segunda-feira, 31 de agosto de 2020

DEBAIXO DE UM GUARDA-CHUVA

 Existem alguns versículos da Bíblia que parecem um guarda-chuva - "debaixo" deles cabem muitas interpretações e usos diferentes. E isso seria apenas mais uma curiosidade se algumas dessas interpretações não causassem mal, quando geram culpa e sofrimento indevidos para muita gente.

A realidade é que alguns líderes religiosos usam esses versículos "guarda-chuva" para construir doutrinas que parecem ter base bíblica, mas de fato não têm, e conseguem impor às pessoas comportamentos mais do gosto desses mesmos líderes.

Vou dar dois exemplos de versículos guarda-chuva e das interpretações erradas, construídas a partir deles, para explicar melhor o que acabei de dizer. 

A aparência do mal
O primeiro exemplo é o versículo que manda o/a cristão/ã fugir da "aparência do mal" (1 Tessalonicenses capítulo 5, versículo 22). Aí basta ao líder religioso rotular alguma coisa de ter a "aparência do mal", mesmo quando não ela não gera mal nenhum e nem mesmo é diretamente vedada na Bíblia, para tal coisa passar a ser proibida, virar "pecado".

Já vi esse versículo sendo usado de muitas maneiras. Por exemplo, para proibir cristãos/ãs de dançarem (mesmo no caso de casais casados) ou ainda para proibir ao cristão/ã ouvir música secular. E eu poderia citar muitos outros exemplos.

Ora, onde está a "aparência do mal" nesses casos? Talvez as pessoas que pensam assim se esqueçam que havia dança nos tempos de Jesus (por exemplo, nos casamentos) e Ele nada falou contra essa prática. E música secular também existia e nunca foi proibida pelo texto bíblico.

Na verdade, a preocupação na Bíblia com a "aparência do mal" (aquilo que não é mal em si mesmo, mas parece ser) tem a ver com a possibilidade do cristão/ã causar confusão na cabeça das pessoas ao praticar atos que pareçam mal, mesmo quando não sejam. Ora, isso deve acontecer enquanto os necessários esclarecimentos necessários não forem dados e entendidos pelas pessoas que podem fazer essa confusão. Somente isso.

Portanto, se uma pessoa foi criada num meio onde tudo era proibido e chega numa outra igreja, com costumes mais liberais, ela pode se escandalizar, por exemplo, que ali os casais dancem. Para não escandalizar essa pessoa, o que inclusive poderia levá-la a se afastar do convívio da igreja, escandalizada com o que vê, a comunidade precisa tomar cuidado com aquilo que faz. Mas, esclarecida as dúvidas de quem está chegando, não há porque proibir aquilo que nada tem de errado.

O corpo como templo do Espírito Santo
O segundo exemplo é o versículo que diz ser o corpo humano o "templo do Espírito Santo" (1 Corintios capítulo 6, versículo 19). Já vi esse versículo ser usado para construir doutrina de diversos tipos e uma delas é aquela que proíbe tatuagens.

Ora, o único texto que fala diretamente sobre tatuagens na Bíblia (Levítico capítulo 19, versículo 28) condena essa prática apenas quando feita com o objetivo de cultuar os mortos. É evidente que a proibição tem a ver com o fato da pessoa passar a exibir no seu corpo a marca de um culto proibido. E seria razoável estender essa proibição para abranger qualquer culto idólatra, pois o sentido parece ser o mesmo. Mas tal proibição não se aplica às tatuagens feitas por outras razões, principalmente aquelas feitas com cunho puramente estético.

Agora, muita gente não gosta de tatuagem - eu mesmo, por ser do tempo em que tatuagens não eram comuns, tenho dificuldade com elas. Mas ter opinião contrária às tatuagens, por razões estéticas, é uma coisa, enquanto proibi-las, alegando que são pecado, é outra bem diferente. 

Agora, alguns líderes religiosos, ao invés de aceitarem que as pessoas têm o direito de agirem como pensam ser melhor, procuram usar a Bíblia para transformar sua opinião pessoal, contra as tatuagens, num dogma de fé, tornando as tatuagens pecado. E fazem isso alegando que o corpo humano é o "templo do Espírito Santo", não podendo ser "desfigurado" por coisas como piercings ou tatuagens. Há líderes que vão ao extremo de afirmar que tatuagens são uma porta aberta para a ação de Satanás na vida da pessoa - há até quem faça "exorcismo" das pessoas tatuadas que venham a se converter. 

Ora, essas afirmações e ações não encontram qualquer suporte no texto bíblico sobre o corpo humano - leia 1 Corintios capítulo 6 com calma e você vai se convencer do que acabei de falar. Se o versículo que fala do corpo humano pudesse ser usado dessa forma, tudo aquilo que fizesse mal ao físico deveria passar a ser também considerado pecado: engordar, deixar de fazer exercícios físicos, não tomar remédios da forma correta e assim por diante. E acredito que você já tenha encontrado pastores gordos, barrigudos e sedentários e ninguém fica afirmando que eles estão em pecado por causa disso. Ou seja, trata-se de caso claro de "dois pesos e duas medidas".

Palavras finais
Há muitos outros versículos tipo guarda-chuva. como, por exemplo, "todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus" (Romanos capítulo 8, versículo 28) e "...porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos" (Salmo 91, versículo 11). Dá para tirar um monte de conclusões desses versículos, a maioria delas sem qualquer apoio na Bíblia, como "Deus vai evitar que o/a cristão verdadeiro sofra" ou "estamos protegidos de qualquer mal". 

Portanto, fique sempre alerta contra as doutrinas construídas em cima de versículos tipo guarda-chuva. Procure sempre pelos fundamentos das afirmações que tal ou qual coisa é pecado. Se não perceber um fundamento bíblico claro e direto, proibindo aquela prática, pode desconsiderar a afirmação feita. Simples assim.

Veja mais sobre esse tema aqui.

Com carinho

sábado, 29 de agosto de 2020

O CHAMADO DE CADA PESSOA

 A Bíblia afala de diversas situações onde há um chamado de Deus para diferentes pessoas se envolverem na sua obra. E essas situações têm muito a nos ensinar para nossa vida.

Vejamos três exemplos. O primeiro envolveu Moisés, no conhecido episódio da "sarça ardente". Moisés pastoreava rebanhos do sogro, Jetro, quando viu algo estranho no Monte Sinai. Subiu até lá e encontrou um arbusto queimando, mas que surpreendentemente não se consumia. E de dentro da sarça ardente, Deus falou com Moisés e lhe deu a missão de libertar o povo de Israel da escravidão no Egito (Êxodo capítulo 3).

O segundo exemplo aconteceu com Isaías: o profeta teve uma visão do trono de Deus e ficou aterrorizado, pois se sentiu um homem pecador, em meio à santidade no entorno de Deus. Aí um anjo purificou a boca de Isaías com uma brasa viva e Deus o enviou para anunciar sua vontade para o povo de Israel (capítulo 6, versículos 1 a 10).

O terceiro caso envolveu Jesus e um de seus apóstolos, Pedro, aquele que negou o Mestre por três vezes. Os discípulos vinham num barco e se aproximavam da praia, quando viram um homem - o próprio Jesus , já ressuscitado - assando peixes num braseiro. Pedro o reconheceu e nadou até a praia, ansioso por encontrá-lo. Ali, Jesus perguntou a Pedro, também por três vezes (uma para cada vez que Pedro o negou), se o apóstolo o amava, e lhe pediu para pastorear suas ovelhas (João capítulo 21).

Repare bem nas diferenças entre os três casos. Isaías era um sacerdote e a visão que teve fez referência à liturgia usada no Templo de Jerusalém, coisa que o profeta conhecia bem. Moisés falou com Deus pela primeira vez em um monte, perto de onde pastoreava seus animais - sua atenção foi chamada por uma planta que queimava. Jesus falou com Pedro numa praia, onde uma refeição simples estava sendo preparada, cenário bem familiar para pescadores, como era o caso do apóstolo. 

Dessa constatação podemos tirar um ensinamento importante: Deus fala com cada pessoa respeitando sua forma de ser, suas necessidades, sua cultura, as circunstâncias em que vive e assim por diante. Isso prova que Ele respeita os seres humanos. 

E nosso chamado é para atuar na obra de Deus exatamente da maneira que somos. Deus somente espera que venhamos a mudar - passando a viver mais de acordo com aquilo que a Bíblia ensina -, depois que esse chamado é aceito e nos envolvemos de fato na obra de Deus. E essa mudança será uma decorrência natural da intimidade que passaremos a ter com o Espírito Santo.

Lembro-me de ouvir, certa vez, um rapaz, afastado da igreja e do convívio com Deus, dizer que primeiro precisava corrigir seus caminhos, antes de voltar à igreja. Ele pensava ser preciso primeiro mudar, para depois poder se aproximar de Deus.

Esse é um erro terrível, pois quem tentar agir assim, nunca vai conseguir voltar reativar a convivência com Deus. A forma correta de agir é exatamente a oposta: primeiro a pessoa precisa decidir se envolver na obra de Deus e faz isso. E depois a mudança na sua vida vem, justamente como consequência da maior proximidade com Deus.

Cada um/a de nós é chamado/a por Deus para se aproximar d´Ele e atuar na sua obra exatamente nas condições em que nos encontramos - com as falhas e as limitações que temos. E se aceitarmos esse chamado - como fizeram Moisés, Isaías e Pedro - e seguirmos em frente, sem hesitações, Deus mudará as nossas vidas. Passaremos a ser outras pessoas.

Portanto, não hesite em ouvir e atender o chamado de Deus, quando ele vier. Você não vai se arrepender.

Com carinho      

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

A FORÇA MAIS PODEROSA QUE EXISTE

 Não há dúvida que o amor é a força mais poderosa que existe. E são muitas as provas práticas que temos dessa verdade.

Recentemente esbarrei com uma dessas provas - o relato de um acontecimento incrível, acontecido poucos anos atrás, com Damian Aspinall, um britânico, especialista em cuidar de animais selvagens.

Damian criou um filhote de gorila num zoológico, desde o nascimento do animal, até ele ser solto na selva africana, quando já adulto. Cinco anos depois de Kwibi (o nome do gorila) ser solto, Damian resolveu visitá-lo. Ele queria saber se Kwibi iria reconhecê-lo.

Várias pessoas tentaram demover Damian dessa aventura, pois é muito perigoso lidar com gorilas selvagens, dado o grande tamanho e força desses animais. Mas Damian acreditou na força do laço que tinha construído com Kwibi e foi atrás do amigo.

É claro que ele não sabia o local exato onde Kwibi morava, pois os gorilas são nômades. Mas tinha uma ideia aproximada de qual era o território onde ele habitava.  Quando chegou lá, Damian usou a estratégia de se aproximar de barco e, da margem, chamar pelo nome do animal, para ver se era reconhecido - foi a forma que encontrou de se proteger, caso alguma desse errado.

Até que ele encontrou Kwibi e a resposta do gorila foi super emocionante (veja aqui) - chega a dar um arrepio ver o olhar de amor na face do animal. 

Amor entre seres humanos e animais domésticos (como cachorros e gatos) é muito comum - não há qualquer novidade aí. Mas o amor com animais selvagens, que não têm hábito de conviver com seres humanos, é realmente surpreendente. Ainda num caso como esse, em que o encontro se deu vários anos depois do gorila ter sido solto na selva. 

O amor inspira tudo que há de bom
Logo depois de ver o vídeo desse encontro, fiquei pensando sobre a força do amor. Segundo a Bíblia, essa é a força mais poderosa que existe. E não por acaso, a essência de Deus é exatamente o amor.

A Bíblia diz que Deus nos ama - não há dúvida quanto a isso. Mas ela vai muito além disso, pois afirma que DEUS É AMOR, ou seja o amor é essa sua essência, a maneira como Ele se demonstra para nós.

Não é por acaso que o amor se faz presente em tudo que vem de Deus. E isso fica bem claro quando nos damos conta que a salvação da humanidade foi construída em cima de um gigantesco ato de amor. Afinal, foi por amor que Deus mandou seu Filho ao mundo para morrer por nós (João capítulo 3, versículo 16), como também foi por amor que Jesus aceitou essa missão tão difícil e a levou até o fim, mesmo com enorme sofrimento pessoal. 

Logo, faz sentido que os dois mandamentos mais importantes, segundo o próprio Jesus, que resumem tudo que Deus espera de nós, sejam calcados no amor: amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como a si mesmo/a (veja mais). 

É claro que esses dois mandamentos não são ordens para mantermos um determinado sentimento, pois sentimentos não podem ser forçados sobre ninguém. Trata-se de uma orientação de Deus para tomarmos a decisão de agir como se esse sentimento existisse, pois, quando fazemos isso, na prática, o resultado final é igual àquele que seria obtido se o sentimento estivesse presente.

As guerras demonstram bem o que acontece quando o amor entre as pessoas desaparece - elas geram enorme sofrimento e grande miséria. A pobreza causada pela exploração dos seres humanos mais fracos pelos mais fortes, coisa também bastante comum, é outro exemplo claro do sofrimento que a falta de amor trás.

A excessiva ênfase das pessoas nos prazeres pessoais, a busca pelo consumo desenfreado e a luta contínua para alcançar status social elevado, são exemplos sempre presentes do desequilíbrio que ocorre na sociedade quando essas coisas assumem o papel de Deus na vida de muitas pessoas. As consequências são bem evidentes: desesperança, consumo elevado de drogas, promiscuidade, famílias destruídas e assim por diante

Se a sociedade atual desse mais valor ao amor, seguindo aquilo que Deus nos disse para fazer, viveríamos uma realidade muito melhor. E é triste saber que isso não acontece por causa do descaso das pessoas com os mandamentos de Deus.

Por outro lado, é uma fonte de alegria e conforto saber que, onde o amor se fizer presente, Deus estará agindo ali e coisas maravilhosas acabarão acontecendo. 

Com carinho

terça-feira, 25 de agosto de 2020

O AGIR DE DEUS

 Se eu perguntasse às pessoas como elas sentem o agir de Deus nas suas vidas, acredito que as respostas iriam variar muito de acordo com cada experiência individual. Talvez umas dissessem que Deus age quando elas estudam e meditam na Palavra de Deus. Já outras talvez dissessem que sentem o agir de Deus quando louvam. Outras ainda poderiam citar milagres que ocorreram nas suas vidas.

Eu, por exemplo, sinto muito a presença de Deus quando preparo esses vídeos semanalmente. Frequentemente, quando vou gravar um vídeo, tenho todo o material necessário já preparado. Mas,  quando chego na frente da câmera e começo a falar, sai outra coisa bem diferente. E isso é Deus agindo.  Ele coloca palavras que gostaria que fossem ditas na minha boca.

Vejo também a ação de Deus quando recebo algum retorno sobre esses vídeos. Às vezes alguém comenta aqui no site ou manda um recado que a palavra dita em tal e qual vídeo foi justamente a que ele/a precisava ouvir naquele exato momento da sua vida. E aí me dá uma alegria porque percebo que Deus realizou algo através da minha vida.

Você quer ver Deus agir através da sua vida? É simples. Basta levantar a mão e dizer: "eis me aqui, Senhor, usa-me nisto ou naquilo" E se o que você estiver pensando em fazer for do agrado de Deus, pode ter certeza que Ele vai usar você de forma poderosa. Vai usar você de maneiras totalmente inesperadas e que até pareciam impossíveis. 

Portanto, basta querer e se apresentar como voluntário, que Deus vai fazer coisas tremendas através da sua vida, como tem feito através da minha.

