quinta-feira, 30 de julho de 2020

PEÇA AJUDA SE PRECISAR

A crise atual gerou sofrimento nas pessoas - percebo isso claramente nos testemunhos dos frequentadores desse site. O fato é que as pessoas costumam precisar de ajuda e muitas vezes não reconhecem e pedem apoio.
O interessante é que quando conversamos com pessoas que sabemos precisar de ajuda, muitas vezes elas nos dizem que “está tudo bem...”. Elas não se abrem e pedem ajuda.
Pedir e receber ajuda muitas vezes parece sinal de fraqueza, de fracasso na missão ou até mesmo de falta de fé. O orgulho muitas vezes também é um grande obstáculo, especialmente entre os homens.

A chamada “síndrome do Facebook” é uma realidade. Essa síndrome descreve bem o que acontece nas páginas dessa rede social: as pessoas só mostram seu lado bom, charmoso e de sucesso. Raramente elas mostram suas vulnerabilidades e deficiências. E sabemos que esse mundo “sanitizado”, expurgado de todos os problemas e sofrimentos, não existe de verdade. É pura ficção.

Todos os grandes homens e mulheres pediram e receberam ajuda e o mesmo pode ser dito dos heróis da fé cristã. E há muitos exemplos disso na Bíblia – vamos ver dois deles.
O primeiro é Paulo. E ninguém pode alegar que Paulo era um homem fraco, sem fé e dado a ficar se queixando por qualquer coisa. Basta lembrar da descrição que ele mesmo fez em das agruras pelas quais passou durante seu ministério – veja o depoimento em 2 Coríntios 11:23-27:
São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; prisões, muito mais; perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um; três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens, muitas vezes; perigos de rios, de salteadores, dos da minha nação, dos gentios, em perigo na cidade e no deserto, no mar, e entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, vigílias, muitas vezes, em fome e sede, jejum, muitas vezes, frio e nudez. 
Paulo pediu e recebeu ajuda muitas vezes. Vejamos dois exemplos. Um deles aconteceu no ano de 64, meses após o grande incêndio de Roma. O imperador Nero, falsamente, culpou os cristãos pelo incêndio que ele mesmo provocara. Como Paulo era o maior líder cristão em Roma, ele acabou preso.  E foi da prisão que Paulo escreveu aquela que é tida como sua última carta. 2 Timóteo foi dirigida por Paulo ao homem que ele considerava um verdadeiro filho e nesse texto, o apóstolo presta tributo a Onesífero, um amigo fiel (2 Timóteo 1:15-18):

Você sabe que todos os da província da Ásia me abandonaram, inclusive Fígelo e Hermógenes. O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes ele me reanimou e não se envergonhou por eu estar preso; pelo contrário, quando chegou a Roma procurou-me diligentemente até me encontrar. Conceda-lhe o Senhor que, naquele dia, encontre misericórdia da parte do Senhor! Você sabe muito bem quantos serviços ele me prestou em Éfeso.
A principal ajuda que Onesífero prestou a Paulo foi a de lhe fazer companhia, dar apoio emocional e espiritual num momento de muito infortúnio, quando Paulo se sentiu sozinho e abandonado.
E na mesma carta, Paulo relata outros pedidos de ajuda que fez e recebeu (2 Timóteo 4:9-13):
Procure vir logo ao meu encontro, pois Demas, amando este mundo, abandonou-me e foi para Tessalônica... Traga Marcos com você, porque ele me é útil para o ministério... E quando você vier, traga a capa que deixei na casa de Carpo, em Trôade, e os meus livros, especialmente os pergaminhos.
O outro exemplo é o próprio Jesus. Não podemos nos esquecer que Ele convocou doze apóstolos para ajudá-lo no seu ministério (Jesus os chamou de “pescadores de homens”). Jesus sabia que seu ministério seria de curta duração e Ele iria precisar de quem desse continuidade ao desenvolvimento da igreja cristã.
Ele também pediu ajuda aos apóstolos mais próximos dele (Pedro, João e Tiago), quando estava no jardim do Getsêmani, na noite em que foi preso. Jesus estava profundamente angustiado e pediu a seus apóstolos que entrassem em comunhão espiritual com Ele (Mateus 26:36-41):
Então Jesus foi com seus discípulos para um lugar chamado Getsêmani e lhes disse: “Sentem-se aqui enquanto vou ali orar”. Levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes então: “A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem comigo”. Indo um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: “Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres”. Depois, voltou aos seus discípulos e os encontrou dormindo. “Vocês não puderam vigiar comigo nem por uma hora?”, perguntou ele a Pedro. “Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca.”
Infelizmente, os apóstolos não estiveram à altura do pedido de Jesus, mas essa é outra questão. O importante aqui é perceber que Jesus reconheceu a necessidade de ter ajuda espiritual e a pediu aos discípulos.
Concluindo, você está em sofrimento? Ou é alguém que você ama quem está sofrendo? Ore e peça ajuda a Deus e garanto que Ele vai responder. O mais provável é que essa ajuda se materialize na forma de alguém levantado por Ele, que se disponha a ouvir, caminhar junto com você, dar sugestões e conselhos, fazer coisas necessárias e assim por diante.

Não se acanhe de precisar dessa ajuda. Deixe o orgulho de lado. Esqueça da sensação de fracasso ou de falta de fé. Até Jesus e Paulo buscaram e receberam ajuda.

Precisar de ajuda? Por que você não pode?

Com carinho

terça-feira, 28 de julho de 2020

FARISEUS, ONTEM E HOJE


O ministério de Jesus aqui na terra não foi tranquilo já que Ele enfrentou a hostilidade de diversos grupos de judeus, como fariseus e saduceus. E foi essa hostilidade que levou Jesus a ser preso e crucificado.
Os fariseus no tempo de Jesus
Os grupos hostis a Jesus eram bem diferentes entre si. Havia o grupo formado pelos principais sacerdotes e líderes religiosos judeus, conhecidos como saduceus. E existia também outro grupo, mais numeroso, os fariseus, formado por homens que buscavam cumprir com rigor a Lei Mosaica, conforme ela é apresentada na Torá (os primeiros cinco livros do Velho Testamento). E é sobre os fariseus que eu gostaria de falar hoje.
Os fariseus eram grandes estudiosos da Lei e por isso alguns deles são frequentemente referidos nos Evangelhos como "intérpretes" ou "doutores" da Lei". Esse grupo tinha divergências teológicas importantes com os saduceus - por exemplo, os fariseus acreditavam na ressurreição no final dos tempos, enquanto os saduceus não acreditavam nisso.

Os fariseus acabaram por se tornar aos olhos do povo  judeu os guardiões da Lei. O povo costumava recorrer aos  "doutores" da Lei para tirar dúvidas e saber se alguém estava ou não transgredindo os mandamentos divinos.

É por causa disso que quase todas as discussões teológicas envolvendo Jesus tiveram os fariseus como ponto de partida e não com os sacerdotes. E a raiz dessas discussões é a forma diferente como Jesus interpretava a Lei -  Ele privilegiava o aspecto espiritual dos mandamentos e não seu cumprimento formal e as aparências, como faziam os fariseus.

Infelizmente, os fariseus causaram mais mal do que bem para o povo judeu. No afã de garantir que a Lei não fosse violada, acabaram por aprisionar as pessoas na "camisa de força" formada por um extenso, e confuso conjunto de regras de comportamento. Apenas para garantir a obediência ao mandamento de observar o sábado, por exemplo, foram estabelecidas quase uma centena de regras.

As pessoas tinham que obedecer um grande conjunto de regras e passavam suas vidas sob os olhares vigilantes dos fariseus, e quem descumpria alguma  lei era discriminado socialmente e até punido.

