terça-feira, 31 de dezembro de 2019

BENÇÃOS NO NOVO ANO


A virada do ano é sempre um momento de renovação da esperança. As pessoas acreditam que receberão bênçãos de Deus, permitindo que problemas e dificuldades possam ser finalmente superados. E novas, e melhores coisas, surjam nas suas vidas.

E é bom que seja assim, que haja esse renovar de esperança, trazendo como que um sopro de ar fresco nas vidas das pessoas.

Mas, para que não sejam alimentadas esperanças vãs, é importante, entender bem como Deus age na sua. É importante você entender que a esmagadora maioria das ações que Deus realiza são do tipo "silencioso". São ações que não chamam atenção e muito menos geram espetáculo.

O problema com essa forma de Deus agir é que muitas vezes as bênçãos "silenciosas" não são percebidas. E a pessoa acha que nada está acontecendo, mesmo quando Deus agiu e mudou sua vida.
  
Para você entender melhor do que estou falando, vou dar um exemplo relatado na Bíblia.
O milagre "silencioso" na vida de Israel
O maior milagre que aconteceu na vida do povo de Israel - na minha opinião, maior mesmo do que a travessia do Mar Vermelho ou as dez pragas lançadas contra o Egito - foi a formação de uma nação forte, capaz de conquistar a Terra Prometida.
Quando Deus decidiu tirar Israel do Egito, conforme o relato do livro do Êxodo, sua matéria prima foi um grupo de escravos (pessoas que estavam nessa condição há mais de 400 anos), sem organização social e com baixa auto-estima.
Esse último fator era tão sério que, ao primeiro sinal de dificuldade, o povo de Israel preferiu voltar a ser escravo no Egito do que enfrentar o problema,. Isso mesmo já tendo presenciado antes a ação poderosa de Deus (Êxodo capítulo 14, versículos 10 a 14).  
Ora, em apenas 40 anos, Deus transformou esse "bando" em um povo organizado. Com tradições e cultura próprias, capaz de grandes feitos militares. Um povo que acabou por conquistar quase toda a Palestina, vencendo povos bem mais poderosos.
Não há registro na história de coisa similar. Basta lembrar que a integração das duas Alemanhas (Ocidental e Oriental), depois da queda do muro de Berlim, ocorreu cerca de 30 anos atrás e ainda está longe de se completar. O lado anteriormente mais pobre, o Oriental, ainda se sente discriminado. Mesmo tendo sido gastos centenas de bilhões de euros para equalizar a situação dos dois territórios. Ainda há como um muro invisível separando as duas regiões.
Introduzir mudanças sociais e culturais em um povo é coisa para muitas gerações. Todos os exemplos históricos demonstram isso. Outro exemplo importante é a escravidão no Brasil. Ela foi abolida mais ou menos 130 anos atrás e ainda é marcante a diferença de desenvolvimento social entre as populações de etnia branca e negra.
Deus transformou o povo de Israel em apenas 40 anos e isso foi uma coisa sem paralelo. Mas, como esse milagre não foi espetacular ele é reconhecido por pouca gente. Para comprovar o que acabei de dizer, tente lembrar quantas sermões você já ouviu sobre esse tema. Eu, pelo menos, não me lembro de nenhum, em mais de 50 anos de vivência em igrejas.
Por que as bênçãos "silenciosas" não são apreciadas?
Há duas razões para isso. A primeira é que nossa sociedade anda cada vez mais rápido e quer resultados logo - não há paciência para esperar o tempo de Deus. As pessoas têm dificuldade de apreciar uma obra que é feita por Deus gota a gota.
A segunda razão é porque colocamos na cabeça que Deus vai fazer as coisas de determinada forma e Ele sempre age de forma diferente do que esperamos. Ele tem o jeito d´Ele de fazer as coisas.
É como se esperássemos um avião trazendo socorro vindo do norte e o socorro chega mesmo de barco, vindo do sul. Aí demoramos a perceber que o socorro chegou.
As suas bênçãos de ano novo
Você certamente vai pedir várias coisas a Deus na passagem de ano e não há nada de errado nisso. Mas você precisa aprender a reconhecer quando Deus agir na sua vida. Quando os milagres "silenciosos" ocorrerem.
Às vezes, passos pequenos, que parecerão pouco significativos, irão se acumulando e terminarão por levar você mais longe do que parecia possível - eu sei, pois isso já aconteceu comigo.
Deus está sempre presente e atuando, não importa se você percebe isso ou não. Mas se você perceber, sentir-se-á reconfortado/a e terá novo ânimo para tocar sua vida. Fique pois atento/a ao agir de Deus.
Veja mais sobre esse tema aqui.
Com carinho

domingo, 29 de dezembro de 2019

RESOLUÇÕES PARA O ANO NOVO

Resoluções de ano novo são muito comuns. Trata-se de listas de coisas que as pessoas prometem fazer no ano que se inicia para melhorar ou superar problemas. Coisas como emagrecer, fazer ginástica, fazer economia, ler mais, descansar mais, prestar mais atenção no/a esposo/a e filhos/as. E para os cristãos, dedicar-se mais às coisas de Deus.

Infelizmente, essas resoluções, mesmo bem intencionadas, raramente acabam sendo cumpridas - estudos mostram que menos de 10% delas se concretizam. E o regime para emagrecer acaba sendo adiado por qualquer razão, o estudo bíblico fica para quando houver mais tempo, a economia fica para depois da viagem prevista para julho e assim por diante.

Assim como a esperança renasce, com a perspectiva que os problemas irão embora junto com o ano velho, para logo depois ser frustrada pela realidade (os problemas continuam no mesmo lugar), as boas intenções de melhorar a própria vida são pouco a pouco destruídas. Acabam engolidas pelas demandas do dia-a-dia. 

As esperanças geradas na virada do ano se frustram por serem irreais - afinal, a mudança de ano não é um momento mágico que muda tudo na vida da pessoa. E da mesma forma as resoluções de ano novo não vingam porque também são irreais, pois as pessoas querem obter resultados sem atacar a origem do problema. Querem se tornar melhores mesmo sem mudar seu interior. Acham que fazer uma simples lista de resoluções vai mudar sua vida, mas é apenas uma questão de tempo para que os velhos hábitos retornem.

Como mudar de fato
O que fazer para mudar de fato, conseguindo transformar boas intenções em realidade? A resposta é simples e pode surpreender você: reforce sua fé em Jesus e depois procure vivê-la plenamente.

A Bíblia ensina (Tiago capítulo 2, versículo 14 a 17) que a fé verdadeira é aquela que gera obras e isso significa sobretudo mudança interior: adquirir novos valores, novas prioridades de vida, etc. A pessoa se motiva e assume o compromisso de ser melhor porque escolheu seguir a Jesus.