E é sobre isso que o Rogers fala no seu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes dele aqui e aqui.

domingo, 23 de agosto de 2020

OS QUE NÃO AGRADECERAM

Por que é necessário reservar um dia para agradecer a Deus? Por exemplo, esse é papel do Dia Universal de Ação de Graças. 

A razão é simples: há muitos que não agradeceram a Ele as inúmeras bênçãos recebidas e precisam ser lembrados de fazer isso. A verdade é que as pessoas, quando deixadas por conta própria, não se mostram suficientemente gratas e se torna necessário lembrá-las dessa obrigação,  por isso existem datas comemorativas desse tipo. 

Os 10 leprosos  
Talvez você tenha ficado surpreendido/a com minha declaração a respeito da falta de gratidão das pessoas a Deus, mas, infelizmente, essa é a verdade. E há vários exemplos disso na Bíblia - vamos ver um deles, acontecido com o próprio Jesus. 

Certa vez, Jesus ia passando e ouviu o chamado desesperado de dez leprosos. Naquela época, eram considerados leprosos todas as pessoas que sofriam de alguma doença de pele grave como, por exemplo, a psoríase. Não era preciso ser portador da lepra propriamente dita (hanseníase) para ficar estigmatizado dessa forma.  

Os leprosos viviam segregados do convívio social por causa do medo do contágio e eram sustentados, de forma precária, pela caridade pública. Essas pessoas levavam uma vida terrível. Quem quiser ter uma percepção mais concreta sobre essa realidade basta assistir o filme "Ben-Hur", no qual o herói entra numa caverna habitada por leprosos em busca da mãe e da irmã.   

Portanto, os dez homens que apelaram para a misericórdia de Jesus viviam uma situação desesperadora - sua qualidade de vida era péssima. E Jesus atendeu o pedido e curou os homens doentes. Depois, Ele disse para os dez homens se apresentarem aos sacerdotes, por que, segundo a Lei Mosaica, cabia aos sacerdotes atestar a cura. Sem esse atestado, os homens continuariam sendo considerados impuros. Os ex-leprosos fizeram isso e tiveram sua cura confirmada (Lucas capítulo 17, versículos 11 a 19). 

Mas, de forma surpreendente, apenas um deles voltou para agradecer a Jesus a benção recebida. E, somente para esse Jesus reservou o prêmio maior: o perdão dos pecados (versículo 19). Os outros nove ganharam a cura física mas perderam a oportunidade de ganhar algo ainda mais importante. 

Realmente surpreende esse nível de ingratidão mas isso é muito comum. E posso dar o testemunho de já ter visto isso acontecer várias vezes. 

Um testemunho de gratidão: Maria 
Agora, há quem dê um testemunho totalmente diferente, expressando sempre a gratidão necessária a Deus. Um excelente exemplo disso é Maria, mãe de Jesus, o que confirma que ela foi mesmo uma mulher especial. 

Maria engravidou por obra do Espírito Santo, mesmo sendo virgem, e recebeu a revelação dessa realidade do anjo Gabriel. Ela imediatamente entendeu que iria passar por grande desgaste social, ao aparecer grávida sem explicação, pois era noiva de José e o filho evidentemente não era dele. 

Apesar de ser ainda uma adolescente (cerca de 15 anos), Maria teve fé que a ação de Deus na vida dela viria a ser positiva. E, por causa dessa confiança inabalável, derramou-se em agradecimentos a Deus, conservados num cântico lindo, conhecido como "Magnificat" (Lucas capítulo 1, versículos 46 a 55). 

Que contraste com os nove leprosos ingratos! Maria agradeceu o que ainda nem tinha visto, enquanto aqueles nove homens já tinham recebido a benção e nem se deram ao trabalho de olhar para trás. É por isso que Maria é hoje uma das pessoas mais reconhecidas pela história, enquanto aqueles homens servem apenas como exemplo do que não se deve fazer. 

Palavras finais 
Deus se agrada muito de um coração agradecido. Ele fica alegre quando a pessoa demonstra humildade e reconhece que, sem a ação divina, determinada coisa não poderia ter sido alcançada. Nunca se esqueça disso. 

Portanto, aproveite cada oportunidade para agradecer a Deus. A gratidão precisa se tornar um estilo de vida para o cristão.   Graças a Deus por tudo que Ele tem feito e ainda fará por cada um de nós!  

Com carinho

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

AS DOENÇAS DO CORAÇÃO

Hoje vou falar das doenças do coração. Vivemos numa sociedade onde o que mais se ouve é "eu mereço isso", "eu não gosto daquilo" e assim vai. O “eu” tornou-se o motor do nosso dia a dia. Ele conduz quase todas as nossas decisões.

A excessiva importância do "eu" contribui para gerar doenças emocionais e espirituais importantes, que eu apelidei neste texto de "doenças do coração". Vejamos alguns exemplos:

  1. Ira: 

    Pode ser descrita como "a pessoa acha que alguém deve a ela alguma coisa". Por exemplo, pensa que merecia um reconhecimento que não foi recebido ou mesmo um amor que lhe foi negado. A ira chega porque a pessoa se sente frustrada naquilo que entendia ser seu direito.     

  2. Culpa:

    Pode ser descrita como "a pessoa acha que deve alguma coisa para alguém e não consegue pagar essa dívida". Por exemplo, pensa que fez algo que não devia e se sente culpada por isso. 

  3. Egoísmo: 

    Pode ser descrito como “a pessoa acha que vem sempre em primeiro lugar”. Essa doença gera nela dificuldade de pensar nas necessidades do próximo. Ou de abrir mão do seu interesse em favor do interesse de terceiros.

  4. Inveja:   

    Pode ser descrita como “a pessoa pensa que Deus lhe deve algo, que deu para outro/a”. Pode ser que o/a outro/a tenha mais beleza, talento, dinheiro ou mesmo sucesso. Pode ser que o/a outro/a tenha menos problemas. E assim por diante. E ela conclui que a culpa de tudo isso só pode ser de Deus pois Ele pode tudo e poderia mudar essa situação. 

  5. Orgulho:   

    Pode ser descrito como “a pessoa se considera importante e digna de reconhecimento”.  Por isso deve ter prioridade, um tratamento melhor, certas vantagens, etc.

E comum a todas essas doenças é olhar para as situações sembre privilegiando o "próprio umbigo".  O que importa é sempre o que a própria pessoa faz, o que recebe, o que lhe é devido e assim por diante. O "eu" da pessoa tem prioridade sobre tudo.

O império do “eu” é provavelmente a maior dificuldade que existe para a construção de uma sociedade melhor e mais justa. Quando o “eu” manda e determina o que a pessoa vai fazer, coisas ruins podem acontecer: a ira explode em violência, o egoísmo vira cobiça desenfreada, a inveja se transforma em fofoca, o orgulho em arrogância e por aí vai.

Todos sofremos em algum grau com uma ou mais dessas doenças. Algumas delas estão mais presentes do que outras, mas todas se fazem notar em algum grau. E precisamos ter consciência clara disso. 

O ensinamento de Jesus
Jesus ensinou que o remédio para os "males do coração" é justamente tirar o foco do "eu". E é dessa percepção que nascem os dois grandes mandamentos dados por Ele que resumem tudo que devemos fazer: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo. 

Quando a pessoa ama Deus sobre todas as coisas, tal amor passa a conduzir sua vida. E assim ela passa a seguir os princípios de vida que Deus estabeleceu, mesmo quando eles contrariam seu próprio interesse pessoal. O "eu" é domado e se torna dependente de algo maior. 

Depois, quando a pessoa decide fazer pelo próximo as coisas que gostaria que fossem feitas por ela mesma, seu “eu” muda de função. Deixa de ser a razão da vida e passa a ser uma referencia para aquilo que precisa ser feito pelo próximo. 

