sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

PRISCILA E ÁQUILA: CONSTRUTORES DE IGREJAS

Prisca (ou Priscila, no diminutivo) e Áquila formaram o casal mais famoso do início da história da igreja cristã. Hospedaram o apóstolo Paulo em Corinto (Atos dos Apóstolos capítulo 18, versículos 2 e 3) e dirigiram igrejas em Éfeso (1 Coríntios capítulo 16, versículo 19) e em Roma (Romanos capítulo 16, versículos 3 a 5).

Curiosamente, das seis vezes em que o casal é citado na Bíblia, em quatro delas o nome de Priscila aparece antes do nome do marido, comprovando que a esposa era a personalidade mais importante do casal - na época em que o Novo Testamento foi escrito, as pessoas costumavam ser citas em ordem de importância.

Áquila (águia, no latim) era um judeu originário do Ponto (cidade do sul do mar Negro) que emigrou para Roma, onde sua profissão (fabricante de tendas) era muito requisitada. E foi essa profissão que garantiu ao casal uma vida confortável. 

Priscila e Áquila converteram-se ao cristianismo e foram expulsos de Roma, juntamente com outros/as cristãos/ãs, por causa de um decreto do imperador Cláudio, provavelmente no ano de 41 da nossa era (Atos capítulo 18, versículo 2). A alegação do imperador romano para cometer essa arbitrariedade foi que a comunidade cristã perturbava a ordem pública.

O casal acabou se estabelecendo em Corinto, onde anos depois encontrou Paulo, que chegou nessa cidade por volta do ano 50. A profissão comum (Paulo também fabricava tendas) deve tê-los aproximado e os três passaram a trabalhar juntos na residência de Priscila e Áquila. 

Só quando Silas e Timóteo juntaram-se a Paulo, trazendo consigo uma doação em dinheiro (Filipenses capítulo 4, versículo 1 e 2 Coríntios capítulo 11, versículos 8 e 9), foi que Paulo pode dedicar-se em tempo integral à pregação do Evangelho de Jesus Cristo, deixando de precisar da ajuda de Priscila e Áquila.

Esse casal teve papel muito importante na formação da igreja cristã em Corinto. Mais adiante, demonstrando grande coragem e compromisso com a obra de Deus, o casal deixou sua clientela em Corinto, formada ao longo de 10 anos, e foi para Éfeso, acompanhando Paulo. E ali eles ficaram para preparar a volta do apóstolo, que só ocorreu vários anos depois, quando da terceira viagem missionária de Paulo. Essa atitude, por si só, justifica o reconhecimento que Paulo sempre tributou ao casal. 

Logo depois, Priscila e Áquila foram para Roma e não é por acaso que Paulo também desejava ir até lá - mais uma vez o casal foi parte do grupo de apoio ao ministério do apóstolo (Romanos capítulo 1, versículos 10 a 13 e capítulo 15, versículo 24). 

Não sabemos quanto tempo eles permaneceram em Roma, já que depois são citados no texto bíblico como estando novamente em Éfeso (2 Timóteo capítulo 4, versículo 19). Acredito que, por causa da prisão de Paulo, em Roma, o apóstolo ficou impedido de viajar para apoiar a igreja em Éfeso e pediu para o casal fazer isso, em seu nome.

Priscila e Áquila são exemplos de trabalhadores/as na obra de Deus. Primeiro, por sua dedicação e fidelidade, não se cansando de abrir portas para o apóstolo Paulo, como também pastoreando o rebanho que foi se formando nos locais onde o casal veio a morar. 

Depois, porque deram exemplo de como trabalhar em conjunto na obra de Deus. Marido e mulher atuaram lado a lado, sem vaidades, apoiando-se mutuamente e a quem mais precisasse deles. 

Agora, é especialmente interessante perceber que, naquele casal, a mulher era mais importante na obra de Deus do que o marido, coisa que fugia completamente do padrão daquela época, quando as mulheres sempre ocupavam lugar de menor destaque na sociedade. 

Esse fato demonstra com clareza que as mulheres têm, na obra de Deus, a mesma importância que os homens, pois Deus não faz distinção de gênero para esse efeito. Ele usa quem desejar e da forma que quiser, seja homem ou mulher, desse ou daquele grupo étnico, de maior ou menor projeção social. 

Acho que o exemplo de Priscila e Áquila traz um grande ensinamento, infelizmente desprezado por muitos líderes religiosos cristãos que defendem a "reserva de mercado" de certos papéis na igreja exclusivamente para os homens. Por isso há denominações cristãs que não ordenam mulheres como sacerdotes (pastores ou padres) e/ou não permitem que mulheres ensinem nas igrejas. 

E ao procederem assim, essas denominações exclusivistas desperdiçam dons espirituais extraordinárias (como os de Priscila), que o Espírito Santo costuma derramar sobre as mulheres. Uma pena.

Com carinho

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