Então, se Jesus ensina a perdoar, a pessoa vai se esforçar para aprender a fazer isso. Se Ele cobra que a pessoa deixe de lado seus vícios, a pessoa vai encontrar na sua fé as forças necessárias para mudar seus hábitos. Se Jesus ensina como conseguir auto-controle, a pessoa vai seguir fielmente essa receita e conseguir mudar. 

Portanto, se entra ano e sai ano e seu comportamento continua enfrentando as mesmas limitações e dificuldades, está faltando fé para você. Simples assim.

A pessoa pode até ir à igreja, ler a Bíblia e se envolver com a obra de Deus e ainda assim não conseguir mudar. Isso ocorre quando a pessoa faz todas essas coisas por pura religiosidade, apenas para "cumprir tabela", mas não entregou de fato sua vida a Jesus e muito menos assumiu compromisso com Ele. 

Aproveite, então, a passagem de ano para fazer duas coisas. A primeira é examinar com sinceridade os frutos da sua vida no ano que passou. Por exemplo, quando Deus chamou, você respondeu ou se deixou vencer pelo comodismo, pela "falta" de tempo ou por outra coisa qualquer? Você mudou aquele vício que tanto prejudicava sua vida? Ajudou a levar alguma pessoa para Jesus? Dividiu a carga das pessoas que sofriam?

Se os resultados obtidos no ano que passou não foram bons, reconheça esse fato em oração e peça perdão a Deus.

É aí que entra a segunda coisa: entregue verdadeiramente sua vida a Jesus e passe a fazer aquilo que Ele lhe pede. E peça ajuda a Deus para conseguir transformar sua boa intenção em prática de vida.

Se você fizer isso, pode ter certeza que o próximo ano vai ser muito especial para você.

Com carinho

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

ASSIM COMO O PAI

Falar que alguém é assim como seu pai ou sua mãe é a coisa bem comum. E isso faz todo o sentido. Além da semelhança física, fruto da genética, os filhos adquirem coisas dos seus pais durante a própria convivência com eles.

Começam a falar de forma parecida, aprendem a gostar das mesmas coisas, criam os mesmos hábitos e assim por diante. E há até quem acabe seguindo a mesma profissão do pai ou da mãe. Tenho um amigo muito querido que é dentista e seus três filhos também são dentistas e isso deve ser um motivo de grande alegria para ele.

E não foi diferente com Jesus - pode-se dizer que Ele também é assim como o seu pai. Nesse caso a semelhança é entre Jesus e Deus Pai. E foi o próprio Jesus quem falou sobre isso diversas vezes na Bíblia. Jesus chegou a dizer que quem quisesse ver o Pai bastaria olhar para Ele. Ou seja, ver e falar com um deles seria o mesmo que ver ou falar com o outro. E isso é uma coisa maravilhosa, pois mostra que estamos no caminho certo ao seguir Jesus.

E é sobre isso que eu falo no meu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

MENSAGEM DE NATAL


Hoje eu tenho uma mensagem especial para você. vamos comemorar o dia de Natal, isto é, o nascimento de Jesus. A maioria das famílias estará reunida, curtindo os presentes, uma comida muito especial e a convivência em grupo. O dia de Natal costuma ser de alegria. Um dia muito abençoado. 

Mas, quero falar especialmente com você que está vivendo momentos difíceis. Que se sente sozinho(a), sem esperanças e até sem motivo para celebrar. Sei na minha própria carne como é duro sentir-se triste num dia que parece ter sido feito para a alegria. Como é difícil estar por baixo quando todo mundo parece estar bem. 

Minha mensagem para quem se sente assim é simples: não perca a esperança e nem a alegria. E o motivo para isso pode ser encontrado no próprio significado do Natal: a chegada de Jesus ao mundo mais de dois mil anos atrás. Afinal, esse evento significou que ninguém mais está sozinho(a), não importam as circunstâncias da vida. 
Jesus não precisava ter vindo ao mundo viver entre os seres humanos. Muito menos precisava ter sofrido numa cruz para nos abrir as portas da salvação. Mas, Ele passou por todas essas dificuldades por uma única razão: seu amor por cada um(a) de nós. 
Com efeito, a vinda de Jesus ao mundo significa que Deus é solidário conosco. Ele entende o sofrimento e as dificuldades humanas. Afinal, Jesus também sofreu solidão, desamparo, privação e traição. E é por isso que a Bíblia chamou Jesus de "homem de dores".

Portanto, Deus sabe como você está se sentindo. Ele entende perfeitamente suas frustrações e angústias. E se identifica com você. Esse é o significado maior do Natal.

A mão de Deus está sempre estendida, convidando você a entrar em comunhão com Ele. E basta você falar com Ele, dividir suas dores e pedir ajuda, que não mais estará sozinho(a). 

Tenho certeza que Deus vai agir na sua vida, se você pedir. E Ele lhe dará sua paz. Essa paz se faz presente mesmo em meio a todas as dificuldades. Nada a detém. E por isso a paz de Deus desafia todo o entendimento humano. 
É nessa esperança e nessa certeza, que deixo aqui essa mensagem e desejo para você um feliz Natal. 

Com carinho  

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

OS TRÊS REIS MAGOS

Os presépios de Natal trazem a figura dos três reis magos - Baltasar, Gaspar e Melquior - oferecendo presentes para o bebê Jesus, ainda deitado numa manjedoura. Será que essa imagem linda e tão popular representa um fato real? Será que foi isso mesmo que aconteceu?
Antes de responder, transcrevo abaixo o que a Bíblia fala a respeito da visita dos reis magos a Jesus (Mateus capítulo 2, versículos 1 a 12):
E tendo nascido Jesus em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém, dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo. E o rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e toda Jerusalém com ele. congregados todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Messias. E eles lhe disseram: Em Belém de Judeia porque assim está escrito pelo profeta... 

Então Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu deles acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera. E... disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino e, quando o achardes, participai-mo para que também eu vá e o adore. tendo eles ouvido o rei, partiram e eis que a estrela, que tinham visto no oriente, ia adiante deles, até que se deteve sobre o lugar onde estava o menino... 

Entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram e abrindo seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra. E, sendo por divina revelação avisados num sonho para que não voltassem para junto de Herodes, partiram para sua terra por outro caminho.
 É só isso que a Bíblia relato. Nela não há, portanto, a indicação do nome desses homens, quantos eram  e nem quem eram de fato. Essas informações vêm de outros documentos antigos - como Evangelho da Infância de Jesus - que trazem algumas informações históricas, que podem ser mais ou menos confiáveis dependendo da origem desses textos. Mas esses documentos complementares não podem ter para nós, cristãos, o mesmo peso do que está contido na Bíblia.
Os reis magos vieram de alguma região a oeste (oriente) da Palestina, provavelmente Babilônia e/ou Pérsia e/ou Índia. Eram homens versados em astronomia e astrologia, daí serem conhecidos como "magos". E conheciam alguma profecia sobre o nascimento de um rei para os judeus, que também reinaria sobre toda a humanidade. E isso é surpreendente pois eles nem eram judeus e não conheciam a Bíblia Hebraica (o Velho Testamento).
Eles viram no céu um sinal - a "estrela de Belém" - e entenderam que a criança tinham nascido. E saíram de suas terras para adorar o recém-nascido, fazendo uma longa viagem. Chegaram até Jerusalém e foram perguntar onde estava o bebê. Evidentemente, eles não podiam imaginar que um rei tão importante tivesse nascido numa estrebaria.