Agora, passar da teoria à prática não é fácil. Domar o próprio "eu", e torná-lo dependente de Deus, não é simples. Mas felizmente há instrumentos que podem ajudar você a conseguir fazer isso. Refiro-me às disciplinas espirituais e indico cinco delas a seguir:

Confissão
O programa de luta contra o alcoolismo proposto pelos Alcoólicos  Anônimos começa exatamente pelo reconhecimento do vício e sua confissão pública. E como somos viciados no "eu", é por aí que você precisa começar também, reconhecendo esse problema. Esse é o ponto de partida.
Perdão
Cancelar as "dívidas" emocionais que outras pessoas possam ter com você é um passo importante. Isso vai livrar seu “eu” de uma carga de mágoas, do desejo de vingança e, sobretudo, do risco de manter sua vida congelada no passado veja mais
Doação
Dedicar parcelas importantes do seu tempo ao desenvolvimento do Reino de Deus aqui na terra é uma forma muito boa de combater o egoísmo. A auto-doação tira o foco saia de cima das suas necessidades e desejos e o transfere para as outras pessoas. A experiência mostra que quanto mais a pessoa se dá, maiores frutos são gerados e eles estimulam e gratificam quem se doa.
Alegria com o sucesso dos outros
Procurar se alegrar com as realizações das pessoas que geram inveja em você é uma disciplina espiritual muito importante. E é fundamental aprender a expressar essa alegria em voz alta. E não se trata de uma atitude hipócrita, porque ela é fruto de uma decisão real de não se deixar aprisionar pela inveja.  
Realização de trabalhos aparentemente humildes
Foi isso que Jesus ensinou ao lavar os pés dos discípulos - não há melhor remédio contra o orgulho. Eu, por exemplo, quando participei de retiros espirituais, procurei sempre me auto-escalar para lavar pratos e outras coisas simples (embora frequentemente também desempenhasse tarefas consideradas mais "importantes"). Isso me ajudou a manter o foco no serviço a Deus e não na importância da minha contribuição. E posso garantir que as melhores recordações que tenho desses eventos são justamente as que fiz fazendo essas tarefas simples. 

Com carinho

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

O RISCO DE NÃO ACEITAR JESUS

Hoje vou falar sobre o risco de não aceitar Jesus. Essa minha reflexão nasceu de um comentário muito interessante postado aqui no site. Ele foi feito por um leitor, em cima de um texto meu falando sobre a Graça de Deus. O leitor que fez o comentário -  alguém que não tem certeza se Deus existe de fato (agnóstico) - escreveu o seguinte:

"...como não é possível provar com certeza absoluta nem que Deus existe, nem que não existe, a coisa correta a fazer seria não tomar qualquer decisão a esse respeito". 

Essa declaração, à primeira vista, parece fazer sentido. Afinal, quando não temos certeza sobre alguma coisa é preciso cautela na tomada de qualquer decisão. Como, segundo o leitor, não é possível ter certeza sobre a existência de Deus, o melhor seria ficar quieto. Não tomar qualquer partido - nem contra nem a favor d´Ele. Evitando assim o risco de escolher a opção errada e fazer besteira. 

Como as pessoas lidam com a incerteza
Mas, se você prestar bem atenção, não é bem assim que as pessoas costumam agir quando não tem certeza. Elas não costumam ficar paradas. Normalmente, levantam as várias alternativas disponíveis e avaliam o risco de cada uma delas. Aí escolhem a alternativa que oferece menor risco. E a alternativa de não fazer nada também costuma embutir algum tipo de risco (por exemplo, perder uma oportunidade).

Vejamos um exemplo prático: quando uma pessoa vai decidir se abre um negócio, enfrenta muita incerteza. Sempre há o risco de fazer o negócio e perder dinheiro. Agora, também há um risco em nada fazer: perder a oportunidade e eventualmente deixar de ganhar um bom dinheiro. Aí a pessoa avalia os dois riscos e acaba decidindo o que fazer. 

Vejamos outro exemplo: se um médico não sabe as causas de uma doença, isso não quer dizer que deva ficar parado. Deixar a pessoa morrer. Nesse caso, fazer alguma coisa, mesmo correndo o risco de ter se baseado no diagnóstico errado, é melhor que nada fazer. E é assim que os médicos costumam agir. 

O risco de aceitar ou não Jesus
É preciso entender que, de acordo com a doutrina cristã, se a pessoa decidir nada fazer a respeito da sua fé em Jesus (conforme propôs o leitor agnóstico), o resultado final é o mesmo que rejeitá-lo. Isso porque em ambos os casos a pessoa não terá a Graça de Deus, pois essa somente se manifesta quando a pessoa aceita Jesus. 

Portanto, na prática, a decisão de nada fazer equivale à decisão de recusar Jesus e assim somente existem duas alternativas a analisar: aceitar Jesus ou não. E usando a metodologia que expliquei acima, será preciso avaliar os riscos relacionados com cada uma dessas duas alternativas e, naturalmente, escolher aquela de risco menor. 

O risco de rejeitar Jesus aparece apenas se o cristianismo estiver certo. Nesse caso, a consequência será muito séria: a pessoa irá perder sua salvação. Não existe risco maior - trata-se de acabar condenada ao inferno para sempre. 
É claro que aceitar Jesus também envolve um risco. Se o cristianismo estiver errado, a pessoa que aceitou Jesus estará seguindo uma ilusão. E, por causa disso, fará algumas coisas sem qualquer sentido prático (orar, louvar, tomar a Santa Ceia, estudar a Bíblia, etc) e se privará de outras tantas (tudo aquilo que é proibido pelo cristianismo), sem qualquer necessidade.
Esse risco parece moderado. Até porque muitas coisas que o cristianismo proíbe (vícios, adultério, matar, roubar, etc) costumam ser proibidas pela maioria das sociedades através de leis. Portanto, seria necessário não fazer essas coisas.
Palavras finais
Resumindo, o risco de não aceitar Jesus é gigantesco (perder a vida eterna) e o risco contrário é moderado (fazer algumas coisas e se privar de outras, sem necessidade). Portanto, a lógica aponta com clareza na direção de ser aconselhável aceitar Jesus. Essa seria a decisão menos arriscada, mesmo quando a pessoa não tem muita certeza quanto ao que deve fazer. 
Sei muito bem que ninguém aceita Jesus com base num raciocínio lógico e sim pela fé. Então, qual é o valor de toda essa discussão? Há duas coisas importantes aí:

Primeiro, para quem já decidiu aceitar Jesus, é sempre muito bom saber ter feito uma escolha amparada pela lógica, que faz sentido. Isso reafirma e robustece a fé do/a cristão/ã. 

Depois, para quem ainda não aceitou Jesus, como o leitor agnóstico, esse tipo de discussão ajuda a tirar a pessoa da sua inércia. A empurra para dar um passo inicial na direção de Jesus e, uma vez feito isso, o Espírito Santo vai entrar e completar a obra.

Com carinho

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

TERRAS DISTANTES

O livro de Isaías fala de terras distantes e chama essas terras de Sião e Jerusalém. O profeta estava se referindo às terras celestiais, para onde iremos quando acabar essa vida e Deus nos chamar para estar junto a ele. 

Nunca devemos esquecer que estamos neste mundo apenas de passagem - vivemos aqui apenas ao longo de algumas décadas. Nosso destino verdadeiro e permanente é o paraíso, onde estaremos junto a Deus para sempre. 

O livro do Apocalipse se refere a esse lugar como Jerusalém celestial, fazendo eco ao que disse o profeta Isaías. Portanto, tenha sempre em mente que, aconteça o que acontecer, esteja você na situação que estiver, você só está aqui de passagem. 

O melhor de Deus na sua vida ainda está por vir. E você só verá esse melhor no final dos tempos, quando chegar ao Paraíso. Isso não quer dizer que você não deve pedir a Deus coisas melhores para o aqui e o agora. Não quer dizer que você não deve pedir a Deus alívio para suas dificuldades e dores terrenas. E não espere a ajuda dele para melhorar sua situação. É claro que você deve fazer tudo isso. 

