segunda-feira, 30 de março de 2020

O DESPERDÍCIO DOS TALENTOS


Hoje vou falar dos talentos que Deus nos dá. E como muita gente desperdiça essas dádivas de Deus. E começo trazendo uma parábola de Jesus, relatada em Mateus capítulo 25, versículos 14 a 30:
Um homem, partindo para fora da terra, chamou os seus servos e entregou-lhes os seus bens. E a um deu cinco talentos e a outro dois e a outro um, a cada um segundo sua capacidade. E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles e ganhou outros cinco talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois, ganhou também outros dois. Mas o que recebera um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. E muito tempo depois veio o senhor daqueles servos e fez contas com eles. Então aproximou-se o que recebera cinco talentos e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: "Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei com eles". E o seu senhor lhe disse: "Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor". E, chegando também o que tinha recebido dois talentos ...Disse-lhe o seu senhor: "Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei... Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: "Senhor, eu conhecia-te, sei que és homem duro... E, atemorizado, escondi na terra o teu talento. Aqui tens o que é teu". Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: "Mau e negligente servo... Devias ter dado meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com juros. Tirai-lhe pois o talento e dai-o ao que tem os dez talentos... 
Um talento, na época de Jesus, era uma grande quantidade de dinheiro. Correspondia a seis mil denários, ou seja, era o salário de um trabalhador por cerca de vinte anos. Portanto, o servo que recebeu 5 talentos do seu senhor, teve uma grande quantia para administrar - algo como R$ 1.250.000, se usarmos o salário mínimo brasileiro como referência. O segundo servo recebeu cerca de R$ 500.000 e o último R$ 250.000. 

O servo que recebeu a maior quantia foi ousado e aplicou todo o dinheiro. Correu algum risco, é verdade, mas conseguiu dobrar o capital sob sua administração. O segundo servo fez o mesmo. O servo que recebeu menos ficou com medo e resolveu enterrar o dinheiro recebido - na cultura daquela época, ao fazer isso, ele deixava de ter responsabilidade pelo destino do dinheiro sob sua guarda. O senhor gostou da atitude dos servos que arriscaram e conseguiram multiplicar os talentos recebidos. E se aborreceu com o terceiro servo, que nada fez. Tanto assim, quem mandou tirar o dinheiro dele e dar para aquele que administrou a maior quantia.

O significado dessa parábola é simples: Deus é o senhor e os talentos são os dons que Ele dá a cada um de nós, seus servos, para usar na obra dele. E o lucro dos investimentos feitos pelos servos representa os frutos que colhemos na obra de Deus, quando usarmos nossos dons. 

O servo que enterrou sua quantia, com medo de perder tudo, é aquela pessoa que recebe um dom de Deus e nada faz com ele, com medo de se comprometer, ou porque vai dar muito trabalho usá-lo na prática, ou ainda por achar que não vai dar conta da obra. Enfim, por qualquer uma dessas desculpas que as pessoas criam para se justificar ao não fazer a obra de Deus.

Como nada fez com o dom recebido, esse servo não teve nenhum resultado para mostrar para Deus, quando foi cobrado. E, por causa disso, perdeu o dom (o talento) que tinha e esse mesmo dom foi agregado ao conjunto de dons que outra pessoa já vinha colocando em bom uso na obra de Deus (o servo que administrou a maior quantia).

O servo que "enterrou" seu talento não tinha fé. E conforme Tiago ensinou (capítulo 2, versículo 17), a fé sem obras é morta. Não serve para nada. Só serve para a pessoa se iludir, achando que vai indo pelo bom caminho. 

Todos nós temos alguma coisa desse servo inútil, pois, vez por outra desperdiçamos os dons recebidos de Deus. E é fácil mostrar isso. Por exemplo, você já esteve envolvido numa situação em que podia ter falado de Jesus e ficou calado? Podia ter defendido a fé cristã de um ataque injusto e ficou quieto? Eu já fiz isso e acredito que você também. 

A gente fica calado nessas situações porque tem receio de se comprometer e passar uma imagem ruim. Ficamos incomodados com o que está sendo dito, mas ficamos quietos e meio paralisados. 

Você já passou por alguém que precisava da sua ajuda, fez que não tinha nada a ver com isso e seguiu em frente? Acredito que sim. Eu também já fiz isso, para minha vergonha. A gente acha que está muito ocupado e/ou não quer ter o trabalho e o incômodo associados à tarefa de prestar ajuda naquele momento.

Você já deixou de estudar a Palavra de Deus, tendo preferido ver televisão ou participar de outro tipo de lazer? Acredito que sim. E eu também já fiz isso. E depois a gente ainda alega que não tem tempo para estudar a Bíblia porque somos muito ocupados...

Aí estão alguns exemplos simples de situações onde a gente "enterra" os talentos recebidos. Felizmente, Deus é muito paciente e espera durante muito tempo até que a gente acorde e mude, passando a usar os dons recebidos - eu mesmo, levei cerca de 25 anos para fazer isso. 

Concluindo, essa parábola é um alerta para nós. Trata-se de um aviso para colocarmos em uso os talentos que Deus nos deu. Para darmos frutos na sua obra. E, se não fizermos isso, Deus pode retirar os dons deixados sem uso e passá-los para outras pessoas. 

Com carinho

sábado, 28 de março de 2020

VOCÊ ESTÁ DECEPCIONADO COM DEUS?


Será que você anda decepcionado com Deus? Se sua resposta é sim, saiba que há muita gente como você.
Tempos atrás li um estudo sobre o comportamento dos cristãos que apontou como principal razão para as pessoas abandonarem a fé é ficar decepcionado com Deus. Isso responde por cerca de 60% dos casos de afastamento da fé.
É comum ficar decepcionado com Deus quando a pessoa pensa que Deus falhou: não a protegeu ou não a abençoou como ela esperava. E, sentindo-se decepcionada, essa pessoa rompe com Deus, cortando seus laços com Ele. Conheço vários casos como esse.

Esse forma de pensar  parte de uma premissa que as pessoas nem percebem estar adotando, quando fazem seu julgamento sobre o comportamento de Deus. Essa premissa é: só devem ser mantidos os relacionamentos que valem à pena.

A origem dessa premissa é a "teoria das trocas sociais". Segundo tal teoria, as pessoas só devem manter relacionamentos cujos "benefícios" são maiores do que os "custos". O "benefício" de uma relação vem das vantagens que ela gera para os participantes, coisas como realização sexual, carinho, apoio nos momentos difíceis e assim por diante. Já o "custo" é representado pelo tempo e esforço emocional necessários para manter a relação funcionando. 
Quando o "custo" fica maior que o "benefício", a teoria das trocas sociais estabelece que a relação deve ser abandonada, ou no mínima, reformulada. Relações consideradas saudáveis são aquelas cujos "benefícios" são sempre maiores do que os "custos".
Vou dar um exemplo prático de como isso funciona na prática. Imagine que um rapaz e uma moça se apaixonam para valer. Ora, viver uma grande paixão costuma gerar um "benefício" tão grande que praticamente compensa quase qualquer "custo". Por isso costumamos dizer que as pessoas ficam "cegas" pela paixão.

Com o passar do tempo, a paixão do casal diminui, portanto, o "benefício" da relação vai sendo reduzido. Aí o "custo" - por exemplo, suportar os defeitos da pessoa amada - começa a pesar mais e mais. E quando esses defeitos da pessoa amada se tornam muito pesados para carregar, a separação do casal passa a se tornar uma perspectiva concreta. Nessa altura dos acontecimentos, o "custo" da relação tornou-se maior que o "benefício".