Mas, a influência negativa dos fariseus não acabou no legalismo. Muitos deles eram hipócritas, pois exigiam das pessoas um comportamento que eles mesmos frequentemente não seguiam. O que importava mesmo para muitos  fariseus eram as aparências.

E para não precisar cumprir certas regras de comportamento que impunham aos outros, os fariseus frequentemente recorriam a subterfúgios. Por exemplo, Jesus citou o caso de alguns fariseus que, para fugir da obrigação de ajudar financeiramente os próprios pais, alegavam ter prometido seus bens para o Templo de Jerusalém.

Em conclusão, os fariseus seguiam uma religião que, ao invés de libertar o ser humano, escravizava as pessoas. E Jesus se insurgiu contra esse estado de coisas (por exemplo, ver Lucas capítulo 12, versículos 1 a 12).

Essa foi a razão pela qual os fariseus passaram boa parte do ministério de Jesus criando "pegadinhas" teológicas, para poder acusá-lo de heresia. Por exemplo, certa vez perguntaram a Jesus se seria justo que os judeus pagassem impostos aos romanos.  Se Jesus dissesse que sim, poderia ser acusado de colaboracionista com os dominadores. E que dissesse não, poderia ser denunciado aos romanos por instigar uma revolta. Jesus saiu-se brilhantemente dessa "pegadinha", respondendo o seguinte: "dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus" (Marcos capítulo 12, versículos 13 a 17).
Os fariseus hoje em dia
A igreja evangélica hoje em dia, infelizmente, também tem vários "fariseus".  Refiro-me aos líderes religiosos/as que ficam estabelecendo regras de comportamento para as outras pessoas e cobrando seu cumprimento. 
Essas regras podem alcançar diversas áreas das vidas das pessoas, como a forma de se vestir, os lugares que podem frequentar, o que lhes permitido fazer para se divertir, como podem se relacionar com o sexo oposto e assim por diante. Em algumas igrejas, são tantas as regras e tal o rigor na sua aplicação, que as pessoas ficam sufocadas, tornando-se verdadeiras prisioneiras.

Os "fariseus" não acabaram nos tempos de Jesus, o que é uma pena. Eles mudaram de roupagem e estão aí, bem vivos e influentes, causando o mesmo tipo de estrago que causaram dois mil anos atrás. Então, muito cuidado com eles.

Concluindo, continua a valer a advertência que Jesus fez tanto tempo atrás:
Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês fecham o Reino dos céus diante dos homens! Vocês mesmos não entram, nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo. Mateus capítulo 23, versículo 13
Com carinho

domingo, 26 de julho de 2020

CONVICÇÃO OU DESEJO?


Convicção ou desejo, o que costuma pesar mais na sua vida? A verdade é que essas duas coisas costumam determinar o caminho das pessoas. 

As convicções são baseadas naquilo que a pessoa acredita, ou seja, nas suas crenças verdadeiras. Por exemplo, as convicções políticas e religiosas costumam ser muito fortes. 
Convicções contribuem fortemente para definir o caminho de uma pessoa na vida porque ajudam a modelar seus objetivos e estabelecer sua noção de certo e errado que ela segue. Por exemplo, ao se tornar cristã, a pessoa adquire uma série de convicções, tais como, Jesus é o Filho de Deus e morreu na cruz para nos salvar. Isso significa que os ensinamentos de Jesus precisam ser obedecidos, pois emanam do próprio Deus. 
Os desejos têm a ver com aquilo que a pessoa acha que precisa e/ou quer. Desejos podem ter origem física (comida, abrigo ou sexo) ou serem gerados pelo ambiente social (p. ex. consumir ou ter posição social).

Os desejos também contribuem para modelar objetivos de vida da pessoa e influenciam boa parte das sua ações. Por exemplo, o desejo de ter sucesso poderá fazer com que a pessoa coloque suas atividades profissionais antes de qualquer outra coisa, acabando por negligenciar a própria família. Ou ainda pior, deixe de lado sua consciência e embarque em atos de corrupção.

Convicções e desejos, operando em conjunto, acabam por definir onde a pessoa investe seu tempo, o que faz na vida prática e até a medida pela qual se auto-avalia, como alguém que teve, ou não, sucesso. 
Mas, existe uma tensão permanente entre convicções e desejos, pois quase sempre eles apontam para direções diferentes. Por exemplo, a necessidade de ter dinheiro e  poder pode empurrar a pessoa para o egoísmo, enquanto sua fé cristã vai lhe dizer para amar ao próximo e perdoar.
Por causa dessa divergência desejos e convicções frequentemente entram em choque pois não podem ser satisfeitos em igual medida. Assim, torna-se necessário fazer escolhas dolorosas: ou bem a pessoa segue suas convicções, e deixa de lado seus desejos, ou faz o contrário.
Por exemplo, um cristão não pode se entregar livremente às suas vontades sexuais, pois há limites morais que ele precisa respeitar, caso queira seguir os ensinamentos da Bíblia. O mesmo pode ser dito do desejo de ter poder, da vontade de consumir e tantas outras coisas. A vida do cristão significa que sua fé sempre vai lhe impor limites aos próprios desejos. 

Para a Bíblia as convicções cristãs sempre devem vir na frente dos desejos da pessoa. E também não deixa dúvida que a pessoa precisará fazer sacrifícios para viver uma vida plenamente cristã. Por isso Jesus alertou que o caminho para a salvação é estreito e difícil, enquanto a estrada para a perdição é larga e fácil. Em outras palavras, é sempre mais fácil e gostoso deixar-se levar pelos desejos, satisfazendo as próprias vontades, sejam elas quais forem. 

O desafio diante do cristão não é simples pois a natureza humana empurra a pessoa para satisfazer seus desejos, enquanto o Espírito Santo lhe sopra no ouvido e a incentiva a privilegiar suas convicções cristãs. É uma luta diária: a pessoa vence num dia e perde no outro. E quando perde, ela precisa se arrepender, ser perdoada por Deus e voltar a lutar.  
O grande risco nessa luta se materializa quando a pessoa se deixa auto-enganar e de alguma forma "cala" a sua consciência. Aí ela passa a encontrar o que lhe parecem ser "boas" desculpas para tudo aquilo que ela faz ou deixa de fazer. Por exemplo, a pessoa se convence que é boa, pois não comete crimes graves, como matar ou roubar, e passa a se balizar pela maioria dos seus desejos, achando-os justos e/ou aceitáveis. Ela acha que aquilo que é errado não é tão sério assim ou então que só vai fazer a coisa errada por pouco tempo e depois vai voltar ao normal. 
Quem age assim acaba sendo levado pelos seus desejos e vai deixando suas convicções cristãs pouco a pouco para trás. Vai calando sua consciência aos poucos. É assim que a pessoa se deixa dominar pouco a pouco pelo egoísmo, pela indiferença quanto ao sofrimento do próximo, pela falta de comprometimento com a obra de Deus e assim por diante.

Acho que todo mundo - e eu me incluo nesse rol - já fez ou faz isso em alguma medida. Esse é um comportamento bem humano. E quanto mais a pessoa fizer isso, mais vai se deixando dominar pelos próprios desejos e se afastando de Deus.

Há um fato histórico que exemplifica bem o dilema entre convicção e desejo. O rei Henrique VIII - aquele que teve seis mulheres e mandou matar várias delas - tinha um grande amigo de juventude, Thomas Becket. Como era amigo do rei, Becket ocupou vários cargos importantes, até ser nomeado Arcebispo de Canterbury (o cargo mais importante na igreja da Inglaterra). 