Mas, nunca perca de vista seu destino final. Nunca perca de vista as terras distantes, ou seja, o lugar para onde você irá no final dos tempos e que será seu destino definitivo. Até lá, você, assim como cada ser humano, é um peregrino num local que de fato não lhe pertence. 

E é sobre isso que o Rogers fala no seu mais novo vídeo - veja aqui. Veja outros vídeos dele recentes aqui e aqui.

sábado, 15 de agosto de 2020

INFORMAÇÕES SOBRE A BÍBLIA


Aí vão algumas informações interessantes sobre a Bíblia. E essas informações valem à conhecer porque a Bíblia tem, no meio cristão, uma autoridade que nenhum outro texto já teve ou poderá vir a ter. Afinal, ela é considerada pelo povo cristão como a Palavra de Deus. 
Nosso entendimento é que o Espírito Santo inspirou os autores dos 66 livros da Bíblia (cerca de quarenta pessoas), orientando-os sobre o que deveriam escrever. Agora, mesmo inspirados pelo Espírito Santo, os autores dos textos não perderam consciência do que faziam - a inspiração não é, como alguns pensam, semelhante à psicografia praticada por médiuns espíritas. É coisa bem diferente. 
A pessoa inspirada preservava sua consciência e mantinha total controle sobre sua vontade. Se o autor conhecia apenas uma língua, ele escrevia nessa língua. E seu estilo de escrita e vocabulário eram preservados - por isso as cartas de Paulo, um grande teólogo, são tão diferentes dos textos de Lucas, que era médico - leia Romanos, escrito pelo primeiro, e Atos dos Apóstolos, escrito pelo segundo, que você vai comprovar com facilidade o que acabei de dizer. 
Portanto, ao ler a Bíblia, você precisa ter em mente essas informações muito importantes. Em primeiro lugar, tudo que a Bíblia contém é verdade mas nem todas as verdades estão contidas na Bíblia. Afinal, a Bíblia tem escopo limitado, como não poderia deixar de ser.
Portanto, não vamos encontrar na Bíblia a maioria das verdades científicas, como, por exemplo, a Teoria da Relatividade ou as Leis da Termodinâmica. Não se deve procurar na Bíblia esse tipo de “verdade”. 

Em segundo lugar, é preciso lembrar que o texto bíblico foi escrito de forma a ser entendido pelos seus leitores daquela época, ou seja, gente que viveu milhares de anos atrás.  É claro que a Bíblia é completamente relevante hoje em dia, mas nunca podemos esquecer que as primeiras pessoas a ler esses textos não tinham os conhecimentos que temos hoje. 

Por exemplo, nos tempos bíblicos considerava-se que a sede do intelecto estava no coração e, naturalmente, essa visão permeia o texto bíblico. E isso não é um erro e sim uma adequação do texto ao público ouvinte daquela época. De igual forma, nos tempos bíblicos, as pessoas pensavam que a terra era plana, coisa que sabemos não ser verdade e os textos refletem esse pensamento das pessoas.
Terceira, dentre as informações relevantes, a Bíblia não descreve os fatos históricos como um livro texto de história faria hoje. Os textos atuais buscam a máxima precisão cronológica possível, indicam todas as suas fontes de referência e privilegiam a apresentação de provas que garantam a veracidade das conclusões tiradas. 
Na época em que a Bíblia foi escrita, esses princípios de historiografia - hoje amplamente aceitos - nem eram conhecidos e, portanto, as premissas usadas foram outras. Não seria razoável, então, cobrar dos autores da Bíblia fidelidade aos princípios historiográficos atuais e muito menos considerar que eles erraram por não fazer isso. 

Essa característica explica porque nem tudo que gostaríamos de conhecer sobre Jesus foi registrado nos Evangelhos. Nada sabemos, por exemplo, sobre sua infância e adolescência e muito menos os detalhes de como sua família viveu. Isso não é uma omissão, ou como pensam alguns críticos, uma tentativa de esconder algo. Simplesmente os autores dos Evangelhos tinham espaço limitado e acharam que essas informações não eram muito relevantes, coisa que seria impensável hoje em dia. 
Mas, como a Bíblia foi inspirada por Deus, você pode ter certeza que foram fornecidas todas as informações históricas mínimas, necessárias para o bom entendimento dos diversos relatos e, mais ainda, indispensáveis para o entendimento das mensagens que Deus quis nos transmitir. O Espírito Santo se encarregou de nos dar essa garantia.
Finalmente, é preciso levar em conta que o texto da Bíblia está cheio de símbolos e metáforas. Isso pode ser visto, por exemplo, na simbologia por trás de muitos números citados.

Nunca podemos esquecer que, tanto no hebraico, como no grego, as linguagens originais dos textos bíblicos, não havia símbolos especiais para escrever números, como temos no português. Eram usadas letras do alfabeto normal para escrever os números - os chamados números romanos usam exatamente esse princípio. E como os números eram escritos com letras, eles também podiam ser lidos como palavras, ou seja, tinham duplo significado: o numeral em si e palavra resultante.

E muitas vezes a palavra que representava determinado número tinha mais importância do que o numeral em si - o célebre número da Besta do Apocalipse (666) talvez seja o exemplo mais conhecido. 

Além disso, determinados números podiam adquirir significado específico. Por exemplo, Jacó teve 12 filhos, que deram origem às 12 tribos de Israel. A partir daí, o número 12 passou a representar Israel - por isso, Jesus chamou 12 apóstolos, para simbolizar que um novo povo de Deus (a igreja cristão) estava se formando (a igreja cristã). Outro bom exemplo é o número que representa uma geração (40 anos), usado inúmeras vezes em diferentes locais da Bíblia. 
Ora, ninguém deveria tentar usar esses números para tirar conclusões matemáticas. Mas, há quem tente fazer isso e acabe propondo doutrinas absurdas. Você pode ver isso facilmente buscando a interpretação do número da Besta do Apocalipse (666) na Internet.
Problemas semelhantes ocorrem quando algumas pessoas tentam aplicar na prática conceitos que deveriam ser tomados apenas como simbólicos - por exemplo, os "olhos", as "mãos" ou as "asas" de Deus, metáforas que não têm correspondência prática, pois Ele é um espírito e não tem esses órgãos.  
Provas da autoridade bíblica
Quais são as provas da autoridade bíblica? Essas provas existem, mas seria um processo muito longo apontar todas aqui. Vou me concentrar, a título de exemplo, em apenas duas dentre elas. 
A primeira delas é a coerência interna da Bíblia, que demonstra haver um "projeto" global para esse conjunto de textos, ou seja, uma “mão” superior guiando tudo. Não podemos esquecer que os textos bíblicos foram escritos por dezenas de autores, que viveram ao longo de cerca de 1.500 anos, sendo originários de lugares distintos e condições de vidas as mais diversas.

Assim, seria de se esperar que houvesse profundas divergências e contradições no conteúdo da Bíblia, o que não ocorre. Isso comprova a uma direção geral inteligente (Espírito Santo). 

A segunda evidencia concreta da autoridade da Bíblia é a importância que seus textos têm tido para os seres humanos ao longo de milhares de anos, inspirando, instruindo, consolando e guiando as pessoas ao longo das suas vidas. Somente textos muito especiais poderiam ter cumprido esse papel. E nenhum outro texto se aproxima da influência que a Bíblia tem tido na história humana.
As traduções
Os textos da Bíblia não foram escritos em português, portanto, só podemos lê-los através de traduções. A primeira tradução para o português foi feita em meados do séc XVIII, por um missionário católico, que se tornou evangélico, chamado João Ferreira de Almeida.
Ao longo do tempo essa tradução foi revista, corrigida e atualizada, dando origem às diversas variantes hoje disponíveis. “João Ferreira de Almeida” é a tradução da Bíblia mais popular e inúmeras gerações de evangélicos, inclusive eu, conheceram a Palavra de Deus através dela.
Outras excelentes traduções disponíveis são “Linguagem de Hoje”, “Nova Versão Internacional” e, mais recentemente, a "Versão Transformadora". A Igreja Católica tem suas próprias traduções, que correm em paralelo às traduções que acabei de comentar.

