quarta-feira, 30 de maio de 2018

QUEM VOCÊ DIZ QUE JESUS É?

Certa vez Jesus perguntou aos seus discípulos quem as pessoas diziam que Ele era (Mateus capítulo 16, versículo 13). Jesus queria saber qual a interpretação que o público dava ao seu ministério. 

Ora, sabemos que Jesus não era uma pessoa vaidosa e nem se preocupava com a imagem que projetava. Por que então Ele fez essa pergunta? Vou tentar explicar qual foi o objetivo d´Ele.

Jesus era diferente de todos os demais líderes religiosos que viviam na Palestina naquela época - a Bíblia traz depoimentos de diferentes pessoas atestando isso. E, como seria natural esperar, as pessoas acabaram construindo diversas teorias para explicar quem Jesus era e o que queria alcançar como fruto do seu ministério. 

Havia quem dissesse que Jesus era um rabino. Outras pessoas achavam que Ele era um profeta. E houve até quem pensasse que Jesus era a re-encarnação de um profeta já morto, como Elias, João Batista ou Jeremias (Mateus capítulo 16, versículo 14). E foi isso que os discípulos relataram para Jesus. 

É interessante perceber que nenhuma dessas teorias deu a resposta certa, pois ninguém reconheceu Jesus como o Salvador da humanidade. 

Jesus fez, então, outra pergunta: Quis saber o que os próprios discípulos pensavam a esse respeito (Mateus capítulo 16, versículo 15). Ora, ninguém estava em posição melhor do que os discípulos para saber quem Jesus de fato era, pois conviviam diariamente com Ele. 

Mas os relatos dos Evangelhos indicam que os discípulos não conseguiram chegar a uma conclusão objetiva sobre quem Jesus era de fato - só fizerem isso depois da ressurreição d´Ele. 

E como ficaram em dúvida sobre o que dizer e não querendo passar vergonha diante do seu mestre, ficaram calados. É interessante perceber que, em outras passagens dos Evangelhos, quando Jesus fazia perguntas, normalmente vários discípulos tentavam respondê-las para "mostrar serviço". Mas não foi isso que aconteceu naquele momento. 

Finalmente, Pedro se atreveu a falar e conseguiu dar a resposta certa: "Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo" (Mateus capítulo 16, versículo 16). E surpreende que Jesus não tenha parabenizado Pedro por ter acertado.

E a razão para isso é simples: Jesus lembrou que a resposta certa não ocorreu por mérito de Pedro e sim por causa de uma revelação do Espírito Santo (Mateus capítulo 16, versículo 17). 

Penso que há dois ensinamentos importantes nesse relato. Primeiro, cada pessoa precisa se definir quanto ao significado que Jesus tem para sua vida. Ela precisa assumir isso claramente, tanto para si mesma, como para quem a cerca. Não é possível ficar em "cima do muro" em relação a Jesus. 

O segundo ensinamento dessa passagem é que somente o Espírito Santo pode dar ao ser humano uma perspectiva plena de quem Jesus é. Foi assim com Pedro e é assim com cada um/a de nós. 

Você pode ler muitos textos aqui neste site ou em outras fontes, melhores e mais sofisticadas, e se sentir inspirado/a e instruído/a pelo que leu. Pode ouvir pregações que o/a levem às lágrimas. E assim por diante. 

Você vai aprender com cada uma dessas experiências - vai poder tirar suas dúvidas, entender melhor o que deve ou não fazer para ser um/a discípulo/a verdadeiro/a de Jesus. Mas apenas isso não vai dar a você a dimensão completa do significado que Jesus tem para sua vida - só o Espírito Santo pode fazer isso. Exatamente como aconteceu com Pedro.

Portanto, busque o Espírito Santo e coloque-se à sua disposição. Use todos os recursos disponíveis para se aproximar mais d´Ele: oração, meditação, louvor, estudo da Bíblia, etc. E pode ter certeza que Ele vai responder e lhe revelar o que você precisa saber para viver plenamente sua fé em Jesus. 

Com carinho

segunda-feira, 28 de maio de 2018

FÉ CEGA, FACA AMOLADA


Agora não pergunto mais pra onde vai a estrada. Agora não espero mais aquela madrugada...
A fé, a fé, paixão e fé, a fé, faca amolada... O brilho cego de paixão e fé, faca amolada. "Fé cega, faca amolada", música de Milton Nascimento e letra de Fernando Brant 

Já ouvi muitas vezes, mesmo de cristãos/ãs sinceros/as, que a fé precisa ser cega, caso contrário não tem valor, não é uma entrega completa da pessoa a Deus. Essas pessoas concordam com a letra da música acima: é preciso ter fé, não perguntar para onde vai a estrada, manter o brilho cego da paixão e amolar a "faca" para enfrentar os obstáculos da vida.

A fé cega parece uma coisa bonita e mais sincera, só que esse não é o ensinamento bíblico. Basta ver o que está escrito em 1 Pedro, capítulo 3, versículo 15: 
... estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós
A Bíblia ensina, portanto, que deve haver uma razão para a fé e a pessoa precisa estar preparada para apresentar e discutir essa razão tanto para si própria como para as demais pessoas. 

E, se precisa haver o envolvimento da razão, não se trata de fé cega. Simples assim. 

Isso fica bem evidente em vários episódios da vida dos grandes heróis da fé: eles duvidaram, pediram explicações e alguns deles até discordaram do que Deus pretendia fazer. Moisés, por exemplo, não quis aceitar a missão que Deus lhe deu (Êxodo capítulo 4, versículos 1 a 17) e discordou quando Deus quis destruir o povo de Israel, no episódio da adoração do bezerro de ouro Êxodo capítulo 32, versículos 11 a 14). Abraão negociou longamente com Deus o que iria ser feito com Sodoma e Gomorra (Gênesis capítulo 18, versículos 16 a 33). E Deus aceitou isso muito bem.