Quando Henrique quis se divorciar de sua esposa (Catarina) para se casar com uma mulher muito mais jovem (Ana Bolena), precisou anular o casamento anterior, pois na época não havia divórcio. E recorreu a todos os expedientes possíveis, para atingir esse objetivo. Em dado momento, o rei quis forçar Becket (que era o líder da igreja da Inglaterra) a tomar medidas erradas. E o amigo do rei se recusou a obedecer. Resistiu e acabou assassinado - morreu na escadaria da Catedral onde era o arcebispo.
Becket entrou para a história como um homem que não se deixou corromper e até hoje é considerado como um exemplo a ser seguido - quem tiver interesse nessa história, recomendo ver o filme "O homem que não vendeu sua alma". 
Um outro exemplo interessante aconteceu na Alemanha nazista, onde alguns juízes se adequaram a um regime tenebroso e traíram suas convicções, ao condenar pessoas inocentes. Um deles escreveu até um livro comovente, onde reconhece ter corrompido sua alma.

Escolher deixar as convicções cristãs de lado, por conta de atender desejos humanos, como dinheiro, poder e outras coisas assim, pode levar a pessoa a pagar um preço muito caro, fazendo com que ela perca sua conexão com Deus. Portanto, convicção e desejo precisam ser sempre bem harmonizados.

Veja mais sobre este tema aqui.

Com carinho  

sexta-feira, 24 de julho de 2020

A FÉ DA VIÚVA

A Bíblia, no Velho Testamento, relata a história de um grande milagre feito pelo profeta Eliseu, com base na fé de uma viuva. 

Tratou-se da multiplicação de um pouco de azeite que aquela mulher tinha, gerando uma grande quantidade do mesmo produto, coisa muito valiosa naquela época. A viúva vendeu o azeite milagrosamente recebido e usou o resultado dessa venda para pagar as dívidas que seu marido deixara para ela. 

 As dívidas deixadas pelo marido dela estavam sufocando a família e faziam com que os filhos dela corressem o risco de serem vendidos como escravos, como era costume naquela época acontecer com os credores, quando eles não pagavam suas dívidas pontualmente. Portanto, o risco da família era enorme, até a intervenção do profeta Eliseu. 

Esse milagre lembra muito a multiplicação de pães e peixes que Jesus fez, séculos depois, pois são eventos da mesma natureza.  A história da viúva salva da miséria por Eliseu me faz recordar das inúmeras mulheres corajosas que lutam sozinhas, às vezes de forma desesperada, para sustentar suas famílias. Há muitas mulheres assim no Brasil e eu conto a história de uma delas no meu vídeo. 

É sobre esse milagre que o Rogers fala no seu mais novo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes dele aqui e aqui.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

ESCOLHA O REINO DE DEUS

O Evangelho de Lucas (capítulo 10, versículos 25 a 28) relata que, certa vez, Jesus conversava com um "doutor da lei" (o equivalente aos teólogos de hoje em dia) sobre escolha. E Jesus perguntou ao doutor da lei o que o ser humano precisaria fazer para herdar o Reino de Deus. O teólogo respondeu corretamente, dizendo ser preciso cumprir a lei do amor: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo.
O interessante é que depois de dar a resposta correta o doutor da lei perguntou a Jesus algo surpreendente: quis saber quem era seu próximo. Ou seja, ele conhecia as filigranas da doutrina, mas desconhecia como proceder na prática. O teólogo não sabia quais seres humanos deveria amar como amava a si mesmo. Claro que não estava em causa o amor devido à esposa, filhos, pais e amigos. Mas, quem mais deveria ser amado? Daí a pergunta que o teólogo fez a Jesus.
A resposta foi ainda mais surpreendente: Jesus contou a parábola do "bom samaritano" (Lucas capítulo 10, versículos 29 a 37). Essa parábola fala de um samaritano, homem pertencente a um povo desprezado pelos judeus, que ajudou um judeu caído à beira da estrada, por ter sido ferido durante um assalto. E já tinham passado pelo homem caído à beira da estrada, sem se importar com ele, dois homens muito religiosos: um sacerdote e um levita (pessoa que trabalhava no Templo de Jerusalém). E nenhum dos dois fez nada. Só o samaritano, mesmo vindo de um povo desprezado pelos judeus, teve compaixão do homem caído, mesmo sem ter nenhuma relação com ele.

Depois de contar a parábola, Jesus perguntou ao doutor da lei quem ele achava ter sido o próximo do homem em sofrimento. O teólogo respondeu corretamente: o samaritano, ou seja, aquele que teve misericórdia do homem caído. Repare que a pergunta inicial do teólogo foi quem era o próximo dele, enquanto a resposta de Jesus mudou a perspectiva da avaliação: falou sobre quem foi o próximo do homem em sofrimento. 

Jesus ensinou que o próximo de quem sofre deve ser aquela pessoa que tem condição de ajudar a minorar esse sofrimento. Consequentemente, o próximo de que fala o mandamento do amor é toda pessoa que precisa de mim e a quem tenho condições de alcançar. Não sou eu quem escolho o meu próximo, mas é a necessidade de quem cruza meu caminho que me "escolhe".
A prática
Anos atrás ocorreu um enorme incêndio numa favela em São Paulo, que desabrigou cerca de 500 famílias (algo como 2.000 pessoas). Esse incêndio impactou-me de perto porque a comunidade atingida era a mesma com a qual minha igreja daquela época vinha trabalhando havia muitos anos. Muitas famílias extremamente pobres perderam o pouco que tinham. Aqueles que já eram despossuídos, ficaram ainda mais carentes.
Naturalmente, toda a igreja se mobilizou para ajudar, assim como fizeram outras igrejas cristãs, de diferentes denominações. O poder público, como sempre, agiu de forma fria e impessoal e a ajuda dada foi ridícula.

Muitas pessoas, conhecendo ou intuindo o ensinamento de Jesus de amar quem precisa, mobilizaram-se de maneira admirável e deram enorme contribuição para minorar o sofrimento das famílias vitimadas. Já outras pessoas agiram como se aquele problema não fosse com elas, não demonstrando qualquer interesse em ajudar, agindo de forma muito parecida com o sacerdote e o levita da parábola da bom samaritano, que passaram ao largo.

Houve ainda quem ficasse na dúvida se o sofrimento dos seus desconhecidos devia merecer ajuda. E ajudaram, mas de forma tímida e contida, meio para "cumprir tabela". Essas pessoas agiram como o doutor da lei, que não sabia (ou não queria saber) como aplicar o mandamento do amor ao próximo.
Comentário final
Preste atenção que a conversa que Jesus com o doutor da lei tinha como objetivo esclarecer o que devia ser feito para herdar o Reino de Deus. Ou seja, o tema era a escolha que precisava ser feita para alcançar a salvação. E Jesus disse explicitamente para o teólogo, depois de explicar o significado da parábola do bom samaritano: "faça isto e viverás".
Você poderia me perguntar: mas a salvação não é por fé? Como Jesus diz que é preciso fazer determinada coisa (amar o próximo) para herdar o Reino de Deus? A razão é simples: a fé que abre as portas da salvação precisa ser autêntica e viva. E conforme Tiago capítulo 2, versículo 17 ensina: "a fé sem obras é morta". Ou seja, a fé que não gera ação, motivada pelo desejo de fazer a vontade de Deus, é apenas nominal e teórica, exatamente como a do teólogo que conversou com Jesus. E, portanto, não leva à salvação.

A vida coloca repetidas vezes diante de cada um de nós uma escolha: a decisão de "amar" ou "deixar de amar". São escolhas cujo resultado é crucial nas nossas vidas. E é fundamental fazer a escolha certa. 