As principais traduções que citei foram construídas de forma independente umas das outras, isto é, todas elas partiram de textos básicos nas línguas originais (hebraico e grego na variante koine). Elas são o resultado de um enorme esforço desenvolvido por grandes equipes de estudiosos. E o resultado final passa por sucessivas correções (edições), onde os poucos erros existentes vão sendo eliminados aos poucos.  
Sendo assim, não podemos nunca esquecer que a inspiração (o "selo de qualidade" dado por Deus) se refere apenas aos textos originais e não às traduções. Em outras palavras, qualquer tradução pode ter erros. E isso acontece, embora esses erros sejam pequenos por causa dos controles que citei acima. Por isso é sempre bom usar mais de uma tradução e comparar seus textos. Isso porque como as diferentes traduções foram desenvolvidas de forma independente, certamente elas não conterão erros da mesma natureza e exatamente no mesmo local da Bíblia. Isso seria impossível.  A comparação entre diferentes traduções é uma garantia muito poderosa que você estará lidando com as informações certas.
 Com carinho

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

O RENASCIMENTO DEPOIS DA PANDEMIA

O dicionário define renascimento como “nova existência” ou “nova vida”. No caso do estudo de hoje, estou considerando a primeira definição: uma nova forma de viver depois da pandemia.  

Thomas Friedman, o brilhante e conhecido colunista New York Times, comentou, em entrevista recente (12/07/2020), dada ao Estado de São Paulo, que a sociedade humana está passando por um renascimento:
Acho que estamos prestes a ver uma explosão de inovação, um dos grandes pontos de mudança de direção da história ... Esse quadro [acesso a ferramentas baratas de inovação e enorme poder computacional a um preço muito baixo] vai nos proporcionar uma demolição criativa de um jeito que eu nunca vi antes. Vai ser o equivalente a uma guerra mundial em termos de disrupção ...
Thomas Friedman parece ter razão pois os sinais de uma nova forma de levar a vida são cada vez mais evidentes. Mas, o renascimento, que começamos a experimentar, não é um processo inédito. A sociedade humana já passou por outros períodos de renascimento. Vamos ver alguns deles:
A Renascença: o renascimento europeu
Tradicionalmente essa designação se refere a um período que vai mais ou menos do meio do século XIV até o final do século XVI. A Renascença trouxe o fim da Idade Média e representou um sopro de ar fresco no pensamento humano (artes, ciência, teologia, etc), gerando também desenvolvimento econômico e progresso científico. É desse período a difusão da imprensa, as grandes navegações, a construção de grandes catedrais, esplendorosas obras de arte (como o teto da Capela Sistina, no Vaticano) e outras coisas mais. Viveram na Renascença gênios como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, Galileu, Lutero e muitos outros.
Os renascimentos do povo de Israel
A Bíblia descreve pelo menos três períodos de renascimento ao longo de cerca dois mil anos de história de Israel:
1. O fim da escravidão no Egito
O povo passou cerca de 430 anos em escravidão no Egito, sendo usado como fonte de mão de obra barata para que os faraós construíssem grandes monumentos. Aí Deus convocou Moisés para liderar o processo de libertação do povo. E uma vez saído do Egito, o povo de Israel peregrina cerca de 40 anos pelo deserto do Sinai, onde recebeu, de Deus, leis, orientações e incentivo para organizar-se como nação e adquirir um ânimo vencedor. Isso está descrito em detalhes nos livros Êxodo, Números e Josué contidos na Bíblia.
E foi por causa desse grande avanço social e emocional que Israel conseguiu se estabelecer como nação e dominar boa parte de Canaã.
2. O renascimento na Babilônia
Em 587 AC, os babilônios, comandados por Nabucodonosor, conquistaram Jerusalém, destruíram o Templo e levaram a liderança judaica para o exílio na Babilônia, onde os judeus acabaram constituindo uma importante comunidade. São dessa fase os relatos do final do livro de 2 Reis e 2 Crônicas, bem como o livro do profeta Ezequiel.
Mais adiante (538 AC), o rei Ciro conquistou a Babilônia e fundou o grande império persa. Ciro era muito mais liberal com os povos sob seu domínio e resolveu permitir que os judeus voltassem para sua terra. Muitos voltaram, embora parte tenha permanecido onde estava.

Os que voltaram tiveram que enfrentar o desafio de reconstruir os muros de Jerusalém e o Templo, bem como reorganizar a sociedade judaica em Canaã - esse é o relato que está nos livros de Esdras e Neemias. Os que ficaram na Babilônia passaram a gozar de muito maior liberdade e a colônia judaica floresceu – vemos ecos disso nos relatos dos livros de Daniel e Ester. Em resumo, o povo judaico como que renasceu nos dois locais.
3. O renascimento trazido pelo Messias
O terceiro renascimento aconteceu com a vinda de Jesus ao mundo. Mas, o grosso do povo judeu não percebeu bem o que estava acontecendo, pois as pessoas esperavam um Messias que as viesse libertar do domínio romano, re-estabelecendo no trono judeu a linhagem de Davi. Esse é o significado dos gritos que deram quando da entrada de Jesus em Jerusalém, montado num burrico, no domingo de Ramos: Hosana, em hebraico, significa “salva-nos”, ou seja, o povo clamou para que Deus o libertasse.
Quando Jesus afirmou que seu reino não era deste mundo, muitos judeus se frustraram, pois queriam um libertador, quem os liderasse em batalha, como Moisés, Josué ou Davi. Mas, Jesus veio pregar o amor ao próximo.

Isso não significa que o renascimento não aconteceu, pois uma verdadeira revolução mundial começou ali, com o nascimento do cristianismo. O renascimento não foi cultural, econômico ou político. O renascimento trazido por Jesus foi emocional e espiritual.
E o seu renascimento?
O renascimento de uma sociedade passa essencialmente pelo renascimento individual dos seus integrantes. Se Thomas Friedman estiver certo, e tudo indica que ele está, cada um de nós vai ter que, de certa forma, renascer depois dessa quarentena. 
Períodos de renascimento costumam gerar um resultado geral positivo e acabam sendo bons. Mas, sempre embutem problemas e muita ansiedade, especialmente por conta da resistência das pessoas às mudanças inevitáveis. Afinal, estruturas econômicas e sociais acabam sendo modificadas, algumas profissões desaparecem, enquanto outras surgem, alguns hábitos apreciados mudam e assim por diante. E isso não é fácil de fazer.

Precisaremos aprender a fazer as coisas de formas diferentes no trabalho, no estudo, nas compras, no lazer e até nas práticas religiosas. E mais do que isso, vamos precisar aprender a olhar para as coisas de forma diferente: nem tudo que é maior é melhor, a natureza precisa ser mais preservada, a vida humana é o valor maior e assim por diante.

A dificuldade de fazer essa transição fica bem clara num comentário que Thomas Friedman fez na entrevista que citei acima:
Estamos começando a viver mais da metade das nossas vidas no ciberespaço ... [Mas] não sinais de trânsito no ciberespaço. Não há tribunais ... A questão da ética e dos valores se torna muito importante ...
O ciberespaço ainda é em boa parte desconhecido e uma “terra” meio sem lei. Mais do que nunca vamos precisar de valores que nos guiem a fazer a coisa certa, mesmo onde não há controle e onde a liberdade de ação é quase total.