Por outro lado, ao longo do tempo, novos "benefícios", além da paixão, podem se juntar ao pacote que acompanha a relação desse casal - por exemplo, o apoio mútuo para enfrentar problemas sérios na vida, a existência de filhos, interesses comuns, dentre outros. E os novos "benefícios" ajudam a suportar o "custo" da relação, quando a paixão diminui. É por isso que os casais, frequentemente, conseguem aturar defeitos sérios dos parceiros de vida. 
Voltando ao caso de quem fica decepcionado com Deus, essa pessoa pode até chegar à decisão de se afastar dele por usar a "teoria das trocas sociais", mesmo sem perceber que fez isso. Ela compara o "custo" do relacionamento com Deus com o "benefício" gerado desse mesmo relacionamento, e conclui que não compensa mais ter Deus em sua vida.
O "custo" para uma pessoa se manter próxima a Deus inclui, dentre outros aspectos, deixar de lado hábitos de vida que podem gerar prazer, mas são errados (como os vícios), dedicar tempo a frequentar cultos religiosos e acompanhar estudos bíblicos, deixando de lado o próprio lazer; e assumir compromisso de sustentar a obra de Deus, desviando para ela dinheiro que pode ser usado em outro lugar; dentre outros. Já o "benefício" da relação com Deus vem da proteção e das bênçãos que as pessoas imaginam que Ele pode proporcionar. 

Ficar decepcionado com Deus vem do fato de não se sentir atendido por Ele, ou seja, de não receber dele o "benefício" esperado. Aí a relação com Deus se desequilibra, o "custo" dela pesa mais e a pessoa decepcionada decide se "divorciar" de Deus. O depoimento de um rapaz católico, extraído do estudo que citei acima, deixa isso bem claro: 
Eu orei e orei e as coisas nunca melhoraram... na verdade, ficaram piores. E eu pensei, tudo bem, se Deus pode virar as costas para mim, também posso fazer o mesmo".    
O erro nessa forma de pensar
Nunca podemos esquecer que nem sempre são as trocas sociais que regem as relações humanas. Por exemplo, na relação de uma mãe com seus filhos, "custos" e "benefícios" não costumam entrar muito na avaliação feita pela mãe. O amor de mãe costuma ser quase sempre incondicional, ou seja, na maioria das vezes, não depende do que os filhos fazem. E é por isso que vemos tantas mães semanalmente vistando na cadeia os filhos presos.
E as trocas sociais também não deveriam balizar a relação do ser humano com Deus. Elas não deveriam tornar ninguém decepcionado com Ele. A lógica da relação com Deus deveria ser outra, afinal o ser humano depende dele para sua própria existência - é Deus quem sustenta o universo. Aliás, nem há como cortar  de fato a relação com Deus, mesmo estando decepcionado com Ele. A pessoa até pode pensar que conseguiu romper seus laços com Ele, mas isso é pura ilusão.

Portanto, é preciso adotar outro modelo para avaliar a relação do ser humano com Deus. E uma alternativa possível, dentre diversas outras, é o modelo "senhor" e "servo".  Nesse caso a relação é baseada no poder do senhor (Deus) e na dependência e obediência do servo (o ser humano).

Eu sei que as pessoas não gostam muito desse tipo de abordagem, preferindo ver Deus, por exemplo, como um Pai amoroso, mas nunca como senhor. Mas a Bíblia é muito clara quanto à soberania de Deus sobre nós e em muitos textos somos chamados de servos  - por exemplo João capítulo 12, versículo 26 ou Apocalipse capítulo 22, versículos 3 e 4.

Servos não se decepcionam com seu senhor e nem cortam sua relação com ele. Isso não existe nesse tipo de relação. Portanto, quando as pessoas tentam romper seus laços com Deus é porque não perceberam bem qual é o seu lugar na ordem natural das coisas. 

Em outras palavras, é uma grande pretensão das pessoas acharem que podem questionar Deus e, quando não gostarem da resposta divina para seus problemas pessoais, se afastar dele. Somente o amor que Deus tem com o ser humano explica sua paciência com esse tipo de comportamento.
A Bíblia explica isso em vários textos e um dos melhores exemplos está num diálogo de Deus com Jó. Esse homem passava por grande sofrimento, por razões que não entendia. E questionou Deus, cobrando uma explicação para sua situação e a resposta que recebeu foi esclarecedora:
Onde você [Jó] estava quando lancei os alicerces da terra? Responda-me, se é que você sabe tanto. Quem marcou os limites das suas dimensões? Talvez você saiba! Ou estendeu sobre ela a linha de medir? E os seus fundamentos, sobre o que foram postos? E quem colocou sua pedra de esquina... Jó capitulo 38, versículos 4 a 6
Deus perguntou qual foi o papel de Jó na criação do mundo. E usou de ironia para passar a seguinte mensagem: "quem é você Jó, para me questionar".
Concluindo, a relação de Deus com o ser humano não pode se basear na comparação entre "custo" e "benefício", no que chamamos trocas sociais. Esse tipo de comparação até pode fazer sentido em outros tipos de relação, como nos casamentos ou no caso de amizades, mas não é aplicável na relação com Deus. Nossa relação com Ele é de dependência e de inferioridade absoluta, nunca de igualdade. E quanto antes as pessoas entenderem isso, melhor será para elas mesmas.

Com carinho

quinta-feira, 26 de março de 2020

EMBAIXADORES DE CRISTO

Precisamos, mais do que nunca, sermos embaixadores de Cristo. Num mundo em crise, onde há ameaça à saúde da população e a recessão bate às portas, as pessoas ficam inseguras e perdidas. E mais do que nunca elas precisam do conforto que só Jesus pode dar.

E é aí que precisam entrar os embaixadores de Cristo. Isto é, nós, cristãos, transmitindo palavras de conforto, dando orientação e apoio moral e, também, ajuda material. Precisamos nos tornar disponíveis para quem precisa de ajuda. Agora, mais do que nunca. 

Precisamos ter em mente que Deus age neste mundo através de pessoas como nós. Pessoas que se disponham a fazer a obra dele, dedicando tempo e recursos materiais para sair em ajuda daqueles que precisam. Ajudando a encontrar e colocar no bom caminho as "ovelhas perdidas", como Jesus se referiu a quem se encontra perdido e carente de ajuda e apoio.  

A igreja de Cristo não pode se encolher em momentos como esse. Ela precisa ser o "sal da terra" e a "luz do mundo". Esse é o nosso chamado e essa é a nossa responsabilidade. 

É sobre isto que eu falo no meu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

terça-feira, 24 de março de 2020

A ORAÇÃO DA SERENIDADE


Que Deus me dê serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar as que posso e sabedoria para distinguir entre elas. Reinhold Niebuhr

O texto acima é conhecido como “oração da serenidade”. Ele não está na Bíblia, mas bem que poderia estar, pois é um ensinamento de grande sabedoria. A oração da serenidade se deve a um teólogo norte-americano, chamado Reinhold Niebuhr. 

O texto tem três partes que se interligam e, quando tomadas em conjunto, passam a ter um sentido maior bem mais profundo. Vamos ver o significado de cada parte desse texto:

Aceitar o inevitável
A vida humana tem muitas coisas inevitáveis. A mais evidente dentre delas é a morte – todas a s pessoas vão morrer cedo ou tarde. Apesar disso, praticamente todo mundo vive como se a vida fosse durar para sempre e isso é especialmente verdade entre os mais jovens.