Os reis magos eram pessoas ricas e certamente levaram com eles uma comitiva grande e imponente, daí atraírem a atenção do rei Herodes. Os magos acabaram por se encontrar com Herodes e conversaram com ele, contando-lhe sobre a profecia do nascimento do rei dos judeus. E também sobre a estrela que anunciava a chegada de Jesus.

Naturalmente, Herodes ficou amedrontado ao perceber que acabara de nascer um possível rival dele. E convocou os sacerdotes e escribas judeus para perguntar-lhes onde a criança deveria ter nascido. Foi informado que a Bíblia continha uma profecia que isso se daria em Belém da Judeia (Miqueias capítulo 5, versículo 1).

Herodes encaminhou os magos para Belém e pediu-lhes que, na volta, passassem em Jerusalém, para informá-lo sobre o que tivessem visto. Na verdade, Herodes queria matar Jesus, o que tentou fazer mais adiante (Mateus capítulo 2, versículos 16 a 18). Por causa desse perigo, os magos foram avisados em sonho para nada falar para Herodes e eles voltaram para suas casas por outro caminho.
Ao chegarem em Belém, os magos foram guiados pela estrela até o local onde a criança estava. Adoraram o recém-nascido e lhe deram três presentes: ouro, incenso e mirra. Ouro era a dádiva adequada para um rei, o incenso era apropriado para um sacerdote e a mirra (usada para embalsamar corpos) representava sofrimento, o que tinha muito a ver com o papel de profeta. Assim, essas oferendas indicavam o reconhecimento dos três papéis que Jesus haveria de ter. Ao longo do seu ministério, ele haveria de ser rei, sacerdote e profeta, conforme afirma a doutrina cristã.
Repare que o texto conta que os magos encontraram o bebê numa casa e não na estrebaria onde Jesus nasceu. Não são citados no relato o pai adotivo de Jesus, José (provavelmente estava fora), nem pastores ou animais. Em outras palavras, os magos não estavam presentes na cena da manjedoura, no momento do nascimento. Eles chegaram lá depois, quando a família de Jesus já estava hospedada numa casa. Portanto, os presépios estão errados em incluí-los na cena do nascimento.

O texto da Bíblia não afirma que eram três homens e nem cita os seus nomes. Só sabemos essas informações por outros textos. Portanto, não podemos ter certeza absoluta quanto a essa tradição.

A Bíblia também não fala que eram reis - chama-os apenas de magos. A indicação de que eram reis parte da interpretação do Salmo 72, versículo 11, onde é dito que os reis de toda a terra iriam adorar Jesus, bem como os já citados textos paralelos. Essa, então, é outra tradição da qual não podemos ter certeza absoluta.

A visita dos magos a Jesus tem diversos significados teológicos. O primeiro é que o Rei (Jesus) foi rejeitado desde o seu nascimento pelos poderes constituídos (Herodes e os principais sacerdotes judeus). Mas, foi imediatamente reconhecido por aqueles que viviam à margem desse poder e tinham conhecimento espiritual, como os pastores ou os magos.
Indica, também, que as profecias relacionadas com Jesus eram conhecidas não apenas pelos judeus. Em outras palavras, Deus deu outras revelações para povos que não eram Israel.

Finalmente, esse episódio demonstra que as profecias especificavam com clareza os papéis que Jesus haveria de desempenhar na história humana, daí os presentes que os magos lhe deram.

Com carinho

sábado, 21 de dezembro de 2019

MARIA, MÃE DE JESUS

Por ocasião do Natal, nada mais apropriado do que falar dobre Maria, mãe de Jesus. É triste reconhecer que esse tema gera grande divisão entre os cristãos, ficando de um lado, os católicos e algumas outras denominações, e, do outro, os evangélicos/protestantes. Os primeiros tratam Maria com uma reverencia que frequentemente chega às raias da adoração. Os do outro lado quase nem falam dela, nem mesmo no Natal.
A causa da divergência
A Bíblia nos conta que Jesus tinha duas naturezas: uma divina e outra humana. E a divergência nasce da diferença de entendimento quanto ao papel de Maria.  
Os evangélicos/protestantes - entre os quais me incluo - entendem que Maria é mãe de Jesus, ou seja, teve um papel ativo e fundamental na gestação da natureza humana dele, mas nada tem a ver com sua natureza divina. A razão para isso é que Deus é eterno e, como tal, não poderia ter uma mãe humana. Já os católicos e outros entendem que Maria também é a mãe de Jesus enquanto Deus. E, naturalmente, desse pensamento decorrem toda uma série de doutrinas importantes. 

A Bíblia nunca se refere a Maria como mãe de Deus e sim como a mãe do homem Jesus, dando suporte à posição dos evangélicos/protestantes. Isso porque os ensinamentos que embasam a doutrina católica vem do chamado "magistério" da Igreja Católica, isto é, da doutrina que ela própria estabeleceu ao longo dos séculos de reflexão e ensino. E tais conceitos não são aceitos por outras denominações cristãs. Portanto, há um abismo separando essas duas visões do papel de Maria. 

Agora, meu objetivo aqui não é ficar esmiuçando as razões de cada lado, mas sim corrigir uma injustiça que os evangélicos/protestantes cometem com essa mulher especial: deixar de honrá-la como ela merece.

E é fácil comprovar o que acabei de falar. Se você frequenta cultos evangélicos/protestantes, tente se lembrar da última vez em que ouviu um sermão baseado na figura de Maria. Provavelmente muito poucas vezes, se é que você ouviu algum sermão assim.

Penso que esse descaso com  Maria está errado pois, se Deus escolheu essa mulher para ser a mãe de Jesus, ela não pode ter sido nada menos do que uma pessoa extraordinária.
Uma grande mulher
Para os padrões de hoje, Maria era apenas uma menina (tinha 14 ou 15 anos), quando recebeu a mensagem de Deus sobre sua gravidez de Jesus, através do anjo Gabriel. Maria estava noiva de José, mas ainda era virgem, portanto, aquela gravidez inesperada iria lhe trazer (como de fato trouxe) grandes problemas de aceitação na sociedade.
Maria vivia numa sociedade patriarcal, onde uma gravidez fora do casamento gerava um grande escândalo, e até colocava a integridade da mulher em risco. As punições a que ela estava sujeita eram bem severas e até poderiam levá-la à morte. Ao se ver inesperadamente grávida, sua única esperança seria José, seu noivo, aceitar e torna-se pai adotivo da criança sendo gestada. 

