segunda-feira, 29 de junho de 2015

A GANGORRA DA VIDA

Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! ... Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono ... e serei semelhante ao Altíssimo. Contudo serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo.Isaías capítulo 14, versículos 12 a 15
Aquele pois que pensa estar em pé, veja que não caia.” 1 Coríntios, capítulo 10, versículo 12

Num certo momento da minha vida profissional, fiz amizade com o Diretor Técnico de uma grande estatal. Uns três anos depois, com a troca do governo federal, meu amigo perdeu seu cargo, como costuma acontecer nessas posições políticas. Do dia para a noite, passou de executivo poderoso a desempregado. 

Com o passar do tempo, ele percebeu que eram muito poucos os seus amigos verdadeiros. Quando tinha poder, ela vivia cercado de aduladores, mas depois foi abandonado. Lembro-me de ouvi-lo dizer: “Vinicius, o telefone nem toca mais”. Ele nunca mais se recuperou e veio a falecer poucos anos depois.

Se a história humana tem uma coisa constante é a constante subida e descida de pessoas, empresas e nações. Certa vez um político brasileiro, num raro momento de lucidez, reconheceu isso ao declarar: “Eu não sou Ministro de Estado, eu estou Ministro”. 

É isso mesmo: o poder é sempre transitório e um dia acaba. Por exemplo, a Grécia foi o berço de uma civilização admirável - dominou o mundo por alguns séculos e continuou a influenciar muitas nações, como Roma, por mais tempo ainda. Hoje esse país está humilhado - sua economia está numa recessão profunda desde 2009 e a situação está cada vez pior. 


E o que não dizer de Portugal, que dominou os mares no início do sec XV, construindo um grande império. Hoje infelizmente é uma sombra pálida daquilo que já foi. O mesmo se passa com a Espanha e a Inglaterra. Os primeiros sinais da decadência dos Estados Unidos já são visíveis no horizonte.

Há ainda casos interessantes, como o da China, que tinha uma economia maior do que toda a Europa no início da Idade Média, depois caiu e virou uma simples colônia inglesa. Agora volta a uma posição de importância - provavelmente vai se transformar na maior potência econômica do mundo nos próximos anos. Mas isso não será para sempre.

O mesmo acontece com as empresas poderosas - há muitas histórias desse tipo com elas. A Varig dominou durantes décadas o mercado brasileiro de viagens áreas internacionais. Quando no exterior, os brasileiros visitavam as lojas da Varig para trocar novidades e até ler jornais brasileiros - elas funcionavam como consulados brasileiros informais. Essa grande empresa faliu, virou pó. 

O que dizer do Banco Nacional, do Banespa, do Mappin, da Mesbla, da VASP, da Cruzeiro do Sul e de tantas outras empresas outrora poderosas e orgulhosas, quando estavam no seu tempo de glória.

As pessoas - políticos, artistas, executivos, etc - passam pelo mesmo processo: seu tempo vem e passa. Certa vez fui convidado para participar da festa de 40 anos de vida de uma empresa de engenharia da qual meu pai foi fundador e presidente. Ele somente foi citado por 10 segundos, durante o histórico da empresa, embora tenha feito muito - sou testemunha disso. Fiquei meio chocado e aí me lembrei que é assim mesmo - o que importa é quem está presentemente no poder. Quem passou, passou. Agora, o executivo no poder hoje também será esquecido amanhã, como aconteceu com meu pai. 

Políticos assumem o poder e dele caem. Artistas ficam famosos(as) e são adorados(as) por milhões e depois esquecidos(as). Uma grande atriz de cinema - Greta Garbo - sabendo disso, quando começou a envelhecer, passou a viver reclusa, para que ninguém testemunhasse sua ruína física. Abandou a fama antes que a fama a abandonasse.

O ensinamento da Bíblia
Os dois textos apresentados no início deste post trazem ensinamentos muito deles. O primeiro deles aborda tanto a queda do império da Bailônia, como a de Satanás, que originalmente era o arcanjo Lúcifer (a “Estrela da Manhã”). Em ambos os casos, o orgulho e a presunção levaram os que estavam em posição de poder à destruição.

Dificilmente uma pessoa que chegue a uma condição de grande destaque vai se lembrar, nos seus momentos de glória, que amanhã poderá estar em situação completamente diferente. 

Os Romanos durante muito tempo usaram uma prática interessante para manter esse ensinamento vivo. Eles tinham o costume de proporcionar aos grandes generais uma parada triunfal comemorativa das suas vitórias. O desfile entrava em Roma mostrando para o povo os tesouros e escravos conquistados. E o general homenageado normalmente desfilava numa biga imponente, vestindo sua mais bonita armadura e ornado com uma coroa de folhas de louro. Mas, atrás dele, sempre ia um escravo falando continuamente ao seu ouvido: “Lembre-se que você é apenas humano”.

