sábado, 2 de fevereiro de 2019

TIRANDO A PRÓPRIA MÁSCARA

Esta série fala sobre as máscaras que nós, cristãos, atarraxamos em nossos próprios rostos, para parecermos boas pessoas e conseguirmos aprovação dos outros. E também vamos falar sobre como arrancar essas máscaras e ficarmos mais parecidos com Jesus, nosso real objetivo na vida.

O problema
Como inspiração para esta conversa, transcrevo o depoimento do pastor Craig Groeschel que fala exatamente sobre o “jogo das aparências” que domina nossas vidas. Esse depoimento deu origem a um livro muito interessante, infelizmente ainda não traduzido. O pastor Craig é bastante conhecido no meio evangélico norte-americano e dirige uma grande igreja independente. Veja o que ele disse:
Num domingo, eu me levantei para pregar e estava cheio de medo. Medo que a igreja fosse pensar que eu tinha falhado como pastor. Mas eu finalmente estava pronto para dizer a verdade... 
Eu não tinha tido um caso extraconjugal ou roubado fundos da igreja. Na verdade, meus pecados eram pequenos, coisas corriqueiras, que estavam escondidas da vista das pessoas. Do ponto de vista da congregação, parecia que eu tinha feito tudo que um pastor deveria fazer – e eu tinha me esforçado muito duro para manter essa impressão. E esse era o problema... 
Essa é a estória de um impostor exposto... É a estória de como, ao longo de toda uma vida, um seguidor de Jesus razoavelmente bem-intencionado teve sucesso em construir um exterior impressionante, mas falhou miseravelmente em ser a coisa real – a pessoa que Deus amorosamente criou. 
...Espero que Deus use minha estória para ajudar você a tirar sua máscara e ganhar de volta o seu verdadeiro eu...
O pastor Craig está falando nesse depoimento comovente do esforço que fazemos para manter a imagem de boas pessoas, buscando sermos aceitos e admirados - foi isso que eu chamei de “jogo das aparências”. Desde cedo somos ensinados a jogar bem esse jogo, dizendo as coisas certas, no momento certo, para as pessoas certas. Você, assim como eu, vem jogando esse jogo há bastante tempo e, se tem uma boa imagem, certamente tornou-se um mestre nesse jogo.

O bom jogador do jogo das aparências tem diversas características interessantes e, talvez, a principal delas seja adaptar o próprio comportamento de acordo com as circunstâncias e as pessoas que estão à sua volta. Isso é muito fácil de perceber numa criança (ou num adolescente), que parece ser uma pessoa perto dos pais, outra bem diferente quando está com os amigos (e sem supervisão) e ainda outra mais quando está na escola. Mas é muito mais difícil de perceber essa variação nos adultos, pois conseguimos disfarçar muito melhor.

Agora, lá no nosso íntimo sabemos que nosso comportamento varia. Sabemos que não costumamos ser a mesma pessoa na família, na igreja, no trabalho, entre os amigos ou numa arquibancada de um campo de futebol. Mudamos com as circunstâncias. 

Cada um de nós estabelece na sua mente os padrões de como entende que deve se comportar o bom “pai” (ou “mãe”), o bom “filho”, o bom “membro de igreja”, o bom “funcionário”, o bom "amigo” e até o bom “torcedor”. Criamos nas nossas cabeças pequenos enredos que procuram garantir que sejamos vistos como boas pessoas em cada um desses diferentes papéis. E cada um desses enredos privilegia coisas diferentes. Por exemplo, se a pessoa está na igreja, seu enredo fala que ela precisa demonstrar amor ao próximo, mas se está no trabalho, o enredo válido ali diz que ela precisa ajudar a esmagar o competidor. 

E são tantos os enredos a desempenhar que muitas vezes acabamos perdendo de vista nosso objetivo maior na vida. Afinal, não fomos chamados por Deus para sermos bons “pais”, ou “membros de igreja”, ou “empregados”, embora é seja muito útil sermos tudo isso. Fomos chamados mesmo para sermos iguais a Jesus (Romanos 8:29).

Tentamos fazer um bom trabalho, seguindo nossos muitos enredos cuidadosamente elaborados, mas estamos, na verdade, deixando de lado nosso objetivo real. E boa parte dos nossos problemas espirituais reside justamente nesse hiato entre aquilo que nos esforçamos para ser e a vida que Deus nos chamou para viver. 

Outra forma de falar desse mesmo hiato é perceber que nos tornamos seguidores de Jesus em “tempo parcial”. Seguimos o Evangelho somente quando isso é compatível com os enredos que desempenhamos no dia-a-dia. Aí falamos de santidade no domingo e aceitamos a corrupção na segunda. Falamos de amor no domingo de manhã e à tarde vamos a um jogo de futebol e ofendemos os adversários, quando não fazemos coisa pior. Falamos de amor ao próximo na igreja e, quando encontramos alguém sofrendo, falamos as palavras protocolares: “vou orar por você”. E pouco depois esquecemos dessa promessa, em meio aos nossos muitos afazeres. Fazemos fofoca, mentimos e não estamos de fato à disposição de quem precisa de ajuda e, quando ela nos é pedida, usamos a desculpa clássica: “não tenho tempo pois ando muito ocupado”. 

Encaminhando a solução 
Esta série é um chamado para sermos honestos conosco mesmos – afinal, a Deus nós nunca conseguimos enganar. Ela será útil para quem está cansado de tentar parecer ser aquilo que não é. O nosso objetivo com ela é ajudar você a entender que sua vida precisa ser pensada como um show apresentado para apenas um espectador: Deus. Tudo que você faz deve, em primeiro lugar, buscar agradá-lo e obter sua aprovação.

Não pretendemos, ao longo da série, buscar arrancar confissões públicas daqueles pecados e fraquezas tão bem guardados dentro de nós que, como diz um fado famoso, nem às paredes é possível confessar. Só queremos incentivar você a reconhecer esse grande problema na sua vida, como primeiro passo para buscar superá-lo. Afinal, você nunca vai conseguir superar um problema do qual ainda não tomou consciência clara. 

O principal obstáculo que você vai enfrentar para participar plenamente desta série é a acomodação. A vontade de continuar a fazer mais do mesmo. Afinal, sempre há risco em mudar. E por isso a maioria das pessoas fica parada no mesmo lugar. Mas, se você sente necessidade de crescer espiritualmente, esta série pode ajudar muito você. E essa mudança, além de aproximar você de Jesus, dará oportunidade às pessoas enxergarem e passarem a amar seu verdadeiro eu, não a imagem que você aprendeu tão bem a projetar. 

Talvez, ao mudar, você enfrente críticas e não seja compreendido. Como aconteceu com uma senhora, que se converteu e abraçou o Evangelho, mudando sua vida, e quase perdeu o marido ao longo desse processo, pois ele demorou a aceitar as mudanças dela. E foi exatamente para isso que Jesus alertou ao ensinar que o seguir significa aborrecer até a própria família, que dirá amigos e colegas de trabalho (Lucas 14:26). E até Jesus passou por isso quando foi criticado pela própria família por decidir assumir seu ministério de pregar a Palavra de Deus (Marcos 3:20-21). 

Para conseguir mudar, você vai precisar exercer sua fé e ao fazer isso, pode ter certeza, vai agradar muito ao grande expectador da sua vida, Deus (Hebreus 11:6). Então, mãos à obra. Vamos à nova série.

Veja a seguir a agenda de aulas deste curso. Todas as aulas serão gravadas e os vídeos também serão postados aqui, à medida que forem ocorrendo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário