por Jesus.  

Com carinho