Outro ensinamento - esse no texto do apóstolo em em 1 Coríntios - indica que quem está em posição de destaque hoje precisa tomar cuidado para não causar a própria queda. O poder atual não é garantia para o dia de amanhã. A santidade atual não garante a santidade futura. Tudo pode mudar rapidamente. E é preciso tomar muito cuidado com o que se faz. Sempre.

Resumindo, sua confiança não pode nunca estar na posição de destaque que ocupa, nos bens que já conseguiu amealhar, nas relações de amizade que construiu e assim por diante. Claro que tudo isso é importante e torna a vida mais fácil, mas nenhuma dessas coisas por si só é suficiente. Somente Deus pode lhe dar as garantias que você tanto precisa.

Por isso lembre-se de olhar para Ele, não somente nos momentos de dificuldade, mas principalmente quando tudo estiver indo muito bem.

Com carinho

quinta-feira, 25 de junho de 2015

A CONDENAÇÂO AO INFERNO É PERMANENTE?

Uma das questões mais discutidas dentro do cristianismo é sobre a condenação ao inferno ser ou não eterna (permanente). Isto porque muitas pessoas se perguntam: Como pode um Deus justo punir eternamente as pessoas por conta de pecados cometidos numa vida humana de duração limitada? Não seria tal punição desproporcional e injusta?

Quem pensa assim prefere acreditar que, de uma forma ou outra, todo mundo acabará sendo salvo - essa linha teológica se chama "universalismo". Essas pessoas argumentam que Deus é tão amoroso que vai dar outra chance para quem for condenado inicialmente.

O problema é que a Bíblia fala claramente ser essa punição permanente (p. ex. Apocalipse capítulo 20, versículos de 11 a 15). Assim, como é possível os(as) universalistas crerem na salvação para todos?

A realidade é que essas pessoas, bem lá no fundo, imaginam poder "aperfeiçoar" a obra de Deus, introduzir "melhorias" nela. Pensam que não é justo haver condenação permanente, então precisam encontrar uma forma para poder crer que isso não vai acontecer. 

Essa discussão me faz lembrar de um excelente livro de Monteiro Lobato chamado “A Reforma da Natureza”. Nele a boneca Emília, toda cheia de si, confiante na sua própria sabedoria, começa a mudar a natureza para torná-la melhor e mais eficiente. Lembro que, a certa altura, ela troca as tetas do úbere das vacas por torneiras. 

O estrago final foi enorme - problemas que ela não previu começaram a pipocar e a vida virou uma bagunça. Por exemplo, os bezerros deixaram de se alimentar porque não conseguiam abrir torneiras - antes podiam obter o leite necessário simplesmente abocanhando as tetas e sugando.

O moral desse livro é a arrogância do ser humano, sua certeza de poder avaliar o que Deus fez e conseguir até melhorar o que foi por Ele estabelecido. É exatamente isso que acontece na discussão sobre a punição eterna: ela parece injusta para certas pessoas então elas buscam uma resposta melhor (a salvação para todos).

Ora, quem defende que vai haver uma segunda chance, que Deus vai reabrir o julgamento inicial para permitir que todos sejam aprovados, esquece que o chamado Plano da Salvação é um "pacote" completo e definido. O ponto de partida é o reconhecimento pelo ser humano que ele tem natureza pecadora e não poderá ser salvo pelos próprios méritos (Romanos, capítulo 3, versículos 10 a 12). 

A salvação só vem por causa da Graça, de Deus, que se fez presente nas nossas vidas através  do sacrifício de Jesus (Romanos capítulo 7 versículo 24 até capítulo 8, versículo 1). Em outras palavras, a salvação é um presente de Deus para nós. Sendo assim, como questionar o esquema que Deus estabeleceu? 

Aceitar o presente de Deus (sua Graça) significa receber o pacote completo e isso inclui tanto a ideia de salvação permanente como a da condenação permanente. O Plano de Salvação não pode ser dividido em pedaços para que possamos escolher aquilo que nos agradar mais.

E a resposta para o eventual sentimento de que algo na obra de Deus não parece bom ou correto é a fé. Através dela conseguimos acreditar que Deus fez o melhor mesmo quando não conseguimos perceber isso. Mesmo quando não nos parece ser esse o caso. 

Pela fé, acreditamos que Deus possui sabedoria completa e poder absoluto, bem como amor incondicional por nós. Em outras palavras, Ele tem a motivação (seu amor) e as condições (sabedoria e poder) para poder fazer sempre o melhor por nós. É por causa disso que podemos ter certeza que seu Plano de Salvação é perfeito e não há como melhorá-lo. Simples assim.

Com carinho

domingo, 21 de junho de 2015

A BANALIDADE DO MAL

A pergunta mais frequente que ouço, ao longo de mais de 25 anos de ensino sobre a Bíblia, é: Por que coisas ruins acontecem com pessoas boas? Para aqueles(as) interessados nessa complexa questão, há outro post aqui no blog onde trato disso (veja mais). Agora, quase nunca ouço a pergunta oposta: Por que pessoas boas fazem coisas ruins

Em outras palavras, ficamos surpresos e revoltados quando uma boa pessoa sofre. Tendemos a achar que Deus foi injusto e não se importou com aquela pessoa como devia. Mas achamos natural quando tomamos conhecimento que alguém julgado "bom" comete um ato ruim. E isso revela muito sobre a natureza humana: sempre julgamos as situações usando o critério que mais nos favorece. 