Com carinho

segunda-feira, 20 de julho de 2020

OS DOIS LIVROS DE DEUS


Deus nos conta coisas sobre si mesmo - como Ele é, o quê já fez (criou) e aquilo que ainda vai fazer (seus planos). Essa revelação divina nos foi passada em dois grandes livros: o universo (a natureza, ou seja, mundo físico) e a Bíblia.

O universo é como um livro que pode ser "lido" e apreciado por todas as pessoas. Todo mundo tem acesso às informações fornecidas pela natureza e, por causa disso, esse livro é chamado de revelação geral.

Aqui vale um parêntesis: a metáfora de tratar a natureza como um "livro" revelado por Deus é muito antiga dentro do próprio cristianismo. Por exemplo, Santo Agostinho falou sobre isso no seu livro "Confissões", escrito no século V. Muitos outros teólogos cristãos têm usado essa mesma metáfora.

O outro livro revelado por Deus é a Bíblia, cujo texto está dividido em duas partes. A primeira é o Antigo Testamento (também conhecido como Bíblia Hebraica), que conta como Deus criou o universo e fala sobre a história da Aliança que Ele fez com o povo de Israel, com o objetivo de tornar esse povo um exemplo para toda a humanidade.

É ali que aparecem as promessas de Deus de enviar seu "Ungido" (Messias) para promover a restauração da relação dos seres humanos com Deus, fortemente prejudicada pelos nossos pecados.

O Antigo Testamento contém ainda textos ditos de sabedoria - como Salmos, Provérbios e Eclesiastes - onde Deus ensinou uma série de coisas importantes relacionadas sobre como se deve viver.

A segunda parte da Bíblia é o Novo Testamento que relata como a profecia sobre o Messias foi cumprida na figura de Jesus. Conta também como o ministério de Jesus deu origem à igreja cristã e como foram os primeiros passos dela. O texto fala ainda sobre a doutrina cristã, especialmente através dos ensinamentos do próprio Jesus e de cartas escritas pelo apóstolo Paulo.

As informações que Deus forneceu nas duas partes da Bíblia são conhecidas como revelação especial. A razão desse nome é simples: o conteúdo dessa revelação somente se torna acessível para quem lê a Bíblia, isto é, essas revelação não está disponível para todos, diferentemente das informações transmitidas pela natureza (revelação geral).

Agora, as duas revelações têm suas limitações, pois nenhuma delas pode conter todas as verdades que emanam de Deus. Por exemplo, a Bíblia nada fala sobre as leis da matemática, da física e da química. Já a natureza (revelação geral) tem muito a falar sobre isso tudo, bastando que as pessoas estudem seu funcionamento regular (como fazem os cientistas).

A natureza comprova que a vida existe e foi organizada por uma mente maravilhosa, mas, por si só, nada explica sobre a razão para a existência da vida, não explica para onde o ser humano vai depois da morte física, não transmite princípios morais (o certo e o errado) e assim por diante. Mas a Bíblia fala muito sobre tudo isso.

Há conflito entre os dois livros?
As revelações geral e especial, os dois livros de Deus, se complementam, pois a revelação divina total é uma unidade coerente. E cada um desses dois livros, na sua área de atuação, tem um papel predominante. Por exemplo, quando se discute a forma de funcionamento da natureza, as leis descobertas pela ciência predominam. Já no campo espiritual, são os ensinamentos da Bíblia que prevalecem.

Como esses livros têm natureza diferente entre si, as ferramentas usadas pelas pessoas para sua leitura e interpretação também são distintas. Os métodos e as abordagens de estudo são necessariamente diferentes nos dois casos. E não seria razoável esperar que fosse diferente.

A ciência e outras disciplinas acadêmicas são as ferramentas que permitem aos seres humanos "lerem" o livro da natureza. Já a teologia (a doutrina cristã) é a ferramenta que permite ler e interpretar corretamente a Bíblia.

Portanto, se você quiser saber algo sobre o funcionamento da natureza, as respostas devem ser buscadas essencialmente na ciência - a Bíblia não terá muito a ajudar nesse aspecto. Já se você quiser saber algo sobre o que Deus espera do ser humano, as respostas só vão ser encontradas na Bíblia. 

Existem, é claro, algumas áreas de sobreposição, isto é, respostas dadas por ambos os livros dão respostas para determinadas questões. Por exemplo, quando se procura saber sobre como a mente do ser humano funciona, a Bíblia tem coisas a falar e as ciências sociais também.

E aí costumam surgir problemas, pois, às vezes, as conclusões tiradas a partir do estudo dos dois livros (a natureza e a Bíblia) parecem ser divergentes. São essas diferenças de interpretação que dão origem aos famosos conflitos entre religião e ciência, que já causaram tantos problemas ao longo da história da humanidade.

Na época em que a teologia dominava (até a chamada Idade Média), esse tipo de conflito levou alguns cientistas a serem acusados de heresia e até serem injustamente punidos. A partir do Iluminismo, com o crescente domínio da ciência e da tecnologia, a religião passou a ser cada vez mais vista como atrasada e até desnecessária. Hoje em dia, para muita gente, vale apenas o que a ciência consegue explicar e nada mais importa.

Como tratar as diferenças entre os dois livros
Antes de tudo, é preciso separar a verdade revelada por Deus nos seus dois livros e a interpretação dessas informações feita pelos seres humanos (teólogos, de um lado, e cientistas, de outro). A interpretação é sempre humana e frequentemente está errada. É comum, por exemplo, que as teorias científicas sejam corrigidas ao longo do tempo, assim como conceitos teológicos errados passam a ser melhor entendido e são alterados com o tempo.

A ciência não pode corrigir a Bíblia, mas pode alertar os teólogos que estão interpretando as coisas de forma errada. Por exemplo, existem teólogos que defendem a ideia de que a terra tem apenas cerca de 10 mil anos de idade. Ora, a geologia já comprovou que a idade da terra é de cerca de 4 bilhões de ano e isso é confirmado por inúmeros outros ramos da ciência. Portanto, a interpretação do relato do Gênesis sobre a criação do mundo não pode considerar os 7 "dias" de duração como tendo cada um deles 24 horas literais.

Da mesma maneira, a Bíblia precisa corrigir certas interpretações científicas. Por exemplo, quando cientistas ateus defendem que somente existe o mundo físico e não há nada no campo sobrenatural. A Bíblia mostra que isso não é verdade. Existe um campo sobrenatural - que chamamos espiritual - onde coisas muito importantes acontecem. E por isso as pessoas recebem informações de Deus, orações são respondidas e assim por diante.

Concluindo, quando esse trabalho de mútua iluminação é feito de forma bem intencionada e ordenada, os conflitos gerados pela "leitura" diferente dos dois livros tende a ser perfeitamente harmonizada. Afinal, como eu lembrei acima, não há contradições naquilo que Deus revelou para os seres humanos na natureza e na Bíblia.

Com carinho

sábado, 18 de julho de 2020

A MÃE DE TODAS AS MENTIRAS


Hoje vou falar da mãe de todas as mentiras, ou seja, da maior mentira dentre todas. E começo com um texto bem conhecido, que está em Isaías capítulo 14, versículos 12 a 15:
Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações. Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei meu trono, e no monte da congregação me assentarei ... Contudo serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo.  
O texto acima explica como foi a queda de Lúcifer, o principal arcanjo da corte celestial. Ele que acabou expulso por Deus e virou Satanás, o Acusador, nosso principal inimigo. A queda de Lúcifer se deu por motivo muito simples:  ele deixou que o orgulho e a vaidade dominassem sua mente. Achou que podia ser igual a Deus. E alguém achar que pode ser igual a Deus é a maior de todas as mentiras. 
O mais surpreendente é que essa mentira continua a ser explorada por Satanás para desviar as pessoas do caminho certa. Ela é usada para convencer muitas pessoas que elas podem ser tão grandes quanto desejarem ser e que não há limite para a glória humana.