A fé cega, sem qualquer questionamento, é ruim porque gera condições para que as pessoas sejam abusadas pelos seus líderes espirituais. Ela pode fazer também com que as pessoas adquiram certezas que não deveriam ter, crenças que se manifestam apenas porque as pessoas precisam sempre se sentir seguras. Um bom exemplo disso é a crença comum hoje no meio evangélico que crente verdadeiro/a não fica doente e nem precisa tomar remédio - conheço algumas pessoas que morreram, quando poderiam ter sido curadas, se tivessem tomado os remédios adequados, por acreditar nesse absurdo. 

A fé que Deus espera de nós deve ser instruída pela mente, precisa passar pelo nosso entendimento. É preciso conhecer e entender aquilo que se crê. 

Portanto, não tenha medo de ter por dúvidas, de perguntar a Deus por que as coisas são de uma forma e não de outra e de demonstrar abertamente para Ele suas frustrações. 

Afinal, Deus entende você pois o(a) criou e conhece em detalhe cada uma das suas dificuldades e fraquezas.

Com carinho

sábado, 26 de maio de 2018

A FALTA QUE UM PROFETA FAZ

Profetas fazem falta, muita falta nos dias de hoje. E vou explicar o porquê. 

O povo de Israel, nos tempos do Velho Testamento, contava com três figuras de autoridade: o rei (o líder civil), o sumo-sacerdote (o líder religiosos) e o profeta. Eram pessoas com papéis distintos. 

Ao rei cabia o governo civil, a liderança do povo durante as guerras, a administração da justiça e a manutenção da ordem pública. Normalmente, era uma pessoa apontada por Deus para essa função. A partir de certo momento da história de Israel, o rei passou a ser um posto hereditário, normalmente com os filhos sucedendo seus pais, exceto alguns poucos casos.

Os sacerdotes eram homens que pertenciam ao clã de Levi - um dos doze filhos de Jacó -, descendendo de determinadas famílias dentro desse clã. O sumo-sacerdote tinha uma linhagem ainda mais estrita e era escolhido com base em vários critérios (ficaria muito longo explicitar eles todos aqui). Ele era o líder de todo aparato religioso de Israel - algumas cerimônias religiosas eram feitas exclusivamente por ele, como entrar no local onde ficava a Arca da Aliança, durante a festa anual do Yom Kippur. 

A terceira figura de autoridade para o povo de Israel era o profeta, pessoa escolhida por Deus especificamente para transmitir sua vontade. Muitas vezes cabia a esse homem falar palavras incômodas, como críticas aos poderosos de plantão, com grande risco pessoal. 

Deus escolheu diferentes tipos de pessoas, ao longo da história para exercer o papel de profeta, como pastores de ovelhas, sacerdotes e agricultores. O papel de profeta nunca passou de pai para filho - era um ministério individual, pessoal. 

É fácil entender porque reis não podiam ser profetas: eles estavam mais preocupados com a manutenção do poder e assim frequentemente não faziam a vontade de Deus - bem parecido com os/as políticos/as no Brasil hoje em dia. 

Mas é surpreendente perceber que os profetas normalmente também não pertenciam à classe sacerdotal, ou seja não eram líderes religiosos. Isso quer dizer que os sacerdotes , naquela época, também não eram muito bons em entender e pregar a real vontade de Deus. Talvez porque ficavam preocupados demais com os aspectos materiais da religião - administração do Templo, execução correta das cerimônias religiosas e manutenção dos próprios privilégios - para se preocupar em ouvir a Deus. 

A falta de profetas
Conforme já disse antes, penso que temos falta de profetas hoje em dia. Profetas reais, não aqueles/as que ficam por aí nas igrejas dizendo a toda hora: "o Senhor me faz saber isso ou aquilo". Quase sempre essas pessoas não conhecem de fato a vontade de Deus e expressam apenas os desejos dos seus próprios corações (mesmo quando estão bem intencionados). 

E acho que há duas razões para a falta de profetas verdadeiros hoje em dia. A primeira é que eles/as frequentemente são procurados no lugar errado. As pessoas pensam que vão encontrar nos seus líderes religiosos - pastores, padres, bispos, etc - as palavras de profecia de que precisam. 

Sacerdotes até podem ser profetas também, mas a experiência dos relatos do Velho Testamento indicam que isso não é garantido, nem muito frequente. Líderes religiosos muitas vezes não têm esse tipo de chamado de Deus ou até lhes falta estatura moral para cumprir esses papel (p. ex. aí se enquadram padres pedófilos ou pastores/as que exploram financeiramente os fiéis).

A segunda razão para a falta de profetas decorre do desinteresse das pessoas em exercerem esse papel nos moldes estabelecidos no Velho Testamento. Aliás, já era assim naquela época e tanto isso é verdade que, ao serem chamados para serem profetas, diversos homens escolhidos por Deus não ficaram satisfeitos - alguns até recusavam, como foi o caso de Moisés. Esses homens sabiam das dificuldades que os esperavam no cumprimento desse tipo de ministério.

Talvez você se surpreenda com o que acabei de dizer, pois o dom da profecia é muito procurado hoje em dia. Mas o dom que as pessoas querem não é o dom que a Bíblia descreve, mas sim uma ideia meio fantasiosa que elas construíram nas suas cabeças. Elas imaginam que ser profeta é ter poder para fazer revelações sobre o que vai acontecer no futuro. E como conhecer o futuro é um desejo sempre presente nas pessoas, esse tipo de poder coloca o profeta em evidência. 

Na verdade, uma profecia até pode conter revelações sobre o que vai acontecer no futuro, mas esse não é seu objetivo principal. Conhecer eventos futuros, digamos assim, é o lado bom de ser profeta, mas isso frequentemente nem se faz presente. Normalmente profecia é algo bem diferente: uma mensagem difícil de transmitir, especialmente porque quase sempre envolve críticas ao comportamento de outras pessoas ou até de toda uma comunidade.

