quarta-feira, 6 de março de 2019

AS RAZÕES PARA PROIBIR AS IMAGENS DE ESCULTURA

O segundo dos Dez Mandamentos – não farás para ti imagens de escultura..., não as adorarás, nem lhes darás culto (Êxodo capítulo 20, versículos 4 e 5) – gera bastante dúvida. Afinal, boa parcela do cristianismo – por exemplo, católicos romanos e católicos ortodoxos – usam regularmente nas suas missas imagens e figuras consideradas sagradas. Já os evangélicos criticam fortemente essa prática e a consideram uma violação clara do segundo dentre os Dez Mandamento.

Por que será que Deus fez essa proibição? Para responder, vou começar analisando o que leva uma pessoa a fazer uma imagem ou figura de Deus ou Jesus e usá-la num momento de culto. 

Imagens e figuras de Deus usadas em oficios religiosos (como as missas) tornaram-se comuns porque não é fácil para a maioria das pessoas adorar um Ser invisível. Essas imagens são usadas, então, para tornar mais concreta a presença de Deus para os fiéis. Mas essa prática gera três tipos de problemas e por isso é proibida na Bíblia. 

Em primeiro lugar, a concepção que mesmo o melhor dos artistas venha a fazer de Deus sempre será muito limitada. Assim, qualquer imagem ou figura usada em momentos de culto, mesmo a mais bonita delas, sempre será uma distorção da realidade. 

E como os fiéis se acostumam com essas representações divinas, acabam imaginando que Deus ou Jesus são exatamente como essas imagens ou figuras mostram. Não é por acaso, portanto, que a maioria das pessoas pense em Deus como um velho bonito, de longas barbas brancas. Mas essa foi a forma como Ele foi representado por Michelangelo nas pinturas do teto da Capela Sistina. E é claro que Deus não é assim, pois é um espírito.

E percepções distorcidas de Deus ou Jesus geram consequências ruins. Por exemplo, Deus sempre foi retratado pelos artistas como um homem e, por causa disso, os fiéis tendem a vê-lo como sendo do gênero masculino, o que não é verdade, pois Ele não tem gênero. E essa percepção ajudou a incentivar a noção que o gênero masculino é superior e gerou, ao longo da história, todo um esquema de dominação da mulher. O mesmo pode ser dito do fato de Deus ser normalmente representando como sendo branco, reforçando a ideia que pessoas dessa cor de pele são superiores.

O segundo problema trazido pelo uso de imagens e figuras divinas em ofícios religiosos é que elas frequentemente acabam se tornando sagradas aos olhos dos fiéis, passam a representar corporificações reais de Deus. Basta ver como as imagens são tratadas pela Igreja Católica para entender o que acabei de falar. Ora, Deus não se agrada disso - a adoração deve ser reservada somente para Ele. Imagens e figuras são obras humanas e nunca podem ter esse papel.

O terceiro problema está relacionado com o poder adquirido pelos sacerdotes que controlam esses objetos sagrados. Há vários exemplos na história da Igreja Católica, por exemplo, de situações em que padres negaram aos fiéis acesso às imagens consideradas sagradas pelas pessoas para obrigá-las a se curvarem à sua vontade. E conseguiram seu objetivo. Ora ninguém pode ter esse tipo de poder. Ninguém.

Resumindo, há boas razões para proibir o uso de imagens e figuras em ofícios religiosos (missas ou cultos). Portanto, os evangélicos estão certos em criticar essa prática. O problema não está nas imagens e figuras em si, mas sim no uso errado que inevitavelmente acaba sendo feito delas. 

Com carinho

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