quinta-feira, 18 de agosto de 2016

VOCÊ QUER O DOM DE PROFETIZAR?

Certa vez estava dirigindo um estudo bíblico e o tema tinha a ver com os dons do Espírito Santo. Muitas pessoas se manifestaram dizendo não saber quais eram seus dons espirituais. Aí perguntei a cada uma quais dons gostariam de receber de Deus, já que a Bíblia nos incentiva a buscar os "melhores dons" (1 Coríntios capítulo 12, versículo 31).

A maior parte das pessoas contou que queria receber o dom da profecia. Surpreendido com essas respostas, fui pesquisar e me dei conta que essa é uma realidade constante no meio evangélico: as pessoas têm os(as) profetas em muito alta conta. E dentre os inúmeros dons que o Espírito Santo pode distribuir para cada um(a) de nós, somente "louvor", "poder de pregação" e "cura" têm prestígio entre os evangélicos equivalente ao "profetizar".

Ora, isso indica claramente que as pessoas não sabem bem o que é o dom da profecia. Talvez se encantem com a possibilidade de poder revelar o que o futuro irá trazer - sem dúvida, capacidade que anda junto com o dom da profecia. Mas elas se esquecem (ou não se deram conta ainda) das dificuldades relacionadas com o ministério da profecia.

Digo isso porque a vida dos profetas, conforme a Bíblia conta, quase sempre foi muito difícil. Vejamos alguns exemplos: Isaías morreu serrado ao meio por ordem de um rei que ficou encolerizado com a mensagem que recebeu desse profeta; Elias foi perseguido incessantemente pela rainha Jezebel e o rei Acabe, por denunciar a idolatria do casal; Jeremias foi deixado no fundo de um poço para morrer, só escapando pela intervenção divina; e João Batista teve a cabeça cortada por Herodes, porque o criticou por se casar com a esposa do irmão. As dificuldades na vida de Paulo, então, foram muito grandes: fome, frio, naufrágios, prisão e torturas (2 Coríntios capítulo 11, versículos 13 a 19).

É muito fácil entender a razão para tantos problemas na vida dos(as) profetas: afinal, a missão deles(as) é transmitir para as pessoas mensagens vindas de Deus. E frequentemente tais mensagens não são nada boas, por exemplo, quando Deus está desagradado com o comportamento dessas pessoas.

E quando a mensagem desagradável é dirigida para pessoas poderosas, as chances do(a) profeta se dar mal tornam-se muito grandes. Frequentemente eles(as) acabam como "saco de pancadas" do(a) poderoso(a) irritado(a).

Profecias podem até incluir revelações sobre a vida futura de determinadas pessoas, quando isso for importante para a mensagem que Deus está transmitindo, mas isso não é obrigatório. 

Por exemplo, quando o profeta Natã disse para Davi que ele tinha pecado, ao adulterar com Bate-Seba, o sentido da fala do profeta foi dar um enorme "puxão de orelhas" no rei e mostrar para ele que Deus estava bravo com o que acontecido (2 Samuel capítulo 12, versículos 1 a 14). Davi, apesar do seu pecado, tinha temor a Deus e não se voltou contra Natã, mas poderia facilmente ter feito isso. E foi exatamente essa experiência negativa pela qual passaram profetas como Isaías ou João Batista, que "ousaram" criticar seus respectivos reis.

Profecia é um dom de enorme importância no mundo espiritual, não há qualquer dúvida quanto a isso. O papel dos(as) profetas na história do povo de Deus é enorme, pois cabe a eles(as) a enorme honra de falar em nome de Deus e transmitir a vontade do nosso Criador.

Mas isso não garante que profetizar seja um ministério fácil e charmoso. Muito ao contrário. Costuma ser tarefa difícil e espinhosa, que somente pode ser desenvolvida com grande custo pessoal daqueles(as) chamados(as) por Deus para profetizar.

Com carinho

Nenhum comentário:

Postar um comentário