A Bíblia ensina que isso só é possível com uma mudança de dentro para fora. A partir de um renascimento pessoal. E Jesus falou exatamente sobre isso.
Certa noite Ele foi procurado por um homem importante chamado Nicodemos. E o diálogo entre Jesus e Nicodemos é extremamente revelador (João 3:1-16):
Havia um fariseu chamado Nicodemos, uma autoridade entre os judeus. Ele veio a Jesus, à noite, e disse: "Mestre, sabemos que ensinas da parte de Deus, pois ninguém pode realizar os sinais miraculosos que estás fazendo, se Deus não estiver com ele". Em resposta, Jesus declarou: "Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo". Perguntou Nicodemos: "Como alguém pode nascer, sendo velho? É claro que não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe e renascer! " Respondeu Jesus: "Digo-lhe a verdade. Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito. O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito ... Perguntou Nicodemos: "Como pode ser isso?" Disse Jesus: "Você é mestre em Israel e não entende essas coisas? Asseguro-lhe que nós falamos do que conhecemos e testemunhamos do que vimos, mas mesmo assim vocês não aceitam o nosso testemunho. Eu lhes falei de coisas terrenas e vocês não creram; como crerão se lhes falar de coisas celestiais? ... Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
Jesus falou de renascimento individual no campo espiritual e ensinou que isso se dá através da aceitação dele como Salvador. A última frase desse texto (João 3:16) é o versículo mais conhecido e usado da Bíblia e resume o “nascer de novo” do cristão, bem como sua entrada na estrada aberta por Jesus.
Concluindo, precisaremos fazer grande esforço de adaptação ao “novo normal” que se apresenta diante de nós. Haverá riscos e ansiedade, mas, em compensação, novas portas vão se abrir e oportunidades inesperadas vão aparecer em muitos campos da vida humana.

Precisaremos passar por um renascimento espiritual. E isso começará com a aceitação de Jesus e a decisão de verdadeiramente andar nos caminhos que Ele indicou. E esses caminhos podem ser resumidos em dois aspectos: 1) amar a Deus sobre todas as coisas e 2) amar ao próximo como a nós mesmos.

O renascimento proporcionado por Jesus não é apenas ter uma fé intelectualizada e/ou estéril. Trata-se de viver aquilo que se acredita. É ter uma fé que muda tudo, que faz tudo novo.

Amém

terça-feira, 11 de agosto de 2020

TUDO COOPERA PARA O NOSSO BEM?


Há um versículo do apóstolo Paulo que é muito conhecido e querido pelo povo cristão. Trata-se de uma promessa: tudo coopera para o nosso bem (Romanos capítulo 8: versículo 28). Será que isso é mesmo verdade? Tudo coopera mesmo para o nosso bem, até as coisas ruins?
Para responder, precisamos entender melhor o contexto em que Paulo falou isso. Para tanto vamos começar nossa análise alguns versículos antes daquele que nos interessa mais de perto. 
O sofrimento do povo de Deus
Nos versículos 23 a 25 do mesmo capítulo de Romanos, Paulo disse o seguinte:
E não somente ela [a criação], mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo. Porque na esperança fomos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança. Pois quem espera o que está vendo? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos.
Paulo alerta nesse texto que os crentes verdadeiros/as vivem num mundo dominado imerso no mal. E sofrem por causa disso e esse sofrimento é inevitável. Sua esperança, portanto, deve estar na redenção que virá no final dos tempos (veja o versículo 18), que deve ser esperada com fé. 
A intercessão do Espírito Santo
O apóstolo diz, em continuação, nos versículos 26 e 27, o seguinte:
Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza. Porque não sabemos orar como convém, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus.
O sofrimento e angustia geram fraqueza nos fiéis e Deus lhes manda ajuda através do Espírito Santo, pois, em meio à crise, as pessoas nem mesmo conseguem pedir a Deus as coisas certas. É por causa disso que o próprio Espírito intercede junto a Deus por nós.  
O trabalho de Deus e do Espírito Santo coopera em favor dos fiéis
Aí Paulo fez outra declaração, preparando o terreno para a conclusão que está um pouco mais adiante.  No versículo 27, o apóstolo lembrou que Deus sonda a mente do Espírito Santo. E não podemos esquecer que, em outra de suas cartas, Paulo também ensinou que o Espírito Santo conhece a mente de Deus (1 Coríntios 2:10-11). Ou seja, há uma relação íntima e um trabalho conjunto entre Deus e o Espírito Santo. Aí Paulo chega, então, à conclusão desse raciocínio (versículos 28 e 29):
Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo seu propósito. Pois aqueles que Deus de antemão conheceu Ele também predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos.
Paulo alertou que os crentes recebem outro tipo de ajuda importantíssimo. O Pai e o Espírito Santo atuam em conjunto, para que tudo coopere para o bem dos fiéis. A palavra que Paulo usa no texto - coopera - vem do termo grego synergei, de onde nasce o conhecido termo "sinergia". Essa palavra indica trabalho conjunto de duas ou mais pessoas para produzir o melhor resultado possível. Exatamente aquilo que o Pai e o Espírito Santo fazem: atingem sinergia em favor dos crentes.

O conceito de bem
Outra coisa importante no texto de Paulo é o significado de "bem". Para Deus, "bem" significa uma coisa um pouco diferente do que costumamos pensar. Afinal, os seres humanos, mesmo quando cristãos verdadeiros, costumam ser imediatistas - querem as coisas para já - e são muito apegados às coisas materiais.

O bem, do ponto de vista de Deus, é uma coisa diferente, embora, certamente Ele também se sensibiliza com as necessidades materiais do seu povo. O bem para Deus está ligado ao relacionamento das pessoas com Ele mesmo, afinal tudo que é bom emana do próprio Deus. 
Contribuir para o nosso "bem" significa que os acontecimentos nos aproximam de Deus, tudo coopera para nosso bem e nada pode nos afastar do amor dele. 
Por que Deus não torna nosso caminho mais fácil?
Acredito que a resposta esteja em Hebreus capítulo 11, versículos 1 a 6:
Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos... Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam.
Se você tivesse todas a garantias de Deus para sua vida, teria certezas absolutas e não mais iria precisar da fé, perdendo uma coisa fundamental no relacionamento com Deus. Viver pela fé envolve riscos, mas é isso que Deus espera que façamos.

E concluo com outro ensinamento de Paulo (Filipenses capítulo 4, versículos 12 e 13):
Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece.
Amém.

domingo, 9 de agosto de 2020

PONTO SEM VOLTA

Gosto muito de um texto da carta de Tiago que fala sobre o mal que pode ser causado pelas palavras que proferimos e sobre a necessidade de controlar a própria língua. Trata-se de coisa muito difícil de fazer e, por isso frequentemente, nos vemos falando coisas que não deveríamos dizer. É o que eu chamei de ponto sem volta.

Digo isso porque, quando falamos algo que não deveríamos ter dito, levados pelo calor do momento, atingimos um ponto sem volta. Magoamos alguma pessoa e, mesmo quando tentamos pedir desculpas e consertar o mal que foi feito, ainda assim o estrago feito pode deixar uma cicatriz evidente, uma marca que dificilmente conseguirá ser apagada. Um minuto de distração, de se deixar levar pelos sentimentos, pode gerar consequências por muito tempo.

O texto de Tiago ensina como domar a própria língua é uma coisa quase impossível de fazer. Daí a importância de manter, o mais possível, bons pensamentos preenchendo nossas mentes. Os bons pensamentos funcionam como proteção contra a tendencia deixarmos nossas palavras correrem soltas e causarem estrago nas outras pessoas.

É sobre isso que o Rogers fala no seu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes dele aqui e aqui.

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

O PÂNICO É UM PÉSSIMO CONSELHEIRO


O pânico pode causar um enorme estrago na vida das pessoas já que é um péssimo conselheiro. Ele faz as pessoas fazerem coisas absurdas, que nunca fariam numa situação normal. 

O pânico parece ser um sentimento meio inevitável e leva as pessoas a quase sempre agirem de modo irracional. Por exemplo, quando as pessoas estão num ambiente público fechado (um cinema, teatro ou outro lugar assim) e ocorre um incêndio, todo mundo entra em pânico e as pessoas querem sair ao mesmo tempo. E acaba se formando um grande tumulto junto às portas de saída. Aí as pessoas mais fracas podem acabar sendo lançadas ao chão e pisoteadas pelas demais. E acabam morrendo dos ferimentos recebidos e não do incêndio em si. Se todos agissem com calma e de forma disciplinada, seria possível deixarem o local, correndo risco muito menor. 

