quarta-feira, 22 de outubro de 2014

UMA RELIGIÃO LIBERTADORA


Muitas pessoas com quem converso sobre o cristianismo se surpreendem quando falo que se trata de uma religião libertadora do ser humano. Isso por que a imagem do cristianismo que tem sido passada, em muitos casos, é exatamente a oposta: uma religião que oprime com seus dogmas, regras de comportamento, ameaças de punição com o inferno, etc. 


Acho que essas duas percepções têm seu núcleo de verdade. O cristianismo é sim uma religião libertadora, quando entendido e praticado da forma correta. Por outro lado, muitas vezes essa religião tem sido abusada, tornando-se uma caricatura daquilo que Jesus defendeu e lutou para implantar. 

E a razão para isso é fácil de entender: as religiões são desenvolvidas e conduzidas por seres humanos e a imperfeição deles muitas vezes acaba por impactar as práticas religiosa do dia a dia, mesmo quando a doutrina básica é maravilhosa. Um excelente exemplo disso é o caso do Pastor Jim Jones que levou centenas de seguidores ao suicídio coletivo. Outro exemplo bem ilustrativo é a Inquisição conduzida pela Igreja Católica.

Jesus nos disse que a verdade haveria de libertar as pessoas. E também que Ele mesmo era o caminho, a verdade que liberta e a vida eterna para as pessoas. Onde Jesus está, a liberdade floresce. E se existem cadeias é porque Jesus está muito longe dali.

E quando a religião se torna "tóxica", a primeira coisa que fica perdida é a liberdade pessoal. E isso ocorre por causa de três coisas, às quais você precisa ficar atento:

Legalismo 
Trata-se da "ditadura" das regras. Os dirigentes religiosos estabelecem padrões de comportamento que devem ser seguidos por todos(as) e quem não faz isso, por qualquer motivo, é considerado pecador(a), discriminado(a) pela comunidade e ameaçado(a) com o inferno. 

Os que defendem o legalismo apontam para as mais de 600 regras que a Bíblia apresenta no Velho Testamento, para provar que Deus gosta de controlar o comportamento humano. Ora, essas pessoas esquecem que, quando estabeleceu essas regras, Deus estava construindo uma nação a partir de um povo (Israel) formado por escravos fugidos do Egito. E toda sociedade precisa de leis para funcionar bem. Basta lembrar, por exemplo, das milhares de leis federais que temos em nosso país. Somos muito mais legalistas do que a sociedade que Israel construiu sob a inspiração de Deus. 

O principal problema com o legalismo é a criação de regras que não deveriam existir. Um bom exemplo é usar o Velho Testamento para estabelecer um código de vestimenta para os dias de hoje, o que é absurdo. Mas muitos líderes religiosos fazem isso. 

E há um poderosos incentivo para os líderes religiosos serem legalistas: o poder. Afinal, ter condição de ditar o comportamento das outras pessoas dá poder para quem estabelece e controla o cumprimento das regras. E era isso que acontecia com os escribas e fariseus na época de Jesus e a principal razão porque Ele se desentendeu tanto com aquelas pessoas.

Patrulhamento
Essa prática normalmente acompanha o legalismo - é outra face da mesma moeda. Para entender bem seu funcionamento, vou recorrer ao regime comunista, hoje já quase desaparecido do mundo. Aquele tipo de regime nunca teria conseguido se manter no poder se não tivesse tido a cooperação da própria população por ele oprimida. As pessoas eram ensinadas desde cedo pela cartilha comunista e se tornavam os “olhos e ouvidos” do regime, denunciando qualquer desvio de conduta – houve casos até de filhos denunciando os próprios pais.

O mesmo acontece em muitas igrejas hoje em dia: discipuladas por uma cartilha de comportamento rígida, as passam a se controlar umas às outras, denunciando à liderança os "pecados" percebidos. E, quando pegas em "delito", as pessoas denunciadas são disciplinadas publicamente, muitas vezes não lhes sendo permitido tomar comunhão, liderar ministérios da igreja ou participar de certas atividades, como o louvor. Há casos até em que as pessoas precisam fazer confissão pública dos seus pecados. 

Quando há patrulhamento, vai-se embora a liberdade e passa a imperar a hipocrisia – o importante deixa de ser "fazer o certo" e passa a ser "parecer que se faz o certo".

Controle do acesso a Deus
Tal desvio se caracteriza quando o líder religioso tenta regular o acesso das pessoas a Deus - por exemplo, tudo deve ser feito através dele(a) ou com seu conhecimento. As pessoas precisam confessar seus pecados para ele(a), as bênçãos são ministradas apenas por ele(a), a doutrina é estabelecida por ele(a) e assim por diante.

Ora, quando o relacionamento das pessoas com Deus passa a ser controlado por alguém há um enorme risco dessa pessoa conduzir as demais por caminhos errados - o caso do Jim Jones, a que me referi acima, mostra exatamente isso. Os desvios da Igreja Católica na Idade Média, quando os fiéis eram desincentivados a lerem a Bíblia e, portanto, somente conheciam a doutrina pelo que os padres lhes ensinavam, é outro exemplo real desse tipo de situação. 

Palavras finais
Se sua igreja mostra sinais fortes de um ou mais desses três sintomas e se você se sente acuado e sem "espaço para respirar", o erro não está em você, mas na sua igreja. Mude de igreja pura e simplesmente, sem qualquer remorso. E, se puder, dê esse depoimento para outros(as) frequentadores dessa igreja - sua coragem poderá ajudá-los(as) a tomar a mesma decisão.

Vá para um lugar onde o Evangelho pregado seja aquele que Jesus defendeu, qual seja aquele que salva o ser humano e o(a) liberta dos vícios, ódio, hipocrisia, etc. A igreja é um lugar de liberdade e, se não for, não é uma igreja como aquela que Jesus estabeleceu. Simples assim.

Com carinho

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