Em outras palavras, muitas pessoas nas igrejas desejam ser profetas, mas não profetas de verdade, conforme a Bíblia descreve. Elas querem mesmo é ser futurólogos/as e gozar da notoriedade que isso gera. Quase ninguém busca ser profeta para exortar, consolar e ensinar as pessoas, coisa difícil e desconfortável.

É por isso que profetas verdadeiros/as são escassos e eles/as fazem muita falta. Se eles/as fossem mais comuns, líderes políticos advertidos/as publicamente quando suas políticas fossem erradas aos olhos de Deus. Líderes religiosos/as ouviriam o que precisariam fazer para conduzir melhor seus rebanhos e fazer com que as pessoas se aproximassem mais de Deus. E as pessoas comuns também tirariam muito proveito da presença de profetas verdadeiros/as, pois veriam seus/suas líderes sendo colocados no devido lugar, sob influência de palavras fortes, emanadas diretamente de Deus. E também aprenderiam a conhecer melhor aquilo que Deus deseja delas, para poder corrigir seus caminhos.

Profetas verdadeiros/as fazem falta. Muita falta.

Com carinho

quinta-feira, 24 de maio de 2018

DEIXE UM LEGADO

Todo mundo deixa um legado depois de passar por essa vida. Nossas ações e realizações geram consequências, tanto nas pessoas com as quais convivemos, como no ambiente onde transitamos. 

Essa constatação traz de imediato algumas perguntas importantes: Que legado da sua vida você vai deixar? Como você será lembrado/a por familiares, amigos/as, colegas de trabalho e irmãos/ãs da igreja? 

Jesus deixou uma grande e maravilhosa herança espiritual depois de apenas três anos de ministério - o que Ele ensinou é lembrado por todo mundo, mais de dois mil anos depois da sua morte. Esse é o exemplo que precisamos seguir.

É sobre isso que falo no meu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

domingo, 20 de maio de 2018

E QUANDO A VIDA ESTÁ PESADA DEMAIS PARA CARREGAR?

Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Mateus capítulo 11, versículo 28
Hoje vou falar sobre o alívio de Jesus para nossos problemas. E esse tipo de ajuda se torna especialmente necessária naquele dia em que você não quer nem levantar da cama de manhã cedo. E não é por preguiça. É que são tantos os problemas, tantas as lutas, que a vontade é fechar a porta do quarto e ficar na cama, deixando todos os problemas lá fora.

A Bíblia está cheia de exemplos de pessoas que passaram por esse tipo de aflição. Por exemplo, o profeta Elias, em certo momento do seu ministério, ficou tão deprimido que nem queria comer. Foi preciso que Deus mandasse os anjos darem comida para Ele (1 Reis capítulo 19, versículos 1 a 8). E durante algum tempo, Elias viveu literalmente dependendo em tudo do Pai.

Existe ainda o caso de Ana, que viria a ser a mãe do profeta Samuel. Desesperada por não conseguir ter filhos, foi ao Tabernáculo e ficou ali chorando, na presença de Deus (1 Samuel capítulo 1, versículos 9 a 18). 

Quando me sinto triste assim - e isso já aconteceu algumas vezes na minha vida -, sempre procuro me lembrar do versículo que abre esta postagem. Nele, Jesus aborda a aflição humana com grande sensibilidade e dá uma resposta definitiva para ela. 

E Jesus pôde fazer isso porque Ele entendia exatamente como nos sentimos nesses momentos pois passou pelas mesmas dificuldades que nós passamos - não podemos esquecer que, certa vez, de tão angustiado que estava, Ele chegou a suar sangue. 

O ensinamento de Jesus é que nesses momentos, mais do que em quaisquer outros, você precisa contar com Ele. Precisa ir até Ele e entregar-lhe todos os seus problemas. Mas o que é isso na prática?

Trata-se de orar, confessando a Ele suas dificuldades e entregando nas suas mãos o encaminhamento das soluções. Em outras palavras, buscar o alívio de Jesus, deixando com Ele os problemas que estão fora do seu alcance resolver. Essa é a primeira parte.

A segunda parte é confiar n'Ele e descansar. Passar a agir como uma criança pequena, que tem confiança total e completa no seu pai. E que, quando o pai lhe garante que vai resolver o problema, pára de chorar e se esquece da dificuldade, confiante que a solução virá - afinal, foi seu pai quem prometeu isso. 

Esse é o tipo de confiança necessária para que você consiga descansar em Deus. Mas alguém poderia me perguntar: “Eu não consigo. Até gostaria de ter esse descanso, mas não consigo ter tanta confiança assim. O que preciso fazer?”. E eu respondo: o remédio para isso é mais Jesus ainda.

Há uma passagem na Bíblia em que uma pessoa pediu a Jesus que fizesse um milagre na sua vida e Ele respondeu que, se a pessoa acreditasse, caso tivesse fé suficiente, receberia a graça desejada. E a pessoa respondeu-lhe com sinceridade cativante: “Eu creio, mas me ajude na minha falta de fé”.

Aquela pessoa até acreditava, mas sabia que sua fé não era o bastante. E o que ela fez? Acreditou que Jesus também poderia ajudá-la nessa outra dificuldade. E isso bastou: o milagre aconteceu. 

E é exatamente isso que você deve fazer, se sentir que sua fé não é suficiente: peça ajuda a Deus para aprender a conseguir confiar mais n´Ele! Faça isso e eu garanto, garanto mesmo, que Deus vai responder. 

E quando Deus responder, a sua Paz, que excede toda a compreensão humana, vai invadir seu coração e ali permanecer até o fim dos seus dias. 

