sábado, 31 de março de 2018

A RESSURREIÇÃO: JESUS VIVE!

Após a morte e o enterro de Jesus, na sexta feira da Paixão, seus discípulos ficaram muito abatidos. Eles tinham um sonho - a chegada do Messias prometido por Deus para libertar o povo judeu - e esperavam que Jesus fosse o cumprimento dessa promessa.

Mas a morte de Jesus na cruz esmagou seu sonho. Fez com que eles perdessem toda a esperança. Aí aqueles homens como que desceram ao "vale da sombra da morte”, descrito por Davi no conhecidíssimo Salmo 23.

Curiosamente, não há na Bíblia nenhum relato sobre o dia imediato à morte e ao enterro de Jesus, o sábado de Páscoa, embora seja possível imaginar o tamanho do abatimento dos discípulos ao longo desse dia.

Agora, penso que há um simbolismo embutido nesse silêncio dos Evangelhos sobre os acontecimentos do sábado. E para explicar isso, preciso começar lembrando que Jesus tinha entrado em Jerusalém no domingo anterior (conhecido como domingo de Ramos), quando foi saudado como o Messias de Israel.

Ora, o sábado seguinte ao dia da morte de Jesus foi exatamente o sétimo dia após essa entrada triunfal em Jerusalém. E assim como, no relato da criação, Deus descansou no sétimo dia (Gênesis capítulo 2, versículo 2), também Jesus "descansou" na sepultura, sete dias depois de ter "recriado" a ordem das coisas, derrotando as forças do mal - após ter cumprido fielmente todo o plano de Deus (João capítulo 19, versículo 30), Jesus pode enfim descansar em paz.

No domingo da ressurreição, logo ao raiar do dia, as mulheres discípulas de Jesus foram ao seu túmulo com o objetivo de preparar melhor o seu corpo - Jesus fora sepultado às pressas, ainda na sexta-fera, por causa do começo do sábado, ao cair do sol, a partir de quando não mais seria possível fazer qualquer trabalho.

E foram essas mulheres as primeiras testemunhas do túmulo vazio (Marcos capítulo 16, versículo 1) - para surpresa de todo mundo, Jesus tinha ressuscitado!

Logo em seguida, Jesus apareceu para Maria Madalena. E um anjo explicou a essas mulheres o significado do que tinha acontecido - elas estavam perplexas porque uma ressurreição era a última coisa que esperavam. 

Após um período de confusão, muito natural, essas mulheres decidiram compartilhar com os apóstolos aquela notícia maravilhosa. E assim a notícia se espalhou como uma rastilho de pólvora por toda a Jerusalém: Jesus vivia!

E várias aparições de Jesus - a Pedro, a dois dos discípulos no caminho de Emaús e finalmente a todos os discípulos - confirmaram a notícia surpreendente. Um milagre maravilhoso tinha ocorrido: jesus vencera a morte.

Os relatos dessas aparições demonstram que Jesus ressuscitou num corpo físico, pois comia, andava e falava. Entretanto, esse corpo não era igual ao seu corpo original e por isso normalmente Ele não era reconhecido de imediato, mesmo por gente muito próxima a Ele, como Maria Madalena. Só quando Ele falava é que as pessoas o identificavam de verdade.

A ressurreição é o centro da fé cristã e o túmulo vazio do corpo de Jesus a sua prova definitiva. Sem a crença na ressurreição, não é possível se dizer cristão (1 Coríntios capítulo 15, versículos 12 a 23).

Exatamente por isso é tão comum encontrar historiadores/as que tentam atacar a credibilidade da ressurreição de Cristo. A nós, cristãos (ãs), cabe apenas repetir as palavras do apóstolo Paulo (1 Coríntios, capítulo 25, versículos 57-58):
Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão.
Uma abençoada Páscoa para todos.

Com carinho

terça-feira, 27 de março de 2018

NATAL OU PÁSCOA: O QUE É MAIS IMPORTANTE?

O Natal é uma festa de enorme importância no calendário anual. As famílias se reúnem, trocam presentes e comemoram, as igrejas fazem representações da chegada do menino Jesus, o comércio se enfeita todo e parece que as pessoas ficam mais amorosas e preocupadas com os problemas do próximo.

Eu sou fã do Natal – gosto muito, por exemplo, do balé "Quebra Nozes" (que é um conto de Natal), das cantatas nas igrejas e da decoração especial , cheia de luzes. E algumas de minhas melhores recordações da infância são as festas de Natal na casa da minha avó, lá em Belo Horizonte.

Mas, sem desmerecer o Natal, a percepção de que essa é festa mais importante do cristianismo, como pensam muitas pessoas, é uma enorme distorção. A festa mais importante para o povo cristão é aquele que começa na Sexta Feira da Paixão e termina no Domingo da Ressurreição. 

Afinal, lembrando do que o apóstolo Paulo disse, se Jesus não tivesse morrido e ressuscitado dentre os mortos, a fé cristã não valeria nada (1 Corintios capítulo 15, versículo 17). Ou seja, se os fatos comemorados nos próximos dias não tivessem ocorrido de verdade, simplesmente não haveria cristianismo e Jesus seria apenas um profeta importante, como tantos outros citados na Bíblia, nada mais.

O que comemoramos na próxima sexta-feira é o início de tudo: Jesus, o único homem que não pecou, foi crucificado pelos romanos, instigados pelos líderes religiosos judeus. E seu sacrifício é a porta de entrada para que o ser humano possa se reconciliar com Deus, conseguindo o perdão dos seus pecados.

Os sacerdotes judeus usavam o sacrifício de animais sem defeitos para pedir que Deus perdoasse os pecados do povo, na festa conhecida como “Dia do Perdão” ("Yom Kippur"). Mas, esse sacrifício de animais precisava ser renovado cada ano. 

Jesus é o Cordeiro de Deus, sem qualquer imperfeição e pecado, que foi sacrificado na cruz. Mas, como Ele é tanto homem como Deus, seu sacrifício nunca perde a validade. Somente precisou ocorrer uma vez, cerca de 2.000 anos atrás, e permanecerá válido para sempre.

No próximo domingo, vamos relembrar a ressurreição de Jesus, evento que comprovou que Ele é o Messias enviado por Deus. E, por causa disso, podemos ter certeza que todas as coisas prometidas por Ele, durante seu ministério aqui na terra, conforme registradas nos Evangelhos, são verdadeiras e irão acontecer, culminando com sua volta, no final dos tempos.

Não deixe de ir à igreja na Sexta-feira da Paixão e no Domingo da Ressurreição. Agradeça a Deus o que Ele fez por você e comemore com muita alegria a salvação trazida por Jesus. Boa Páscoa. 

Com carinho

domingo, 25 de março de 2018

OS CAMELOS E A BÍBLIA

Cerca de 4 anos atrás, diversos jornais importantes, como o New York Times, publicaram os resultados de um estudo feito numa Universidade de Israel, usando ossos de camelos, descobertos em escavações recentes. 

