terça-feira, 12 de setembro de 2017

ÀS VEZES É MELHOR NÃO DAR A AJUDA PEDIDA

Volta e meia recebemos apelos para ajudar organizações ou causas que precisam de apoio material. E muitas vezes ficamos motivados a ajudar, pensando estarmos fazendo o bem e até mesmo a vontade de Deus. 

Agora, a melhor resposta que podemos, dar ao receber esse tipo de apelo, é primeiro analisar o pedido e só depois ajudar de fato. Nunca ajudar de olhos fechados, levado/a apenas pela emoção. 

Mas que precisa ser analisado nesses pedidos? Três coisas importantes. A primeira delas é avaliar o destino real da ajuda a ser dada. Por exemplo, você se lembra dos donativos recolhidos para ajudar as pessoas atingidas pela enchente na região serrana do Rio de Janeiro vários anos atrás? Muita gente morreu naquele evento e muitas mais perderam tudo naquele evento terrível. 

Houve uma grande mobilização no país todo para ajudar. E sabemos hoje que boa parte dos donativos foi desperdiçada (alimentos e roupas nunca distribuídos) ou desviada. Em outras palavras, não havia uma estrutura adequada para distribuir os donativos e controle para evitar desperdícios e abusos. Simples assim.

Aprendi há muito tempo atrás que é preciso ter muito cuidado com o dinheiro destinado à obra de Deus. Esse dinheiro é sagrado e, portanto, cabe também a quem fez a doação se certificar que ela está tendo a aplicação correta. 

A segundas coisa é verificar se a entidade que fez o pedido atua de forma regular. Tempos atrás deparei-me com o caso de uma entidade beneficente cristã voltada a ajudar dependentes químicos. A questão é que ela funcionava de forma totalmente informal, portanto, irregular, sem respeitar a legislação fiscal e de controle de saúde, coisa inaceitável para uma instituição cristã. 

O pastor responsável por aquele trabalho, questionado sobre essa situação, justificou-se assim: "Minha preocupação é com a salvação de almas e não com a burocracia". Ele disse, em outros termos, que os fins (a salvação de almas) justificam os meios (administrar uma organização de forma irregular). 

Será que isso está certo? Claro que não e um simples exemplo demonstra isso muito bem: Não seria correto vender drogas (o meio utilizado, nesse caso) para financiar uma entidade que fizesse uma bela obra social (o fim almejado). Portanto, tanto o fim como o meio usado para alcançá-lo precisam estar alinhados com os ensinamentos cristãos. 

Por causa disso, sempre procuro saber a história da entidade que vou ajudar: o que ela fez (passado) e faz (presente), a quem ajudou e ajuda, como trabalhou e trabalha, e quem a dirigiu e dirige. Quem sabe, ao conhecer melhor a entidade que está pensando em ajudar, você poderá até se convencer a dar mais do que lhe pediram e até investir seu tempo nessa obra.

Se percebo que a entidade não faz as coisas corretamente, não colaboro com ela e não importa se a causa defendida é boa.

O terceiro aspecto que costumo verificar é se a ajuda dada não gera acomodação em quem a recebe. É claro que há pessoas que quase nada podem fazer para ajudar a si mesmas, como doentes terminais, deficientes graves, crianças muito pequenas e outras. Mas fora esses casos, todas as demais pessoas ajudadas precisam ser incentivadas a fazer algo por si mesmas. Crianças precisam estudar (e ter bom aproveitamento), adolescentes precisam estudar e aprender uma profissão e adultos precisam trabalhar, produzir algo, não importa o quê.

É preciso ainda analisar se a entidade não virou uma forma de vida para seus dirigentes. E essa questão me faz recordar uma piada antiga. Diz a estória que, muitos anos atrás, um médico do interior conseguiu que seu filho se formasse numa faculdade de medicina da capital. E, depois de formado, o rapaz voltou para sua cidade para ajudar o pai. 

E o pai resolveu tirar férias pela primeira vez na vida. Terminadas as férias, o pai voltou e perguntou ao filho se estava tudo bem. E o filho todo orgulhoso respondeu: “Tudo ótimo. Consegui até curar aquela ferida que a dona Mariquinha [senhora muito rica que morava na cidade] tinha na perna há tempos.” E o pai apavorado com essa informação respondeu: “Você matou a galinha dos ovos de ouro. Foi tratando essa ferida que consegui custear seus estudos na capital”. 

Infelizmente, a ação social virou negócio para muita gente e essas pessoas, na prática, exploram determinados problemas sociais para seu proveito pessoal. 

Concluindo, se você for chamado/a a ajudar uma entidade, não reaja apenas com base na emoção. Afinal, apelos emocionados podem ser pura chantagem emocional. 

Veja sempre se a entidade em questão merece apoio. Se faz as coisas da forma certa. Tome cuidado para destinar sua ajuda para quem de fato a merece.

Com carinho

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