Imagine uma menina submetida a esse tipo de desafio. Era de se esperar que ela ficasse com medo e pedir a Deus para não passar por aquela experiência. Mas, ela tudo de maneira muito corajosa, pois, apesar da pouca idade, tinha uma fé inabalável. Veja a resposta que ela Deu ao anjo, quando soube da gravidez  (Lucas capítulo 1, versículos 46 a 55):
"A minha alma engrandece ao Senhor... Pois desde agora todas as gerações me considerarão bem-aventurada..."
Ao invés de olhar para os problemas à sua frente, Maria focou em Deus e se alegrou com a honra que lhe estava sendo dada, por ter sido escolhida como a mãe de Jesus.  

A Bíblia conta que José, ao saber da gravidez de Maria - uma má notícia para ele - e não querendo falar mal da noiva, decidiu se afastar dela sem muito alarde. Mas, um sonho o convenceu a reconhecer Jesus como seu filho (Mateus capítulo 1, versículos 18 a 25). E isso salvou tanto Maria, quanto o bebê.

Mesmo assim, Maria teve que aprender a conviver com a desconfiança da sociedade sobre a origem de Jesus. É por isso que, em várias passagens da Bíblia, Jesus foi chamado de "filho de Maria", título que somente era admissível numa situação onde o pai verdadeiro fosse desconhecido. Se houvesse certeza quanto à paternidade, Jesus teria sido sempre chamado de "filho de José".

Maria deu à luz a Jesus nas piores condições possíveis. A viagem que fez, já no final da sua gravidez, indo de Nazaré a Belém (mais de cem quilômetros), montada num burrico, através de estradas esburacadas, sentindo dores e desconforto, é um testemunho da coragem dessa mulher admirável. As circunstâncias do parto, que ocorreu num simples estábulo, também foram muito difíceis. E não deve ter sido fácil para ela deitar seu primeiro filho numa manjedoura, o local onde os animais comiam.

Maria passou o restante da sua vida sabendo que estava reservado para seu filho um destino especial, conforme o anjo lhe tinha revelado. Ela o acompanhou durante seu ministério e o viu passar dificuldades e ser perseguido pelos líderes religiosos judeus. E estava presente quando Jesus foi pregado numa cruz - seu coração certamente ficou partido ao ver o sofrimento do filho. Sem dúvida, ela pagou um preço muito alto por fazer a vontade de Deus.

Neste Natal, vamos todos nós, cristãos, não importa a denominação que seguimos, lembrar com carinho e grande consideração, aquela quase menina, que não hesitou em doar seu corpo para que Jesus viesse ao mundo. 

Com carinho

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

TEMPO PARA TUDO

A Bíblia, no livro do Eclesiastes, ensina que há tempo para tudo. Há tempo para plantar e tempo para colher os resultados desse plantio. Para sorrir com as boas notícias e para chorar por conta das novidades ruins. Para amar e também para deixar de amar. Tempo de paz e de guerra. E assim por diante.

Isso quer dizer que a vida é feita de ciclos. Há momentos bons e outros ruins. As pessoas nascem, crescem, entram em relacionamentos, têm filhos, conquistam coisas, envelhecem e um dia a vida delas acaba. Esse é o andamento normal e natural das coisas. A vida é assim mesmo.

Entender e aceitar a realidade que a vida é feita desses ciclos é mostra de grande sabedoria. E não é por acaso que esse ensinamento está no libro do Eclesiastes, um dos chamados livros da sabedoria da Bíblia.

Entender e aceitar isso faz com que a pessoa olhe para as coisas com olhar mais maduro e se torne capaz de entender que até o sofrimento é natural. Ele é parte do andamento normal da vida - basta perceber que todos vão morrer um dia.

E é sobre isso que eu falo no meu mais novo vídeo - veja aqui .

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

MATURIDADE ESPIRITUAL

Maturidade espiritual não é uma coisa fácil de alcançar. Não são muitas as pessoas que chegam nesse estágio da sua caminhada espiritual. 

Há um interessante texto do apóstolo Paulo (1 Coríntios capítulo 3, versículos 1 e 2), onde ele fala que estava dando “alimento" (ensinamentos) para "crianças" (pessoas espiritualmente imaturas). Paulo estava falando de pessoas que ainda não tinham alcançado a maturidade espiritual e eram como "crianças" na sua fé.

Mas, quando um/a cristão/ã pode ser considerado amadurecido/a espiritualmente? Quais são os sinais dessa condição? Acho que a resposta deve ser buscada naquilo que é a base da vida espiritual das pessoas: a fé em Cristo. Um/a cristão/ã maduro/a é aquela pessoa que tem uma fé amadurecida. Mas, o que é uma fé madura? 

A Bíblia responde essa pergunta diretamente em Tiago capítulo 2, versículos 14 a 26. Ali está dito que a fé madura é aquela que produz frutos. Trata-se da fé que transforma a própria vida da pessoa, fazendo-a pensar e agir mais de acordo com aquilo que Deus deseja dos seus filhos/as.

Eu não disse que se trata de uma fé sem tropeços e dúvidas. Afinal, todos os grandes homens e mulheres considerados como heróis e heroínas da fé tiveram seus momentos de dificuldade espiritual. Um bom exemplo é João Batista que teve dúvidas se Jesus era mesmo o Messias, quando estava preso por ordem do rei Herodes (Mateus capítulo 11, versículos 2 a 6).

O que diferencia a fé madura da fé infantil não é a ausência de dificuldades, mas a forma como a pessoa lida com elas. Vou dar alguns exemplos para ajudar você entender bem isso. Peço que você responda sinceramente as perguntas abaixo, antes de ler os meus comentários. Isso vai ajudar você a se auto-avaliar quanto ao seu grau de maturidade espiritual: 

1. Qual das alternativas caracteriza melhor seus verdadeiros motivos para ajudar na obra de Deus?
Alternativa 1: Ganhar mérito junto a Deus. 
Alternativa 2: Você se sente honrado/a porque Deus opera na vida das outras pessoas através de você.

Comentário: A esmagadora maioria das pessoas escolhe a primeira alternativa. É claro que há mérito em fazer a obra de Deus – Jesus chegou a dizer que nem um copo de água dado a uma pessoa necessitada ficaria sem sua devida recompensa. 

Mas, não é isso que deve motivar um/a cristão/ã amadurecido/a a atuar na obra de Deus. O verdadeiro motivador deve ser o desejo puro e simples de servir ao nosso Senhor e a honra que há em se sentir um instrumento dele no mundo. O apóstolo Paulo chegou a dizer que seria um homem miserável se não pudesse pregar a Palavra de Deus. 