Há outras coisas inevitáveis na vida. Por exemplo, o processo de envelhecimento – só não fica velho quem morre cedo. Mesmo sabendo disso, muitas pessoas lutam desesperadamente contra o envelhecimento, enfrentando uma guerra perdida perdida na origem. Não estou dizendo aqui que a pessoa deve deixar-se “desmoronar”, não tomando nenhum cuidado para envelhecer fisicamente de forma digna. Mas, a luta contra o envelhecimento nunca pode se tornar uma obsessão.

A oração que estamos analisando ensina as pessoas a pedir a Deus serenidade para aceitar aquilo que não podem mudar (coisas que não dependem dos seus esforços individuais). E nesse pensamento se encaixam, além da morte e do envelhecimento, outras coisas, como o sofrimento.

O problema é que as pessoas costumam se revoltar quando o inevitável bate à sua porta. Sentem-se desamparadas ou até mesmo injustiçadas por Deus. Não percebem estar lidando com situações inerentes ao próprio ato de viver. E ter serenidade para entender e aceitar essa realidade tão difícil, mas nem por isso menos verdadeira, é muito importante para a pessoa não se perder na vida espiritual.

Coragem para mudar
Há na vida também um monte de coisas que parecem não poder ser mudadas, mesmo não sendo inevitáveis. 

Há coisas tão entranhadas na sociedade que acabam sendo muito difíceis de mudar. Dois bons exemplos são a injustiça social e a corrupção no nosso país. A questão aí não é que esses problemas sejam inevitáveis, como acontece com a morte, mas acabam sendo encaradas na prática como se assim fossem porque há muita resistência para mudar as coisas.

Ora, os cristão foram a esmagadora maioria da sociedade brasileira e se cada um deles vivesse plenamente o Evangelho de Jesus, as coisas seriam muito diferentes no nosso país. Basta lembrar do mandamento que Jesus nos deu de amar o próximo como a nós mesmos. Se os cristãos vivessem plenamente a sua fé nossa sociedade seria mais justa, mais ética e assim por diante. 

É possível sim mudar as coisas erradas da nossa sociedade desde que haja coerência entre o que as pessoas dizem acreditar e o que praticam, bem como coragem para enfrentar as dificuldades fruto das mudanças. 

É mais fácil aceitar isso quando cito exemplos que envolvem coisas como injustiça social e corrupção. Mas há muito mais coisas a mudar além disso, como os hábitos que parecem bons mas na verdade escravizam as pessoas e elas nem percebem o que está acontecendo. São coisas como a dependência excessiva da televisão e do celular, o consumo exagerado de supérfluos, a ânsia exagerada por status social. 

As pessoas dependem dessas coisas muito mais do que percebem. E por causa disso essas coisas se tonam “inevitáveis”, pois parece não ser possível mais viver sem elas.

Coragem para mudar o que parece ser inevitável, mas não é, tem tudo a ver com o processo de santificação, ou seja, viver cada vez mais uma vida de acordo com aquilo que Deus espera. Isso requer coragem para reconhecer as próprias dependências, limitações e erros, inclusive para privar-se daquilo que gera prazer, mas não é bom. E também para aceitar as críticas inevitáveis quando as próprias atitudes começarem a ficar diferentes do que é considerado padrão na sociedade. 

Essa coragem só pode vir de Deus, através da ação do Espírito Santo na vida pessoa. E a oração reconhece essa verdade absoluta: sem Deus não há como atingir esse objetivo.

A sabedoria para saber distinguir a diferença 
As pessoas que passam a vida lutando contra o envelhecimento lutam uma guerra perdida. E fazem isso por não ter sabedoria para aceitar isso que o envelhecimento é inevitável. Mas o mesmo não pode ser dito de quando a pessoa se entrega ao pecado porque entende não haver outra forma para viver sua vida. São duas situações completamente diferentes.

A sabedoria para poder diferenciar corretamente uma coisa da outra é algo fundamental. E isso só pode vir de Deus, através da ação do Espírito Santo.

Sem tal tipo de entendimento, a pessoa irá seguir pela vida tropeçando - lutando as guerras que não poderia e, ainda pior, deixando de lutar aquelas que deveria. Em resumo, fazendo as coisas erradas, mesmo quando tiver as melhores intenções, coisa que, infelizmente, acontece com muita gente.

Com carinho

domingo, 22 de março de 2020

O PEDIDO MAIS DIFÍCIL QUE DEUS JÁ FEZ


Qual foi o pedido mais difícil que Deus já fez a um ser humano? Acredito que tenha sido o pedido feito a Abraão:
Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, ...e oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes que eu te mostrarei. Gênesis capítulo 22, versículo 2
Deus ordenou a Abraão que sacrificasse seu filho, Isaque e essa ordem foi dada sem qualquer explicação prévia ou justificativa. Foi um pedido muito, mas muito, difícil. E o mais impressionante é que Abraão obedeceu sem hesitar. 

Três dias depois de receber essa ordem, ele levou Isaque para o local estabelecido para esse sacrifício - trata-se do mesmo local onde, mais de mil anos depois, Salomão veio a construir o Templo de Jerusalém. 

Ao chegarem lá, Isaque foi amarrado ao altar construído para o sacrifício. Abraão pegou a faca para sacrificar o filho e exatamente nesse instante ouviu Deus dizer-lhe para libertar Isaque e usar no sacrifício um carneiro que milagrosamente apareceu ali.

O relato bíblico termina com Deus confirmando sua Aliança perpétua com Abraão e prometendo-lhe derramar bençãos sem limite sobre ele e sua descendência.

Agora, mesmo com o final feliz, essa história gera muitas perguntas que não são fáceis de responder. Por que Deus precisou expor pai e filho a um teste tão difícil? Deus tinha direito de exigir a morte do filho a Abraão? É justo que a obediência a Deus gere sofrimento para o ser humano?

Por que Deus deu aquela ordem?
Deus realmente não precisava fazer qualquer tipo de teste para saber como Abraão iria reagir, pois Ele sabe todas as coisas. Mas, Abraão não sabia como iria reagir quando sua fé fosse testada naquele nível. Em outras palavras, o teste foi para Abraão saber algo que não sabia até então. E assim acontece com cada pessoa que passa por um teste de fé: somente nessa circunstância é que ela saberá sua reação verdadeira. 

Quando foi testado, Abraão demonstrou que sua fé era verdadeira: confiou em Deus até o final. E por causa dessa e de outras atitudes semelhantes, Abraão ficou conhecido como o "Pai da Fé", passando a servir de fonte inspiração para todos que creem em Deus.

O teste, mesmo extremamente difícil e doloroso, serviu para avaliar e fortificar a fé de Abraão. Tornou-se também um testemunho vivo do que a fé pode fazer e esse exemplo tem sido útil para muitas gerações de pessoas enfrentarem as próprias dificuldades na vida.

Há ainda outra razão para o pedido de Deus e essa é um pouco mais sutil: tratou-se de uma referencia profética ao sacrifício de Jesus, que viria a ocorrer cerca de 2.000 anos depois. 

Em outras palavras, Deus não pediu a Abraão nada diferente do que Ele mesmo foi capaz de fazer. Com a diferença que Abraão não precisou sacrificar de fato o próprio filho, enquanto Jesus não teve a mesma sorte e morreu numa cruz, em meio a grande sofrimento. 