O fato é que o ser humano mostra-se capaz de atos maravilhosos - misericórdia, perdão, caridade e outros - mas também de coisas tenebrosas - inveja, raiva, maledicência, egoismo e outros. Somos capazes de fazer tanto o bem como o mal, dependendo das circunstâncias da vida e das nossas motivações no momento.

Essa contradição humana é o tema do famoso livro “O médico e o monstro”. O personagem principal, que representa a condição humana em geral, tem dentro de si tanto um médico bom, como um “monstro assassino". 

Tempos atrás, havia entre os intelectuais a certeza que o ser humano é basicamente bom e somente pratica o mal por ignorância ou por alguma deformação de caráter. Vemos ecos dessa postura na mídia, quando tenta justificar os crimes cometidos por pessoas pobres apenas com base na carência da suas vidas.

O cristianismo pensa diferente: defende a tese que a natureza humana tende para o pecado e torna-se preciso lutar constantemente para se manter no caminho certo. 

Agora, a tese dos intelectuais foi derrubada por uma grande intelectual, de origem judaica, Hannah Arendt. Ela defendeu a ideia que "o mal é banal", ou seja pode ser cometido habitualmente e sem muita percepção por pessoas comuns, sem qualquer problema maior aparente. 

Ela chegou a essa conclusão ao acompanhar de perto o julgamento do famoso carrasco nazista Adolf Eichmann, na década de sessenta do século passado. Seu objetivo inicial foi estudar o que tinha levado uma pessoa a praticar o mal em escala tão grande. 

E antes do começo do julgamento, estava certa que iria encontrar na sala do tribunal um monstro. E contou que viu apenas um homem de óculos, com cara de burocrata, igual a tantas outras pessoas que conhecia. Ela não parecia desequilibrado e sua vida pregressa tinha sido boa - ela descreveu sua experiência no famoso livro “Eichmann em Jerusalém”. 

Um ser humano normal, como você ou eu, tinha cometido crimes terríveis por motivos banais, como avançar na própria carreira. Em outras palavras, essa conclusão deu força ao pensamento cristão - o mal existe em cada um(a) de nós. 

Na Bíblia há um bom exemplo de mal praticado por motivos banais: o Rei Davi mandou matar seu capitão da guarda (Urias), homem extremamente fiel, para esconder que a mulher de Urias estava grávida do próprio rei (2 Samuel capítulo 12, versículos de 7 a 15)

Se o profeta Natã não tivesse feito Davi dar-ser conta do seu ato horrível, o rei teria ficado com sua consciência em paz. E estou falando aqui de Davi, um "homem segundo o coração de Deus”, como a Bíblia se refere a ele.

A verdade é que nem sempre somos capazes de distinguir claramente entre o bem e o mal que praticamos. Muitas vezes, aquilo que parece ser o bem pode ter uma raiz de mal ou vice versa. E nem sempre nossas intenções estão alinhadas com a qualidade dos nossos atos - a Bíblia fala sobre isso em Romanos capítulo 7, versículo 15, quando o apóstolo Paulo disse, referindo-se a si mesmo: "...pois o [bem] que quero isso não faço, mas o mal que não quero isso faço..."

Concluindo, Deus nos chama para sermos mais humildades. Para aprender a conhecer nossas próprias fraquezas e lidar melhor com elas. E também para mantermos vigilância constante sobre nossos próprios passos, para que eles não nos levem para longe dos caminhos estabelecidos por Deus.

O mal banal, isto é aquele que parece pequeno e trivial, sem maiores consequências, é algo terrível. Isto porque podemos ceder a ele diariamente sem nem nos darmos conta das consequências. E muitas vezes somente vamos perceber onde nos metemos quando o estrago já é muito grande. 

A Bíblia alerta sobre isso quando nos manda vigiar e orar constantemente, para que não venhamos cair em tentação (Mateus capítulo 26, versículo 41).

Com carinho

quarta-feira, 17 de junho de 2015

UMA MULHER APRISIONADA PELA LEI

Jesus ensinou que veio ao mundo para "libertar os cativos" (Lucas capítulo 4, versículos 17 a 19). Isto quer dizer que o cristianismo precisa ser uma religião libertadora do ser humano se quiser seguir o caminho que Jesus traçou.  

Entendo que quando a prática cristã foge desse princípio, as consequências são sempre ruins: sofrimento desnecessário, decepção, afastamento da fé, etc. E ninguém tem direito de impor isso sobre as demais pessoas.

O que é uma "lei de cerca"
Essa é uma das coisas que mais contribui para a "escravidão" dos(as) cristãos(ãs) - provavelmente você já encontrou esse tipo de coisa por aí, mas não percebeu. 

