sábado, 19 de março de 2016

O "RONCO DAS RUAS" E A CONVERSÃO DO BRASIL


As manifestações populares de março de 2016 comprovaram uma coisa: o povo brasileiro finalmente despertou duma enorme letargia que durou alguns anos.

A operação Lava Jato já tem vários anos de vida e quase todos os dias vem deixando a nu esquemas de corrupção, comportamentos mentirosos de autoridades e empresários, enfim práticas escusas de todo tipo. Um verdadeiro show de horrores.

Infelizmente, as pessoas protestavam apenas nas redes sociais e nas conversas particulares. Viviam como anestesiadas, parecendo sem ter capacidade de reagir. E isso encorajou os corruptos a tomarem medidas ainda mais audaciosas.

O quadro parece finalmente ter mudado e o “ronco das ruas” começou a ser ouvido. E isso é bom e ruim. Bom, porque os protestos populares são fundamentais para recolocar o país no caminho certo – foi assim, por exemplo, nos idos de 1984, quando o Brasil ainda vivia uma ditadura e nasceu o Movimento Diretas Já.

Também é ruim porque está nítido que as pessoas somente sabem o que não querem – fora fulano, fora beltrano –, mas não sabem o que querem. Assim, convivem debaixo do mesmo guarda-chuva dos protestos gente de todos os tipos, desde aqueles que pedem o absurdo da volta dos militares até aqueles que defendem o parlamentarismo. Uma verdadeira salada.

Ainda não há consenso sobre aquilo que as pessoas querem e muito menos o que deve ser feito para sairmos do buraco onde nos metemos. E sem medidas objetivas, a crise não será superada.

E há muito perigo se nada mudar - com o tempo as pessoas vão perder a esperança e as manifestações pacíficas poderão se tornar violentas. O flerte com soluções não democráticas poderá aumentar. O risco ficará maior para todos. É isso que a história ensina.

Não tenho qualquer pretensão de propor aqui soluções políticas e/ou econômicas para nosso país. Eu não tenho competência para isso e esse não é o espaço para falar disso – falo aqui sempre de Jesus e da diferença que Ele pode fazer na vida das pessoas.

Mas a análise que acabei de fazer é importante porque ela vai permitir construir uma correlação entre duas situações que me parecem bem similares: a crise atual e o processo de conversão das pessoas a Jesus. Há um paralelo perfeito entre o que o Brasil está vivendo e o que as pessoas costumam viver antes de se converterem.

A experiência mostra que as pessoas muitas vezes só realmente se aproximam de Deus no meio do sofrimento pessoal. São muito poucas as pessoas que se convertem quando tudo está bem com elas, por serem convencidas das verdades que testemunharam sobre Jesus. Muito poucas mesmo.

A maioria das pessoas se converte e muda suas vidas ao passar por momentos de sofrimento. Ao ficarem buscando por um alívio para sua angustia, respostas que expliquem as perdas que sofreram e por uma fonte de esperanças que lhes garanta haver saídas para sua crise existencial.

E ao se sentirem assim, acabam descobrindo Jesus, por exemplo ao bater na porta de uma igreja e/ou ler um texto inspirado na Internet. Passam a encontrar n´Ele as respostas que buscavam - chegam a Jesus através da dor que sentiam. Aí são consoladas, adquirem nova esperança e mudam a história das suas vidas. Já perdi a conta do número de vezes em que vi isso acontecer. 

O sofrimento serve como um catalisador para as mudanças - sem ele, as pessoas teriam continuado a viver sem mudar. Não estou afirmando aqui que Deus manda sofrimento para forçar as pessoas a mudar. Não penso ser assim que as coisas acontecem. Na verdade, Deus aproveita o sofrimento das pessoas, causado, tanto pelas más escolhas que fizeram, como pelas circunstâncias das suas vidas, para se aproximar delas. 

O paralelo com a situação atual do Brasil. A crise política se somou à crise econômica, uma reforçando a outra. E os mais pobres, que têm menos proteção, estão pagando a maior parte da conta trazida pela recessão profunda. Como sempre.

Por outro lado, essa mesma crise profunda está gerando as condições para uma grande depuração no meio político e empresarial, fato inédito. Empresários poderosos estão na cadeia. Negociatas escusas e acordos políticos espúrios vem sendo expostos à luz do dia e desbaratados.

Talvez não seja possível ver agora, mas acredito que o país vai sair disso melhor do que entrou. Vivíamos uma grande fantasia, alimentada pelo crédito fácil e o consumo irresponsável. E o falso clima de prosperidade anestesiou o povo e deu condições para o submundo da política e dos negócios prosperar. Isso acabou agora.

Acredito que, ao final desse processo de depuração, as pessoas entenderão melhor que sem uma vida ética não há como prosperar. Acredito que haverá uma conversão no sentido de uma mudança para hábitos mais saudáveis. Elas já não votarão com tanta facilidade em políticos corruptos, do tipo “rouba mais faz”. Muito menos aceitarão argumentos do tipo “roubei, mas todos roubam igual...”

O sofrimento pelo qual o país passa hoje é a condição para momentos melhores mais adiante. Para uma conversão em prol de hábitos melhores. Do entendimento de que devem haver consequências para quem pratica o mal - quem prejudica o povo em prol dos seus interesses pessoais deve ser severamente punido.

Há sinais concretos dessas novas ideias ganhando força. Isso pode ser visto no fim da impunidade de ricos e poderosos – hoje já há gente muito importante na cadeia. A “conversão” do Brasil está vindo pela dor. Simples assim.

A nós, cristãos(ãs), cabe fazer duas coisas. Primeiro, dar o bom exemplo. Sempre. Depois, nos cabe orar por aqueles(as) que têm poder para endireitar as coisas, nas suas respectivas esferas de atuação – Executivo, Legislativo, Judiciário e iniciativa privada. Pedir para que Deus ilumine essas pessoas e lhes dê sabedoria.

Queira Deus que essa nova era para o nosso país, mais justa e saudável, chegue logo. E que os anjos digam amém.

Com carinho

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