As consequências do teste
O "sacrifício de Isaque" gerou diversas consequências importantes. A maior delas foi reafirmar a Aliança entre Deus e Abraão, que foi herdada por todo o povo judeu. 

Isso ficou bem evidente durante a última ceia de Jesus com seus discípulos. Essa ceia foi tomada na noite em que Ele foi traído e, em dado momento, Jesus tomou pão e vinho como representações de seu corpo e sangue. E disse também que ali se formava a Nova Aliança (Lucas 22:14-20). 

Ora, se estava sendo forjada ali uma Nova Aliança, é porque existia uma Aliança anterior, justamente aquela estabelecida por Deus com Abraão, que era exclusiva para o povo judeu. Para nós, cristãos, a Nova Aliança, via o sangue de Jesus, é a que interessa. Mas, a Aliança de Deus com Abraão tem igual importância para o povo judeu. 

A segunda consequência do sacrifício de Isaque foi que Abraão e Sara nunca mais se falaram. Abraão mudou-se para outro local (Berseba), enquanto Sara continuou em Hebron. Ele se casou de novo e teve outros filhos com a nova esposa. E é fácil entender a razão desse rompimento: Sara não perdoou Abraão por tê-la deixado de fora dos acontecimentos. Afinal, o filho também era dela. 

Outra consequência dos acontecimentos impactou o próprio Isaque: ele nunca foi próximo de Deus como seu pai tinha sido ou seu filho (Jacó) viria a ser. Tanto foi assim, que a Bíblia chega a se referir a Deus como "o terror de Isaque" (Gênesis capítulo 31, versículo 42).

Coisas boas como ruins (aos olhos humanos) podem decorrer do ato de obedecer a Deus. A separação de Abraão e Sara, assim como o distanciamento de Isaque em relação a Deus testemunham que fazer a vontade de Deus traz sim custos para quem obedece a esse chamado. 

Obedecer a Deus não sai de graça, como muita gente pensa. E o apóstolo Paulo alertou sobre isso, quando descreveu as dificuldades pelas quais ele mesmo passou ao longo do seu ministério (2 Coríntios capítulo 11, versículos 11 a 27). 

Eu sou testemunha disso: meu avô foi pastor metodista no início do século passado, quando os evangélicos eram minoria no Brasil. As igrejas evangélicas naquela época eram pobres e a vida da família de um pastor costumava ser muito difícil (meu avô teve seis filhos). A família de meu avô sempre dependeu da ajuda de irmãos na fé, em melhor situação financeira, para conseguir viver com dignidade. 

Concluindo, discutir histórias como a do sacrifício de Isaque é muito importante para o crescimento da fé. Cada vez que levantamos perguntas sobre o que aconteceu e buscamos novas interpretações, aprofundamos os ensinamentos recebidos. E, como disse um autor cristão, somos transformados de leitores em autores. 

Com carinho

sexta-feira, 20 de março de 2020

COMO ESTÁ SUA VIDA ESPIRITUAL?


Como anda sua vida espiritual? Será que ela está boa ou ruim? A resposta para essas perguntas é: depende de como se olha essa realidade. Eu me explico.
 
Tempos atrás precisei renovar meu passaporte. Na data marcada para o atendimento, o sistema da Polícia Federal estava fora do ar e me pediram para voltar outro dia, o que foi muito desagradável. Quando voltei, fui atendido muito bem: a atendente foi gentil e pontual e o sistema para identificação das pessoas pareceu moderno e eficiente.                                                                                           
O atendimento que recebi foi bom ou ruim? Se eu responder com base no primeiro momento, direi que o atendimento foi muito ruim (o sistema estava fora do ar e tive que voltar outro dia). Já se eu me concentrar no segundo momento, vou concluir que foi muito bom. E, se fizer uma média dos dois momentos, vou afirmar que foi "mais ou menos". Em outras palavras, a resposta vai depender dos critérios de comparação que eu vier a usar. 
 
Esse mesmo tipo de dilema aparece em muitas outras situações do dia-a-dia. Por exemplo, a situação social brasileira é boa ou ruim? A resposta vai depender da referencia usada para fazer essa avaliação. Se o Brasil de hoje for comparado com o de 50 anos atrás, sem dúvida houve muito progresso: há menos analfabetismo, menos pobreza, a renda per capita é razoável, etc. Mas, se compararmos a realidade do Brasil com a dos países mais desenvolvidos do mundo, nossa situação será considerada ruim: serviços público precários, violência urbana elevada, corrupção disseminada e assim por diante.
 
Em outras palavras, nosso país evoluiu muito, mas ainda está longe daquilo que seria desejável. Isso é bom ou ruim? Depende de como se olha a realidade brasileira.
E como fica sua vida espiritual?
O mesmo tipo de dilema está presente quando se analisa a vida espiritual das pessoas.
Imagine que alguém costuma ir à igreja regularmente (sempre aos domingos), dá o dízimo e ofertas, mas não se envolve muito na obra de Deus.  Trata-se de uma boa pessoa - não rouba, não mata, não adultera, trata todo mundo bem e assim por diante. Concorda com os ensinamentos cristãos, mas sua vida não foi muito impactada por eles.

A vida espiritual dessa pessoa é boa ou ruim? Acho razoável dizer que ela é boa quando comparada a boa parte da população. Com base nesse ponto de vista, a vida espiritual da pessoa vai bem.

Agora, se a mesma pessoa for comparada com o apóstolo Paulo, ou Francisco de Assis ou Madre Tereza de Calcutá, gente que viveu plenamente o cristianismo, certamente o resultado da avaliação seria bem diferente. A vida espiritual da mesma pessoa seria classificada como deficiente.

Acho que muitos cristãos se enquadram nesse exemplo - são boas pessoas, por um lado, mas ficam muito abaixo do seu potencial espiritual, ou seja, daquilo que poderiam de fato viver e fazer na obra de Deus. Ficam no meio do caminho. São pessoas espiritualmente "mornas", isto é nem "frias" e nem "quentes". E veja o que a Bíblia fala sobre esse tipo de situação:
Conheço as tuas obras, que nem és frio e nem quente...Assim, porque és morno, e não és nem frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Apocalipse capítulo 3, versículos 15 e 16 
Esse é um julgamento muito duro. Mas, a realidade é que Deus não gosta de pessoas "mornas". Não lhe interessa muito quem fica com um "pé em cada barco", tentando ter o melhor dos dois mundos, sem se comprometer de fato com nenhum deles.
Deus sabe que não somos perfeitos - mesmo os grandes homens e mulheres da fé cometeram pecados e alguns deles foram muito sérios. Mas, Deus espera de progresso, que caminhemos na direção certa.
 
Uma artista linda e famosa costuma tirar muitas fotos. E ela vai aparecer bonita na esmagadora maioria das fotos, embora haja casos onde sua expressão estará fechada, a testa franzida, o corpo torcida ou outra coisa assim. Isso é inevitável. Mas, no conjunto da obra, na esmagadora maioria dos casos, essa artista mostrará como é bela.
 
O pecado é como a foto feia do exemplo anterior - ele é inevitável. Cedo ou tarde, todos pecam, mesmo as pessoas mais desenvolvidas espiritualmente. E quando o pecado vier, é preciso mostrar o arrependimento e fazer um esforço sincero para mudar. 
 