Para explicar do que se trata, vou usar como exemplo a questão da "guarda do sábado", um dos Dez Mandamentos. A Lei tornou proibido trabalhar nesse dia, com o objetivo de evitar que o ser humano virasse um "animal de carga". 

Ora, uma das atividades relacionadas com o trabalho naquela época era caminhar. Por isso havia proibição de caminhar aos sábados. Mas essa proibição não podia ser absoluta, pois uma pessoa precisava caminhar dentro da própria casa ou para ir até a sinagoga. Foi então estabelecida uma distância máxima que a pessoa podia percorrer nesse dia de forma a não violar o mandamento. 

Mas como ninguém ficava medindo o quanto caminhava no sábado, havia preocupação quanto a descumprir a lei mesmo sem perceber. Os líderes religiosos criaram então uma "lei de cerca" estabelecendo um limite ainda menor, pois cumprindo esse limite inferior, o limite verdadeiro seria obrigatoriamente cumprido. Mas essa "lei de cerca" aumentou desnecessariamente a restrição sobre as vidas das pessoas no sábado. 

Assim as pessoas acabaram "prisioneiras" de leis sem qualquer sentido (havia até lei regulando sobre como pentear os cabelos no sábado). 

As "leis de cerca" tornaram uma coisa boa - um dia para descanso - numa fonte de tensão. E o mesmo "aprisionamento" das pessoas aconteceu em vários outros aspectos da vida comum. O legalismo passou a imperar.

E Jesus insurgiu-se contra esse tipo de coisa, tendo diversas discussões com os fariseus para questionar essa prática - há vários relatos nos Evangelhos sobre esse tipo de embate.

"Leis de cerca" hoje
Os cristãos continuam rodeados de "leis de cerca" que nem percebem. Vou dar um exemplo: o tal princípio da "pureza emocional". O problema que essa "lei" procura resolver é a da "pureza sexual" (sexo fora do casamento), para evitar a promiscuidade, hoje comum entre os jovens. 

O conceito de "pureza emocional" nasceu cerca de vinte e cinco anos atrás, nos Estados Unidos, e tem inspirado muitos livros, como "Dei adeus ao namoro" ("I kissed dating good bye")

A proposta é que os(as) jovens cristãos(ãs) não devem namorar e sim apenas cortejar-se, isto é conviver (sempre em grupo) mas sem estabelecer um relacionamento sentimental real. O(a) jovem deve esperar pela pessoa escolhida por Deus antes de desenvolver um sentimento amoroso mais profundo por alguém. 

O fato é que esse tipo de "lei de cerca" pode gerar consequências inesperadas e indesejáveis. Vejam o depoimento da escritora Elizabeth Ester, de quem gosto bastante. Ela se manteve "pura" emocionalmente até ter permissão de seus pais para aprofundar o sentimento amoroso por Matt, aquele que viria a ser seu marido. Suas palavras não tem sabor de revolta e sim de alerta:
"Como, então, as garotas que são orientadas a apenas cortejar os rapazes, lidam com essa questão? Fechando os sentimentos. A má notícia é que ninguém pode fechar um tipo de sentimento apenas, sem fechar todos os demais. Eu imaginei que ... estava preservando minha pureza emocional e guardando meu coração. Ao invés disso, eu acabei completamente anestesiada emocionalmente... Quando recebi aprovação para aprofundar meus sentimentos pelo Matt, minha cabeça estava uma bagunça".
A prática saudável do namoro, que gerações de jovens têm usado para aprender a se relacionar com o sexo oposto, de repente deixou de ser recomendável e transformou-se numa fonte de sofrimento.
 
"Leis de cerca" aprisionam não somente porque impõem restrições absurdas sobre a vida das pessoas, mas principalmente porque mascaram a questão real. As pessoas afetadas por elas ficam confusas, pois acabam "enfrentando" um adversário imaginário. Por exemplo, a jovem se sente "impura" por abrigar no coração um amor absolutamente normal por um rapaz e luta contra esse sentimento. Sofre com isso. 

Posso dar vários outros exemplos de "leis" desse tipo que infelizmente acabaram por entrar para a prática de vida de muitas igrejas evangélicas. Aí vão alguns exemplos:
  • Dar mais do que 10% de dízimo para garantir que o valor mencionado no texto de Malaquias capítulo 2, versículo 10, foi mesmo "pago" a Deus.
  • Livrar-se de qualquer objeto (livro, item de decoração, adereço, etc) que mesmo remotamente pareça ter alguma relação com prática pagã para evitar o "contágio" espiritual.
  • Não se submeter ao "jugo desigual", isto é não participar de relacionamento amoroso com alguém que não seja convertido(a). Se isso fosse correto, as inúmeras pessoas que se converteram com base no testemunho do parceiro(a) de vida - minha mulher é um exemplo vivo disso - seriam privadas dessa oportunidade.
  • Não permitir que as mulheres usem maquiagem, enfeites e outros objetos que possam apelar para a vaidade humana.    