Os resultados desse estudo indicaram que os camelos só teriam aparecido no cenário da Palestina por volta do ano 1.000 Antes de Cristo. Ora, como a Bíblia, no livro do Gênesis, refere-se à presença de camelos já na época dos Patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó), mais ou menos 2.000 anos Antes de Cristo, os autores do tal estudo concluíram haver um erro no texto bíblico.

Situações desse tipo - estudos que tentam provar erros na Bíblia - são frequentes e o script desse tipo de "drama" é quase sempre o mesmo. O estudo é publicado, a mídia dá enorme destaque, muita gente ganha dinheiro com os artigos, livros e entrevistas, e alguns cristãos ficam assustados com as possíveis consequências da descoberta sobre sua fé - por exemplo, eu recebi diversas perguntas aqui no site na época que o estudo sobre os camelos foi publicado.

Ora, a resposta para esse tipo de "ataque" também é sempre a mesma, abrangendo dois aspectos diferentes: primeiro, o significado do estudo em si, e, depois, o possível impacto dele sobre a fé cristã.

O significado do estudo
Se os resultados do tal estudo forem analisados com cuidado, fica claro que eles não são conclusivos (e nem poderiam mesmo ser). Foram descobertos ossos de camelos que parecem ser os mais antigos na história da Palestina e eles datam mais ou menos do ano 1.000 Antes de Cristo. Daí decorreu a conclusão tirada.

Ora, há aí um tipo de falácia (erro de lógica) bem conhecido: confundir ausência de evidência com evidência de ausência. Vou dar um exemplo desse tipo de situação. 

Até cerca de 25 anos atrás, não havia qualquer registro arqueológico relacionado com o rei Davi - todas as referencias a ele estavam restritas ao texto da Bíblia. Por conta disso, alguns arqueólogos construíram a teoria que Davi não tinha existido de fato, seria uma figura meramente lendária (o que seria um golpe terrível para a credibilidade da Bíblia).

Até que em 1993 foi encontrada, numa escavação arqueológica, uma placa comemorativa que citava claramente a "casa" (linhagem) de Davi. Os estudiosos que defendiam que Davi era uma lenda ainda tentaram argumentar que a tal placa era forjada, mas não conseguiram convencer ninguém. Hoje sua teoria caiu em desgraça. 

Repare que é exatamente o mesmo tipo de erro: como não foram encontradas evidencias concretas de algum fato ou pessoa, imagina-se que o fato não aconteceu ou a pessoa não existiu. 

A falácia nesse tipo de raciocínio é que não há como ter certeza que não vão aparecer evidencias antes desconhecidas (como aconteceu no caso de Davi) e derrubar as conclusões. A evidencias podem existir e apenas não terem sido encontradas por se referir a fatos ou pessoas muito antigas.

E isso se aplica ao estudo feito com os ossos dos camelos. O fato de não ter sido ainda encontrada evidencia de camelos mais antigas que o ano 1.000 Antes de Cristo não prova que não existiram camelos na Palestina antes dessa época - simplesmente não é possível saber. 

Portanto, o tal estudo não provou nada de importante. No máximo, os autores dele podem dizer é que há probabilidade dos camelos na Palestina somente terem aparecido bem depois do que a Bíblia relata. Nada mais que isso.

O impacto do estudo na fé cristã
O segundo aspecto a considerar é o significado desse fato (o possível erro em citar camelos no livro do Gênesis). Não acredito em absoluto que esse erro exista, mas para efeito do argumento que estou desenvolvendo, qual seria o impacto na fé cristã?

Seria irrelevante, afinal, o fato dos camelos terem ou não existido no tempo dos Patriarcas bíblicos não mudaria em nada, por exemplo, o papel de Jesus como Salvador da humanidade.

O impacto seria indireto, na credibilidade da Bíblia. Afinal, se erros forem identificados, a Bíblia perde parte da sua autoridade. Só isso.

Não seria um golpe mortal no cristianismo. Não mudaria em nada aquilo que acreditamos. Seria uma curiosidade mais do que qualquer outra coisa.

Concluindo, o estudo publicado não prova de forma nenhuma que a Bíblia contem um erro. Eu, por exemplo, continuo acreditando que a palavra de Deus não contem erros.

E, ainda que tal erro histórico tivesse sido provado, nada de significativo teria mudado na fé cristã. Continuaríamos acreditando que Jesus veio ao mundo para salvar a humanidade.

O tal estudo gerou muito barulho e fez muita gente ganhar dinheiro, mas não tinha grande substância, como sempre acontece nesses casos.

Com carinho

sexta-feira, 23 de março de 2018

VOCÊ JÁ LEU O TEXTO BÍBLICO SOBRE A FORMIGA?

Num desses domingos fui surpreendido quando minha pastora usou na pregação do culto matinal um texto sobre as formigas, tirado de Provérbios capítulo 6, versículos 6 a 8:
Observe a formiga, preguiçoso, reflita nos caminhos dela e seja sábio! Ela não tem nem chefe, nem supervisor, nem governante, e ainda assim armazena as suas provisões no verão e na época da colheita ajunta o seu alimento.
O significado do texto é bem claro: precisamos aprender com as formigas, coisas como sentido de dever, dedicação, precaução, cumprimento de prazos, etc. 

Mas não foi o significado do texto em si, embora muito interessante, que marcou naquele culto de domingo. E sim o fato que eu nunca tinha lido ou ouvido falar daquela passagem sobre as formigas. 

Eu estudo a Bíblia há trinta anos e nunca tinha cruzado com esse ensinamento tão interessante. E confesso que tomei um susto ao perceber isso.

Essa experiência me fez refletir sobre como é necessário ter humildade no estudo da Bíblia. Afinal, por mais que alguém estude e conheça, ainda assim terá alcançado apenas uma parte da sabedoria que a Bília contém. Sempre há mais para conhecer e é por isso que, volta e meia, somos surpreendidos, como aconteceu comigo. 

Infelizmente, há muitas pessoas nas igrejas cristãs que pensam já saber o suficiente da Palavra de Deus. E por isso não se interessam muito pelas aulas da Escola Bíblica Dominical e/ou pelos pequenos grupos de estudo da Palavra de Deus. Não querem mais "perder tempo" com o estudo da Bíblia, pois já sabem bastante, e isso é um grande erro.

Conforme já disse, é preciso olhar para a Bíblia com humildade, entendendo que nosso conhecimento da doutrina cristã sempre será incompleto e limitado. Sempre haverá espaço para aprender coisas novas.

E o estudo da Bíblia não surpreende apenas quando deparamos com uma passagem que não conhecíamos até então. Frequentemente somos surpreendidos ao perceber um novo significado para um texto já conhecido. É como se, de repente, passássemos a ver uma "nova camada" de informação.

Eu já passei por isso muitas vezes - um bom exemplo foi quando li um livro que discutia a conhecida parábola do filho pródigo (Lucas capítulo 15, versículos 11 a 32). 