Slogans do tipo "você merece tudo" ou "você pode ser aquilo que quiser", explorados constantemente pela mídia são exemplos disso. Os Estados Unidos, por exemplo, são vistos por muita gente como o país das oportunidades, onde qualquer pessoa pode alcançar grande sucesso e obter tudo aquilo que seu coração desejar. E isso certamente não é verdade - essas são grandes mentiras.
Livros de auto-ajuda costumam bater na tecla que o único limite da pessoa está dentro dela mesma. Basta que ela se convencer que pode e usar sua força mental, que vai realizar feitos extraordinários. E isso certamente também não é verdade - essas são outras mentiras grandes. 
Penso ser saudável incentivar as pessoas a darem o máximo de si e procurarem preencher todo seu potencial, conseguindo concretizar o maior número possível de seus sonhos. Mas, isso não quer dizer que você, ou eu, podemos ser tudo aquilo que sonhamos, que não há limites para nós. Isso é uma mentira.

Cada um de nós tem limites, por mais que nos esforcemos para superá-los. E em alguns casos é fácil perceber isso. Por exemplo, eu nunca teria conseguido correr 100 m em menos de 10 segundos, por mais que tivesse me esforçado. Isso é coisa para poucos atletas extraordinários, com o biotipo certo, e que, ainda assim precisam, passar por muitos anos de treinamento. 

Eu nunca vou descobrir uma teoria à altura daquelas que Einstein criou e que mudaram a história da ciência. Nem serei tão charmoso e bonito quanto vários artistas de cinema. Em casos como esse, é fácil perceber os próprios limites. Mas, em outros casos, essa percepção de limites torna-se mais difícil, embora eles continuem a existir.

Por exemplo, um parente meu nasceu com algumas limitações de cognitivas - a explicação que escutei dizia que seu parto foi muito difícil. Mas, seus pais nunca aceitaram isso e queriam a todo custo que ele conseguisse alcançar o mesmo rendimento escolar que outros rapazes da sua idade obtinham, o que era impossível. O limite estava presente, mas as algumas pessoas se recusavam a vê-lo e o resultado foi uma grande frustração. 
Agora, o fato de termos limitações não significa que não tenhamos valor aos olhos de Deus. O próprio fato dele nos amar incondicionalmente prova o valor que temos para Ele. Mas, mesmo nos amando, Deus nos impõe limites - por exemplo, somos seres mortais.
Mas, quando a pessoa se deixa convencer que pode e merece tudo da vida, vai ter dificuldades de aceitar os limites impostos por Deus. E foi exatamente isso que aconteceu com Adão e Eva. Deus lhe disse que podiam fazer qualquer coisa no Jardim do Éden, exceto comer do fruto da árvore do "bem e do mal". Mas, incentivados por Satanás, Adão e Eva convenceram-se que aquela limitação era absurda e que eles mereciam poder comer da árvore proibida. Desobedeceram a Deus e pagaram enorme preço por isso, conforme o relato de Gênesis capítulo 3.

Precisamos conhecer nossas próprias limitações, tanto aquelas decorrentes dos nossos limites físicos e/ou intelectuais, como também os de cunho moral (por exemplo, não conseguimos viver sem pecar em algum momento). Cada pessoa tem seus limites - algumas são mais bonitas e charmosas, mas têm menos resistência física; outras tem enorme capacidade intelectual, mas  não são belas ou charmosas; e assim por diante.

E cada um de nós precisa aprender a aceitar os próprios limites. Precisamos nos esforçar por fazer o melhor possível e obter os resultados mais expressivos que pedimos, mas sempre vamos esbarrar em limites.

Algumas pessoas, por terem mais talentos e/ou se esforçarem mais, irão mais longe. Mas, isso não significa que Deus as protege ou foi injusto conosco. Em conclusão, saber aceitar o que se tem é demonstração de maturidade espiritual. E é justamente essa maturidade que impede a pessoa de ser seduzida pela mãe de todas as mentiras. 

Com carinho   

quinta-feira, 16 de julho de 2020

EXPECTATIVAS

A vida é feita de expectativas. E elas são de todos os tipos e formas, indo desde as mais simples, como "espero que minha comida fique boa", até as mais complexas e transformadoras, como "espero conseguir aquele emprego". 

Vivemos em cima das expectativas que nós mesmos criamos. E elas dirigem boa parte das nossas vidas e também balizam nossos sentimentos (esperança, ansiedade, alegria, tristeza, etc).

Agora, um dos grandes ensinamentos da Bíblia é que precisamos aprender a ancorar nossas expectativas em Deus. Primeiro, colocando nas mãos dele as expectativas que criamos e tendo fé que ele sempre fará o melhor por nós.

Depois, aceitando as coisas que Deus vier a colocar no nosso caminho, mesmo que elas não estejam exatamente de acordo com as expectativas que criamos antes. É preciso ter fé que Deus sabe mais e melhor do que nós e também que nem sempre aquilo que esperamos ardentemente fazer ou conseguir vai ser de fato o melhor para nossas vidas. É por isso que Deus pode fazer algo diferente daquilo que esperávamos. E, frequentemente, somente anos depois dos fatos é que conseguimos entender que aquilo que Deus fez de fato foi o melhor.

E é sobre isso que eu falo no meu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes meus aqui e aqui.

terça-feira, 14 de julho de 2020

O CRITÉRIO DE DEUS PARA NOS JULGAR


O tema de hoje é o critério que Deus usa para nos julgar. É um assunto de grande importância porque todos esperamos conseguir um resultado positivo no Julgamento Final, que acontecerá depois da segunda vinda de Cristo. Afinal, ninguém quer ser condenado e ir para o Inferno.

O problema é que a maioria das pessoas costuma olhar para essa questão de forma errada. Vou dar um exemplo. Outro dia, um amigo meu me disse que tem horror de certo pastor famoso, pois esse pastor costuma criticar as pessoas com muito rigor, sendo bem ácido com quem pensa ou se comporta de forma diferente dele mesmo. Repare que a crítica do meu amigo estava focada no ato de julgar e na eventual intolerância que esse pastor demonstra. Mas, o problema real é bem outro.

Respondi para meu amigo que ele deveria ter mesmo é pena desse pastor tão intolerante. Isso porque a Bíblia ensina que cada pessoa será julgada com o mesmo rigor (padrão) usado por ela para julgar o próximo (Mateus capítulo 7, versículo 2).

Portanto, se esse pastor é excessivamente rigoroso e intolerante, Deus usará a mesma regra para julgá-lo. E esse critério que Deus vai adotar para o julgamento de cada pessoa é brilhante. Funciona perfeitamente. Acompanhe meu raciocínio. 

Primeiro, Deus não poderia usar os mesmos padrões para julgar todo mundo. Afinal, a realidade das pessoas - conhecimento acumulado, cultura, oportunidades e experiência de vida - é muito diferente. Não seria justo colocar aplicar as mesmas regras para todo mundo.

Por exemplo, não seria justo eu ser julgado da mesma forma que um índio que viveu 50 anos atrás ou uma criança pobre de um país remoto da África. Eu tive muito mais oportunidades e muito mais acesso ao conhecimento que essas outras pessoas, portanto, tenho muito mais contas a prestar, pois recebi muito mais da vida.