Agora, Deus também olha para o conjunto da nossa obra, isto é, como a pessoa vive sua vida espiritual no dia-a-dia e se vem fazendo progresso. Se vem corrigindo seus erros e caminha na direção do alvo que Deus estabeleceu.
A pessoa "morna" não muda. Pouco melhora ao longo de muitos anos - pode ficar trinta anos sentada num banco de igreja e continuando a fazer os mesmos erros. Repetindo os mesmos pecados. 
Quem é "quente" espiritualmente também vai pecar, mas lutará contra seus erros e vai tentar melhorar. Vai usar os ensinamentos da Bíblia para passar a se comportar melhor. Enfim, vai progredir.
 
Não me canso de repetir que o cristianismo é uma caminhada na direção de Deus - há momentos em que a pessoa cai, depois se levanta, e continua a andar. Pode ser até que ande para trás, perdendo terreno, para recuperar depois e voltar a avançar na direção certa.
 
Portanto, não fique parado/a na sua caminhada espiritual. Não se conforme em repetir os mesmos erros, sejam eles pequenos ou grandes. Reconheça seus pecados, peça perdão a Deus e lute para não repeti-los. 
 
E ouse ainda mais. Experimente fazer o novo na sua vida espiritual: participe de uma obra na igreja da qual nunca fez parte, faça jejum (se não tem esse hábito), ore de forma diferente, junte-se a um grupo de estudo bíblico (se já não participa de um), comece a louvar (se não tem esse hábito). Enfim, mude alguma coisa na sua vida espiritual.
 
Veja mais sobre esse tema aqui.
 
Com carinho
 

quarta-feira, 18 de março de 2020

A CULPA SE FOI

O pecado gera culpa. E essa, por sua vez, gera condenação por parte de Deus. Essas três coisas se conectam e geram um círculo vicioso no qual, muitas vezes, os seres humanos ficam preso e nunca conseguem sair.
Só há uma forma de quebrar esse círculo vicioso: o perdão de Deus. Reconhecer o que foi feito de errado, mostrar arrependimento e pedir a Deus que tenha misericórdia. E Deus é muito misericordioso.

Quando Deus perdoa, o círculo vicioso se quebra. E a Bíblia conta que Deus nem mais se lembra do pecado da pessoa, depois que ela é perdoada. E isso é uma coisa extraordinária. É algo que só Deus pode fazer. 

Quando perdoamos, dificilmente esquecemos daquilo que foi feito contra nós. Podemos até não mais cobrar o mal feito daqueles que nos prejudicaram de alguma forma. Podemos encontrar paz com essas pessoas. Mas, provavelmente lembraremos para sempre daquilo que aconteceu. Deus não é assim. Ele simplesmente apaga o que ficou foi por Ele perdoado. Não se lembra mais do pecado cometido e nem leva isso em conta no relacionamento com as pessoas.

E é sobre a culpa e seu perdão por Deus que falo neste vídeo - veja aqui

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

segunda-feira, 16 de março de 2020

OS MOTORES DA VIDA CRISTÃ


O tema hoje fala dos motores da vida cristão. E vou começar lembrando que o cristianismo é definido e movido pela graça de Deus. E a graça de Deus se faz presente porque o amor dele por nós é incondicional e esse amor tem relação direta com a própria natureza divina e não com o que fazemos ou deixamos de fazer. O amor de Deus por nós não é uma retribuição ao nosso amor por Ele. O amor de Deus simplesmente existe...
Agora, infelizmente, na prática não é a percepção da graça de Deus que costuma mover as práticas religiosas diárias da maioria dos cristãos. A graça deveria ser o motor da vida cristã, mas, na prática, não é isso que costuma acontecer. 
Os "motores" reais da vida cristã costumam ser coisas como, por exemplo, o medo. As pessoas sentem culpa por terem agido de forma errada (terem pecado) e ficam com medo de serem punidas por Deus. Aí tentam encontrar uma forma de "aplacar" Deus para evitar a justa punição. E fazem qualquer coisa que lhes pareça estar contribuindo para esse objetivo: penitência, jejum, retiro, etc.

Elas se esquecem que não é assim que Deus quer se relacionar com o pecador. Ele espera do pecador arrependimento verdadeiro e um coração humilde. Quer ver no pecador uma tentativa real de mudança de vida, para não reincidir nos pecados. E para quem se arrepende de fato, Deus oferece sua graça e seu perdão incondicional.

É interessante perceber que a grande maioria dos cristãos nunca consegue superar esse medo infantil de Deus. Nunca vão além da percepção que Deus fica vigiando e controlando continuamente todo mundo, como se a humanidade vivesse num grande programa do tipo "Big Brother Brasil".
Ao invés de se sentir assim, as pessoas deveriam caminhar pela vida aliviadas e agradecidas pelo que Deus já fez por nós, através da morte de Jesus Cristo, na cruz. 
Outro dos motores das práticas religiosas cristãs costuma ser o legalismo, ou seja, a exigência de obediência cega a determinadas regras de vida impostas pela liderança religiosa. Essa a religião do "não" ("não pode fazer isso ou aquilo"). E ela também costuma fazer uso do "motor" do medo: quem não se comporta como é estabelecido, é passível de crítica e ameaçado com o castigo divino. A maior parte das perguntas e comentários que recebo neste site tem o legalismo e o medo como pontos de partida.

Esse tipo de religião acaba submetendo as pessoas a um grande esquema de controle. No topo desse esquema ficam os líderes religiosos - pastores/as e outras pessoas - e abaixo os fiéis. E era exatamente assim que a religião judaica fazia no tempo de Jesus: ficavam no topo os sacerdotes, os escribas e os fariseus, enquanto mais baixo vinha a população. 

Jesus criticou muito o legalismo pois sabia o mal que ele causava à saúde espiritual das pessoas. Quando as pessoas procuravam Jesus para lhe perguntar como deviam agir no seu dia-a-dia, Ele não ditava normas de comportamento. Jesus contava parábolas, como a do "bom samaritano" (Lucas capítulo 10 versículos 25 a 37), apresentando os princípios práticos para uma vida santa e justa. E chamava as pessoas para refletirem sobre si mesmas e mudarem seu interior. 
E a razão para isso é simples: quando a mensagem cristã muda o interior da pessoas, ela pessoa passa automaticamente a fazer a vontade de Deus e não precisa de mais regras impostas sobre sua vida. Ela não precisa se tornar prisioneira do legalismo. 
Um terceiro dentre os motores que costuma estar presente na vida religiosa das pessoas é a necessidade. As pessoas buscam Deus para conseguir aquilo de que precisam: saúde, emprego, relacionamento emocional, bens materiais, etc. E quanto mais precisam, maior costuma ser sua dedicação a Deus. 

Aproximar-se de Deus para conseguir bençãos é subverter o caminho da graça. Na verdade, Deus até nos incentiva a busca bênçãos, mas essa não pode ser a razão para estabelecer um relacionamento com Ele, ou seja, a religião não pode ter como base o interesse. 

As bençãos virão e Deus se alegra em distribui-las. Afinal, qual é o Pai que não se alegra de presentear os filhos. Mas a busca pelas bênçãos nunca pode ser o "motor" do relacionamento com Deus.  

Vale a pena citar ainda um último motor que costuma estra presente nas práticas religiosas: a busca por mérito. Muitas pessoas buscam fazer boas obras para acumular mérito junto a Deus e acabarem recompensadas por conta disso.

Esse é um caminho parecido com o anterior, só que aqui a pessoa tenta "comprar" a benção através do mérito acumulado. É como se elas abrissem uma conta de poupança no céu, cujo saldo reverterá em bençãos.

