domingo, 24 de março de 2019

CUIDADO COM O JOGO DO "SE"

Muitas pessoas vivem dentro de um eterno jogo do "se”: "se tivesse acontecido isso, minha vida teria sido melhor" ou "se tal coisa vier a acontecer, tudo vai se resolver". E esse jogo pode causar muito mal na vida das pessoas.

Há dois tipos de "ses" que costumam afetar as pessoas:
  • O “se” voltado para o passado: “se tal coisa não tivesse acontecido comigo...”. Esse tipo de percepção costuma causar frustração, rancor, tristeza e até depressão.
  • O “se” dirigido para o futuro: “se tal coisa vier a acontecer...”. Nesse caso, as consequências podem ser insegurança, ansiedade e medo.
Pessoas que vivem presas no passado sofrem por aquilo não pode ser mudado – a única coisa que ainda pode ser mudada sobre o passado é a interpretação da pessoa sobre o significado daquilo que lhe aconteceu.

Anos atrás, passei por problemas financeiros difíceis e durante muito tempo interpretei essa experiência como uma coisa ruim, sofrida. Com o passar do tempo, entendi que aquele período de sofrimento me trouxe maturidade e me fez entender melhor e ter muito mais empatia com o sofrimento das outras pessoas. Em outras palavras, meu passado não mudou, mas minha interpretação do que havia acontecido comigo, é bem diferente hoje em dia.

O "se" voltado para o futuro se torna muito pesado para as pessoas excessivamente preocupadas em controlar as variáveis da sua vida, para garantir segurança, estabilidade, felicidade e assim por diante. 

Mas a luta por manter o controle sobre a própria vida é interminável e nunca pode ser de fato vencida, pois as circunstâncias que nos afetam mudam a partir de forças que não estão debaixo do nosso controle. Um bom exemplo desse tipo de situação são as doenças inesperadas ou os desastres naturais.

Penso que há dois ensinamentos importantes a tirar dessa reflexão sobre o jogo do "se". Primeiro, aprender a viver mais no presente e menos no passado ou no futuro. A realidade é o presente, o momento que você vive agora e ele precisa ser bem aproveitado. Jesus se referiu a isso, num ensinamento sobre a ansiedade, quando afirmou: “basta a cada dia o seu mal...” (Mateus capítulo 6, versículo 34).

Viva mais o presente e deixe de sofrer com o que aconteceu no passado e não mais pode ser mudado, como também não fique se preocupando tanto com o futuro, pois você tem muito pouco controle sobre o que vai de fato acontecer na sua vida.

Segundo, concentre-se num um outro tipo de "se", muito melhor do que os outros dois. E o episódio da ressurreição de Lázaro explica bem sobre o que estou falando. 

Jesus chegou à casa de Lázaro cerca de 4 dias depois da morte dele. Marta, irmã do falecido, recebeu Jesus com um “se” voltado para o passado: se Jesus tivesse chegado antes, Lázaro não teria morrido (João capítulo 11, versículo 21). Mas, Jesus lidou com a situação de forma totalmente inesperada, ao dizer para Marta (João capítulo 11, versículo 40): se você tiver fé, verá Deus agir. E aí foi lá e ressuscitou Lázaro.

O terceiro tipo “se” é aquele que leva o ser humano a focar sua atenção em Deus e não em si mesmo e nas suas circunstâncias de vida. Esse outro "se" leva a pessoa a depositar sua confiança em Deus. Assim, ela não congela sua vida num passado problemático, pois sabe que pode ser perdoada e mudar sua vida, como também não fica ansiosa pela tentativa inútil de controlar um futuro que nunca pode ser domesticado.

Mas, isso é mais fácil de falar do que de fazer. Acreditar que o passado vai assumir um significado melhor, uma vez "coberto" pelo sangue de Jesus e descansar, confiando inteiramente em Deus, vai contra a natureza humana. mas esse é o único tipo de jogo do "se" que vale, de fato, à pena ser jogado.

Com carinho

2 comentários:

  1. Lindo esse texto. Acho que isso se deve muitas vezes a um certo complexo de superhomem. E esquecemos que temos essa mão carinhosa - de Deus - que nos cuida sempre. Gostei de incluir esse "se" em minhas reflexões e principalmente em minhas preocupações. Abraços! Roberta

    ResponderExcluir
  2. Robi

    É isto mesmo. Nós achamos que somos mais do que verdadeiramente somos. Achamos que podemos ter controle, que podemos julgar o que é certo e errado, e por aí vai. Perceber a própria limitação é um dos aprendizados mais difíceis na vida de qualquer cristão.

    Beijo

    Vinicius

    ResponderExcluir