Segundo, mesmo levando em conta a diversidade das pessoas, Deus não poderá favorecer ninguém. Haverá justiça absoluta no Julgamento Final. E é aí que a genialidade do critério estabelecido por Deus fica demonstrada: ninguém poderá achar injusto ser julgado com os critérios que ele mesmo estabeleceu para passar julgamento nas outras pessoas.
A diversidade é respeitada, pois cada pessoa será julgada por um critério que faz sentido para ela mesma, ou seja, conforme a luz que recebeu. E a justiça também será servida, pois será cobrado de cada pessoa ter feito aquilo que ela mesma cobrou das outras. Assim, se ela exigiu muito do próximo, muito também será exigido dela. Se foi tolerante, haverá tolerância com ela. 
O critério de julgamento de Deus é perfeito e nem poderíamos esperar outra coisa d´Ele.
Portanto, o pastor que incomoda tanto o meu meu amigo é digno de pena sim: haverá muito rigor no julgamento dele, já que ele julga os outros com tanta severidade.  

Lembre-se disso quando você tiver vontade de julgar o próximo. Cuidado para não cobrar das outras pessoas um padrão de comportamento que você mesmo não consegue seguir. Cuidado para não tornar seu caminho no Julgamento Final ainda mais árduo.

Com carinho 

domingo, 12 de julho de 2020

SEM DEUS NÃO HÁ LIMITE


O cristianismo é sempre muito criticado pelos intelectuais e pela mídia por tentar colocar um limite nas ações humana. Por isso é visto como uma religião intolerante, defensora de idéias estreitas e antiquadas. Ouço ou leio isso a toda hora.
Essa discussão está aprofundada numa series de estudos e áudios publicados aqui mesmo neste site  (veja aqui). 
A principal causa do desencontro entre a fé cristã e uma parte importante da intelectualidade e da mídia é que o cristianismo prega e defende valores absolutos. Para nós, cristãos, Deus estabeleceu o que é certo ou errado de fazer. Deus definiu o limite para nossa atuação. E precisamos seguir aquilo que Ele determinou.

Por exemplo, os famosos Dez Mandamentos resumem uma boa parte daquilo que Deus nos ordenou fazer e do limite a ser respeitado. E não há como pensar em eliminar um ou dois deles, por serem incômodos, ou ainda, acrescentar um mandamento novo, mais palatável para a sociedade atual.

Podemos sim discutir a interpretação e a aplicação prática desses dez mandamentos e estudar sua correlação com as questões atuais. Mas, essa discussão sempre precisa ser balizada e limitada pelos ensinamentos da própria Bíblia e não por modismos ou ideias que são agradáveis à sociedade.

O que vemos na sociedade em geral é a relativização dos conceitos de "certo" e "errado". A ideia que o limite da atuação depende da própria vontade e opinião das pessoas. A tese adotada por muitos é: "cada pessoa tem seu ponto de vista e todas as opiniões devem ter o mesmo peso". E isso parece ser muito simpático e tolerante, encontrando cada vez mais apoio na sociedade.
Mas, o cristianismo pensa de forma diferente: o certo é aquilo que Deus estabeleceu. Mesmo quando isso incomode e traga desconforto, o certo estabelecido  precisa ser seguido. E daí vem as críticas que o cristianismo sofre.
O que as pessoas não percebem é que há um enorme risco embutido na relativização dos conceitos de "certo" e "errado". E isso fica evidente numa notícia que li anos atrás. Ela falava que, na Bélgica, passou-se a admitir a eutanásia (o morte provocada com a assistência de  médicos) mesmo no caso de crianças. Durante algum tempo, só adultos, conscientes da sua própria realidade,  podiam solicitar a eutanásia para si mesmos. Mas, a partir de certo momento, esse direito foi entendido a terceiros, como parentes e esposos. E, agora, até o governo pode solicitar que essa prática seja aplicada, visando poupar recursos da sociedade, quando há pessoas portadoras de doenças incapacitantes, sem esperança de tratamento. E isso hoje se aplica até a crianças, o que é um grande absurdo.

O argumento tradicional para justificar a eutanásia é que a pessoa tem direito de escolher se quer ou não continuar a viver, pois a vida seria uma propriedade sua. Mais recentemente, deu-se um perigoso passo adicional, ao qual acabei de me referir: esse "direito" foi estendido até ao governo, em alguns casos, mesmo para crianças. E nada garante que tal direito não virá a ser usado por alguma sociedade para eliminar totalmente pessoas com deficiências físicas ou mentais, ou mesmo, privilegiar certas características físicas das pessoas, em detrimento de outras.
Repare que a falta de um limite moral absoluto, definido por alguém que seja superior à sociedade, deixa todo mundo vulnerável. As escolhas morais vão se sucedendo, numa direção extremamente perigosa, usando argumentos que parecem lógicos e justificáveis à primeira vista. E fica muito difícil fechar a porta depois de aberta. O risco é enorme.
Décadas atrás, a Suprema Corte dos Estados Unidos  decidiu flexibilizar as regras para o aborto, usando como justificativa que o corpo da mulher seria sua propriedade individual e caberia a ela decidir o que quer fazer com o feto. Como resultado dessa decisão, já foram praticados naquele país muitas dezenas de milhões de abortos. Órgãos retirados de fetos foram explorados comercialmente. E a lista de horrores decorrentes dessa decisão da Suprema Corte americana é crescente.
E vemos isso acontecendo em diversos outros campos da moral, como a manipulação genética durante a concepção humana, a disseminação de armas de destruição em massa e assim por diante.
O grande escritor russo Fiódor Dostoiévski, num trecho do seu famoso livro "Os irmãos Karamazov", advertiu a sociedade contra esse problema, quando afirmou:
Se Deus não existe e a alma é mortal, tudo é permitido. 
O escritor russo advertiu contra os princípios do ateísmo: Deus não existe e alma humana é mortal (tudo acaba com a morte). Se isso é verdade, tudo se torna permitido, pois por que alguém deveria se privar de determinada coisa? A decisão do quê de seve ou não fazer ficaria totalmente balizada pela opinião individual.
O povo cristão acredita que nem tudo é permitido, não importa o quão rica, culta e desenvolvida a sociedade se torne. Há coisas contra as quais sempre precisaremos nos opor, mesmo sendo criticados por isso.
Os cristão seguem alguns princípios fundamentais. Por exemplo, a vida humana é uma dádiva de Deus e não pertence aos próprios seres humanos. E por causa disso, cada pessoa (nascida ou ainda em gestação) tem direitos e dignidade intrínseca, que precisam ser respeitados e preservados.

Acho que, com o passar do tempo, o cristianismo será cada vez mais criticado. E esse será o preço que precisaremos pagar para sermos obedientes à voz de Deus.

Com carinho

sexta-feira, 10 de julho de 2020

A VOZ DO POVO NÃO É A VOZ DE DEUS


Vou falar sobre um ditado bem conhecido: A voz do povo é a voz de Deus. Muita gente aceita essa ideia como verdade absoluta, mas será que ela encontra suporte na Bíblia? Creio que não. 
A voz do povo
A voz do povo tem várias facetas. Uma delas é a chamada "sabedoria popular", que abrange um monte de ensinamentos, alguns com pouca importância (por exemplo, dizia-se no passado ser perigoso comer manga com leite), já outros com a capacidade de moldar o comportamento da sociedade (por exemplo, o ditado “quem tem padrinho não morre pagão” ensina que a ajuda de familiares ou amigos é mais importante do que o mérito para o sucesso na vida).
Outra faceta da voz do povo é o chamado "clamor das ruas": multidões se levantam para cobrar determinada medida do governo ou em protesto, como aconteceu no Brasil, em 1984, no famoso "Movimento das Diretas Já".