Essa é a base da chamada Teologia da Prosperidade, que pode ser resumida de forma simples: "é dando que se recebe". É essa a lógica que está por trás de muitos propósitos que as pessoas fazem - se privam de algo para "ativar" a graça de Deus. Não estou aqui dizendo que propósitos sejam errados em si mesmos e sim que fazê-los com o objetivo de receber algo não tem qualquer respaldo bíblico.
Se Deus aceitasse a troca - mérito por bençãos - estaria reconhecendo que sua graça depende do merecimento das pessoas. E se a graça tivesse um preço, já não seria mais algo que Deus dá livremente. 
As pessoas podem e devem sim fazer obras no Reino de Deus mas nunca visando receber pagamento por elas. Sua motivação precisa ser a gratidão pelo que Deus já fez, através de Jesus, e em reconhecimento do amor dele. Afinal, é um privilégio ser usado como instrumento por Deus para levar adiante sua obra. 

Medo, legalismo, necessidade e busca por mérito são os motores que costumam mover as práticas religiosas das pessoas. Basta olhar ao seu redor, na igreja que você frequenta, e vai perceber isso com clareza. Não deveria ser assim, mas essa é a realidade.

Que Deus, na sua misericórdia, perdoe quando qualquer um/a de nós tentar seguir por esses caminhos. E que Ele transforme nossos corações para aprendermos a viver apenas motivados pela sua graça, que é plenamente suficiente.

Com carinho

sábado, 14 de março de 2020

DESEJOS SOMBRIOS:INVEJA, CIÚME E COBIÇA


Hoje vou falar dos desejos sombrios: inveja, ciúme e cobiça. Esses desejos quase sempre afastam as pessoas de Deus e por isso se tornam ruins. E fazem isso porque estão essencialmente baseados na vontade de ter alguma coisa ou proteger aquilo que já se tem.

Como os desejos humanos baseados no ter são muitos e variados (dinheiro, poder, realização, relacionamentos amorosos, etc), indo muito além das necessidades humanas básicas (alimento, roupa e abrigo), é natural que muitos deles acabem sendo frustrados. E essa frustração (ou o medo dela acontecer) é a matriz dos sentimentos sombrios. Vamos ver como esses sentimentos funcionam na prática.
Inveja: o ressentimento por não ter
É o ressentimento que a pessoa pode desenvolver por não ter alguma coisa que deseja e ver que outros já possuem o objeto do seu desejo. E esse tipo de ressentimento pode assumir contornos muito sérios. Por exemplo, veja o que Asafe sentiu, quando se comparou a outras pessoas que considerava mais afortunadas, conforme consta no relato de Salmo 73:1-5:
Verdadeiramente bom é Deus para com Israel, para com os limpos de coração. Quanto a mim, os meus pés quase que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos. Pois eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios. Porque não há apertos na sua morte, mas firme está a sua força. Não se acham em trabalhos, nem são afligidos como outros homens.
O foco da inveja de Asafe era a prosperidade dos ímpios. Ele devia lutar com dificuldades para manter um padrão de vida adequado e percebeu que os ímpios – corruptos, mentirosos e outros – prosperavam, sem passar por qualquer problema aparente. E é exatamente isso que a inveja faz: quem é invejado parece estar em muito melhor condição do que de fato está, enquanto quem inveja se sente pior do que sua realidade é.
Ciúme: o ressentimento por medo de perder o que já se tem
É o ressentimento da pessoa pelo medo de perder o que já tem, ou pensa ter. Trata-se de um perigo frequentemente imaginado.
O ciúme é muito frequente nos relacionamentos amorosos, mas não se limita a eles. Há também ciúme de coisas materiais – eu, por exemplo, sou ciumento dos meus livros. Bem como está presente em muitos outros tipos de relacionamento, como entre pais e filhos, entre irmãos, entre amigos e até no ambiente profissional.
O ressentimento causado pelo ciúme é muito destrutivo. Veja o que aconteceu com José, filho de Jacó (Gênesis 37:3-4 e 26-28):
E Israel amava a José mais do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores. Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que a todos eles, odiaram-no, e não podiam falar com ele pacificamente…Então Judá disse aos seus irmãos: Que proveito haverá que matemos a nosso irmão e escondamos o seu sangue? Vinde e vendamo-lo a estes ismaelitas, e não seja nossa mão sobre ele; porque ele é nosso irmão, nossa carne. E seus irmãos obedeceram. Passando, pois, os mercadores midianitas, tiraram e alçaram a José da cova, e venderam José por vinte moedas de prata, aos ismaelitas, os quais levaram José ao Egito.
O ciúme dos irmãos de José era tão grande que os levou a cometer um crime bárbaro. E muitos crimes tão bárbaros como esse já foram praticados por causa de ciúme.
Cobiça
É desejo extremamente forte de ter alguma coisa. Esse desejo costuma dominar a pessoa e fazer com que ela fique cega para as consequências dos seus atos  - por isso a cobiça também é conhecida como ambição cega.
Esse tipo de sentimento é muito evidente em políticos, artistas e empresários – essas pessoas costumam fazer qualquer coisa para conseguir o que querem. Veja um exemplo bíblico da cobiça em ação: o caso do adultério de Davi com Bate-Seba (2 Samuel 11:2-4):
E aconteceu que numa tarde Davi se levantou do seu leito, e andava passeando no terraço da casa real, e viu uma mulher que estava se banhando; era esta mulher mui formosa à vista. mandou Davi indagar quem era; e disseram: Porventura não é esta Bate-Seba, filha de Eliã, mulher de Urias, o heteu? Então enviou Davi mensageiros, e mandou trazê-la; ela veio, e ele se deitou com ela; então voltou ela para sua casa.
Davi estuprou Bate-Seba – esse é o termo correto para essa situação. Afinal, Davi se valeu do seu poder para conseguir uma mulher que não era sua de direito, somente por tê-la cobiçado. E sabemos que as consequências desse ato foram terríveis.
A cobiça é tão perigosa que está especificamente proibida nos Dez Mandamentos (Êxodo 20:17):
Não cobiçarás a casa do teu próximo, a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.
Os problemas gerados pelos desejos sombrios
Há vários problemas, mas vou me limitar aqui a discutir três. O primeiro deles é que inveja, ciúme e cobiça costumam andar juntos com outros sentimentos destrutivos, especialmente a ira não justificada. Isso porque o ressentimento pela frustração de um desejo forte frequentemente é tomado como uma violação de um “direito” e isso gera ira (veja mais). E essa ira costuma gerar vontade de retaliar quem esteja atrapalhando – por exemplo, foi isso que aconteceu com os irmãos de José.
O segundo problema é que os desejos sombrios podem acabar por destruir aquilo que tanto se quer. Isso fica evidente no caso de empresários e políticos corruptos, hoje presos por terem apelado para práticas ilegais para conseguir dinheiro e poder. Também é comum ver relações amorosas destruídas pelo ciúme sem medida, ou amizades que acabam por causa da inveja. Repare que Asafe comentou que sua inveja quase fez com que ele perdesse sua relação com Deus – ele alegou que seus pés quase resvalaram.