O fato é que cada "lei de cerca" torna o mundo cristão mais regulamentado, fechado e pobre. Transforma as pessoas em "escravas" de regras absurdas. Bem diferente daquilo que Jesus disse que tinha vindo fazer. Triste, mas verdadeiro.

Com carinho

sábado, 13 de junho de 2015

O ABUSO DA IMAGEM DE CRISTO

Durante a Marcha do Orgulho Gay, em São Paulo, ocorrida em junho de 2015, uma pessoa desfilou nua, simulando a crucificação de Jesus. Um claro abuso à imagem de Cristo.

Essa prática causou muita revolta no meio cristão e as reações foram as mais diversas. Infelizmente, em alguns casos as reações foram muito violentas e radicais - até ameaças de morte foram feitas.

Antes de qualquer outra coisa, gostaria de expressar meu enorme desconforto e tristeza com esse tipo de manifestação. Afinal, para nós cristãos(ãs), tudo aquilo que se refere à pessoa de Cristo é sagrado, especialmente no que se refere à sua morte na cruz e ressurreição, núcleo central da fé cristã. O que foi feito nos ofende sim.

Acho que esse tipo de desrespeito não produz nada de bom e deveria ser evitado, especialmente quando parte de quem, com certa razão, se queixa de discriminação. É verdade sim que a sociedade em geral e os cristãos em particular têm discriminado e até sido cruéis com os homossexuais e transexuais. E reconhecer isso não é aprovar certas ideias e sim reconhecer uma realidade.

Mas quem reclama de intolerância e discriminação não deveria reagir fazendo o mesmo, tratando a fé alheia como se fosse lixo. Um erro não justifica o outro. Feito esse registro de protesto, vamos ao problema em si: como os cristãos devem reagir a esse tipo de provocação?

E respondo a partir do exemplo daquele que sempre deve guiar nossos passos: Jesus. Ele foi humilhado de todas as formas possíveis durante seu martírio na cruz. Sofreu uma morte horrível. E como reagiu? Voltou-se contra seus algozes? Amaldiçoou-os? Prometeu vingar-se? Não. Ele disse apenas: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem..." (Lucas capítulo 23, versículo 34).

Esse é o exemplo que Jesus deu e é isso que precisamos aprender a fazer. Registrar que o ato foi errado e perdoar, reconhecendo que a provocação veio de quem ainda não se encontrou com Jesus. O que passar disso vai contra os ensinamentos d´Ele.

É preciso também reconhecer que esse tipo de provocação é uma armadilha colocado no nosso caminho por aqueles(as) que lutam contra o cristianismo. Eles(as) esperam exatamente que surjam reações violentas e destemperadas para poderem apontar o dedo e nos acusar de intolerantes. Cair nesse tipo de armadilha é fazer o jogo dos inimigos da nossa fé.

Finalmente, precisamos lembrar que Jesus não precisa desse tipo de defesa vinda de nós. Ele é perfeitamente capaz de se defender sozinho. Afinal, seu poder é absoluto.

E se você quiser mesmo defender a reputação de Cristo, aja com amor. Faça o bem. E diga, para quem lhe perguntar a razão pela qual faz isso, que sua inspiração vem d´Aquele que deu sua vida por nós. Que nos ensinou a amar sem condições e sem esperar recompensas.

Com carinho

terça-feira, 9 de junho de 2015

ENFRENTANDO A INSEGURANÇA

Insegurança é um sentimento comum - as pesquisas mostram que cerca de 80% das mulheres admitem ser inseguras, sendo que quase 50% delas pensam que o problema é grave. Os homens parecem ser menos afetados (ou não admitem sua dificuldade com tanta facilidade) mas essa também é uma questão importante para eles.

A insegurança nasce e cresce em cima do sentimento de dúvida que a pessoa tem sobre si mesma – incerteza sobre seu valor e sua capacidade para realizar o que é preciso. 

Há insegurança gera diversos sintomas, tais como: evitar ser o centro das atenções (p. ex quando se fala em público), ficar muito sentido quando percebe algum tipo de rejeição á própria pessoa, ter preocupação excessiva de fazer correções quando a pensa ter feito algo errado, sentir-se ameaçado(a) (p. ex. pensar que o companheiro vai preferir uma mulher mais jovem ou bonita) e recear não estar à altura da expectativa de quem se ama e deseja. 

Na verdade, as pessoas tendem a ser uma mistura complicada de confiança e insegurança, o que torna a percepção e o tratamento do problema mais difícil. Há pessoas muito confiantes no campo profissional e inseguras nos relacionamentos amorosos e vice-versa.

Causas do problema
Há muitas causas para a insegurança. E o problema normalmente começa nos anos de formação (infância e adolescência). Por exemplo, quando a criança vive uma situação de instabilidade em casa (pobreza, alcoolismo, traições, doenças, etc), a reação normal é imaginar que ninguém vai ter condições de cuidar dela. E começa a buscar aqueles(as) que poderão preencher esse papel. 

Outras situações que causam insegurança são perda significativa (p. ex. morte de entes queridos ou falência), rejeição real (ou imaginária) por conta de limitações pessoais (deficiências físicas, falta de traquejo social, etc).