2. Quanto a opinião dos outros importa para você? Muito ou pouco?

Comentário: a resposta mais comum é reconhecer que a opinião das pessoas importa muito. Mas, à medida que vai amadurecendo, o/a cristão/ã dá cada vez menos importância à opinião dos demais, principalmente quando essa opinião contraria a vontade de Deus. 

Por exemplo, Jesus foi chamado de comilão e beberrão, pois comia na casa de pecadores, mas seu objetivo, ao fazer isso, era trazer essas pessoas de volta para Deus. Ele foi criticado por membros da sua própria família, pois, como irmão mais velho, todos esperavam que Ele ficasse tivesse como objetivo principal na vida cuidar da própria família. E, ao invés de fazer isso, Ele saiu de casa e foi pelo mundo pregando a Palavra de Deus. Mesmo assim, Jesus não se afastou um milímetro da sua missão.
 
3. Você consegue perdoar?

Comentário: A capacidade de perdoar verdadeiramente é um excelente sinal de maturidade espiritual. Afinal, poucas pessoas conseguem mesmo perdoar. 

Comentário: Imagine ver alguém ao seu lado recebendo grandes bênçãos materiais, enquanto você luta com dificuldades. E, o que é pior, a pessoa tão abençoada por Deus não lhe parece ter mais mérito do que você. Eu já passei por esse tipo de experiência e posso testemunhar como é difícil aceitar esse tipo de situação. 

É difícil se alegrar com quem está sendo abençoado se você se sente destituído/a da atenção de Deus. Conseguir fazer isso é sinal de verdadeira maturidade espiritual, pois confiança absoluta em Deus e na sua justiça. 

5. Você acha que Deus deve ter como objetivo promover sua felicidade?

Comentário: A esmagadora maioria dos/as cristãos/ãs responde sim a essa pergunta. Mas, a felicidade, da forma como a entendemos hoje (uma vida próspera, plena de realizações, com saúde, segurança, etc) não é uma promessa bíblica. 

Olhando de perto a vida dos grandes homens e mulheres da Bíblia, nenhum/a deles/as, com a possível exceção do rei Salomão, preenche o modelo moderno de ter vivido uma vida feliz. Todos tiveram lutas e sofreram muito. Por exemplo, o apóstolo Paulo descreveu em detalhes as dificuldades que enfrentou ao longo do seu ministério (2 Coríntios capítulo 11, versículos 13 a 33). Foram inúmeras e muito grandes. 

É claro que Deus deseja o nosso bem - um Pai amoroso não poderia pensar de outra forma. Mas, o entendimento de Deus sobre o que significa o nosso "bem" é diferente do nosso. O bem para Deus é uma vida próxima e frutífera junto a Ele, não o conforto material ou o sossego.

Palavras finais
Alcançar a plena maturidade espiritual é um processo longo e trabalhoso. Passa por avanços e recuos, traz alegrias e sofrimento, momentos de descanso e de fazer. Mas isso é o que de melhor pode acontecer para você e para mim. 

Com carinho

domingo, 15 de dezembro de 2019

TERRÍVEL COISA É CAIR NAS MÃOS DO DEUS VIVO


Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo. Mas, o que essa frase quer mesmo dizer? Vamos começar vendo o que a Bíblia ensina a esse respeito:
Pois conhecemos aquele que disse: "A mim pertence a vingança; eu retribuirei"; e outra vez: "O Senhor julgará o seu povo". Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo! Hebreus 10:30-31
Esse ensinamento aponta para o fato que Deus pune o pecador e é uma coisa terrível quando alguém cai nas mãos dele. Quando a paciência e a misericórdia divinas cessam e a ira de Deus predomina.

O profeta Miquéas, num texto vem conhecido, detalha o que acabei de afirmar: 
Ai daqueles que nas suas camas intentam a iniquidade e maquinam o mal; à luz da alva o praticam, porque está no poder da sua mão. E cobiçam campos e roubam-nos, cobiçam casas e arrebatam-nas; assim fazem violência a um homem e à sua casa, a uma pessoa e à sua herança. Portanto, assim diz o Senhor: Eis que projeto um mal contra esta família, do qual não tirareis os vossos pescoços, e não andareis tão altivos, porque o tempo será mau. Miquéas capítulo 2, versículos 1 a 3
Mas, o que dizer quando a punição de Deus parece tardar. Quando a iniquidade se instala - como aconteceu na política brasileira, por exemplo - e pessoas parecem prosperar ao praticar o mal. 

É muito triste ver bilhões roubados num país que ainda não consegue garantir para seu povo os serviços públicos mais necessários, como educação, saúde, segurança e transporte. Cada real desviado, foi um real a menos para atender as pessoas desfavorecidas, aquelas que justamente dependem mais do apoio do governo. E esses desvios foram para os bolsos de políticos, agentes governamentais e empresários corruptos que lucraram imensamente.

É verdade que muitos dos envolvidos foram presos e ou estão sendo processados e espero que se faça justiça em todos esses casos. Mas, muita gente escapou sem grandes consequências.

Se essas pessoas escaparam da justiça humana, será que vão ser punidas por Deus? Garanto a você que Deus reage a tais abusos exatamente como descrito nos textos acima: aqueles/as que maquinam e praticam maldades vão sofrer nas mãos dele. Essas pessoas não perdem por esperar, pois serão punidos com rigor. Não tenho qualquer dúvida quanto a isso. 

Por que então essa punição parece muitas vezes tardar? A resposta passa pelo entendimento de que há uma diferença entre o tempo de Deus ("kairós") e o tempo físico ("cronos"). Os seres humanos vivem no tempo cronológico ("cronos") e não têm como escapar disso. Afinal, foram feitos assim. 

E eles esperam que Deus também se subordine ao mesmo tempo cronológico. E não é assim, pois Deus criou o tempo cronológico e, portanto, não se subordina a ele. Deus age no seu tempo próprio, o "kairós", quando entende ser melhor. 

Deus se importa sim e vai agir, mas quando bem entender. E o resultado da ação de Deus pode vir a se tornar aparente somente muitos anos depois dos fatos ocorridos. 

Assim, não devemos desanimar, se não percebemos de imediato os resultados da ação de Deus. Precisamos exercer nossa fé e, através dela, adquirirmos a certeza que Deus não tarda e nem falha. 

E pode ter certeza de uma coisa que terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo. Eu não queria de forma alguma estar no lugar dessas pessoas.

Veja mais sobre este tema aqui.

Com carinho

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

O SILÊNCIO DE DEUS

A experiência do silêncio de Deus é muito difícil de vivenciar. Refiro-me à situação na qual pedimos algo importante para Ele e Deus parece não responder. Parece ficar em silêncio.

