terça-feira, 14 de agosto de 2018

A RELAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ COM O PODER

Estamos nos aproximando da época de eleições gerais. E é fácil de ver os movimentos da grande mídia e dos partidos políticos para se aproximar do público cristão. E isso levanta uma importante questão: é legítima a proximidade da igreja cristã com o poder secular? 

Não se iluda. Os/as políticos/as e os responsáveis pela grande mídia não se tornaram de repente simpáticos e acolhedores em relação ao povo cristão. Não passaram a pensar que nós somos uma influência positiva na sociedade brasileira. Isso não aconteceu e nem vai acontecer. 

o povo cristão, especialmente os/as evangélicos/as, continuam a ser considerados por quem detém o poder secular como cidadãos/ãs de segunda classe - basta ver como pastores e fiéis costumam ser retratados, por exemplo, nas novelas e programas humorísticos da Rede Globo. São sempre pessoas intransigentes, quadradas e hipócritas.

O objetivo dessa "aproximação" é simplesmente obter vantagens: conseguir votos (no caso dos políticos) ou audiência (no caso dos órgãos de mídia). Simples assim.

A aproximação entre a igreja cristã e o poder secular preocupa-me porque, de forma geral, a igreja nunca se dá nessas situações. Quem sai perdendo quase sempre é ela, pois essa proximidade acaba trazendo a corrupção (que caracteriza o poder secular) para dentro da igreja. E isso é fácil de comprovar.

Tem muita gente que se ilude pensando que políticos cristãos/ãs vão concorrer por mudar as coisas no mundo político. Mas não é isso que costuma acontecer. Os/as cristãos se elegem e quase sempre acabam envolvidos pelo sistema de poder - acabam fazendo concessões que não deveriam, no intuito de se manter em posição privilegiada. E arrastam suas igrejas para maus caminhos, nesse processo.

Por exemplo, a chamada "bancada evangélica", formada por deputados/as que se dizem frequentadores de igrejas evangélicas, tem sido uma das mais notórias em exercer o chamado "princípio de São Francisco": "é dando que se recebe". Ou seja, em trocar seu apoio político por cargos e vantagens imorais. Essas pessoas se dizem motivadas pelo cristianismo, mas agem igual ou pior a quem não alega seguir os mesmo princípios.

O mesmo se pode dizer de quem chega a postos de mando em grandes órgão da mídia. Quase sempre acabam abafando sua consciência cristã e fazem o que não deveriam para se manter nos cargos que conquistaram.

Cristãos/ãs no poder, infelizmente, não costumam ser o "sal da terra", não costumam se pautar pelos ensinamentos cristãos. Aceitam fazer aquilo que é errado. É uma pena, mas quase sempre é assim. 

Nunca podemos esquecer que Jesus deixou claro haver separação entre sua igreja e o poder secular: "...dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". Traduzindo esse ensinamento: a igreja cristã não pode se misturar e muita menos fazer causa comum com o poder.

O papel da igreja cristã é converter pessoas e ajudá-las a se tornar discípulos /as verdadeiros/as de Cristo. É óbvio que a igreja cristã pode e deve participar de debates públicos que tratem de questões que impactem seu rebanho, contribuindo para que se encontre soluções para questões como violência urbana, desigualdade social, discriminação, etc. Agora, o papel da igreja deve se limitar a defender e apoiar idéias, denunciar distorções e má conduta de quem detém o poder e também ajudar quem precisa. Jamais oferecer apoio ou adesão institucional a quem quer que seja - nossa adesão está reservada unicamente para Jesus Cristo.

Nunca acho bom quando as igrejas locais são abertas para palestras de políticos, de artistas populares ou de pessoas importantes da mídia, que procuram promover seus interesses particulares. E muito menos acho boa prática quando sacerdotes (pastores/as e padres) se candidatam a cargos públicos. Afinal, o chamado desses/as líderes é para pastorear o rebanho de cristãos/ãs, ajudando essas pessoas a caminhar bem na sua passagem por esse mundo. 

Com carinho

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