Há ainda uma outra causa de insegurança, meio surpreendente: a vaidade excessiva, o ego muito inchado. Pessoas vaidosas tendem a se sentir inseguras em situações que podem ferir seu ego. Isso acontece com muita frequência com os(as) artistas, que tornam-se inseguros(as) quanto a conseguir manter a fama e o status - temem acabar esquecidos(as), como de fato acontece com frequência. 

É interessante perceber que a vaidade parece ser a causa de insegurança que mais parece estar sob controle da própria pessoa. 

Mecanismos para lidar com a insegurança
Pessoas inseguras costumam criar mecanismos para conseguir lidar com seu estresse. Há quem busque compensações - "se não sou o melhor, posso ser o que mais trabalha". Outras pessoas tornam-se fanáticas por controle, especialmente daquilo que tem potencial para lhes causar desconforto. O ciúme é uma manifestação da tentativa de controle da pessoa ou da coisa amada. 

Pessoas que buscam controle também podem passar a dar ênfase excessiva na precisão, ordem e organização. Há também quem se apague e acabe por aceitar a influência excessiva dos(as) demais, abdicando da própria personalidade. Finalmente, há ainda quem se isole da convivência social, para reduzir as situações de estresse. 

Insegurança tem grande potencial para causar estrago.  E muitas pessoas fazem papel de bobas por causa dela: têm ataques de raiva por quase nada, submetem a pessoa amada a questionários absurdos, tornam-se detalhistas ou legalistas, e assim por diante.

Ninguém quer se sentir inseguro(a). Mas poucas pessoas conseguem se livrar desse tipo de sentimento. É como se fossem cúmplices da sua própria tortura. 

Combatendo a insegurança
Como combater esse tipo de sentimentoEm primeiro lugar, não se acomode. Fuja da "síndrome de Gabriela": “eu nasci assim, cresci assim e vou ser sempre assim”. Você pode e deve lutar para mudar esse estado de coisas

Trata-se de tomar uma decisão. Fazer uma escolha. Não querer mais viver limitado pela insegurança. 

O segundo passo também é importante: convencer-se do amor de Deus, o que lhe dá dignidade e importância. E acreditar que Ele nunca deixa de estar atento às suas necessidades - se prestar atenção, você vai acabar percebendo isso com clareza (Salmo capítulo 139 versículos 5, 6 e 14).

Depois, rodeie-se de quem possa lhe dar apoio. E é aí que a família e a igreja tornam-se imprescindíveis.

O último passo é entender que o combate à insegurança é um processo. Você pode não conseguir mudar seus sentimentos, mas pode alterar a forma como reage às situações. Perceber que está nas suas mãos passar a obter resultados diferentes. 

A insegurança se faz notar mais fortemente a partir de alguns "gatilhos" que se fazem notar no dia-a-dia. E sempre existirão “gatilhos” para desafiá-lo(a). Mas você pode aprender a não "morder a isca", preparando-se previamente para esse tipo de situação. 

Comece por pensar numa situação que lhe causa muita insegurança - por exemplo, uma pessoa falar de sua limitação física ou lhe pedirem para falar em público. Aí pergunte a si mesmo(a) como uma pessoa segura reagiria nesse mesmo caso. Estude a reação que você deveria passar a ter e veja o que faz errado. Em outras palavras, compare o que deveria fazer com aquilo que consegue fazer.

Será importante, nessa altura, conversar com pessoas da sua confiança. Discutir com elas suas alternativas. Analisar o que pode ou não fazer.

Depois, peça a Deus que lhe ajude - acredite que Ele pode e quer lhe dar essa ajuda. E está aí o que mais importa em todo esse processo. 

Fazendo tudo isso, quando o “gatilho” da insegurança for acionado de novo, você estará bem preparado(a) e reagirá melhor. E esse bom resultado fará você se sentir encorajado(a) a dar mais um passo, aprendendo a lidar com outro "gatilho". E assim poderá progredir, um passo de cada vez. 

Com carinho

sexta-feira, 5 de junho de 2015

DEUS ESTÁ DEIXANDO DE SER NECESSÁRIO?

Li recentemente um estudo feito na Europa onde o pesquisador defende a tese que, dentro de uns 50 anos, a crença em Deus terá praticamente desaparecido nos países mais desenvolvidos. Esse estudo cita a situação atual na Suécia, Noruega, França, Reino Unido e outros países, onde os ateus já constituem uma parcela expressiva da população (entre 30% e 65%). 

O estudo conclui dizendo que Deus é, na verdade, uma invenção do ser humano para ajudá-lo a enfrentar sua própria ignorância. Essa ideia - apelidada de "o deus das brechas" - não é nova, pois vem sendo veiculada por filósofos há muitos séculos, mas aparece agora em roupagem nova, como se fosse grande novidade. 