O mesmo efeito "manada" pode ser visto quando aparece algum problema na economia - todo mundo corre para vender suas ações na Bolsa de Valores, com medo da queda das cotações, e aí as vendas maciças jogam os preços das ações lá para baixo, gerando o prejuízo que todos temiam. Vimos isso no mês de abril passado, quando estourou a crise do coronavírus - a Bolsa brasileira caiu quase 40%.

O pânico precisa ser combatido pelos efeitos desastrosos que causa e Jesus apresentou o remédio: a confiança (fé) em Deus

Certa vez, Ele estava com seus apóstolos num pequeno barco, no lago (mar) da Galileia e armou-se grande tempestade, que ameaçava afundar o barco. Os companheiros de Jesus entraram em pânico e se voltaram para Ele para pedir socorro. E encontraram Jesus dormindo tranquilamente (Marcos capítulo 4, versículos 35 a 41). A confiança de Jesus em Deus era tão grande, que nada o abalava.

É claro que poucas pessoas atingem tal grau de fé em Deus durante sua vida espiritual. Mas, qualquer pessoa pode trabalhar para aumentar a própria fé.

Para conseguir fazer isso, há duas coisas que precisam ser entendidas. A primeira é como Deus age. Por exemplo, se eu pular de uma janela pensando que Deus vai mandar um anjo me segurar provavelmente ficarei decepcionado (se viver para contar a história). 

Estudar as experiências de intervenção divina relatadas na Bíblia, bem como refletir sobre as próprias experiências, ajuda bastante - já publiquei vários textos aqui no site que tratam dessa questão (por exemplo, aqui). 

Entender como Deus age vai evitar que você venha a esperar coisas que Ele não irá mesmo fazer, ou seja, irá impedir que você tenha fé em coisas erradas e acabe decepcionado por pura falta de conhecimento. 

A segunda coisa importante é aprender a exercitar a própria fé. Se você nunca exercitar sua fé em Deus, quando a crise chegar, não estará preparado e não terá como evitar o pânico.

Por exemplo, imagine que você precisa levar seu filho pequeno para fazer uma cirurgia. Antes  de tudo você vai escolher o cirurgião, conversar com ele, entender os riscos e fazer os exames prévios, em resumo, tomar todas as medidas para adquirir confiança que seu filho estará recebendo o melhor tratamento possível. E enquanto você não tiver adquirido confiança integral no médico, não vai autorizá-lo a fazer a cirurgia. 

O mesmo ocorre na relação com Deus - enquanto você não tiver confiança (fé) integral nele, não vai entregar sua vida aos seus cuidados. Não vai conseguir descansar nele. 

A melhor forma para exercitar sua fé é testá-la em situações mais simples do dia-a-dia. É exatamente como acontece com os músculos do corpo: todo dia eles precisam ser exercitados pelo menos um pouco, para que se mantenham firmes. E é claro que ninguém vai começar um programa de exercícios, se estiver fora de forma, já correndo uma maratona. O preparo físico necessário para correr uma maratona somente virá  após muito tempo de treinamento. 

Para aprender a exercitar sua fé no dia-a-dia, escolha algum hábito seu que lhe incomoda e precisa ser mudado. Por exemplo, não comer o que lhe faz mal ou não se deixar escravizar pela Internet. Faça um propósito de mudar o hábito indesejado. Peça ajuda a Deus para conseguir fazer isso e procure confiar que essa ajuda virá da melhor forma e na hora certa (Salmo 28, versículos 13 e 14). 

E quando tiver sucesso, ou seja, ficar livre do hábito indesejado, reflita sobre sua experiência - o que foi fácil e o que foi difícil de fazer. Procure na Bíblia exemplos de pessoas que passaram por situação semelhante (se não souber, converse com alguém que saiba). E estude o que aconteceu com essas pessoas. 

Depois de conseguir uma vitória num desafio menor, passe para um maior - por exemplo, tente mudar um hábito ruim que seja mais complicado, mais difícil de vencer, como um vício. E assim vá caminhando passo a passo, testando a sua fé e aprendendo a usá-la a seu favor.

Pode ter certeza que você vai se surpreender com os resultados. E quando o momento difícil chegar, você terá uma fé provada e saberá como usá-la para poder enfrentar os desafios que a vida vier a lhe apresentar.

Com carinho

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

QUANTO VOCÊ JÁ CAMINHOU?


Quanto você já caminhou na estrada da sua vida espiritual cristã desde que se converteu? Certa vez um amigo me disse o seguinte:
Quando leio seu site, me dou conta que estou muito distante daquilo que deveria. E isso às vezes me desanima”. 
Respondi para ele que eu também me considero muito distante da meta que Deus tem para mim e, assim com ele, às vezes me sinto meio incapaz, incompetente espiritualmente. Acho que minha resposta surpreendeu...
O cristianismo era conhecido como "O Caminho", antes de se tornar uma religião organizada. Gosto muito desse nome, pois acho que ele reflete bem a essência do que é o desafio de ser cristão. Trata-se de caminhar sempre, olhando para Cristo, nossa meta.

Às vezes paramos porque faltam forças, mas é preciso perseverar e recomeçar a caminhar. De vez em quando até caímos, porque somos limitados e imperfeitos, mas é preciso levantar e seguir em frente.

Há quem consiga andar mais depressa, cair menos e desanimar menos, ao longo do caminho da vida espiritual. Outros seguem jornada mais difícil e atrapalhada, e às vezes até se desviam do caminho certo, para só mais adiante, em meio a grande sofrimento, retomá-lo.

Essa é a natureza da caminhada. E é a história da minha vida espiritual e também a de qualquer outra pessoa que decida seguir a Jesus. Portanto, você não deve desanimar com as dificuldades e tropeços, ou quando as exigências da vida cristã parecem muito grandes. 
E sempre lembre-se de algumas coisas. Primeiro, você não precisa caminhar sozinho. O Espírito Santo está presente no mundo exatamente para ajudar você em toda a sua jornada. Basta orar e pedir ajuda, que você será apoiado de todas as formas. 
E você terá também o apoio de irmãos na fé, que passam pelas mesmas lutas e podem ajudar muito  através do seu testemunho e orando junto com você. Exatamente por isso é tão importante ser parte de uma igreja (comunidade cristã).

Segundo, toda vez que você se afastar da rota certa ou mesmo tropeçar e cair - por exemplo, quando ceder à tentação e pecar novamente -, basta reconhecer seu erro e pedir perdão a Deus. Ele sabe das suas dificuldades e está sempre pronto para perdoar e se reconciliar com você, colocando você de volta no caminho certo.

Finalmente, sempre é bom olhar para trás e ver o quanto você já caminhou. Você entrou no caminho certo quando aceitou Jesus como seu Salvador. Ao aprender o que Deus espera de você -  perdão, amor ao próximo, etc -  e começar a praticar isso, mesmo que de forma imperfeita, você já andou mais um bom pedaço.

E quando aprendeu a importância da oração e seu poder sobre a vida do ser humano, mais alguns quilômetros ficaram para trás. Quando deixou hábitos que prejudicavam sua vida, como vícios, consumo excessivo, maledicência, etc, houve mais um grande avanço, E assim você vai caminhando.
Não olhe somente para aquilo que você ainda não conseguiu, o quanto falta caminhar. Encontre consolo e ânimo para prosseguir dando-se conta também do quanto já conseguiu. Talvez você se surpreenda ao perceber o quanto já caminhou na estrada da vida espiritual.
Concluindo, continue a andar pelo caminho que é Jesus Cristo. Eu tenho me esforçado por fazer o mesmo. Essa é a tarefa mais importante da sua e da minha vida.

Com carinho