O grande escritor cristão C.S. Lewis viveu exatamente essa situação. Sua mulher estava com câncer e ele pediu a Deus a cura dela. Veja o que Lewis escreveu, num momento de desespero:
"Mas se você vai até Ele [Deus] quando sua necessidade é desesperada, quando todo outro tipo de ajuda é vão, o que você encontra? Uma porta é fechada na sua cara e você ouve o som da fechadura sendo trancada. Depois disso, silêncio … Por que Ele é tão presente no nosso tempo de prosperidade e tão ausente no momento de dificuldade?”
O que fazer quando se vive esse tipo de situação? Como evitar que a frustração da falta de resposta aparente de Deus leve o cristão a se afastar da fé?

Há uma história na Bíblia (está em Mateus capítulo 15, versículos 21 a 28) que ajuda a dar um sentido, quando esse tipo de situação acontece. Refiro-me ao caso de uma mulher não judia, que se aproximou de Jesus, pedindo-lhe ajuda, pois sua filha estava possuída por um demônio. Os discípulos nem queriam que a mulher falasse com Jesus, mas ela insistiu muito, até conseguir falar com Ele.

A mulher, desesperada, pediu ajuda, mas Jesus permaneceu calado. A mulher insistiu e continuou clamando por ajuda. Sua fé era tamanha que ela, intuitivamente, sabia que o silêncio de Jesus não deve ser entendido como o silêncio dos seres humanos.

O silêncio dos seres humanos, normalmente, significa falta de interesse, indiferença. Mas, não é assim com Deus. O fato de não haver uma reposta imediata de Deus não significa que Ele está indiferente ao que se passa conosco.

Esse tipo de silêncio ocorreu no Calvário, quando Maria e as outras mulheres estavam aos pés de Jesus, pregado na cruz, e certamente se perguntaram porque aquilo estava ocorrendo. E não receberam qualquer resposta naquele momento. Elas só entenderam o significado daquilo que estava ocorrendo muito mais tarde. O sacrifício de Jesus na cruz era Deus falando que ama e quer ver cada ser humano perto dele (João capítulo 3, versículo 16).

Voltando à história da mãe que pediu ajuda a Jesus, o texto conta que, de tanto insistir, a mulher recebeu uma resposta. E essa reposta pareceu deixar a situação ainda pior. Jesus disse que não poderia atender o pedido dela pois seu ministério estava limitado ao povo de Israel (a mulher não era judia).

Se a história tivesse acontecido comigo, e eu tivesse recebido uma resposta dessas, teria ido embora revoltado e desolado, lamentando a falta de sensibilidade de Jesus. Talvez até pensasse que Ele não era a pessoa especial de quem todos falavam.

Mas, aquela mãe agiu de forma diferente: persistiu e deixando de lado todo orgulho, implorou a Jesus pela sua ajuda. Seu desespero era tamanho que ela não conseguiu ir embora, não importa o que lhe dissessem. Sabia que somente Jesus poderia ajudá-la e por isso insistiu.

E, finalmente, Jesus agiu. Disse para ela: “Mulher, grande é a tua fé, faça-se contigo como queres...” e a filha dela foi imediatamente liberta.

Deus muitas vezes não age da forma como as pessoas esperam. O silêncio dele é apenas aparente e tem a ver com nossa incapacidade de entender o que Ele está fazendo e dizendo.

O conhecido rabino Abraham Heschel certa vez disse uma coisa muito certa: “Deus não é “bonzinho", não é um como um tio ou padrinho que chega com presentes. Deus é um terremoto”.

Em outras palavras, Deus é uma força sem tamanho e um mistério para nós. Nunca se sabe com certeza como Ele vai agir. O que vai dizer.

Aquela mãe insistiu porque sua fé era absoluta, uma das maiores relatadas na Bíblia. E o próprio Jesus reconheceu isso. Tinha confiança absoluta de que Deus podia ajudá-la e iria fazer isso. Ela não sabia o quê seria feito, nem quando a benção ocorreria e muito menos como Jesus resolveria o problema. Ela apenas acreditou, contra tudo e todos. E obteve o que precisava.

Resignação não é o que Deus espera de alguém que lhe faz um pedido. Ele quer que a pessoa insista, resista e não se conforme com a situação vigente. Isso está claro bem claro numa passagem do Gênesis (capítulo 18, versículos 23 a 33) onde Deus contou para Abrão que iria destruir Sodoma e Gomorra, matando a todos que ali viviam. Abraão não se conformou, questionou, resistiu e Deus aceitou suas ponderações.

Rejeitar Deus porque Ele parece ficar em silêncio e não fazer o que a pessoa quer, é a reação errada. Pois, ao rejeitá-lo, a pessoa perde o contato com Deus e qualquer possibilidade de ter seu problema resolvido. É preciso que a pessoa faça exatamente o oposto: se “agarre” desesperadamente a Ele, usando sua fé como alavanca.

O grande reformador Martinho Lutero, certa vez, ao observar seu cão, com os olhos brilhando, à espera de um osso que lhe seria atirado, comentou: “ah, se eu conseguisse orar com essa mesma certeza...” Acho que isso resume bem tudo o que acabei de falar.

Quando Deus parecer estar em silêncio, insista. Continue a bater na porta até que ela se abra. Amém.

Com carinho

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

CRÉDITOS

Paulo se preocupou em dar créditos a diversas pessoas que colaboraram com seu ministério. Um bom exemplo disso é a longa lista de citações de nomes de pessoas que ele incluiu no final da sua carta aos Colossenses. Ali Paulo indica o que cada pessoa fez e sobre a sua importância na obra de Deus.

As pessoas que Paulo citou em Colossenses ficavam nos bastidores do ministério de Paulo. E por isso não eram muito notadas pelos cristãos. Mas, sem elas, Paulo teria sido muito menos efetivo do que foi.

E assim costuma acontecer nas igrejas. Para que o pastor possa fazer uma pregação que encante a congregação, muitas pessoas trabalharam nos bastidores. Gente que talvez nunca seja notada, mas que foi fundamental. Pessoas que limparam e enfeitaram a igreja, ajustaram o som, receberam e encaminharam os vistantes e assim por diante.

Normalmente, não é possível dar créditos a todos essas pessoas durante os cultos e demais atividades da igreja, mas cada uma delas é fundamental para o sucesso dos trabalhos.

Lembre-se disso, se você estiver trabalhando na obra de Deus em tarefas que pareçam humildes - você tem grande valor e Deus sabe disso. Esse é o tema do meu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

COMO MELHORAR SUA VIDA

Como você pode melhorar sua vida? Para viver uma vida melhor, mais feliz e ajustada, você precisa aprender uma coisa muito importante: distinguir entre o que não pode ser mudado, não importa o quanto você se esforce, e o que pode ser melhorado, com esforço e dedicação. 

Muitas pessoas não conseguem perceber essa diferença fundamental e ficam lutando para mudar aquilo que não está a seu alcance. E acabam não se concentrando nas áreas onde poderiam obter progresso palpável.