Para quem não lembra, essa é uma estória contada por Jesus que fala de um filho que abandonou a casa do pai e gastou toda a herança recebida com uma vida desregrada. Derrotado, voltou para a casa do pai, porque lá, pelo menos, encontraria comida e abrigo. E esse rapaz (o filho pródigo) foi recebido pelo pai com festa, ao voltar para casa.

O irmão do filho pródigo, que tinha ficado fiel ao pai, quando viu a festa dedicada ao filho relapso em andamento, ficou enciumado e reclamou. O pai respondeu que o seu filho perdido tinha sido encontrado e esse era o motivo de comemoração, independentemente dos erros do rapaz. 

A explicação tradicional para essa palavra indica que Deus é o pai e o filho pródigo é o/a pecador/a que se arrepende. O filho ciumento representa as pessoas já salvas que ficam enciumadas da atenção que Deus dá a quem ainda não se converteu. Eu aceitei essa explicação e vivi com ela por muito tempo.

Até ler o tal livro, onde o autor do texto disse que cada um/a de nós ocupa os diferentes papéis dessa parábola ao longo da vida. Há momentos em que precisamos ser perdoados por Deus e somos como o filho pródigo. E momentos em que precisamos perdoar alguém que quer voltar para nosso convívio e aí somos como o pai da parábola. E também há situações em que reclamamos mais atenção de Deus, alegando que temos nos mantidos fiéis a Ele, e ai somos como o irmão mais velho. 

Essa nova interpretação tornou o texto, que eu já conhecia há tanto tempo, uma coisa nova. O significado da parábola se ampliou e enriqueceu muito. Tornou-se para mim um novo texto.

E isso acontece muito. Os textos da Bíblia são inesgotáveis porque podem ser vistos de diferentes formas, abrindo novas avenidas de conhecimento. 

Concluindo, a Bíblia é um tesouro que nunca se esgota. Sempre há mais para descobrir e aproveitar. E por isso a Bíblia é um texto tão interessante, que vem inspirando o povo cristão há quase dois mil anos.

Vale a pena estudar a Bíblia e, se você ainda não faz isso, experimente. Eu garanto que você vai gostar.

Com carinho

segunda-feira, 19 de março de 2018

É JUSTO QUE A SALVAÇÃO SEJA IGUAL PARA TODOS?

Certa vez um grande amigo me fez a seguinte pergunta: Como é possível que o criminoso crucificado ao lado de Jesus tenha recebido a mesma salvação que o apóstolo Paulo? 

Realmente, à primeira vista, isso não parece justo e a pergunta tem lógica. Afinal, o criminoso crucificado ao lado de Jesus somente se converteu pouco antes da sua morte e até tinha reconhecido que sua morte na cruz era justificada, pela quantidade de crimes que cometera ao longo da vida. Por outro lado, o apóstolo Paulo passou a maior parte da sua vida pregando o Evangelho e ajudando na fundação de igrejas cristãs. E escreveu quase metade do Novo Testamento. 

Como então os dois podem ter recebido a mesma recompensa de Deus? A mesma salvação. Não parece mesmo justo.

Jesus explica usando a parábola dos boia fria
Jesus sabia que essa tipo de dúvida iria ocorrer e se antecipou a ela, contando uma parábola muito interessante (Mateus capítulo 20, versículos 1 a 16). 

É a estória de um dono de terras que procurou alguns boia-fria para trabalhar um dia na sua lavoura. Contratou os trabalhadores bem cedo e combinou com eles um preço mais do que justo pela sua jornada de trabalho. 

Passaram-se algumas horas e o dono de terras viu que ia precisar de mais mão de obra. E foi contratar trabalhadores adicionais, para completar a jornada de trabalho já iniciada. E surpreendendo a todos, combinou pagar o mesmo salário para esses novos trabalhadores, embora o tempo de trabalho deles viesse a ser bem menor. E horas depois, precisou repetir o processo. 

No final do dia de trabalho, o dono de terras pagou todos os trabalhadores a mesma quantia, conforme combinado. Mas os que trabalharam mais horas se queixaram por entender que havia sido cometida uma injustiça com eles, pois trabalharam mais horas que os demais. 

O dono de terras argumentou com os trabalhadores que tinha pago exatamente o combinado com cada um deles. Ele cumpriu exatamente o prometido. E, como o dinheiro era dele e ele não devia satisfação a ninguém, se ele quis beneficiar os trabalhadores que trabalharam menos tempo, mas sem prejudicar os demais, não havia razão para questioná-lo. 

Nessa parábola, o dono de terras é Deus e os boia-fria somos nós. O salário da jornada de trabalho é a salvação. Fica claro que essa parábola trata da mesma questão levantada acima: não parece justo que pessoas com vidas diferentes recebam de Deus a mesma salvação.

A resposta de Jesus para essa questão foi simples: a salvação não é merecida por ninguém, pois se trata de um presente dado por Deus, isto é, ela vem pela Graça (veja mais). 

Logo, se a salvação é um presente, ninguém pode se queixar de como ela é distribuída. Ninguém faz por merecer a salvação e cada um de nós deveria ficar feliz de receber esse presente, sem se preocupar com o que acontece com o próximo. 

Por que essa dúvida aparece?
Na verdade, a pergunta que meu amigo fez nasce na percepção errada das pessoas de como a salvação é alcançada. Bem lá no fundo, quase todo mundo acha que a salvação deveria ser alcançada por mérito, ou seja, pelas boas ações realizadas. E, sendo assim, seria injusto que alguém com mais méritos (por exemplo, o apóstolo Paulo) recebesse a mesma recompensa (a salvação) que outra pessoa com menos méritos (por exemplo, o criminoso crucificado junto com Jesus).

Esse tipo de dúvida só vai desaparecer quando as pessoas entenderem como a salvação é alcançada de fato. Quando elas deixarem de tentar ganhar a salvação e entenderem que nunca farão o suficiente para merecê-la. 

O merecimento é todo de Jesus, que morreu por nós na cruz. Nosso papel é simplesmente aceitar isso, reconhecendo-o como Salvador. 

Com carinho

sábado, 17 de março de 2018

É PRECISO SABER OUVIR

Você precisa aprender a ouvir os recados que o Espírito Santo manda para você. Às vezes Ele fala com você e passa um recado que precisa ser transmitido para outra pessoa. E aí aparecem dúvidas, especialmente quando o tal recado não parece ser muito agradável para quem vai recebê-lo: Devo falar e se a pessoa não gostar? Será que vou atrapalhar a vida espiritual dessa pessoa?

Outras vezes, o Espírito Santo mandou um recado para outra pessoa e ela transmite o que recebeu para você. Aí as dúvidas são diferentes: Será que esse recado veio mesmo de Deus? Devo levar essa mensagem em conta? Será que a pessoa transmitiu para mim fielmente aquilo que recebeu de Deus?

Aprender a ouvir aquilo que o Espírito Santo fala é muito importante. E é sobre isso que a pastora Carol e a Alícia falam no seu mais novo vídeo - veja aqui.