Hoje em dia, conhecemos o "clamor das ruas"  através das passeatas e outras formas de protestos coletivos, mas também pelos ecos nas redes sociais. Através  das postagens no Facebook, Instagram, Twitter é fácil perceber quando determinada ideia ou política pública encontra suporte na população.
A voz de Deus
A voz de Deus chega até nós de diferentes formas.  Uma dessas formas é a Bíblia, que é a Palavra do próprio Deus. Ele fala também pela boca dos profetas, pessoas especialmente escolhidas por Deus para transmitir sua vontade, como, por exemplo, o profeta Jonas, enviado a Nínive pregar o arrependimento do povo, ou, mais recentemente, o pastor Martin Luther King, que liderou o movimento pelo fim da discriminação racial nos Estados Unidos, na década de 60 do século passado.
Finalmente, Deus também pode falar de forma direta e aberta, como, por exemplo, quando deu a Lei ao povo de Israel, no monte Sinai (Êxodo capítulo 20).
As duas vozes podem falar a mesma coisa?
Sim, é possível que as duas vozes falem a mesma coisa. Por exemplo, a Bíblia descreve a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, no Domingo de Ramos. Ela conta que o povo saiu atrás do Mestre, cantando e clamando salva-nos (significado de "hosana" em hebraico). Os fariseus estranharam e pediram que Jesus repreendesse as pessoas, para que se calassem. E Jesus lhes respondeu: “se eles se calarem, as próprias pedras clamarão” (Lucas capítulo 19, versículos 37 a 40). 
Naquela oportunidade, o povo falou exatamente o que Deus queria, mesmo sem entender ainda a missão  que Jesus estavam desempenhando. Falo isso porque os judeus esperavam outro tipo de Messias - queriam alguém que viesse libertá-los do jugo dos romanos. 
Mas, essa coincidência entre a voz de Deus e a voz do povo é pouco comum. A razão é que a voz do povo costuma conter erros - como ocorre muito no caso da dita sabedoria popular". Muitas vezes, a voz do povo é simplesmente a voz da ignorância ou do medo, como, por exemplo, quando os judeus clamaram para que Jesus fosse crucificado e um bandido (Barrabás) fosse solto (Lucas capítulo 23, versículos 13 a 25).  
A voz do povo é imperfeita pois ela é simplesmente a soma das vozes de muitas pessoas, todas elas imperfeitas. Um bom exemplo de como a voz do povo pode errar é o que aconteceu no Rio de Janeiro, no começo do século passado. Naquela oportunidade, o médico sanitarista Oswaldo Cruz liderou uma campanha para a vacinação da população contra a febre amarela, doença que matava muita gente. O povo se revoltou porque achava que a vacina fazia mal e isso gerou uma situação política muito complicada. Só o tempo deu razão a Oswaldo Cruz.
Já a voz de Deus é sempre perfeita, amorosa e só fala a verdade. Portanto, frequentemente ela difere da voz do povo. E o que devemos fazer quando isso acontece? Simples, a Bíblia ensina que devemos prestar atenção na voz de Deus e esquecer o resto.
Quando a voz do povo defende o que é bom e certo - como liberdade e justiça para pessoas oprimidas - e concorda com o que a Bíblia fala, devemos sim nos juntar à voz do povo. Mas, quando a voz do povo contraria a vontade de Deus, devemos ficar contra a voz das ruas, por mais difícil que isso seja.
A Bíblia fala sobre isso na descrição de um evento no qual os apóstolos Pedro e João receberam ordem dos líderes judeus, falando em nome de todo o seu povo,  para que não mais pregassem o Evangelho. Veja o que os apóstolos responderam (Atos dos Apóstolos capítulo 5, versículo 29):
Pedro e os outros apóstolos responderam: "É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens!
É isso aí. Procure sempre seguir a voz de Deus e tome cuidado com a voz do povo, pois muitas vezes ela não é boa conselheira.

Com carinho

quarta-feira, 8 de julho de 2020

AMNÉSIA

Nabucodonosor foi um rei muito importante da história da Babilônia. E ficou conhecido porque sofreu uma amnésia, do tipo que estou apelidando aqui de "espiritual".

Por ser um homem muito poderoso e importante, ficou orgulhoso e passou a se considerar um ser especial. E se esqueceu de Deus. Deixou de lembrar que nada seria sem a permissão dele.

Por causa dessa postura orgulhosa, Nabucodonosor foi punido e perdeu a razão. Ficou anos vivendo como se fosse um animal. E esse castigo perdurou até que ele entendesse que precisava mudar seu comportamento. Quando isso aconteceu, o rei recobrou a razão e teve seu reino restituído e sua posição restaurada.

Há aí um grande ensinamento para nós: precisamos reconhecer sempre que nada somos sem Deus. É claro que, se a pessoa se esforçar por conseguir um resultado e for competente para obter o resultado que deseja, há mérito aí. E não há como negar isso.

Mas, sem a mão de Deus dando sustentação nenhum resultado positivo seria possível. E é preciso nunca esquecer disso. É preciso não cair na armadilha da amnésia espiritual. E é sobre isso que o Rogers fala no seu mais novo vídeo - veja aqui.

Veja outros vídeos recentes dele aqui e aqui.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

O PODER DO BOM EXEMPLO


Tenho um texto neste site falando sobre a responsabilidade dos pais de educarem os/ filhos dentro da religião cristã (veja mais). Ali mostrei que essa responsabilidade somente pode ser cumprida com muito esforço, pois não é fácil ensinar alguém a viver de forma cristã. 

Comentei ainda que é requerido dos pais algo mais ainda: dar o bom exemplo para os filhos. E é sobre isso que vou falar hoje.
O custo da hipocrisia
Jesus foi um rabino e, nessa condição, teve discípulos que viviam com Ele dia e noite. Isso aconteceu porque os judeus acreditavam que um rabino precisava ensinar principalmente pelo seu exemplo pessoal. 
Assim como os rabinos no tempo de Jesus, os pais também precisam dar exemplo de vida para seus filhos, que são os seus discípulos. E não há como fugir dessa  responsabilidade, pois os filhos olham para seus pais em busca de dicas sobre como viver. 

Se os pais tentarem fazer com que os filhos sigam caminhos por onde eles mesmos não andam, essa hipocrisia vai gerar um custo. Quando os filhos  atingirem certo grau de entendimento - normalmente, a partir da adolescência - os pais hipócritas serão cobrados pelos filhos. Já vi isso acontecer diversas vezes.

Não estou dizendo que os pais precisam ser pessoas perfeitas, sem qualquer pecado, pois ninguém cumpriria esse requisito. Certamente os pais vão pecar e, quando isso acontecer, e os filhos perceberem o erro, os pais devem ser sinceros, pedir desculpas e confessar suas fraquezas. Sem hipocrisia. 
Os resultados do bom exemplo
Apenas a boa educação religiosa não garante que os filhos de pais cristãos vão se manter no caminho certo, pois esses filhos têm livre arbítrio e farão suas próprias escolhas, acabando por cometer seus próprios pecados. 
Mas, a experiência mostra que uma boa educação religiosa é uma excelente forma de proteger os jovens para que eles não se percam na vida. 
E o bom exemplo aumenta ainda mais esse fator de proteção, coisa que é claramente reconhecida na Bíblia.  No livro do Êxodo capítulo 20, versículo 6, Deus garantiu que, se os pais andassem nos caminhos dele, sua descendência seria enormemente abençoada. As palavras de Deus foram essas:
...faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam meus mandamentos.
As boas ações dos pais geram bençãos que frutificam e os resultados positivos duram por várias gerações. Essa foi a promessa de Deus. E isso acontece porque as famílias bem estruturadas prosperam em todos os aspectos: materiais, emocionais e espirituais. E é fácil perceber a verdade dessas palavras olhando para a  sociedade que nos cerca. 

Portanto, se você é pai ou mãe, não deixe de se esforçar para dar bom exemplo. Isso será muito importante para a vida dos seus filhos.

