sábado, 27 de dezembro de 2014

A FATURA DE 50 CENTAVOS

Certa vez recebi uma fatura de cartão de crédito no valor de 50 centavos. O banco mandou pelo correio uma conta cujo valor é menor do que o custo da própria cobrança. Teria sido melhor não me cobrar nada.

O problema deveu-se a um erro no programa de computador que emite esse tipo de cobrança - nela não havia previsão para lidar com cobranças de valor muito baixo. E esse erro não é de se estranhar porque programas de computador são obras humanas e, portanto, imperfeitos. 

E isso se aplica a tudo dentro da sociedade humana - as imperfeições estão sempre presentes por mais que as pessoas se esforcem para evitá-las. Mas por que será que isso acontece? As razões são diversas. 

Começo por lembrar que as pessoas nunca sabem tudo que precisam bem informadas. As informações disponíveis simplesmente nunca são suficientes. Por exemplo, imaginemos que um investidor esteja analisando a possibilidade de comprar determinada ação na Bolsa de Valores. A verdade é que ele nunca vai ter todos os dados sobre aquela empresa de que precisaria para poder tomar uma decisão segura. Vai acabar tendo que agir com base em dicas de terceiros ou mesmo seguir seus instintos. É por isso que investimento na Bolsa é mais arte do que ciência. 

Outro exemplo interessante é o caso da moça que precisa decidir sobre uma proposta de casamento e não conhece o rapaz como gostaria - seu caráter, hábitos, etc. Vai acabar tomando sua decisão com base nas informações de que dispõe, como os modos do rapaz ou as promessas que ele lhe fez. E corre sério risco de cometer um erro de grande impacto na sua vida.

Agora, mesmo que as pessoas contassem com todas as informações necessárias para tomar uma boa decisão, ainda assim não teriam condições de analisá-las adequadamente no tempo de que dispõem. Os prazos humanos se impõem - por exemplo, a data de fazer a subscrição da ação da empresa ou de validade para a proposta de casamento (o rapaz deu uma semana para a moça pensar). E não há como fugir deles. 

Outra razão para a falibilidade humana repousa nas predisposições que distorcem as avaliações que as pessoas fazem. Acabam vendo coisas que não estão lá ou deixam de levar em conta indícios de problemas. Voltando ao exemplo da noiva, se ela estiver se sentindo pressionada pela família a casar, talvez por causa da sua idade, vai avaliar o candidato a noivo de forma mais benevolente e pode até desprezar os sinais negativos, como um machismo preocupante. 

Mas no mundo de Deus não há erros. Nunca. Ele sempre têm todos os dados de que precisa (é onisciente), tem a capacidade necessária para analisá-los em tempo (é onipotente) e seu julgamento é sempre perfeito. 

Sendo assim, não é de estranhar que Deus chegue a conclusões diferentes das pessoas. Que suas soluções para os problemas quase sempre surpreendam. E que as pessoas tenham dificuldade para entender as razões d´Ele - daí o ditado "Deus escreve certo por linhas aparentemente tortas”. 

Como não entendem o que Deus está fazendo, as pessoas frequentemente pensam que Ele não está fazendo o melhor que pode. E algumas pessoas até imaginam que podem ensinar Deus o que fazer - chegam até a preparar um "roteiro" para orientar sua ação (vejo muito isso em orações que escuto por aí).

Concluindo, quando você não entender bem o que Deus está fazendo na sua vida, não se assuste. Confie mais n´Ele. Saiba que as decisões que Ele vier a tomar serão sempre melhores do que as suas próprias. E depois descanse n´Ele. Simples assim.

PS Antes que eu me esqueça de contar, eu paguei a fatura de 50 centavos...

Com carinho

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O NATAL COMO ENSINAMENTO SOBRE A FÉ

As imagens do nascimento de Jesus, com anjos louvando, os três reis magos depositando seus presentes aos pés do recém nascido e outras coisas assim fazem parte do imaginário do Natal, muito caro a todo mundo.

Mas a principal reflexão que precisa ser feita nessa época do ano é bem outra: não podemos esquecer as enormes dificuldades pelas quais Jesus passou, a começar por seu nascimento numa estrebaria suja e malcheirosa. E esse foi apenas o começo. Jesus e seus seguidores tiveram vida bem fácil. Vamos ver isso com mais detalhe.

A qualidade de vida
A vida na Judeia e Samaria cerca de 2.000 anos atrás era muito difícil se comparada aos padrões de hoje. A maioria das pessoas simplesmente sobrevivia, sem qualquer outra perspectiva. Tinham poucas posses (p. ex. duas ou três mudas de roupa), baixa expectativa de vida (em média 40 anos média), dispunham da comida necessária apenas para não morrer de fome e não contavam com qualquer rede de proteção social, para quando ficassem velhas ou doentes. 

As pessoas também não tinham direitos civis - pagavam impostos escorchantes e podiam ser presas por qualquer motivo por um sistema judicial injusto e corrupto. 

Jesus e seus seguidores viveram um ministério itinerante. E viajavam quase sempre à pé  - no máximo eram usados jumentos para transportar carga. Por exemplo, a duração de uma viagem da Galileia, onde Jesus foi criado, até Jerusalém, onde ficava o Templo, durava uma semana ou pouco mais. Todo esse tempo era gasto caminhando por estradas empoeiradas, sem lugar certo para comer ou dormir. As estradas eram perigosas, expondo os viajantes a ataques de animais ferozes ou salteadores. 

Em resumo, a qualidade de vida era muito baixa, o que tornou a missão de Jesus e seus discípulos um enorme desafio e grande prova de perseverança. 

O risco da missão
O desafio real enfrentado por Jesus e seus seguidores, entretanto, foi muito além do que descrevi acima, pois a missão, em si mesma foi de alto risco. Os ensinamentos de Jesus incomodaram os poderosos da época e isso gerou perseguição contra Ele e seus seguidores.

A consequência desse processo foi terrível. Jesus morreu numa cruz assim como seis dos doze apóstolos originais, dentre eles, Pedro. Quatro outros apóstolos foram martirizados de outras formas e apenas um, João, morreu de forma natural. O apóstolo Paulo também foi martirizado (decapitado), assim como vários dos diáconos, como Estevão. Isso sem esquecer Tiago, irmão de Jesus e primeiro líder da igreja cristã em Jerusalém, que foi apedrejado.

O fato é que seguir Jesus naquela época significava uma sentença de morte quase certa. 

A razão para a perseverança
Condições de vida difíceis e perseguição violenta, esse é o quadro que Jesus e os primeiros cristãos encontraram. Sendo assim, é de se admirar que nenhuma daquelas pessoas tenha abandonado a fé cristã, mantendo-se firmes até o fim. É claro que passaram por altos e baixos, como Pedro, que chegou a negar Jesus três vezes. Mas ficaram firmes. Mas por que? A razão é simples: sua fé os sustentou.

Concluindo, o Natal e a vida de Jesus são ensinamentos permanentes sobre como viver uma vida baseada na fé em Deus.

Com carinho