Busque sempre o alívio de Jesus. Essa é a grande reposta para os problemas da vida.

Com carinho

sexta-feira, 18 de maio de 2018

O RESULTADO DAS BOAS INTENÇÕES

Tempos atrás, Guga, o maior tenista da história do Brasil, deu uma entrevista onde falou sobre sua vida depois de abandonar as quadras. Uma das partes mais interessantes foi quando ele comentou sobre as sequelas que o esporte de alto rendimento deixou no seu corpo - hoje Guga tem dificuldade para andar normalmente.

Está comprovado que o esporte de alto rendimento (tênis, futebol, vôlei, basquete, ginástica olímpica, dentre outros) normalmente gera consequências muito prejudiciais à saúde dos/as atletas. Vários ídolos do esporte dão testemunhas disso - por exemplo, o ex-tenista André Agassi, que ganhou muitos títulos, declarou sofrer dores tão fortes que não conseguiu pegar direito os filhos no colo, quando eles eram pequenos.

Penso que essas informações nos permitem fazer duas reflexões importantes para nossas vidas. A primeira delas é a seguinte: uma coisa que parece boa pode se tornar ruim, dependendo de como é feita. 

No caso do esporte, a fronteira entre o bem e o mal está na intensidade das atividades físicas praticadas. Quando feitas em excesso e por muito tempo, elas podem destruir partes do corpo humano, como as articulações, causando problemas permanentes.

E o mesmo pode ser dito do cristianismo: frequentar uma igreja cristã e trabalhar na obra de Deus são coisas excelentes, que só fazem bem. Mas obsessão religiosa - a situação onde a pessoa só vive para sua religião - não é saudável. O mesmo pode-se dizer do fanatismo religioso - é esse tipo de fanatismo que costuma levar à intolerância religiosa e, daí, para passar à violência física contra quem pensa diferente, é um passo muito pequeno. 

É preciso saber definir onde está a fronteira entre uma prática saudável e outra que causa prejuízo à pessoa. Ou seja, é necessário saber estabelecer onde está a fronteira entre o bem e o mal. 

Eu não tenho espaço para desenvolver com muita profundidade essa questão, mas já tratei dela em inúmeras outras postagem (por exemplo, aqui e aqui). Mas, de forma resumida, é preciso sempre ter em mente os ensinamentos dados por Deus na Bíblia - ali estão as regras de comportamento que precisamos seguir.

A segunda reflexão importante é a seguinte: boas intenções não garantem bons resultados. Por exemplo, um atleta busca ganhar dinheiro para si e sua família, como também trazer alegria para milhões de fãs. E nada disso pode ser considerado ruim - são intenções que parecem ser boas. 

Mas, na busca por esses objetivos, como vimos nos exemplos acima, muitos/as atletas acabam por destruir seu próprio corpo. De igual forma, sabemos que ajudar pessoas a aceitarem Jesus como seu Salvador é uma coisa muito boa - esse é até um mandamento que nos foi dado. Mas a história está cheia de exemplos - como a Inquisição, durante a Idade Média - onde a conversão de muitas pessoas foi feita à força. As pessoas "aceitavam" Jesus simplesmente para não morrerem e isso é uma completa subversão do Evangelho de Jesus Cristo. 

É por isso que o ditado "a estrada para o inferno está pavimentada de boas intenções" trata de uma grandes verdade. As boas intenções sozinhas não garantem que os resultados finais sejam bons. É preciso também olhar para os caminhos que serão seguidos para transformar essas boas intenções em realidade. Por exemplo, usar de força para converter pessoas é extremamente errado e só gera sofrimento, ao invés de trazer libertação.

Os resultados somente serão bons se tanto as intenções iniciais, como os caminhos seguidos para concretizá-las, estiverem ambos alinhados com a vontade de Deus. 

Com carinho

quarta-feira, 16 de maio de 2018

O QUE SERÁ?

Vivemos num mundo meio caótico, onde há problemas de toda ordem: corrupção, violência, falta de serviços essenciais e assim por diante. E há quem pergunte: o que será de mim? Como encontrar forças para viver essa realidade tão difícil?

Na verdade, a Bíblia ensina que só estamos neste mundo de passagem e que o nosso lugar é mesmo junto a Deus, onde não há trevas, problemas e tristeza. Onde Ele é tudo para cada pessoa e preenche todas as necessidades dela.

E é sobre essa esperança que eu falo no meu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

AUTO-AJUDA OU AJUDA DE DEUS?


Livros e palestras de auto-ajuda são extremamente populares. Os/as autores/as mais conhecidos dessa área acabam ricos/as e famosos/as, tal o interesse do público por esse tipo de assunto. 

Mas o que a Bíblia tem a ensinar a respeito da auto-ajuda? Ela deve ser considerada como uma coisa boa ou ruim? É o que vamos discutir a seguir.

Na verdade, há aspectos positivos e negativos na auto-ajuda, embora os pontos negativos sejam mais numerosos e mais fortes. O principal aspecto positivo tem a ver com o incentivo ao auto-conhecimento. E isso faz sentido, pois o primeiro passo para alguém conseguir mudar, e melhorar, é que essa pessoa consiga entender seus problemas pessoais e tome a decisão de passar a agir de forma diferente. E isso é positivo e trata-se de prática também apoiada pela Bíblia. 

Mas, tirando esse ponto em comum, os caminhos seguidos pelos livros de auto-ajuda e a Bíblia são bem diferentes. A essência da auto-ajuda é trabalhar para que a pessoa encontre e libere o potencial que ela tem e que não está usando de forma adequada. E isso explica a popularidade dessa linha de pensamento - afinal, as pessoas gostam da ideia que são melhores do que pensam e podem voar mais alto. Gostam de se sentir mais poderosas do que aparentam. E principalmente gostam de perceber que são auto-suficientes.