Vejam outros vídeos recentes da pastora Carol e da Alícia aqui e aqui.
Se você quiser ver o canal pessoal do Youtube da pastora Carol veja aqui.

quinta-feira, 15 de março de 2018

CONHECENDO DEUS E SE FORTALECENDO COM ISSO

O grande objetivo de todo/a cristão/ã deve ser construir um relacionamento com Deus que seja próximo e produtivo. É preciso conhecê-lo, respeitá-lo e construir uma parceria com Ele para a vida.

Nesse relacionamento, uma das partes funciona perfeitamente bem: o próprio Deus. Afinal, Deus conhece completamente cada ser humano (Salmo 139:1-4), ama todos com paixão (João capítulo 3, versículo 16) e está disposto a construir uma parceria de vida com cada um (Jeremias capítulo 29, versículo 11).

Portanto, os problemas estão todos do nosso lado: Somos nós que rejeitamos Deus, não investimos tempo suficiente em conhecê-lo e assim por diante.

Como podemos conhecer Deus
Jesus ensinou com clareza como cada pessoa deve amar Deus:
...Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento (Mateus capítulo 22, versículo 37).
Há algumas dicas bem interessantes no versículo acima, sendo a primeira delas a constatação que o relacionamento com Deus deve ser sempre pessoal. Repare que Jesus falou em amar “seu Deus, ou seja cada pessoa deve se apropriar d´Ele como o Deus da sua vida, seu único amor espiritual.

A segunda dica interessante é que há várias formas de amar Deus: nos campos dos sentimentos, espiritual e da mente. Portanto, é possível conhecer Deus através da emoção, da espiritualidade e do raciocínio. 

Esse último aspecto talvez surpreenda você, pois muita gente boa pensa que a fé deve ser meio cega, livre de raciocínio lógico. Mas o papel da mente é muito importante no conhecimento de Deus. 

Conhecer Deus através da mente, tema que estamos tratando na postagem de hoje, envolve entender quem Ele é de fato, suas características, suas formas de agir, seus objetivos, etc. Falarei em outra postagem sobre o conhecimento de Deus através das emoções e do espírito.

O ponto de partida
A Bíblia e a natureza – as duas formas como Deus escolheu se revelar aos seres humanos – contam quem Deus é e como age. E a figura que emerge de qualquer estudo cuidadoso é extraordinária, acima de qualquer expectativa humana.

Penso que as pessoas hoje em dia sabem muito pouco sobre como Deus é de fato e a maior prova para mim disso é a forma como banalizam sua relação com Ele. Elas tratam Deus como se fosse mais um/a amiguinho/a ou parente, ou ainda pior, alguém que está aí simplesmente para atender suas vontades. Alguém com quem elas tem até direito de ficar bravas e desapontadas.

Muitas pessoas perderam o temor a Deus e isso inclui muita gente bem intencionada. E essa é uma realidade muito triste e preocupante. Creio que essa tendência nasceu numa deturpação de um ensinamento de Jesus. 

Em dado momento do seu ministério, Jesus incentivou as pessoas a chamarem Deus de “Pai” e Ele teve uma razão forte para fazer isso: O povo judeu tinha um relacionamento com Deus muito burocrático e institucionalizado. Havia enorme respeito, mas, também, distância excessiva do povo com Deus. Poucas pessoas – como Abraão, Moisés e Davi -, no Velho Testamento, conseguiram construir um relacionamento próximo e pessoal com Deus. A norma era tratar Deus como um Rei poderoso e distante.

Aí Jesus ensinou que era possível, e até mesmo desejável, construir um relacionamento pessoal com Deus. Era possível olhar para Deus como se olha para um Pai. E isso mudou o rumo das coisas e tanto foi assim que, nos relatos do Novo Testamento, as pessoas se mostram mais “confortáveis” na presença de Deus.

Infelizmente, muita gente entendeu isso como permissão para banalizar o relacionamento com Deus, o que nunca foi a intenção de Jesus. E essa banalização hoje chega às raias do desrespeito. Isso fica particularmente evidente na perda da solenidade nos cultos - as pessoas batem papo abertamente, enquanto a cerimônia está em curso, consultam seus celulares, entram e saem quando querem e assim por diante. 

E se referem a Deus como se falassem de uma pessoa qualquer, sentindo-se no direito até de cobrá-lo das coisas que acham que Ele deveria fazer.

É preciso resgatar o temor a Deus e uma das formas de fazer isso, acredito eu, é ensinar as pessoas entenderem quem Deus de fato é. E há muito a falar sobre essa questão, mas por limitação de espaço vou dar apenas alguns exemplos simples, mas que acredito podem fazer você passar a olhar para Deus de outra forma.

A dimensão da presença de Deus
Deus é espírito e, portanto, não faz sentido falar do seu tamanho físico, mas podemos avaliar a dimensão da presença d´Ele no universo. Ora, sabemos que Deus está presente em todos os lugares do universo – não há como se esconder d´Ele (Salmo 139, versículos 8 a 10). 

Portanto, o tamanho físico do universo dá uma ideia da dimensão da presença de Deus. E os cientistas dizem que o universo tem o tamanho da distância que a luz conseguiu viajar desde o início da sua criação (cerca de 13,7 bilhões de anos atrás). Ora, como a luz viaja à velocidade incrível de 300.000 km/seg, o “diâmetro” do universo mede cerca de 260.000.000.000.000.000.000.000 km. 

Não dá nem para imaginar uma dimensão dessas, de tão grande que ela é – lembro que diâmetro da terra tem apenas cerca de 13.000 km. 

E volto a lembrar que Deus se faz presente em todos os pontos do universo. É de fazer cair o queixo que exista um Ser com esse tipo de presença.

A incrível relação de Deus com o tempo
Sabemos que Deus criou o universo, incluindo suas quatro dimensões (altura, largura, comprimento e o tempo). Portanto, como Deus criou o tempo, não pode estar submetido a ele. 

Deus pode atuar no tempo - pode escolher determinada época da história para intervir (e fez isso várias vezes) -, mas não é afetado por ele. E como não é afetado pelo tempo, Deus não muda - afinal, todas as mudanças acontecem com a passagem do tempo.

E é difícil imaginar um Ser que permanece sempre o mesmo - não cresce, não amadurece, não envelhece, etc. Na prática, nem temos como nos conscientizar de uma realidade dessas.

Se Deus lida com o tempo de forma diferente de nós, passado, presente e futuro não tem para Ele o mesmo significado que para nós. É difícil entender de fato como Deus lida com o tempo – há muita especulação filosófica a esse respeito, mas não é possível tirar conclusões definitivas.

O poder inimaginável de Deus
Agora, imagine o poder e a inteligência que Deus precisa ter para conseguir criar o universo e tudo que nele está contido, incluindo a vida na terra. 