Com carinho  

sábado, 4 de julho de 2020

O "SATISFATÓRIO" NÃO SATISFAZ?


Temos o vício de aceitar apenas o satisfatório no lugar do que seria o ótimo. E o satisfatório pode não satisfazer. Eu me explico
Décadas atrás, o professor Herbert Simon,  ganhador do Prêmio Nobel de Economia, explicou que as empresas não procuram maximizar seus lucros, conforme estabelece a teoria econômica, pois isso é muito difícil de fazer. Há muitas variáveis a serem controladas para se chegar ao lucro máximo.
As organizações, na prática, procuram apenas obter um  lucro suficiente para atender as expectativas de acionistas, analistas de mercado e outros, coisa que é muito mais simples de conseguir. Herbert Simon chamou esse comportamento de satisfazer em lugar de otimizar. 

A postura de apenas satisfazer, em lugar de maximizar, também é aplicada em vários outros campos da vida humana, além da economia. Por exemplo, um estudo publicado anos atrás,  no livro "Marriage confidential" (a tradução seria "Casamento confidencial"), de Pamela Haag, indicou que a esmagadora maioria dos casamentos nos Estados Unidos se equilibra na faixa do satisfatório ou até menos do que isso.

Esse estudo mostrou que desde o início da relação, as pessoas vão se acostumando em aceitar resultados mais modestos, porém mais fáceis de conseguir, e por causa disso frequentemente acabam presas em relacionamentos empobrecidos.

Aceitar o que parece possível, por ser mais fácil de conseguir, ao invés de procurar obter o melhor, também ocorre na vida espiritual das pessoas. A maioria dos cristãos, logo depois de se converter, costuma dar passos para aperfeiçoar suas práticas de vida, mas depois acaba se acomoda, após algum progresso, numa zona de conforto. 
Pensando já ter a salvação garantida e livres dos pecados considerados socialmente mais graves, como roubo, embriaguez, adultério, etc, as pessoas imaginam ter feito o suficiente. Seu comportamento já se tornou satisfatório.
Elas imaginam que não é necessário fazer as mudanças mais difíceis, como colocar Deus em primeiro lugar nas suas vidas ou dedicar-se mais profundamente ao bem-estar do próximo. Pensam ainda que não é necessário livrar-se dos pecados de "estimação" - aqueles que parecem causar pouco mal e mas geram muito prazer, como o consumo excessivo, falar mal da vida alheia, o vício do uso da Internet e outros mais. É mais fácil se acomodar.

Também é frequente encontrar acomodação entre aqueles que ficam com medo de não estar à altura das tarefas que Deus lhes pede para fazer e acabam se encolhendo. E nunca desafiam a própria fé. Há até quem tente se esconder de Deus, como fez o profeta Jonas (aquele que foi engolido pelo peixe).

A maioria dos cristãos satisfatórios e acomodados deixa de viver experiências espirituais fantásticas, como conversões que parecem impossíveis, curas, o resgate de necessitados e assim por diante. Eles nunca experimentam do melhor que Deus tem para lhes dar.
Posso garantir para você que Deus não concorda com essa postura “morna”, nem "quente" e nem "frio". Deus  espera muito mais de nós. Ele deseja que cada um dê o melhor de si na sua vida espiritual. Que cada um busque preencher todo o seu potencial espiritual. 
E é fácil provar isso. Repare que o primeiro dentre os dois grandes mandamentos é amar a Deus sobre todas as coisas, de toda a alma e entendimento (Mateus capítulo 22, versículo 37). Ora, isso é buscar o melhor possível e nunca apenas o satisfatório.

A mesma exigência pode ser percebida no segundo grande mandamento (aquele relacionado com o amor ao próximo), onde Deus também pede de nós o melhor, ao estabelecer que o amor ao próximo deve ser igual ao amor que a pessoa tem por si mesma. 

No livro do Apocalipse, Cristo mandou um recado para as sete igrejas localizadas na Ásia Menor. Ao se dirigir à igreja de Laodiceia, Jesus a acusou de ser "morna" e disse que iria vomitá-la da sua boca (Apocalipse capítulo 4, versículos 14 a 16). Isto é, Jesus não se conforma com uma postura acomodada, apenas satisfatória.

Os "mornos" são aquelas pessoas que se comportam meio como "zumbis" espirituais - parecem vivas, mas, na verdade, estão mortas por dentro. Esperam pouco e se contentam com menos ainda. Entram e saem das igrejas, mas nunca deixam sua marca na obra de Deus.
Deus deseja ter uma relação especial com você. Uma relação onde você consiga preencher todo o seu potencial espiritual. Onde você faça o melhor e não apenas o satisfatório. 
Pode ter certeza que Ele quer fazer coisas extraordinárias por você e através de você. A Bíblia explica isso muitas vezes. Só depende que você deixe sua zona de conforto e se abra para o Espírito Santo entrar e atuar de fato na sua vida. 

Com carinho

quinta-feira, 2 de julho de 2020

VOCÊ É FILHO DE DEUS?

Você é filho de Deus? Antes de responder essa pergunta, é preciso entender que há diferentes significados na Bíblia para essa expressão. Se você e eu nos enquadramos em algum desses casos, a resposta será sim. Caso contrário, deve ser não, mesmo que não gostemos dessa conclusão.

Aquele criado diretamente por Deus  
A Bíblia se refere a Adão e aos anjos como filhos de Deus, pois são (ou foram) seres criados diretamente por Ele.

Já os seres humanos, com exceção de Jesus Cristo, foram gerados a partir de um processo de reprodução, processo esse criado por Deus, mas que atua sem o envolvimento direto dele. Por isso a Bíblia não costuma se referir aos seres humanos como filhos de Deus e sim criaturas dele.

No caso de Jesus: quando o anjo revelou a Maria que ela ficaria grávida de um filho, por obra e graça do Espírito Santo, foi-lhe dito que a criança seria chamada filho de Deus (Lucas capítulo 1, versículos 26 a 33). Repare que o anjo precisou fazer essa distinção, explicando que a natureza humana de Jesus seria diretamente gerada por Deus. E isso também significa que a expressão filho de Deus não se aplica diretamente aos demais seres humanos.

Os herdeiros de Davi
Deus fez um pacto com Davi e lhe prometeu que seus herdeiros seriam tratados por Ele como filhos (2 Samuel capítulo 7, versículos 12 a 14). E assim foi com Salomão. 

A mesma promessa garantiu também que o trono de Israel nunca se afastaria da linhagem de Davi e essa promessa se mantém, mesmo não havendo reis em Israel há mais de 2.500 anos, porque seu cumprimento está ligado à chegada do Messias, que é Jesus, o qual, na sua natureza humana era descendente de Davi. 

E o povo cristão?
O povo cristão não se enquadra em nenhuma das categorias descritas anteriormente. Mas, há um terceiro significado para a expressão filho de Deus, que nos interessa muito mais de perto. O apóstolo Paulo ensinou que todos aqueles que aceitam Jesus Cristo como seu Salvador passam a ser considerados filhos de Deus, pois são perfilhados por adoção (Romanos capítulo 8, versículos 13 a 17). E é nesse sentido que você, e eu, somos filhos de Deus, tendo todas as regalias que decorrem dessa condição. E essa é uma grande honra. 

Mas, repare que somente aqueles que aceitam Jesus como seu Salvador pessoas se enquadram nessa condição. Os demais seres humanos não podem se qualificados assim. Essas pessoas são apenas criaturas de Deus.   

Portanto, o ditado tão conhecido, que afirma sermos todos filhos de Deus, não tem qualquer suporte na Bíblia. Somente quem aceitou Jesus pode, de fato, ser considerado assim. 

Com carinho