A Bíblia discorda dessas ideias. Ela ensina que a natureza humana é voltada para o pecado e que somente a Graça de Deus pode colocar e manter a pessoa no caminho certo, dando-lhe condições para conseguir atingir bons resultados na vida. 

Depois de reconhecer as próprias fraquezas, a Bíblia ensina que a pessoa precisa arrepender-se delas e entregar seus caminhos a Deus, para ser modificada pela ação do Espírito Santo. Ou seja, não é a pessoa que consegue se transformar, ao encontrar dentro de si mesma um potencial inexplorado, mas é a obra do Espírito Santo nela que causa a mudança e a melhoria.

A Bíblia ensina que a pessoa não pode realmente se auto-ajudar. Tudo que pode fazer é escolher aceitar Jesus como seu Senhor e Salvador e se manter firme nesse caminho. A sua regeneração propriamente dita cabe ao Espírito Santo. 

Um bom exemplo de tudo que acabei de falar é a situação que Moisés viveu. A Bíblia conta que ele foi escolhido por Deus para liderar o povo de Israel e tirá-lo da escravidão que vivia no Egito. Essa missão foi revelada a Moisés numa visão no Monte Sinai, quando Deus falou com Ele, com a voz vindo de uma planta que estava em chamas, mas não se queimava (Êxodo capítulo 3, versículos 1 a 10). 

E Moisés ficou inseguro de assumir essa enorme responsabilidade e deu uma série de desculpas para Deus, culminando por comentar que tinha dificuldade de falar em público, pois era gago (Êxodo capítulo 4, versículos 1 a 13). 

Ora, num modelo de auto-ajuda, Deus teria incentivado Moisés a liberar seu potencial interior, superando sua limitação. E teria até lhe ensinado a fazer isso. Mas não foi isso que Deus fez: Ele escalou Aarão, irmão de Moisés, para servir como seu porta-voz (Êxodo capítulo 4, versículos 14 a 16) - Aarão falava bem em público e ajudou Moisés a convencer o povo de Israel.

As duas abordagens - "auto-ajuda" e a "ajuda de Deus" buscam um objetivo comum: fazer a pessoa conseguir superar seus problemas. A "auto-ajuda" apelando para as forças interiores da própria pessoa, procurando dar-lhe auto-confiança e auto-estima, de certa forma tornando a pessoa auto-suficiente. A ideia é fazer a pessoa realmente acreditar que pode fazer qualquer coisa que deseje realizar. 

Já a abordagem, a bíblica, coloca a pessoa nas mãos de Deus, dando-lhe a primazia na solução dos problemas. É claro que a pessoa sempre será chamada a fazer sua parte (esforçar-se, perseverar, etc), mas o mérito cabe mesmo ao Espírito Santo. Aqui também a pessoa é incentivada a acreditar que pode fazer tudo, mas não por suas forças, mas sim através do poder de Deus colocado à sua disposição. Como disse o apóstolo Paulo: "tudo posso naquele que me fortalece" (Filipenses capítulo 4, versículo 13).

É claro que a consequência dessas duas abordagens é bem diferente. Se é a pessoa que resolve seus próprios problemas, contando apenas com as próprias forças, ela vai se sentir feliz e orgulhosa pelos bons resultados. Não precisará agradecer a ninguém pois o mérito será todo seu. 

Agora, se a orientação quanto ao que fazer, a criação de condições favoráveis e a força necessária para superar os obstáculos vieram de Deus, a pessoa deverá ser grata a Ele. Precisará reconhecer que depende do Espírito Santo em tudo. 

É por causa disso que a experiência mostra que a auto-ajuda frequentemente acaba por levar a pessoa para longe de Deus, ao fazê-la acreditar que é auto-suficiente. E isso é um perigo enorme para a vida espiritual de qualquer pessoa. Afinal, nenhum caminho que procura tornar a pessoa independente de Deus é pode ser bom. 

Com carinho

sábado, 12 de maio de 2018

O QUE É CERTO OU ERRADO?


O que você acha certo ou errado? Qual a referência que você usa para chegar a essa conclusão? O que influencia as escolhas que você faz na vida? 

A experiência mostra que há três caminhos alternativos que as pessoas costumam adotar para definir o que é certo ou errado no seu dia-a-dia: 
  • priorizar aquilo que é melhor para elas mesmas, rotulando como "certo" aquilo que está de acordo com suas necessidades pessoais e "errado" o que alguma forma vai contra seus objetivos.
  • rotular como "certo" aquilo que contribui para o bem estar da coletividade (o grupo social com o qual as pessoas se identificam). 
  • confiar que "certo" é aquilo que Deus definiu dessa forma. 
Pessoas diferentes escolhem caminhos distintos, conforme sua formação, fé e experiência de vida, e, naturalmente, chegam a conclusões diferentes sobre o que é "certo" e o que é "errado". E nasce aí a grande divergência de opiniões na sociedade atual, que atinge até contornos agressivos durante a discussão de questões polêmicas como o enfrentamento da miséria, a pena de morte, o aborto, a eutanásia, o homossexualismo, etc.

Vamos ver mais de perto como funciona cada uma dessas formas alternativas de pensar o mundo: 

A necessidade pessoal é o mais importante
Muitas pessoas pensam que devem sempre privilegiar aquilo que contribui para satisfazer suas necessidades pessoais (reais ou imaginadas). E para que isso seja possível, entendem que é preciso ter ampla liberdade de ação - só assim poderão buscar e/ou conquistar o que desejam/precisam. 

Essa a ideia básica por trás do capitalismo. Ela envolve o princípio que os agentes econômicos (pessoas e empresas) precisam ser inteiramente livres para tomar suas próprias decisões (o que comprar, vender ou produzir), que naturalmente irão ser tomadas buscando o máximo de ganho possível para esses mesmos agentes. 