Ela parte do conceito que Deus é definido a partir das brechas do conhecimento humano. Assim, quando o homem não sabia o que era o trovão, dizia que era Deus falando. Ele, portanto, ajudaria a explicar tudo aquilo que o ser humano ainda não consegue entender através da ciência ou não consegue suportar, mesmo com o apoio da psicologia e da psicanálise. 

E segundo os proponentes desse conceito, à medida que a ciência for se desenvolvendo, cada vez haverá menos espaço para Deus e Ele acabará por desaparecer. É como se Deus fosse diminuindo de tamanho, acabando por ficar irrelevante. 

E continuam os defensores desse conceito, o desaparecimento gradativo de Deus se dá sempre a partir das pessoas mais esclarecidas, com mais acesso ao conhecimento científico, que normalmente estão presentes em maior proporção nos países mais avançados.  

Assim, a percentagem de ateus em relação à população de um país serviria até para medir o grau de desenvolvimento daquela sociedade. E o aumento recente do ateísmo no Brasil, é citado, dentre outros exemplos, como uma prova clara desse processo.

A resposta cristã
Essa é uma crítica que não pode ser desprezada pelos cristãos - precisa ser enfrentada abertamente. E para fazer isso, não adianta dizer que a Bíblia fala isso ou aquilo, pois os ateus não acreditam que ela é a Palavra de Deus. Afinal é a fé em Deus que valida a Bíblia e não o contrário. Para quem não tem fé, a Bíblia é apenas um livro histórico e, para eles(as), nem muito preciso. 

Mas você pode ficar certo que há muito a dizer. Em primeiro lugar há provas concretas da existência de Deus, ao contrário do que muitos querem fazer crer. Mas os cristãos não as conhecem e não estudam os argumentos a seu favor - há diversos posts aqui no blog onde falo sobre isso (veja mais) e recomendo sua leitura.  

O problema real é que a ciência não consegue lidar bem com coisas imateriais, como é o caso de Deus. Por isso não consegue provar que Ele existe (como também não consegue provar o contrário). Mas ela tem a mesma dificuldade em lidar com outras coisas que sabemos existir, como a existência da fé num ser superior ou o sentimento de amor. 

Em segundo lugar, não é verdade que quanto mais desenvolvido o país mais ateu ele acaba por ficar: os Estados Unidos, o país mais rico do mundo, é um bom contra exemplo. Nesse país a esmagadora maioria da população acredita em Deus. A ateísmo vem crescendo ali, mas ainda é pouco relevante. E a China tem visto o cristianismo crescer fortemente, à medida que vai enriquecendo. 

Também não é justo dizer que quem é mais esclarecido acaba por descrer da existência de Deus. Muitos filósofos e pensadores modernos creem em Deus e um dos maiores pensadores da segunda metade do século passado, Anthony Flew, ao final da sua vida, deixou de ser ateu. Esse homem, durante décadas, escreveu livros para desacreditar a fé em Deus e acabou se rendendo a ela no final da sua vida.

O que o estudo citado acima confunde é a falência de algumas instituições cristãs, que se tornaram incapazes de renovar seu discurso e encontrar o que dizer para os moradores dos países mais desenvolvidos, com o desaparecimento de Deus. 

Quem está morrendo são as lideranças dessas igrejas, encasteladas nos seus templos pomposos e confortáveis, que tentam ensinar um Deus cheio de regras e dogmas e sem qualquer espiritualidade.

O fato é que as pessoas, estejam elas de bem com a vida ou não, continuam sedentas de algo que lhes dê sentido para viver. E não é o dinheiro e o bem estar social que garantem isso. Por isso mesmo as sociedades mais desenvolvidas lutam tanto com altas taxas de suicídio, uso drogas, consumo excessivo, promiscuidade sexual e outras coisas assim. 

Na verdade, somente Deus pode dar sentido à vida do ser humano. Afinal, fomos feitos por Ele exatamente assim - há em nós um espaço que somente Ele pode preencher. 

Com carinho

quarta-feira, 3 de junho de 2015

VOCÊ DEVE CONFESSAR SUAS FRAQUEZAS?

Você às vezes se expõe demais”. Foi isso que um amigo me falou certa vez, referindo-se a algumas confissões pessoais que faço aqui no blog, quando dou exemplo das minhas próprias dificuldades na caminhada cristã. 

Esse diálogo me levou a refletir sobre a questão da transparência na vida espiritual. Devemos falar para quem nos rodeia sobre nossas fraquezas e dificuldades? A resposta é: sim.

E essa resposta está baseado no que o apóstolo Paulo falou em Romanos capítulo 7, versículo 19: "Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço". Você consegue imaginar um politico ou líder religioso importante se expondo dessa forma? Mas se o apóstolo Paulo agiu assim, esse é o exemplo que devo seguir. E você também. 

Em outras palavras, é preciso ser transparente e sincero sobre as próprias dificuldades espirituais. E a Bíblia dá um grande exemplo de transparência: não esconde os pecados e as dificuldades mesmo dos(as) heróis(heroínas) da fé. Por exemplo, a Bíblia conta que Abraão vendeu sua mulher para o faraó do Egito (e auferiu um belo lucro), os irmãos de José o venderam como escravo, Jacó mentia bastante, Moisés teve medo, Pedro traiu Jesus e Paulo brigou com Barnabé por uma bobagem. 

