segunda-feira, 11 de julho de 2016

CONHEÇA-TE A TI MESMO

A famosa frase “conheça-te a ti mesmo” é atribuída ao filósofo Sócrates, que viveu mais de 400 anos antes de Cristo. Ela indica o caminho que a filosofia ainda hoje entende ser necessário para viver uma vida mais feliz e plena: o autoconhecimento. A pessoa precisa conhecer suas dificuldades, anseios, crenças, valores, etc para aprender a lidar com as dificuldades naturais da vida e conseguir tomar as decisões adequadas.

Para a maioria dos filósofos o autoconhecimento deve ser baseado inteiramente na razão – daí a importância de acumular saber. E, segundo essa linha de pensamento, as emoções são apenas empecilhos para que a razão atue de forma plena e livre. Elas precisam ser controladas pois obscurecem o pensamento lógico.

A partir de Freud, uma outra abordagem para o autoconhecimento passou ser considerada importante. As emoções são tomadas como parte fundamental da pessoa e o autoconhecimento não é possível sem lidar adequadamente com elas. Sem percepção de como os próprios sentimentos – bons e maus – funcionam, a pessoa carrega consigo uma enorme lacuna que impacta sua vida como um todo.

Esse desafio é ainda maior porque sentimentos humanos não costumam ser lógicos: são misturados, contraditórios e confusos - é possível até amar e odiar a mesma pessoa. Portanto, reconciliar sentimentos é tarefa delicada e complexa – daí porque há tantas pessoas emocionalmente adoecidas. 

Essas duas vertentes do conhecimento humano, primeiro a filosofia - com sua proposta de analisar racionalmente todas as coisas -, e depois as ciências de corte psicológico - com sua proposta de conhecer e aprender a lidar com as próprias emoções -, são ambas propostas extremamente importantes para levar as pessoas a vidas melhores e mais equilibradas, mas não dão conta de tudo. Não mesmo.

Questões como o amor ao próximo; o sentimento de paz mesmo em meio a uma guerra; e o desapego aos bens materiais, não conseguem ser explicadas nem pela filosofia e nem pelas ciências psicológicas. Essas coisas não fazem sentido lógico e nem nascem das emoções humanas. 

Isso porque há uma terceira vertente – a espiritual – que é fundamental para qualquer ser humano. Deus nos criou à sua imagem e semelhança e por causa disso reside em nós uma centelha divina. Tal centelha – conhecida na linguagem teológica como espírito – é nossa forma de acesso à dimensão espiritual.

Na noite anterior ao da sua crucificação, Jesus disse: “o espírito está pronto mas a carne é fraca” (Mateus capítulo 26, versículo 41). Com essa frase, Ele comprovou a existência do campo espiritual e mostrou que ele difere do campo material (representado na frase pela palavra "carne").

Jesus sabia que haveria de passar pela crucificação e enfrentaria luta espiritual gigantesca - Satanás fez tudo para conseguir que Ele desistisse de oferecer sua vida por nós. Seu espírito estava pronto para enfrentar tudo, mas suas emoções eram um turbilhão, pois Jesus foi humano como nós ("a carne era fraca"). Exatamente por isso que Ele acrescentou a expressão: "minha alma está profundamente triste" (versículo 38) - nesse último versículo, alma tem exatamente a ver com suas emoções.

Sem a pessoa levar em conta seu próprio espírito, sem entender como ela se relaciona com Deus, uma parte fundamental do seu autoconhecimento fica perdida. 

Agora, é interessante perceber que há na Bíblia um ensinamento que muito parecido com o de Sócrates: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João capítulo 8, versículo 32). A sabedoria humana normalmente entende essa frase como a mentira aprisiona, enquanto a verdade (o conhecimento) liberta o ser humano. E entendido assim, parece ser que Jesus e Sócrates ensinaram a mesma coisa.

E isso está parcialmente correto pois o autoconhecimento não deixa de ser uma busca pela verdade. Mas o ensinamento da Bíblia vai muito além daquilo que Sócrates propôs, pois toca também na questão do espírito humano.

Jesus disse que Ele mesmo é o Caminho para Deus, a Verdade Divina revelada para os seres humanos e a oferta da Vida Eterna para eles (João capítulo 14, versículo 6). Portanto, quem conhece e aceita Jesus, conhece a Verdade e é ela, ou seja, Jesus Cristo, que liberta o ser humano da escravidão do pecado e da morte eterna, sua consequência direta.

E essa Verdade somente pode ser entendida pelo espírito. Nem a razão e nem as emoções são adequadas para se apropriar dela. Somente através do espírito é que isso pode ser feito. 

Em conclusão, o autoconhecimento completo somente poderá vir da consideração dessas três dimensões a que me referi antes: da razão, das emoções e do espírito.

Usamos a razão para aprender a pensar corretamente - construir pensamentos coerentes -, avaliar corretamente as circunstâncias em que vivemos e conseguir tomar decisões práticas adequadas. Precisamos entender nossos sentimentos para ser saber como eles transformam e impactam nossas vidas. Mas sem o conhecimento da Verdade que é Jesus Cristo, não há como atingir o autoconhecimento completo.

E é exatamente nessa última dimensão, que tem a ver com o aspecto espiritual, onde cada um de nós enfrenta de fato o desafio de ser cristão.

Com carinho

3 comentários:

  1. Querido Vinícios,
    Parabéns pelo Post.

    A referência citada em relação ao versículo: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" está errada. Não se encontra e 1 Pedro, mas sim em João 8:32

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    1. Caro Jonathan

      Obrigado pela ajuda. Correção feita.

      Um abraço

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  2. Excelente texto, que Deus continue te inspirando.

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