Para quem pensa assim, qualquer lei que procure regular o livre mercado - por exemplo, estabelecendo o preço máximo pelo qual determinado produto pode ser vendido - é uma indesejada restrição à liberdade individual. Mesmo que o objetivo dessa lei seja corrigir injustiças ou distorções geradas pelo livre mercado. Para quem pensa assim, quanto menor for a ação do estado, melhor.

É certo que a liberdade individual é um direito fundamental e as sociedades que mais prosperam são aquelas que reconhecem isso. Mas também é fato que a liberdade individual irrestrita acaba por introduzir graves distorções na sociedade, pois os mais fortes acabam por prosperar às custas daqueles/as que são indefesos/as. 

O bem comum é o mais importante 
O segundo caminho alternativo é estabelecer que o mais importante é o bem comum do grupo social (por exemplo, o país onde se mora). Por isso cabe a esse mesmo grupo definir, através de leis e/ou regras de comportamento, o que é certo ou não fazer. 

Naturalmente, essas leis e regras reduzem a liberdade individual das pessoas e empresas tomarem suas próprias decisões e haverá momentos em que elas precisarão fazer sacrifícios em prol do bem comum. 

Por exemplo, na China, até bem recentemente, o governo se achava no direito de definir quantos filhos as famílias poderiam ter para evitar a superpopulação, que jogaria o país no caos. O governo podia até obrigar mulheres grávidas a abortar. Assim, violava-se a liberdade individual das famílias em prol do controle do crescimento da população. 

Outro exemplo muito comum hoje em dia são as leis e regras visando preservar o meio ambiente. Digamos que alguém comprou uma fazenda - essa pessoa não vai poder cortar todas as árvores que existem na sua terra, para ampliar a área de plantio, por causa das restrições ambientais. O dono da terra vai precisar abrir mão de ganhar mais, ao restringir sua liberdade de fazer o que quiser na sua terra, em prol do bem comum. 

Restrições desse tipo se aplicam em muitas outras áreas da vida em sociedade como, por exemplo, na questão dos direitos humanos. E costumam ser especialmente fortes em momentos especiais da história, como no caso de catástrofes, epidemias ou guerras. 

Algum grau de restrição à liberdade individual é imprescindível para a vida harmoniosa em sociedade - afinal minha liberdade precisa acabar onde começa a sua. Mas a história mostra que há sociedades onde esse princípio foi levado a extremos tais, que as liberdades individuais praticamente acabaram, como é o caso dos regimes comunistas. 

Obedecer a Deus é o mais importante
O terceiro caminho é acreditar que Deus já estabeleceu o que é certo ou errado e basta seguir suas orientações - afinal, Ele sabe melhor do que ninguém pois foi Ele criou o universo e as próprias pessoas. 

É claro que as leis dadas Deus (como "amar o próximo") certamente concorrem para o bem comum, como também enfatizam a liberdade individual (lembre-se que foi Deus quem nos deu o livre arbítrio), mas o motivo principal para obedecê-las é a obediência a Deus. Em outras palavras, confiamos que as leis de Deus promovem o melhor para todos/as porque foram propostas por Ele mesmo, que é a fonte de todo bem. 

As incoerências humanas
Resumindo o que vimos até agora, há três caminhos a escolher: dar prioridade às necessidades pessoais e à liberdade pessoal para satisfazer-las; priorizar o bem comum, abrindo mão de boa parte da liberdade pessoal; e obedecer a Deus, confiando que daí resultará o máximo de bem possível. 

Naturalmente, conforme o caminho escolhido, as conclusões às quais as pessoas vão chegar, quanto ao que é certo ou errado, vai variar muito. E basta olhar em torno para perceber isso com clareza. Por isso a vida num país capitalista, como os Estados Unidos, é tão diferente dum país comunista, como a Coréia do Norte. 

E é também por isso que, mesmo dentro de um mesmo país e numa mesma cidade, os grupos sociais diferem tanto entre si - por exemplo, os/as frequentadores de uma igreja evangélica se comportam de forma bem diversa dos membros de um partido político. 

A esse quadro, que já é complexo por si mesmo, se junta outro problema que torna as coisas ainda mais confusas: a incoerência das pessoas - ora elas fazem escolhas como se seguissem um desses caminhos e ora privilegiam aspectos do outro. 

Em algumas situações, as pessoas podem privilegiar sua liberdade pessoal (por exemplo, quando defendem o direito à eutanásia ou ao aborto), enquanto em outras situações defendem o bem comum na frente de tudo, mesmo sob pena de restringir sua liberdade (por exemplo, quando defendem que a preservação do meio ambiente precisa ser conseguida a qualquer custo). Ou então, num momento dizem ser guiadas pela vontade de Deus (por exemplo, quando se colocam contra a pena de morte) e em outro privilegiam seus interesses pessoais (por exemplo, quando não querem fazer qualquer sacrifício em prol das pessoas menos favorecidas). 

Na prática, as pessoas variam sua abordagem de acordo com a circunstância e/ou tema que estão tratando, não tendo qualquer preocupação com a coerência de pensamento. E essa incoerência gera ainda mais confusão.

O que fazer?
Acho que nós, cristãos/ãs, precisamos adotar verdadeiramente a tese que a obediência a Deus precisa ser sempre nossa referência. Tudo que fazemos precisa passar pelo crivo da vontade d´Ele. 