As leis científicas são exatas e extremamente complexas. A estrutura da vida – o DNA – é uma maravilha de organização e complexidade. Numa outra postagem recente, mostrei como o universo em geral, e a terra em particular, foram ajustados de forma precisa para permitirem a existência da vida (veja mais). Ali eu comentei que a probabilidade de um ajuste desse tipo de ter ocorrido por acaso é muito menor do que a de dar um tiro por acaso no universo e acertar um alvo de 5 cm no outro extremo dele.

Não se esqueça que é o poder de Deus que mantém tudo isso organizado e em funcionamento – Ele sustenta o universo. Trata-se de um poder impossível de avaliar, pois está além da nossa compreensão.

Regatando o temor a Deus
Nunca se esqueça que, quando você procura Deus, em oração ou louvor, você está se comunicando com esse Ser extraordinário. Está falando com alguém tão maior do que você mesmo/a, que o diálogo nem deveria ser possível. Ela nem deveria se dignar a falar com você, que dirá se preocupar com seus problemas.

Podemos construir uma relação pessoal com Deus e Ele quer isso de nós. Mas nunca podemos perder a admiração e o respeito que Ele nos merece. Não podemos banalizar os contatos com Ele, como se estivéssemos falando com qualquer outra pessoa. Sempre lembrando que o temor (respeito, consideração, admiração, etc) a Deus é o princípio de toda sabedoria humana (Salmo 111, versículo 10).

Finalizando, quero lembrar aqui do profeta Daniel. Ele, ainda jovem, enfrentou uma situação muito difícil: Exilado num país estranho (Babilônia) foi submetido a uma guerra cultural terrível (veja mais). 

E conseguiu resistir, não se deixando contaminar pelos hábitos e crenças impuras do povo babilônio, nem mesmo quando jogado numa cova cheia de leões para ser devorado (salvou-se num milagre promovido por Deus). 

Daniel resistiu porque conhecia a Deus. Sabia quem Ele era. Daniel não correu para Ele apenas quando sua situação ficou difícil. Deus era parte constante da sua vida. E mais adiante, quando já tinha superado essas dificuldades, refletindo sobre sua experiência anterior, o profeta testemunhou:
...mas o povo que conhece seu Deus se tornará forte e fará proezas. E os entendidos entre o povo ensinarão a muitos... (Daniel capítulo 11, versículos 32 e 33)
Com carinho

terça-feira, 13 de março de 2018

OS DEZ MANDAMENTOS

Os dez mandamentos são regras de vida extremamente importantes. Deus estabeleceu esses princípios logo no início da história do povo de Israel, visando dar ordem, disciplina e previsibilidade à vida em sociedade.

Por isso eles contém regras que regulam temas como a propriedade privada, a segurança da vida humana, o respeito ao casamento, a necessidade de honrar os próprios pais e assim por diante. 

Eles permanecem válidos até os dias de hoje, mesmo tendo sido estabelecidos há mais de 3 mil anos atrás. Continuam a balizar e orientar as nossas vidas hoje, assim como foi tantos anos atrás. E é sobre isso que falo no meu mais novo vídeo - veja aqui .

Veja outros vídeos meus recentes aqui e aqui.

domingo, 11 de março de 2018

O "AJUSTE FINO" DO UNIVERSO PARA PERMITIR A VIDA

A existência de Deus pode ser comprovada através do acúmulo de evidências da sua ação no nosso universo. Essa é a metodologia usada pela polícia e a justiça para encontrar o culpado de um crime para o qual não houve testemunhas - investigadores/as e promotores/as juntam um conjunto de evidências (amostras de DNA, impressões digitais, álibis, etc) que, no seu todo, acabam por incriminar determinada pessoa.

Já apresentei neste site outras duas evidências para a existência de Deus (veja aqui e aqui) e hoje vou apresentar um terceira, também muito importante: a existência de um "ajuste fino" do universo para permitir a existência de vida na terra.

O "ajuste fino" do universo
A vida na terra - vegetal e animal (incluindo os seres humanos) - somente se tornou possível pela existência de determinadas condições bem especiais. 

Por exemplo, na superfície do planeta Mercúrio não há vida possível, pois se trata de local muito quente. De igual forma, em Plutão também não pode haver vida, pois esse "planeta" é frio demais. Já a temperatura na superfície da terra varia numa faixa aceitável para a vida e isso acontece porque a terra está posicionada no local exato - nem muito perto e nem muito longe do sol.

Esse é um exemplo simples de circunstância favorável que permite a existência da vida. Mas há centenas de outras circunstâncias, semelhantes ao nível da temperatura da superfície da terra, que também precisaram existir para que a vida aqui fosse possível. 

Para você entender melhor o que estou dizendo, imagine que exista um enorme painel com centenas de "controles" do universo, sendo que cada "controle" permite ajustar o valor de um único parâmetro relacionado com a vida na terra (um deles seria a temperatura na superfície de nosso planeta). O "ajuste fino" obtido pela manipulação incontáveis "controles" é que garante a viabilidade da vida aqui. 

Vejamos dois outros exemplos de "controles" que precisam ser ajustados para permitir a vida na terra. O primeiro deles é a chamada "força nuclear fraca", uma das quatro forças fundamentais da natureza. Essa é a força que mantém os elétrons de cada átomo girando em torno do respectivo núcleo (formado por prótons e nêutrons). Sem a força nuclear fraca, os átomos não teriam estabilidade e a matéria não teria sido formada e, portanto, a vida não poderia existir.

Agora, se a magnitude dessa força variasse muito pouco - apenas o equivalente uma unidade em relação a um número gigantesco (o algarismo 1 seguido de 100 zeros) -, os átomos não conseguiriam existir. Incrível!

O segundo exemplo tem a ver com o ritmo da expansão do universo que teve início com o chamado "Big Bang" (a tal explosão de um "ovo cósmico" de matéria que deu origem a tudo que existe). Se tivesse havido uma variação muito pequeno nesse ritmo de expansão - equivalente a uma unidade em relação a um número mais gigantesco ainda (o algarismo 1 seguido de 120 zeros) -, as estrelas e os planetas não teriam conseguido se formar.

Imagine a precisão que foi necessária para "ajustar" ao mesmo tempo o valor da força nuclear fraca e o ritmo da expansão do universo. E não se esqueça que foram necessários centenas de outros "ajustes" tão sensíveis quanto esses dois para que a vida se tornasse possível. 

Não há discussão entre os/as cientistas sobre a existência desse "ajuste fino" - ele é chamado (em linguagem científica) de "princípio antrópico". A discussão que existe é quanto ao que permitiu esse "ajuste" ocorrer. E há duas explicações principais que costumam ser usadas: a primeira delas é o acaso e a segunda é o planejamento de uma mente superior (Deus). Vamos ver isso mais de perto.

O "ajuste" pode ter ocorrido por acaso?
Muitos cientistas ateus alegam que o acaso responde pela existência do "ajuste fino". E, para justificar essa posição, argumentam que uma loteria (como a Mega Sena) também é difícil de ser ganha, mas alguém sempre acaba ganhando.

