sábado, 6 de agosto de 2016

UM GRANDE PROFETA EM CRISE

Elias foi um dos profetas mais importantes na história do povo de Deus. Foi tão importante que, como prêmio, Deus lhe deu a graça de não passar pela morte - foi transladado ao céu ainda em vida (2 Reis capítulo 2, versículos 9 a 14).

Como não morreu, Elias tornou-se o centro de uma profecia, registrada no livro de Malaquias (capítulo 4, versículos 5 e 6), que previu sua volta, o que foi cumprido com a chegada de João Batista (Mateus capítulo 17, versículos 10 a 13). 

Ele realizou muitos milagres ao longo do seu ministério, tantos que sua época pode ser comparada ao período do êxodo de Israel do Egito, liderado por Moisés. Somente nesses dois períodos e durante o ministério de Jesus e dos apóstolos (o começo da Igreja cristã) houve milagres tão importantes, quando Deus interveio na história de forma tão poderosa. 

E isso foi necessário porque Elias enfrentou um enorme desafio: na sua época a fé verdadeira esteve muito ameaçada pelo culto a Baal. E o profeta precisou enfrentar uma luta espiritual terrível e para triunfar, teve que contar com enorme poder vindo do alto.

O que aconteceu com Elias

Baal era o deus da chuva e fertilidade. Sedento de sangue, requeria sacrifícios constantes. Seu culto foi grandemente incentivado por Jezebel, esposa do rei Acabe e cresceu tanto que acabou ameaçando a fé no verdadeiro Deus de Israel. 

Elias liderou a resistência e realizou diversos atos proféticos para desafiar Baal e provar quem era o Deus verdadeiro. Um deles foi clamar por uma seca, que durou vários anos (1 Reis capítulo 17, versículos 1 a 7 e capítulo 18, versículos 1 a 19 e 41 a 46). Isso atacou Baal no seu cerne, pois ela era o deus da chuva - se não havia chuva, para que servia? 

A mesma estratégia usada por Moisés, quando lutou com o faraó do Egito para conseguir a libertação do povo de Israel: cada uma das pragas que lançou atacou diretamente um dos deuses egípcios.

Elias conhecia bem o inimigo contra o qual lutava e feriu-o onde era vulnerável. E aí está um ensinamento de grande importância: ao enfrentarmos batalhas espirituais, precisamos conhecer bem contra quem estamos lutando.

Elias agiu demonstrar temos e enfrentou o rei e sua esposa, mesmo correndo risco de vida (1 Reis capítulo 18, versículos 31 a 40 e capítulo 21, versículos 7 a 24). Com essa atitude, o profeta ensinou que palavras e obras precisam sempre andar juntas. 

Sobretudo, Elias ensinou que devemos depender completamente de Deus. Não devemos tomar atalhos, que parecem tornar a vida mais fácil e segura, mas podem nos afastar de Deus. O profeta poderia ter feito um acordo com o rei (que tentou isso por diversas vezes) e teria sido deixado em paz. Mas não podia comprar sua paz às custas de fazer a vontade de Deus

A crise espiritual

Elias proporciona um excelente exemplo das crises espirituais às quais todos(as), mesmo os(as) cristãos(ãs) mais sinceros(as), estão sujeitos(as). Trata-se daqueles momentos da vida em que instala-se uma escuridão incrível nas nossas almas, quando somos apanhados na nossa própria fraqueza.

Elias alcançou uma enorme vitória contra o culto a Baal, quando enfrentou e venceu quatrocentos profetas desse deus. Aí pensou que finalmente teria sossego, mas foi surpreendido pela notícia que a rainha Jezebel tinha jurado matá-lo. E Elias se sentiu esgotado - caiu em depressão espiritual profunda, a ponto de não querer comer (1 Reis capítulo 19, versículos 1 a 18). 

Nesse momento da sua vida Elias cometeu um erro crucial: julgou-se imprescindível para a obra de Deus. Achou que sem ele, Baal iria triunfar em Israel. E isso lhe foi pesado demais.

Ora, quem defende sua obra é o próprio Deus e ninguém, mesmo os(as) mais importantes líderes da história da igreja cristã, pode ser considerado imprescindível, poder afirmar quem sem ele(a), o reino de Deus não teria sido implantado. 

Profundamente deprimido, Elias foi caminhando sem destino, perdido em meio a seu sofrimento espiritual, até que acabou no monte Sinai (Horebe), o mesmo lugar onde Deus tinha dado os Dez Mandamentos para Moisés. 

Ali, Elias pediu para ver Deus e foi atendido. É interessante perceber que apareceram, em sucessão, um grande vento, um terremoto e um fogo intenso. Mas Deus não estava em nenhuma dessas manifestações grandiosas. Ele estava mesmo num murmúrio suave, que falou diretamente ao coração de Elias e o fez se levantar e encontrar forças para continuar lutando.

Há nessa passagem outro grande ensinamento: Deus sempre surpreende. Ele age de maneira bem diferente daquela que imaginamos. Seus milagres mais impressionantes nunca são feitos em meio a espetáculos grandiosos. Sempre faz as coisas da forma a mais simples e podemos notar isso com clareza nos próprios milagres que Jesus realizou.

Concluindo, Elias é um dos melhores exemplos de um grande homem de Deus relatados na Bíblia: cheio de unção e poder, realizou obras impressionantes. Mas também enfrentou momentos terríveis, quando a escuridão tomou conta da sua alma. E ainda assim teve forças para reagir e encontrar seu caminho de volta para Deus. 

Com carinho

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