O que não pode ser mudado na sua vida inclui um monte de coisas, muito mais do que você provavelmente gostaria que fosse o caso. Mas, essa é a realidade que você precisa aprender a aceitar. Vejamos alguns exemplos:
  • Algumas circunstâncias da sua vida – por exemplo, a economia, o clima, o ambiente social onde você vive, a situação política do seu país. E inclui ainda alguns problemas crônicos de saúde ou mesmo deficiências físicas.
  • O passado - é impressionante como as pessoas gastam tempo e esforço tentando mudar seu passado. Você pode até se arrepender do que fez, mas o que está feito não vai mudar. É preciso aprender a viver com as consequências dos seus atos. 
  • A passagem do tempo - tudo passa na vida, tanto as coisas boas com as ruins. Entender isso ajuda a reduzir o sofrimento quando uma coisa boa passa. Isso vale, por exemplo, para a juventude, para a beleza física e tantas outras coisas.
  • A soberania de Deus - pode parecer estranho incluir isso na lista, mas as pessoas brigam muito contra a soberania de Deus. Muitas acham que Ele poderia e deveria ter feito as coisas de outra forma e não se sentem satisfeitas com aquilo que Deus parece ter reservado para elas. E acabam se revoltando contra Deus, o que é péssimo. Primeiro, porque isso não muda a realidade e, depois, porque isso afasta afasta a pessoa de Deus e lhe tira a única fonte real de ajuda que ela tem na vida. 
Aprender a aceitar aquilo que não se pode mudar é fundamental para alcançar paz de espírito e ter condições de se concentrar naquilo que importa de fato, ou seja, aquilo que pode ser mudado. Não se trata de conformismo, mas sim de ajustar as próprias expectativas. Afinal, ficar brigando contra o inevitável somente traz frustrações.

Agora, a parte mais importante é aprender a identificar e atuar naquilo que pode ser mudado. A Bíblia chama a esse processo de melhoria contínua de "santificação". É aí que você pode fazer diferença, tanto na sua vida, como no mundo que lhe cerca. 

É claro que você nunca pode mudar seu passado - no máximo pode atenuar as consequências do que fez. Mas, sem dúvida, você pode mudar seu futuro para melhor. E pode fazer isso desenvolvendo os seus pontos fortes - a Bíblia chama isso de usar bem os próprios talentos -, bem como reduzindo os pontos fracos. 

Uma das coisas que você pode melhorar na sua vida é a escolha de prioridades melhores. Trata-se de escapar da armadilha estabelecida pela sociedade moderna, para quem o bom é ter cada vez mais: coisas, status, poder, etc. Na verdade, o importante é passar a ser mais bondoso/a, controlado/a, paciente, amoroso/a e assim por diante. Essas são coisas que a Bíblia ensina como fazer.

Outra coisa que você pode mudar e assumir hábitos de vida mais saudáveis, cuidando melhor do seu corpo e da sua mente. 

Concluindo, aprender a aceitar o que não pode ser mudado e investir naquilo que é possível melhorar, esse é um conselho útil para toda a vida.

Com carinho

sábado, 7 de dezembro de 2019

O PROBLEMA COM O PAPAI NOEL

Hoje vou discutir um tema polêmico relacionado com o Natal: a figura do Papai Noel. Esse personagem acabou se tornando dominante nas comorações de Natal e deixa até a figura do menino Jesus, a razão de ser do Natal, meio de lado.

A origem do Papai Noel é uma mistura de lenda pagã, superposta a um santo católico, tudo isso transformado num grande sucesso de marketing pelos esforços comercias pela Coca Cola. É por isso que a roupa do personagem é vermelha (cor tradicional do logotipo da Coca Cola).

Essa origem duvidosa, faz com que muitos cristãos de boa fé acreditem sinceramente ser pecado e até um sacrilégio usar a figura do chamado "bom velhinho" nas comemorações de Natal. E aí que nasceu mais uma polêmica entre os evangélicos, que vou tentar esclarecer aqui.

A questão da origem pagã do Papai Noel
Eu tenho uma postagem aqui no site onde discuto outra polêmica comum sobre o Natal que é o uso de decorações típicas, como árvores enfeitadas com bolas, já que essas tradições têm origem pagã. Minha conclusão (veja mais) foi que não há como estabelecer uma doutrina proibindo tais "empréstimos" de tradições, já que o povo de Israel e também os apóstolos cristãos fizeram a mesma coisa.

Portanto, aceitar, ou não, esses símbolos festivos é decisão de ordem estritamente pessoal, não doutrinária. Há quem se sinta incomodada com eles e por causa disso deve evitá-los, já outras pessoas não têm qualquer problema com essas decorações e não há razão para impedi-las de usar essas tradições. 

E penso que com o Papai Noel ocorre a mesma coisa: não há razão para estabelecer doutrina caracterizando esse personagem como algo bom ou ruim. Não há razão para fazer proibições.

O "bom velhinho" é uma figura de ficção (mitologia), que foi sendo transformada aos poucos, até que (em meados do século passado) chegou à forma atual. O Papai Noel, portanto, não difere em nada de tantos outros personagens que povoam o imaginário infantil, como a Branca de Neve ou a Cinderela.

Proibir a figura de Papai Noel por causa das suas raízes pagãs deveria levar, por coerência, à proibição da maioria dos personagens de contos de fadas, bem como dos super heróis (Homem Aranha, Capitão América, Super Homem e outros). E levaria também à proibição de livros clássicos como a Ilíada e a Odisseia, ambas de Homero, que são relatos mitológicos passados na Grécia antiga e recheados de estórias de deuses pagãos. E assim por diante, até proibir boa parte da ficção usada no mundo ocidental.

Conhecer e apreciar obras artísticas de ficção, mesmo que sua origem não seja cristã, é muito diferente de cultuar outros deuses. Os personagem de contos de fadas e mitologias são imaginários e ninguém, em sã consciência, pensaria estar cultuando o Homem Aranha por apreciar os filmes com esse personagem, ou mesmo por vestir uma criança com uma fantasia da Cinderela. 

Essas coisas que pertencem ao mundo da fantasia, da ficção e acredito que as pessoas sabem separar muito bem esses personagens de deuses pagãos.

O problema real com o Papai Noel
O perigo verdadeiro que a figura do Papai Noel gera é de outra natureza: o desvio do foco da comemoração do Natal de Jesus Cristo para esse personagem.

O "bom velhinho" representa tudo aquilo que as pessoas querem: prazer, alegria de dar/receber presentes e festa. Mas, o nascimento de Jesus passa mensagem diferente: esse fato aconteceu em condições extremamente precárias (numa estrebaria), o que aponta para a desigualdade social e a injustiça deste mundo. A vinda de Jesus ao mundo fala também da necessidade de salvar as pessoas dos seus pecados. E esses são temas não muito gradáveis para as pessoas. Em outras palavras, a mensagem passada pelo Papai Noel é muito mais agradável e fácil de aceitar. 