Ora, esse argumento não leva em conta a magnitude dos números envolvidos no "ajuste" do universo - essa outra "loteria" seria impossível de ganhar por acaso. 

A chance de ganhar na Mega Sena é igual a uma possibilidade dentro de um conjunto de possibilidades caracterizado pelo número formado pelo algarismo 1 seguido de 11 zeros (1 contra 100 bilhões). 

Mas as chances relacionadas com o "ajuste" fino do universo são muito, mas muito maiores. Portanto, a Mega Sena é infinitamente mais fácil de ganhar do que a "loteria do ajuste fino" - e mesmo assim, com frequência, ninguém é contemplado nos sorteios da Mega Sena e o prêmio acumula.

Para você ter uma ideia melhor do que estou falando, ganhar uma "loteria" com uma única chance em relação a um número formado pelo algarismo 1 seguido de 60 zeros equivale à possibilidade de dar um tiro numa extremidade do universo e acertar por acaso um alvo de 5 centímetros localizado no outro extremo. Isso é incrivelmente mais difícil de acontecer do que ser sorteado na Mega Sena. Não dá nem para comparar uma coisa com a outra.

E a "loteria" do "ajuste fino" do universo seria muito, mas muito mais difícil do que obter esse tiro certeiro. E ela precisaria ser ganha centenas de vezes (uma para cada tipo de ajuste necessário). 

Concluindo, é impossível um ajuste desse grau de precisão ter acontecido por mero acaso. Tal possibilidade não é real. É fantasia atribuir ao acaso a criação das circunstâncias que propiciaram a existência da vida na terra.

O "ajuste fino" foi feito por uma mente?
Ora, se o "ajuste fino" do universo não pode ter acontecido por acaso, então ele foi feito de forma proposital. E um feito dessa magnitude só pode ter sido conseguido por uma mente com uma inteligência e poder extraordinários. Não há outra possibilidade a considerar.

É a essa mente criadora que chamamos de "Deus". É d´Ele que a Bíblia fala, em Gênesis capítulos 1 e 2, onde está dito que o universo foi criado a partir do nada, simplesmente pelo poder da sua Palavra. E essa é mais uma evidência importante da existência de Deus.

Nota: Para quem estiver interessado/a em se aprofundar nessa questão, recomendo o livro "Em Guarda", de William Lane Craig.

Com carinho

sexta-feira, 9 de março de 2018

ENFRENTANDO A GUERRA CULTURAL CONTRA O CRISTIANISMO

Eu não tenho dúvida que vivemos numa sociedade pouco amigável para as ideias cristãs. Há liberdade religiosa no Brasil, sem dúvida, mas também há uma evidente guerra cultural contra o cristianismo, movida pela grande mídia, os/as intelectuais e a classe artística, de forma geral. 

Programas de televisão, filmes, livros e outros produtos culturais frequentemente apresentam os/as cristãos/ãs como pessoas fanatizadas, intolerantes, hipócritas, etc. Dificilmente pessoas religiosas são mostradas como tendo compaixão, desejo desinteressado de servir ao próximo e tolerância.

Ideias que parecem mais inclusivas - tipo "todos os caminhos levam a Deus" - encontram enorme aceitação nos meios mais intelectualizados, mesmo sem qualquer maior reflexão quanto a serem ou não verdadeiras. Já muitas ideias cristãs - por exemplo, "Jesus é o único caminho para se chegar a Deus" -, são violentamente criticadas e tornam-se objeto de escárnio.

Não é fácil viver de forma plena as ideias cristãs no Brasil de hoje. E falo isso também por experiência própria pois já sofri críticas por me colocar claramente contra algumas ideias populares e também pelo trabalho que desenvolvo neste site.

Felizmente, a Bíblia traz ensinamentos preciosos para nos ajudar a enfrentar e vencer essa guerra cultural. E, talvez, o melhor ensinamento seja a história do profeta Daniel, personagem principal do livro bíblico de mesmo nome. 

A história de Daniel 
O profeta era um jovem judeu, de boa família, criado de acordo com os preceitos da sua fé. Viveu uma vida era sem grandes preocupações, até que a desgraça se abateu sobre seu povo.

Nabucodonosor, rei da Babilônia, subjugou o reino de Judá e levou diversos jovens para seu país, como reféns, dentre eles Daniel e três amigos. Já na Babilônia, esses jovens tiveram seus nomes trocados e foram instruídos durante três anos na cultura local. O objetivo de Nabucodonosor, com essa medida, era aculturar o reino de Judá com as ideias da sociedade babilônica, usando esses jovens como uma ponte entre seu povo e a Babilônia.

O choque cultural foi muito grande. Por exemplo, os jovens foram pressionados a comer alimentos que lhes eram proibidos, de acordo com as regras do Velho Testamento, como carne de porco e frutos do mar. Foram pressionados também a aceitar a divindade do rei Nabucodonosor, coisa que não poderiam fazer, pois a Bíblia ensina que só se pode prestar culto a Deus. 

Daniel e seus amigos precisaram vencer um enorme desafio: encontrar meios e modos para continuar a exercer sua fé plenamente, mesmo vivendo num ambiente totalmente hostil. E eles foram enormemente pressionados - os amigos de Daniel chegaram a ser atirados numa fornalha, para serem queimados vivos, e Daniel foi jogado numa cova cheia de leões, para ser despedaçado e devorado. 

Mas, os rapazes não cederam e não comeram alimentos proibidos, limitando-se a seguir uma dieta difícil, baseada apenas em frutas e legumes, e nunca adoraram ídolos pagãos. 

E Deus interveio a favor de Daniel e seus amigos, recompensando sua coragem e fidelidade. As vidas deles foram poupadas e eles puderam continuar a exercer sua fé, e ainda assim prosperaram (Daniel se tornou um alto funcionário do reino).

O ensinamento de Daniel
O livro de Daniel ensina como viver em meio a uma sociedade hostil à fé cristã. Naturalmente, não tenho espaço aqui para estudar todos os ensinamentos registrados nesse livro e vou me limitar aqui a falar de um ponto muito importante: a necessidade de construir uma identidade religiosa forte.

Daniel e seus amigos somente conseguiram resistir porque tinham esse tipo identidade. Conheciam bem as ideias nas quais acreditavam e tinham convicção forte delas, o que gerou neles compromisso real com sua crença. E foi essa base que lhes deu coragem e forças para resistir e fazer a coisa certa. 

Detalhando melhor o que acabei de comentar, tudo começa quando o ser humano estabelece uma relação forte e estreita com Deus. Para isso, é preciso que a pessoa conheça como Ele é e o que espera dela. E precisa conhecer ainda a si mesma (seus desejos, motivações, fraquezas, dúvidas, etc). A maior parte das postagens existentes aqui neste site trata justamente da relação entre Deus e o ser humano.