O terceiro problema é que os desejos sombrios costumam crescer e virar obsessão. A relação entre o rei Saul e Davi demonstra bem isso. No início, o rei amou o jovem pastor – a lira de Davi acalmava a mente de Saul. E Saul era grato pelo ato de bravura do jovem de Davi, quando enfrentou e matou Golias. Mas, a partir de certo ponto, Saul ficou enciumado (1 Samuel 18:9):
Sucedeu, porém, que, vindo eles, quando Davi voltava de ferir os filisteus, as mulheres de todas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei Saul, cantando e dançando, com adufes, com alegria, e com instrumentos de música. E as mulheres respondiam umas às outras, dizendo: Saul feriu milhares, porém, Davi dez milhares. Então Saul se indignou muito, e aquela palavra pareceu mal aos seus olhos, e disse: Dez milhares deram a Davi, e a mim somente milhares; na verdade, que lhe falta, senão o reino? desde aquele dia Saul tinha Davi em suspeita.
E o ciúme do rei foi crescendo, à medida em que ele comparava suas habilidades com as de Davi. E isso tornou-se uma obsessão, chegando ao ponto em que Davi foi obrigado a fugir da corte, no que foi ajudado pelos próprios filhos de Saul, inconformados com a atitude do pai.
O antídoto contra os desejos sombrios
A grande resposta aos desejos sombrios é o conhecimento de Deus: criar intimidade com Ele e passar a discernir sua ação no mundo em geral e na própria vida.
Em dado momento da sua luta espiritual, Asafe entendeu essa verdade e percebeu que a punição dos ímpios não se daria da forma como ele desejava e achava justa. Cabia a ele aprender a confiar na justiça divina (Salmo 73:22-28):
Assim me embruteci, e nada sabia; fiquei como um animal perante ti. Todavia estou de contínuo contigo; tu me sustentaste pela minha mão direita. Guiar-me-ás com teu conselho e depois me receberás na glória. Quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti. Minha carne e meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu coração, e minha porção para sempre. Pois eis que os que se alongam de ti, perecerão; tu tens destruído todos aqueles que se desviam de ti. Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus minha confiança no Senhor DEUS, para anunciar todas as tuas obras.
Asafe percebeu que nada se compara a uma relação estreita com Deus. É por isso que inveja, ciúme e cobiça indicam para uma relação distorcida com nosso Pai celestial. Primeiro, porque demonstra que Deus não está em primeiro lugar na vida da pessoa. Depois, porque esses sentimentos indicam que a pessoa confia mais nos próprios recursos do que na ação de Deus.
Concluindo, desejar algo, por si só, não é ruim. A diferença entre um desejo puramente carnal - aquele que costuma levar a sentimentos sombrios - e o desejo que agrada a Deus depende essencialmente do objeto do desejo e do propósito dele. O desejo puramente carnal é voltado para ter, não leva em conta a presença de Deus e menos ainda o impacto dos próprios atos na vida das outras pessoas. Nesse caso o objetivo é simplesmente satisfazer a própria vontade. E, nesse sentido, o desejo não engrandece a Deus e sim ao próprio ser humano.
O desejo que agrada a Deus não tem como objetivo conquistar alguma coisa pelo simples prazer da posse. Aqui, o desejo aparece pela vontade de criar, de fazer, refletindo o ato de criação do próprio Deus. E, portanto, nesse sentido, glorifica a Ele.
O desejo abençoado por Deus ainda tem uma outra vantagem: tira a pessoa da sua zona de conforto e a faz buscar a excelência, imitando aquilo que o próprio Deus, quando criou o mundo.
Com carinho

quinta-feira, 12 de março de 2020

O SIGNIFICADO DA QUARESMA


Hoje vamos falar de quaresma, que é uma importante comemoração da liturgia cristã.

Liturgia é um recurso utilizado pelas religiões para lembrar as pessoas de conceitos teológicos importantes. Atos litúrgicos são extremamente necessários porque as pessoas tendem a ter memória curta, pois sua atenção costuma estar centrada na luta do dia a dia. Aí é estabelecido um ato de liturgia e isso obriga as pessoas a se lembrarem de certas coisas importantes.
Por exemplo, na Santa Ceia, pão e vinho (suco de uva) são usados para simbolizar e trazer lembrança da morte de Jesus na cruz. Esse memorial foi estabelecido pelo próprio Jesus durante sua última ceia com os discípulos e hoje é um importante ato litúrgico nas igrejas cristãs.
O ano litúrgico é o calendário anual das comemorações mais importantes, como a Páscoa e o Natal. Como várias dessas comemorações (como é o caso da Páscoa) são feitas em datas que mudam de um ano para outro, é preciso estabelecer esse calendário com antecedência e cuidado.
 
E o ano litúrgico costuma ser dividido em quatro períodos com diferentes significados: Quaresma, Semana Santa (Páscoa), Advento e Natal. Natal e Semana Santa tem significado conhecido por todos. Resta entender o que significam Advento e Quaresma.
 
O Advento corresponde às 4 semanas anteriores ao Natal, sendo encerrado no último domingo antes do dia 24 de dezembro. Em cada domingo do Advento, a liturgia manda acender uma vela que simboliza a esperança da chegada de Jesus ao mundo.
 
E a Quaresma? A tradição cristã escolheu separar os 40 dias anteriores à Semana Santa como um período dedicado à reflexão, arrependimento e preparação para a data mais importante de cristianismo, que é a Páscoa, com a comemoração da ressurreição de Cristo. Esses 40 dias lembram o período que Jesus passou no deserto, isolado, em jejum completo, preparando-se para dar início ao seu mistério.
 
O período da Quaresma termina no Domingo de Ramos (o domingo anterior à Páscoa), que abre o período da Semana Santa. E o início desse período de 40 dias, que sempre cai numa quarta-feira, é definido contando para trás no calendário, a partir do Domingo de Ramos.

E o primeiro dia da Quaresma foi denominado Quarta-Feira de Cinzas. Isso porque, nessa data, muitas pessoas, como símbolo de penitência, costumam marcar seus rostos ou mãos com cinzas, costume tirado do Velho Testamento.
 
Como a Quaresma é um período marcada por oração, penitência e jejum, o povo passou a comemorar os dias imediatamente anteriores a ela, para se despedir da "vida boa". E como o jejum durante a Quaresma costumava envolver a abstinência de carne, essa comemoração ficou conhecida como "festa da carne" ou Carnaval.
 
É por isso que o Carnaval precede o período litúrgico da Quaresma. E, com o tempo, e especialmente no nosso país, o Carnaval tornou-se mais importante do que a Quaresma. E pouca gente sabe hoje em dia o que a Quarta-Feira de Cinzas de fato significa e para que existe a Quaresma.
 
Concluindo, a Quaresma é um período litúrgico de grande importância, onde precisamos nos preparar para a Semana Santa. Trata-se de um período que deve ser especialmente dedicado à oração e reflexão, onde todos deveriam meditar sobre a vinda de Jesus ao mundo para nos salvar. 
 
Estamos na Quaresma. Aproveite-se disso e faça algo diferente na sua vida espiritual e estreite seu relacionamento com Deus.
 
Com carinho  

terça-feira, 10 de março de 2020

SOFRIMENTO E ALEGRIA

Hoje vou falar de sofrimento e alegria. Dois sentimentos que geram enorme contraste. Duas coisas que parecem totalmente incompatíveis entre si.

Há momentos na vida em que o sofrimento bate à porta e não há como escapar dele. Mas, para aqueles que estão em Jesus, aqueles que entregaram sua vida para Ele, há a plena certeza que, no final, a tristeza vai se transformar em pura alegria. No final, todos seremos vencedores junto a Ele.

Jesus falou exatamente sobre isso. No relato contido no capítulo 16 do Evangelho de João, Jesus comparou o sofrimento do cristão às dores do parto. Essas dores logo são esquecidas pela mãe, quando seu bebê nasce, quando ela pega o/a filho/a nos braços pela primeira vez. Aí ela não lembra mais do que passou.