Mas como manter a coerência das nossas escolhas e decisões nos vários momentos da vida? Aí vão algumas sugestões que acredito possam ser úteis: 
Toda vez que você tiver dúvida sobre qual decisão tomar, procure entender bem qual é a orientação real de Deus para aquela questão ou situação. E cuidado para não tomar uma decisão primeiro e depois tentar encontrar versículos bíblicos para dar suporte ao que você já decidiu. 
Aceite desde já que coerente com sua fé nem sempre será fácil ou deixará você em posição simpática aos olhos das outras pessoas. Jesus não agradou todas as pessoas com quem lidou, especialmente os poderosos da época e não foi por acaso, Ele acabou crucificado. 
Nunca pense que você é o "dono/a da verdade". Em outras palavras, esteja sempre aberto a discutir suas razões com outras pessoas, especialmente aquelas cuja opinião você respeita. Afinal, seu entendimento sobre o que é a vontade de Deus certamente pode variar ao longo do tempo à medida em que você amadureça espiritualmente. Por exemplo, o apóstolo Paulo se considerava um fiel seguidor da vontade de Deus e por isso participou da perseguição aos primeiros cristãos. Até que teve uma visão e Jesus lhe mostrou que ele estava errado e Paulo se converteu ao cristianismo.
Tenha coragem para mudar seu pensamento quando perceber que está errado/a. Essa talvez seja a parte mais difícil, especialmente se você tiver investido muito tempo e esforço na defesa de certa ideia ou posição. É preciso humildade e coragem intelectual para fazer isso. Eu mesmo já mudei de opinião ao longo da minha vida religiosa - nunca deixei de acreditar em Jesus, como meu Salvador pessoal, mas deixei de lado vários "penduricalhos" teológicos que antes tinha aceitado sem questionar direito.

Com carinho

quinta-feira, 10 de maio de 2018

O EQUILÍBRIO DO SER HUMANO

O ser humano geralmente enfrenta grandes desafios para manter seu equilíbrio pleno, para conseguir levar uma vida com saúde física e emocional, desfrutando de paz e alegria, bem como manter-se em harmonia com Deus e seu próximo. 

Problemas como doenças físicas, insegurança, medo, ansiedade, rancor, depressão e remorso são como ervas daninhas, pois se manifestam em qualquer pessoa, a qualquer momento, e acabam por afetar seriamente a manutenção desse equilíbrio.

O cristianismo e a ciência sempre procuraram encontrar as causas dos problemas humanos e a forma de tratar essas questões, embora tenham seguido por caminhos diferentes. As abordagens defendidas por esses dois campos costumam ser totalmente separadas entre si e muitas vezes um campo rejeita o que o outro tem a oferecer.

Estudiosos do comportamento humano, como Freud e outros, entendem que as respostas para os problemas humanos só podem ser encontradas na psicoterapia, que pode seguir diferentes abordagens (como a psicanálise ou a terapia comportamental).

Boa parte dos psiquiatras e outros partidários da chamada “solução Prozac” entendem que os remédios têm a resposta mais rápida e fácil para as dificuldades humanas – basta identificar o medicamento adequado e a dosagem certa que o equilíbrio é re-estabelecido.

A maioria dos líderes cristãos, especialmente aqueles de linha evangélica, costuma pensar que a dimensão espiritual predomina sobre qualquer aspecto físico ou emocional do corpo humano e por isso ela precisa ter prioridade. E, com base nessa percepção, foram desenvolvidas duas abordagens tradicionais, distintas entre si, para lidar com os problemas humanos. 

A primeira abordagem privilegia a ideia que todos os problemas humanos, no fundo, se devem à influência negativa de espíritos malignos, da qual a pessoa precisa ser libertada – essa é a essência da abordagem recomendada nas igrejas de corte pentecostal. 

A outra abordagem adotada pelos líderes evangélicos parte da noção que praticamente todas as questões humanas têm raiz no pecado e, em consequência, a solução delas sempre passa pelo arrependimento e o perdão de Deus – essa é a linha de pensamento do movimento chamado “Aconselhamento Cristão”, seguido por muitos psicólogos/as e terapeutas evangélicos/as.

Infelizmente, as duas abordagens desenvolvidas no meio cristão geraram uma consequência indesejada: a crença firme que cristão/ã não precisa tomar remédio ou fazer terapia para resolver seus problemas. Afinal, para que tomar remédio ou fazer terapia se o problema é a ação de espíritos malignos ou uma consequência do pecado? Esse pensamento está hoje em dia muito arraigado no meio evangélico. 

Ouvindo a voz da razão
Felizmente, sempre existe quem ouça a voz da razão em meio a essa confusão toda. E esse caminho sábio começa quando se reconhece haver enorme complexidade no ser humano. Ele têm múltiplas dimensões (física, emocional e espiritual) e elas se interligam, trazendo impacto umas sobre as outras. Portanto, não há mais lugar para pensar o ser humano como um ser formado por três “compartimentos” independentes entre si, como as abordagens tradicionais costumam fazer.

É preciso deixar de lado tanto os “dogmas” da ciência, como aqueles trazidos pela religião, e olhar para as questões humanas com maior flexibilidade. 

Aí ficará mais fácil compreender que, muitas vezes, o problema da pessoa é realmente físico e somente vai ser curado com remédios, mesmo que ela seja uma boa cristã. Esse é o caso, por exemplo, de muitos tipos de depressão, como a pós-parto, que têm a ver com o desequilíbrio da química do cérebro. São os remédios que permitem re-estabelecer a saúde em casos como esses.

Outras vezes será possível entender que as dificuldades são de fundo exclusivamente emocional e somente uma psicoterapia bem conduzida vai conseguir libertar a pessoa do seu sofrimento. Por exemplo, as sequelas causadas por abuso sexual sofrido durante a infância ou pelo abandono dos pais costumam requerer esse tipo de abordagem. 

E também reconhecer que existem sim questões causadas essencialmente por aspectos espirituais e não haverá como tratar a pessoa sem reconhecer isso. Por exemplo, sem dúvida existe a ação de espíritos malignos - Jesus mesmo expulsou demônios de um homem tido como louco e ele se curou (Marcos capítulo 5 versículos 1 a 20). E pecado também pode gerar sérios problemas, por exemplo, a depressão, como aconteceu com Davi depois de cometer adultério com Bate–Seba (ver Salmo 38).