Depois, é preciso que a pessoa mantenha acesa a capacidade de não se conformar com a sociedade onde vive. Isso porque as sociedades humanas - não importa o quão rica e desenvolvidas sejam - são falhas, injustas e cheias de problema e sempre é possível torná-las melhor. 

Na década de 60 do século passado, uma mulher negra norte-americana, chamada Rosa Parks, não se conformou com o fato que os negros tinham que viajar nos piores lugares dos ônibus. E começou um boicote contra o transporte público que acabou gerando um grande movimento de protesto em prol da igualdade de direitos civis, mais tarde liderado pelo conhecido pastor Martin Luther King Jr. E esse movimento mudou a história dos Estados Unidos.

É mais fácil e cômodo achar que a forma como as coisas sempre foram feitas é a única maneira possível de seguir em frente. Mas, isso quase nunca é verdade. E foi isso que Jesus ensinou, quando não hesitou em violar os padrões de comportamento considerados adequados - interagiu com pecadores/as, pregou o perdão, defendeu os mais fracos, criticou os poderosos e assim por diante.

É o passo seguinte é construir e manter uma visão de mundo verdadeiramente cristã. Uma visão de mundo pautada nos princípios do amor a Deus e ao próximo. Cada ato de nossa vida precisa passar a ser avaliado segundo esses critérios. Os valores cristãos precisam tornar-se os "óculos" através dos quais interagimos com o mundo que nos cerca.

Agora, nada disso tem valor se não gerar compromisso no coração da pessoa. É isso que vai lhe dar coragem para fazer aquilo que é certo, mesmo sob circunstâncias desfavoráveis.

Havendo coragem e determinação, é possível agir. Começando por estabelecer fronteiras entre o que é aceitável e o que não é, deixando claro para quem está em volta onde esses limites estão - por exemplo, Daniel e seus amigos deixaram claro que não comeriam comida proibida e nem adorariam outros deuses.

Há muitos limites que qualquer cristão/ã vivendo no Brasil atual precisa estabelecer, como não participar de qualquer forma de corrupção, não se deixar controlar pelo apelo de consumir a qualquer custo, não apoiar medidas que prejudiquem as pessoas mais fracas e assim por diante. 

E, finalmente, é preciso se manter firme no caminho escolhido, apesar de pressões e até ameaças, confiando que Deus haverá de dar apoio e proteção, nas horas necessárias. Exatamente como Ele fez com Daniel e seus amigos.

Com carinho

quarta-feira, 7 de março de 2018

SABER RECEBER É TÃO IMPORTANTE QUANTO SABER DAR

Na noite em que comeu a última ceia com seus discípulos, logo antes de ser preso, Jesus lavou das pessoas que estavam com Ele (João capítulo 13, versículos 1 a 16). 

Naquela época, lavar os pés empoeirados de uma pessoa, era tarefa muito humilde, normalmente reservada apenas a servos/as (escravos/as). Portanto, ao realizar essa tarefa, que para muita gente seria considerada humilhante, Jesus quis ensinar humildade e desejo de servir ao próximo. 

Agora, o que me chama atenção nessa passagem é que Pedro se recusou a participar da cerimônia do "lava pés", pois julgou que Jesus estava se colocando em posição indigna e isso diminuía seu ministério aos olhos da sociedade. E o mais inesperado foi a reação de Jesus - Ele disse que, se Pedro não participasse do "lava pés", deixaria de ser seu discípulo. Diante de tal ameaça, Pedro concordou e deixou que Jesus lavasse sues pés. 

Por que Jesus reagiu de forma tão dura à hesitação de Pedro em participar do "lava pés"? À primeira vista, parece ter sido uma reação até meio desproporcional. Como explicar essa atitude de Jesus?

Há duas razões para isso. A primeira delas é evidente: ao se recusar a participar de um ato que Jesus considerou importante, Pedro, mesmo que sem querer, questionou a liderança espiritual do seu mestre. Pedro imaginou saber melhor do que o próprio Jesus, o que era ou não adequado fazer naquela circunstância. E esse foi um erro muito sério cometido por Pedro.

A segunda razão para a reação forte de Jesus foi ensinar Pedro a receber. A sabedoria popular afirma que é mais difícil dar do que receber, mas isso nem sempre é verdade. Muitas vezes é difícil receber. 

Por exemplo, é muito mais fácil dar conselhos do que recebê-los. Damos conselhos para as outras pessoas mesmo quando elas não nos pedem. Mas, frequentemente, quando tentam nos dar conselhos, nos recusamos a ouvir. Achamos que isso é uma intromissão indevida na nossa vida.

O ato de saber receber não é fácil porque requer humildade. Para conseguir receber com alegria, é preciso ter consciência de haver algo necessário para a própria vidas que não vai ser possível conseguir por conta própria. É preciso saber aceitar algum tipo de ajuda. 

No ato de receber, está implícito o reconhecimento da nossa própria fragilidade, a realização de que somos incompletos, limitados e imperfeitos. O conhecido teólogo Henri Nouwen ensinou que receber é uma arte, pois significa permitir que outras pessoas passem a fazer parte das nossas vidas. 

Dar é muito importante, fundamental mesmo. Mas também é preciso haver um aprendizado para receber. Quem se preocupa apenas em dar, pode acabar se sentindo independente e auto-suficiente demais e deixar o orgulho entrar no seu coração. 

O apóstolo Paulo deu um excelente depoimento a esse respeito em 2 Coríntios capítulo 12, versículo 10:
Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.
Essa última frase resume tudo: pois quando sou fraco (e portanto, passo a depender totalmente daquilo que d´Ele recebo), aí é que me torno forte. 

Jesus reagiu à atitude de Pedro porque percebeu no apóstolo um orgulho disfarçado e cortou o mal pela raiz.

O maior exemplo de não saber receber está relacionado com a Graça de Deus, despertada pelo sacrifício de Jesus na cruz, para termos acesso à salvação. Muitas pessoas não aceitam Jesus como Salvador pois acham que não precisam receber nada d´Ele - já são suficientemente boas e não precisam dessa ajuda. Pensam que podem chegar lá através dos próprios esforços. E isso é um grande erro.

Ter a humildade para aceitar as próprias limitações e necessidades, está na origem da aceitação de Jesus como salvador. Por isso aprender a receber é tão importante.

Com carinho

segunda-feira, 5 de março de 2018

NÃO TENTE SER AUTO-SUFICIENTE

Não devemos tentar ser auto-suficientes. Nunca podemos pensar que bastamos para nós mesmos, que sozinhos/as temos força suficiente para enfrentar e superar as dificuldades e os problemas que a vida sempre acaba por colocar no nosso caminho. Quem pensa que pode dar conta sozinho/a acaba quebrando a cara.

A Bíblia ensina que precisamos tanto das outras pessoas como, especialmente, de Deus para tocar bem a vida. Sem esse tipo de apoio, corremos o risco de acabar vencidos/as. E é preciso tomar consciência disso - é sobre isso que falo no meu mais novo vídeo (veja aqui). 