A vantagem da transparência 
Há grandes vantagens em ser transparente sobre as próprias dificuldades. Vejamos algumas delas:

1)  Diminui o esforço 
As expectativas crescem em proporção ao "brilho" da imagem da pessoa. Quanto mais "brilhante" for essa imagem, maior as expectativas dos que estiverem em torno. E maior será o esforço necessário para conseguir preservá-la.

Tentar manter uma imagem positiva a qualquer custo cobra preço muito alto. Basta lembrar o sofrimento, que chega a ser dramático, das artistas lindas e charmosas, depois que passam dos 35 anos, quando se sentem ameaçadas por mulheres mais jovens. Algumas tentam resolver o problema se escondendo (p. ex. Greta Garbo), outras fazem questão de mostrar o estrago do tempo (Cassia Kiss), mas a esmagadora maioria sofre muito, ao lutar uma batalha que não vão conseguir vencer.

Vale lembrar também o exemplo de alguns líderes religiosos que tentam aparentar viver uma vida sem pecados e acabam falhando fragorosamente. Admitir de público a própria fraqueza, como fez o apóstolo Paulo, tira dos ombros da pessoa uma enorme carga.

E a experiência mostra que as pessoas estão em torno aceitam bem uma confissão de fraqueza e até se identificam melhor com quem se mostra, digamos assim, humano. Sei disso por experiência própria. 

2)  Elimina a hipocrisia
Uma passagem na Bíblia demonstra muito bem a dificuldade de lutar contra a hipocrisia. O impacto da presença de Deus em Moisés foi tão grande que o rosto do profeta passou a brilhar, como reflexo da glória divina. E para não atrapalhar seu contato com as pessoas (que ficavam impressionadas com esse brilho), Moisés passou a usar um véu. Com o tempo, o brilho desapareceu, mas Moisés continuou a usar o véu para que as pessoas achassem que continuava lá, pois isso o fazia mais importante aos olhos das demais pessoas.

Ora, se isso aconteceu com Moisés, um homem que falava com Deus face a face, imagina quem, como nós, tem desenvolvimento espiritual menor.

A hipocrisia é um perigo que sempre nos ronda. E a "luz do sol" - a transparência - talvez seja o único remédio efetivo contra ela. 

3)  Reduz o auto-engano
Frequentemente as pessoas não são transparentes nem consigo mesmas. Negam ou minimizam as próprias falhas e acabam por encontrar todo tipo de justificativa para fazer isso. E repetem essas justificativas tantas vezes que acabam acreditando nelas - isto é, enganam a si mesmas.

Há quem chegue até a assumir um “pecado de estimação”, sobre o qual adoram falar, para desviar o foco do(s) pecado(s) que quer(em) de fato esconder. 

Lembro de uma pessoa que chegava sempre atrasada nas atividades da nossa igreja. E falava da sua luta para conseguir se manter no horário e até pedia orações para superar essa dificuldade. Um dia me dei conta que aquela pessoa não tinha chegado atrasada no próprio casamento, quando fez vestibular, nem nas suas atividades profissionais: o problema só aparecia em relação à igreja. Na verdade, o problema real era outro: falta de comprometimento com as coisas de Deus.

Transparência real quanto às próprias dificuldades é um excelente remédio contra o auto-engano. Contra a possibilidade de continuar a fazer o que é errado, mas se mantendo numa situação de conforto. De satisfação consigo mesmo(a).

Como confessar
A confissão é uma recomendação de Tiago, irmão de Jesus (capítulo 5, versículo 16). Isso significa que as pessoas não são obrigadas a confessar apenas para sacerdotes (padres ou pastores). Podem fazer isso para qualquer outra pessoa - um(a) amigo(a), um(a) professor(a), a mãe, o pai, um(a) irmão(irmã). 

Pode ter certeza que lhe fará bem confessar em voz alta suas dificuldades - ajudará você reconhecê-las e a encontrar meios e modos de lidar melhor com elas. Agora, tome dois cuidados. 

Primeiro, escolha a pessoa certa como confessor(a), pois nem todo mundo é confiável. Já vi pessoas divulgarem aquilo que ouviram em confiança, acabando por destruir a imagem de quem confiou nelas.

Depois, cuidado para não cair no extremo oposto: tentar ter transparência demais. Algumas pessoas se sentem tão bem em falar de si, que acabam se tornando inconvenientes, confessando a qualquer hora e em em qualquer lugar. E acabam revelando detalhes embaraçosos da sua vida que são desnecessários ou expõem desnecessariamente a intimidade  de outras pessoas envolvidas - como, por exemplo, quando a esposa fala abertamente da sua vida sexual.  

No caso da transparência, como em tanto outros, a virtude está numa posição equilibrada. Transparência de menos faz mal, mas em excesso, também gera muitos problemas.

Com carinho