Agora, o mais importante é entender que há uma interconexão entre as consequências físicas, mentais e espirituais. Males físicos ou emocionais quase sempre geram consequências espirituais - por exemplo, a pessoa doente pode rifar Deus da sua vida, por não se conformar com o próprio sofrimento e culpar Deus por isso. Num caso como esse, será necessário um acompanhamento espiritual paralelo ao tratamento físico e/ou psicoterapêutico.

De igual forma, questões espirituais também podem gerar doenças físicas e/ou emocionais, as quais precisarão ser tratadas por profissionais capacitados, ao mesmo temo em que o/a pastor/a ou o/a conselheiro/a espiritual faz seu trabalho.

Repito, não devemos nunca ser dogmáticos, declarando não aceitar medicação pois basta orar para o problema ir embora, ou desprezar totalmente a dimensão espiritual por achar que o mal é todo físico. 

As contribuições da ciência e da religião podem e devem ser combinadas, buscando enfrentar todas as dimensões das dificuldades presentes na vida humana. E essa é uma lição que precisamos aprender. 

Com carinho

terça-feira, 8 de maio de 2018

A REGRA PARA MANTER UM RELACIONAMENTO BOM

Manter um relacionamento bom e saudável com outra pessoa não é coisa fácil. São muitos os desafios. Mas a Bíblia nos ensina como fazer isso: é preciso ter tolerância e, sobretudo, perdoar, na medida da possível esquecendo as faltas da outra pessoa. 

Essa mensagem me veio à mente quando assisti um casamento e o pai de um dos noivos passou exatamente esse recado para o casal. E fez isso de forma muito interessante, usando um exemplo tirado do futebol, ao buscar explicar melhor o seu conselho. 

É sobre isso que falo no meu mais novo vídeo - veja aqui.

Para ver outros vídeos recentes meus, veja aqui e aqui.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

QUAIS SÃO AS SUAS BOAS NOVAS?

A palavra "evangelho" (no grego, "evangelion") significa simplesmente "boas novas" ou "boas notícias". Mas "evangelho" não trata de boas notícias comuns - do tipo "meu time ganhou no domingo" ou "passei um fim de semana ótimo" - e sim de coisas tão importantes que precisam ser divulgadas para todo mundo. 

Nos tempos bíblicos, boas notícias importantes normalmente era apresentadas por um arauto do rei, em praça pública. Hoje, quem faz isso é a mídia (televisões, rádios, jornais e principais veículos da Internet), nas suas manchetes.

A vinda de Jesus ao mundo para nos salvar e os ensinamentos que Ele passou para as pessoas são as "boas novas" que estão anunciadas na Bíblia. E essas notícias maravilhosas precisam ser do conhecimento de todo mundo. 

Foi exatamente isso que os primeiros seguidores de Jesus entenderam e começaram a se referir à proclamação da notícia da vinda ao mundo do salvador da humanidade como "boas novas" ou "evangelho". E o nome pegou e por isso os quatro livros que abrem o Novo Testamento e falam diretamente sobre o ministério de Jesus (Mateus, Marcos, Lucas e João) foram batizados de "evangelhos".

Esses são os quatro textos canônicos, pois estão incluídos no Cânone, ou seja na relação de livros que compõem a Bíblia, a Palavra de Deus. 

O núcleo das Boas Novas de Jesus 
Jesus falou sobre muitas coisas e, às vezes, as pessoas acabam se perdendo nos detalhes e perdendo de vista o significado mais amplo da sua mensagem, do seu Evangelho. 

É interessante perceber que o próprio Jesus explicou qual seria o cerne da sua mensagem logo no início do seu ministério na terra, quando falou para os judeus na sinagoga da vila onde fora criado, Nazaré. Os dirigentes daquela sinagoga lhe deram uma Bíblia (naquela época, composta apenas pelo Velho Testamento) para que Ele escolhesse um texto para ler e comentar, prática normal quando havia um rabi (mestre) visitante, caso de Jesus. 

E Eles escolheu um texto do profeta Isaías, conforme Lucas relata no capítulo 4, versículo 18:
O Espírito do SENHOR está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me para proclamar libertação para os cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos... 
Ao final da leitura, Jesus fez um comentário muito simples, mas extremamente poderoso: disse que a profecia de Isaías, feita cerca de 750 anos antes, acabara de se cumprir n´Ele. Jesus ali apresentou assim sua “plataforma de campanha”, ou seja disse publicamente a razão pela qual tinha vindo ao mundo e qual o significado do seu ministério na terra. 

Ele quis dizer, com essas palavras, que Ele veio implantar o Reino de Deus, por meio da nossa libertação do domínio do pecado. E o Reino de Deus é todo local onde a vontade do nosso Pai é feita, independentemente das circunstâncias e da vontade das pessoas.

E Jesus falou sobre o Reino de Deus em muitos momentos do seu ministério e inclui uma referência a ele na famosa oração do "Pai Nosso" - ali Ele nos ensinou a pedir a Deus que mande seu Reino (Mateus capítulo 6, versículo 10).

O evangelho de cada um de nós
Agora eu pergunto: qual é o seu evangelho? Que boas novas você gera, a partir da sua vida, para sua família, seus companheiros de trabalho, seus amigos, etc? Afinal, são elas que definirão seu legado neste mundo e também definirão como as demais pessoas reagirão à sua passagem nesta terra.

Será que suas novas são marcadas pelo perdão, pelo amor ao próximo, pela fé e pela misericórdia? Ou sua ênfase é nos seus direitos, na intolerância, na promoção da discórdia e assim por diante.

Aprenda com Jesus e divulgue boas novas que ajudem a libertar as pessoas das suas lutas e dificuldades. Que concorram para o bem e para o desenvolvimento do Reino de Deus aqui na terra.

Com carinho