Veja outros vídeos meus recentes aqui e aqui.

sábado, 3 de março de 2018

O MAIOR LÍDER CRISTÃO DA HISTÓRIA

Acredito que a figura mais importante dos 2.000 anos de história do cristianismo, depois do próprio Jesus, é o apóstolo Paulo. Suas realizações foram impressionantes - basta lembrar que ele escreveu quase metade do Novo Testamento e foi quem liderou o processo de levar a mensagem do Evangelho até os gentios (os não judeus).

Sua vida
Saul (Paulo era um apelido que quer dizer "pequeno") nasceu, de pais judeus, em Tarso, na Ásia Menor (atual Turquia). Passou o final da sua adolescência em Jerusalém, onde foi aluno do famoso rabino Gamaliel. Por conta disso, até se converter ao cristianismo, foi um fariseu, rigoroso seguidor da lei Mosaica.

Paulo era cidadão romano, direito herdado de seu pai, coisa rara entre os judeus - essa regalia costumava ser comprada por boa quantia, indicando que o pai de Paulo era homem de posses. 

Por conta disso, Paulo tornou-se protegido pelas leis romanos, somente podendo ser julgado e condenado pelo próprio imperador, em Roma (diferentemente, por exemplo, de Jesus, que foi condenado pelo governador da Judeia, Pôncio Pilatos). E o apóstolo usou dessa regalia diversas vezes para se proteger das perseguições que sofreu ao longo do seu ministério.

Paulo ganhou a vida como fabricante de tendas, profissão essa que garantia nível de sustento razoável. Esse ofício tinha a vantagem de poder ser desenvolvido em qualquer lugar, sendo muito adequado para pessoas, como Paulo, que viajavam muito - as ferramentas necessárias para fabricar tendas eram leves e fáceis de carregar e as tendas eram usadas em todos os lugares.

O apóstolo não conheceu Jesus pessoalmente, embora tivesse sido seu contemporâneo. Quando os seguidores de Jesus começaram a pregar que Ele era o Messias, ressuscitado dentre os mortos, Paulo, assim como muitos outros judeus daquela época, enfureceu-se, considerando tal crença uma heresia. Por isso Paulo perseguiu os cristãos, cometendo muitas ações violentas contra eles, algumas das quais terminaram em morte, como no caso do diácono Estevão. 

Em dado momento, o apóstolo foi enviado pelos principais sacerdotes judeus até Damasco, na Síria, para liderar a perseguição aos cristãos naquela cidade. No caminho de Jerusalém para Damasco, Paulo teve uma visão de Jesus e se converteu ao cristianismo. A partir daí, passou a ser outra pessoa.

Paulo fez três grandes viagens missionárias, cada uma delas com duração de alguns anos, cobrindo durante seu ministério toda a Ásia Menor e a Grécia. Durante essas missões, ele fundou igrejas, dentre outros locais, em Corinto, Éfeso, Filipos, Colossos e Tessalônica. E depois pastoreou essas comunidades, ajudando as pessoas a se manterem no caminho certo da fé cristã, mesmo em meio a perseguições e conflitos doutrinários.

Já no final da sua vida, Paulo foi preso em Jerusalém, a pedido dos líderes religiosos judeus, sob acusação de heresia. Como era cidadão romano, foi enviado para Roma, para ser julgado pelo imperador. Ficou lá, sob prisão domiciliar, por dois anos, sempre pregando o Evangelho. Acabou solto e tentou ir até a Espanha, mas não temos certeza se conseguiu realizar esse intento. 

Foi preso novamente, durante uma onda de perseguição aos cristãos, promovida pelo imperador romano Nero. Foi decapitado, provavelmente no ano 66 da nossa era.

Seu legado
A contribuição teológica de Paulo foi imensa. Devemos a ele a explicação de conceitos como a salvação pela Graça, mediante a fé em Jesus Cristo. Não há como entender realmente o cristianismo sem passar pelas suas cartas aos Romanos, aos Coríntios (duas), aos Efésios e aos Gálatas. É razoável dizer que foi Paulo quem organizou e codificou a doutrina cristã.

Agora, seus textos não são de fácil entendimento. Isto tanto se deve aos conceitos complexos com os quais lidou, como, principalmente, pelo seu próprio estilo de escrita, que é meio tortuoso, cheio de frases longas e expressões sofisticadas. É preciso paciência e dedicação para entender o que Paulo ensinou, mas esse esforço é plenamente recompensado, pois suas cartas contêm verdadeiros tesouros de sabedoria.

As cartas de Paulo começaram a ser escritas por volta do final da década de 40 da era cristã e são os textos mais antigos do Novo Testamento - em comparação, o primeiro dos evangelhos (Marcos) foi tornado concluído cerca de 15 anos depois das primeiras cartas de Paulo.

Ele foi muito criticado por ter assumido o título de apóstolo, porque tal título estava reservado para homens que tivessem sido discípulos diretos de Jesus, coisa que Paulo não foi. Mas, ele se justificou, dizendo que recebeu ensinamentos diretos de Jesus, nas visões que teve. Portanto, entendia ter a mesma autoridade espiritual que os demais apóstolos. 

A esmagadora maioria do povo cristão aceitou essa alegação, tendo em vista as credenciais de um ministério tão abençoado por Deus, como o de Paulo, ao longo de cerca de 30 anos de atuação. Ainda assim, algumas pessoas insistiram em questioná-lo, o que magoou muito o apóstolo - podemos perceber isso claramente nas suas cartas. 

Os textos de Paulo foram quase que imediatamente reconhecidas como inspirados por Deus, ou seja parte das Escrituras. Outros apóstolos, como Pedro, deram deram de imediato esse "selo de qualidade" para o que Paulo escreveu, falando que as cartas dele deviam ser tomadas como inspiradas por Deus.

Paulo foi chamado de "apóstolo para os gentios", pois levou o Evangelho para os não judeus da Ásia Menor, da Grécia e de Roma. Esse título também faz justiça ao fato que Paulo foi grande defensor da tese que as pessoas podiam se tornar cristãs sem precisar seguir as exigências da lei Mosaica (como a circuncisão, a abstinência de certos alimentos ou a observância estrita do sábado). 

Essa tese mais liberal de Paulo acabou sendo aceita pela liderança cristã, no Primeiro Concílio da Igreja, em Jerusalém, liderado por ele mesmo, Pedro e Tiago, irmão de Jesus. E isso foi fundamental para que o cristianismo se espalhasse rapidamente - afinal, algumas exigências abandonadas, como a circuncisão, não eram nada populares.

Paulo foi homem de enorme espiritualidade e sua dedicação à causa cristã somente encontra paralelo em poucas pessoas na história. E sofreu muito por causa disso, tendo passado por prisão, açoites, fome, naufrágios e outros perigos. Mas ele nunca desanimou. 

Portanto, Paulo não só desenvolveu a teologia cristã, como viveu verdadeiramente aquilo que pregou. Um gigante da fé, sem dúvida. Nós, povo cristão, devemos muito a ele.

Com carinho