Agora, ver o Natal como um evento apenas dedicado ao prazer e à alegria, filosofia simbolizada pela figura simpática do Papai Noel, e esquecer aquilo que o nascimento de Jesus representa, é fugir da verdade e se anestesiar. E isso é muito perigoso.

Existe um mito da cultura grega que explica bem os perigos de uma postura desse tipo. A feiticeira Circe era uma mulher linda e poderosa, mas maligna. Ela habitava uma ilha maravilhosa, um verdadeiro paraíso na terra. Essa ilha era um local exclusivamente destinado ao prazer humano, onde as festas nunca acabavam.

Os viajantes que chegavam na ilha ficavam tão maravilhados que iam adiando sua partida, até que se esqueciam totalmente de quem eram e das suas responsabilidades na vida. Transformavam-se em figuras patéticas, anestesiadas, sem qualquer propósito na vida.

As pessoas correm o risco de serem afetadas pelo "efeito Circe" - tornarem-se anestesiadas pela busca incessante do prazer e alegria a qualquer preço, esquecendo-se das realidades da vida. E isso fica bem claro quando o menino Jesus é substituído pelo Papi Noel nas comemorações de Natal. A meu ver, esse é o verdadeiro problema com a figura do "bom velhinho".

Com carinho

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

O PRIMEIRO MILAGRE DE JESUS

Você sabe qual foi o primeiro milagre feito por Jesus, A primeira vez em que Ele demonstrou seu poder em público? Vou contar, para quem não sabe ou não se lembra.

A primeira vez em que se faz alguma coisa significativa costuma ter importância na vida da pessoa: a primeira festa, o primeiro amor, o primeiro filho e o primeiro emprego. As festas de quinze anos foram cridas para comemorar a primeira vez em que a moça participa de uma baile. E assim por diante. 

Por isso, o primeiro milagre, dentre tantos que Jesus realizou deve ter sido muito significativo. E foi mesmo: Ele transformou simples água em vinho, quando estava numa festa de casamento. O ato de Jesus naquela festa traz ensinamentos muito importantes para nossas vidas. 

Os fatos (João capítulo 2, versículos 1 a 12)
O tal casamento deve ter acontecido numa família com a qual a família de Jesus tinha bastante intimidade, tanto assim, que Maria participou dos "bastidores" da festa. A mãe de Jesus estava preocupada com que tudo corresse bem.

E ela percebeu que o vinho servido aos convidados tinha acabado, coisa que iria gerar muita vergonha para os noivos, caso fosse notada pelo convidados. E Maria resolveu ajudar. Procurou Jesus e pediu-lhe que fizesse alguma coisa. 

A resposta de Jesus foi surpreendente - numa primeira leitura, parece até meio rude. Disse Jesus: "Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora". Há uma explicação para essa fala de Jesus: Maria esperava uma intervenção miraculosa do seu filho e Ele não tinha intenção de fazer um milagre naquela altura dos acontecimentos, pois seu ministério ainda não tinha começado. Mas, como pedido de mãe sempre acaba sendo atendido...

Jesus pediu aos empregados que juntassem seis talhas de pedra e as enchessem com água. O pedido de Jesus deve ter causado espanto nos empregados, pois aquelas talhas, com capacidade para cerca de 30 litros cada uma, eram objetos que tinham uso muito específico - elas serviam para banhos de purificação. Para você entender melhor o espanto causado ali, teria sido como se Jesus tivesse entrado numa igreja e pedido para usar o batistério como se fosse uma piscina para o lazer. 

Mesmo surpresos, e ante a insistência de Maria, os empregados fizeram o que Jesus tinha pedido. Encheram as talhas e, para sua enorme surpresa, a guá foi transformada em vinho. E o milagre ocorreu sem que Jesus tivesse tocado nas talhas ou dito qualquer palavra especial. 

Jesus agiu de forma quieta e, com certeza, muitos convidados nem perceberam o que acabara de acontecer. Agora, imagina a propaganda que um desses tele-evangelistas, que estão sempre na televisão hoje em dia, teria feito caso conseguisse realizar o mesmo milagre. Mas, Jesus não chamou qualquer atenção para si mesmo.

E o vinho criado por Jesus era tão bom que os convidados comentaram ter sido rompida uma tradição bem estabelecida: os donos da festa serviam primeiro a bebida boa e depois, aproveitando-se do fato das pessoas terem ficado "alegres", empurravam para os convidados o vinho mais barato.

O significado do milagre 
Penso que há pelo menos quatro ensinamentos a tirar desse milagre: 

1. A melhor preparação humana nunca garante que tudo vai dar certo 
Tudo que o ser humano faz tem limitações - naquela oportunidade, foi o vinho acabou. Mas, o problema poderia ter sido outro - lembro de uma festa de casamento em que a confeiteira contratada esqueceu de fazer o bolo... 

Problemas inesperados costumam ser uma realidade da qual ninguém consegue escapar. E ter consciência disso faz com que o ser humano se torne mais humilde.

2. O ser humano é impotente para resolver alguns dos seus maiores problemas 
Naquela oportunidade, os donos da festa não tinham como conseguir mais vinho e isso os deixaria muito mal com os convidados. Mas, o problema sem solução poderia ter sido uma doença séria, o desemprego ou uma crise familiar. 

Cada pessoa, cedo ou tarde, esbarra com determinados limites na sua vida. Há coisas que não é possível resolver com os próprios esforços. E só a ajuda de Deus pode permitir superar esses limites. Sem a ação de Deus, a "festa" da vida acaba.

Se Jesus for convidado para participar da "festa" da sua vida, sempre haverá motivo para festejar. Afinal, Ele tira recursos de onde você nem imagina que seja possível. Jesus transforma sua derrota em vitória, sua doença em saúde, sua falta de dinheiro em abundância e assim por diante. E só ele pode fazer isso. 

3. Deus é sensível aos nossos apelos
Jesus não queria fazer milagres naquela altura da sua vida: ainda não era a hora certa. Mas, sua mãe pediu e Ele foi sensível ao apelo que recebeu.

Da mesma forma, sua oração, seu apelo a Deus, pode mudar as circunstâncias da sua vida. Deus ouve o que as pessoas pedem e e reage a esses pedidos.

4. Nenhum objeto ou lugar é santo por si mesmo 
Para Jesus, as talhas de pedra usadas para purificação das pessoas eram apenas vasos. O uso normal dessas talhas podia ser considerado especial, as as talhas em si mesmas nada tinham de diferente. 

Em outras palavras, o que santifica um objeto ou lugar é o uso que Deus faz dele e somente isso. As coisas materiais não são santas por si mesmas. Elas se tornam especiais apenas por causa do uso que Deus venha fazer delas.

Com carinho