A própria vida de Jesus é um testemunho vivo disso. Ele morreu na cruz, em meio a enorme sofrimento. E com Ele sofreram todos aqueles que o amavam, como sua mãe e seus discípulos. Mas, esse sofrimento virou alegria, pois Ele ressuscitou e abriu as portas para a salvação de cada ser humano. 

Sofrimento e alegria. Esse é o tema do meu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

domingo, 8 de março de 2020

TENTAÇÃO, ONTEM E HOJE


O relato da queda de Adão e Eva (Gênesis capítulo 3) fala de tentação. Ele conta sobre como os primeiros seres humanos pecaram, ao comer o fruto proibido de uma árvore situada no meio do Jardim do Éden, onde viviam. Adão e Eva desobedeceram a Deus depois de serem tentados pela serpente (Satanás). E, por causa do que fizeram, acabaram expulsos do Jardim do Éden e foram forçados a viver uma vida de dificuldades.

O desejo de Adão e Eva de desobedecer veio por conta de três coisas. Em primeiro lugar, o fruto da tal árvore era bonito, atraente e parecia gostoso (versículo 6). E é exatamente assim que o pecado costuma se apresentar - bom aspecto, desejável, até mais do que isso, alguma coisa que a pessoa julga merecer ter.
Se o pecado tivesse cara feia ou fosse ruim, ninguém pecaria. Simples assim. Pecamos, dentre outras coisas, porque o pecado é agradável e gera prazer. Porque ele preenche desejos que vão nos nossos corações.
Por isso o pecado é extremamente perigoso: torna-se muito difícil ficar livre dos maus hábitos, depois deles se instalarem na vida da pessoa.

Segundo, Adão e Eva pecaram também por não acreditar que Deus cumpriria sua palavra e iria castigá-los por desobedecer (versículos 3 e 4). A realidade é que muita gente simplesmente não tem temor (respeito) a Deus. Pensam que têm direito de fazer as coisas que quiserem e se não cometerem erros considerados graves (matar, roubar, etc), estão no bom caminho e vai dar tudo certo no final.

Mas não é isso que a Bíblia diz - ali está dito que muitas pessoas serão salvas e outras tantas condenadas. Isto é, o pecado tem sim consequências terríveis e é preciso ter temor a Deus.

A terceira é última razão para o pecado de Adão e Eva foi a vontade deles de serem parecidos com Deus (versículo 5). A serpente usou essa ideia para argumentar que Deus não queria que eles tivessem mais conhecimento pois temia que os seres humanos se tornassem divinos. Em outras palavras, o argumento de Satanás foi que Deus tinha ciúme do crescimento intelectual dos seres humanos.
Ora, isso é um absurdo pois os seres humanos foram criados por Deus e nunca poderão ser como Ele. Não há comparação possível dos seres humanos com um Ser que sabe tudo, pode fazer tudo, está fora do tempo e do espaço e por aí vai.
Essa percepção - de alguma forma o ser humano pode competir com Deus -, que chamo de "arrogância intelectual", continua muito presente nos dias de hoje. Boa parte dos cientistas não acredita em Deus e pensa, de certa forma, ocupar seu lugar, quando os segredos do universo e da natureza são desvendados e manipulados.

O fato é que os seres humanos têm conhecimento limitado e sempre será assim, pois são entidades limitadas. Só Deus tem conhecimento absoluto e sabe tudo aquilo que há para saber. 

As causas do pecado de Adão e Eva - a atração do mal, a falta de temor a Deus e a arrogância intelectual - sempre estiveram presentes na história da humanidade. E a tentação gerada por elas continua levando as pessoas a pecar e a escolher caminhos que as afastam de Deus.

A tentação que destruiu a vida espiritual de Adão e Eva continua a se fazer presente hoje e é tão forte como era antes. E é preciso muito cuidado para também não cairmos nela.

Com carinho

sexta-feira, 6 de março de 2020

AS IGREJAS ONDE JESUS ESTÁ BATENDO À PORTA

Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo. Apocalipse capítulo 3, versículo 20
O versículo acima é muito conhecido e usado em campanhas de evangelização. Por isso vale a pena refletir sobre seu significado real, bem como sobre o impacto que isso tem sobre a vida dos cristãos. 

Qualquer análise do conteúdo teológico de um versículo bíblico precisa começar pela avaliação do contexto no qual a mensagem está inserida. Ou seja, é preciso entender quem escreveu, para quem o texto foi dirigido, quando tudo aconteceu, quais eram as circunstâncias, etc. 

O texto citado está no livro do Apocalipse, que é uma longa visão dada pelo Cristo Glorificado (Jesus já em glória junto ao Pai) para o apóstolo João. Tal visão fala sobre o final dos tempos e a segunda vinda de Cristo e é muito interessante (veja mais). 

O começo do livro contém sete recados para igrejas situadas na Ásia Menor (hoje Turquia) e Grécia. Cada recado foi formatado especificamente para a situação individual da igreja para a qual foi dirigido. Agora, como a situação dessas igrejas é típica do que continua a acontecer nas comunidades cristãs atuais, os recados do Cristo continuam muito atual. 

O versículo citado está no recado específico dirigido para a igreja da cidade de Laodiceia. Essa mensagem foi muito negativa pois aquela igreja era uma comunidade "morna", isto é, seguia o cristianismo mas sem muito empenho e compromisso, coisa que desagrada muito a Deus. 

Como o versículo em questão foi inserido no meio de um recado dado por Deus a determinada igreja, seu público alvo, portanto, é constituído por pessoas já convertidas. Portanto, é meio paradoxal que esse versículo seja tão usado em atividades de evangelização, que buscam converter pessoas. 

A importância desse versículo é que nele Jesus Cristo está falando que há igrejas (como Laodiceia) onde Ele não está presente! É de se ficar de boca aberta de espanto: nessas comunidades cristãs, Jesus continua do lado de fora, batendo à porta, pedindo para entrar. 

As comunidades ditas cristãs que não seguem a doutrina verdadeira, não tem muito compromisso com o Evangelho de Cristo e não concorrem para a implantação do Reino de Deus na terra, deixam Jesus do lado de fora. 

E é fácil entender a razão pela qual Jesus não está presente nessas comunidades. Será que Ele poderia estar presente em igrejas que exploram os fiéis, arrancando-lhes dinheiro com base em falsas promessas? Ou onde sacerdotes usam da sua autoridade espiritual para abusar sexualmente de crianças e adolescentes? Ou ainda, em comunidades onde milagres são forjados apenas para dar fama ao pastor? Com certeza Jesus não se faz presente nesses lugares. E nem poderia. 

Jesus só vai se fazer presente nessas comunidades quando elas mudarem suas práticas. Quando assumirem compromisso verdadeiro com o Evangelho, quando seus líderes se arrependerem e corrigirem seus caminhos e assim por diante. 

Alguns de vocês poderiam me perguntar: e aquelas pessoas que frequentam tais igrejas, mas são sinceras, embora se deixem enganar? Será que Deus não vai levar isso em conta? Certamente que sim. 

Pessoas de coração sincero mas que sejam enganadas por práticas erradas serão aceitas por Jesus por causa da sinceridade dos seus corações e por terem uma fé verdadeira. Por isso suas orações são recebidas por Deus e respondidas por Ele. Por causa disso acontecem milagres mesmo nos locais onde Jesus continua do lado de fora. 

Leia mais sobre esse tema aqui

Com carinho