quinta-feira, 13 de agosto de 2020

O RENASCIMENTO DEPOIS DA PANDEMIA

O dicionário define renascimento como “nova existência” ou “nova vida”. No caso do estudo de hoje, estou considerando a primeira definição: uma nova forma de viver depois da pandemia.  

Thomas Friedman, o brilhante e conhecido colunista New York Times, comentou, em entrevista recente (12/07/2020), dada ao Estado de São Paulo, que a sociedade humana está passando por um renascimento:
Acho que estamos prestes a ver uma explosão de inovação, um dos grandes pontos de mudança de direção da história ... Esse quadro [acesso a ferramentas baratas de inovação e enorme poder computacional a um preço muito baixo] vai nos proporcionar uma demolição criativa de um jeito que eu nunca vi antes. Vai ser o equivalente a uma guerra mundial em termos de disrupção ...
Thomas Friedman parece ter razão pois os sinais de uma nova forma de levar a vida são cada vez mais evidentes. Mas, o renascimento, que começamos a experimentar, não é um processo inédito. A sociedade humana já passou por outros períodos de renascimento. Vamos ver alguns deles:
A Renascença: o renascimento europeu
Tradicionalmente essa designação se refere a um período que vai mais ou menos do meio do século XIV até o final do século XVI. A Renascença trouxe o fim da Idade Média e representou um sopro de ar fresco no pensamento humano (artes, ciência, teologia, etc), gerando também desenvolvimento econômico e progresso científico. É desse período a difusão da imprensa, as grandes navegações, a construção de grandes catedrais, esplendorosas obras de arte (como o teto da Capela Sistina, no Vaticano) e outras coisas mais. Viveram na Renascença gênios como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, Galileu, Lutero e muitos outros.
Os renascimentos do povo de Israel
A Bíblia descreve pelo menos três períodos de renascimento ao longo de cerca dois mil anos de história de Israel:
1. O fim da escravidão no Egito
O povo passou cerca de 430 anos em escravidão no Egito, sendo usado como fonte de mão de obra barata para que os faraós construíssem grandes monumentos. Aí Deus convocou Moisés para liderar o processo de libertação do povo. E uma vez saído do Egito, o povo de Israel peregrina cerca de 40 anos pelo deserto do Sinai, onde recebeu, de Deus, leis, orientações e incentivo para organizar-se como nação e adquirir um ânimo vencedor. Isso está descrito em detalhes nos livros Êxodo, Números e Josué contidos na Bíblia.
E foi por causa desse grande avanço social e emocional que Israel conseguiu se estabelecer como nação e dominar boa parte de Canaã.
2. O renascimento na Babilônia
Em 587 AC, os babilônios, comandados por Nabucodonosor, conquistaram Jerusalém, destruíram o Templo e levaram a liderança judaica para o exílio na Babilônia, onde os judeus acabaram constituindo uma importante comunidade. São dessa fase os relatos do final do livro de 2 Reis e 2 Crônicas, bem como o livro do profeta Ezequiel.
Mais adiante (538 AC), o rei Ciro conquistou a Babilônia e fundou o grande império persa. Ciro era muito mais liberal com os povos sob seu domínio e resolveu permitir que os judeus voltassem para sua terra. Muitos voltaram, embora parte tenha permanecido onde estava.

Os que voltaram tiveram que enfrentar o desafio de reconstruir os muros de Jerusalém e o Templo, bem como reorganizar a sociedade judaica em Canaã - esse é o relato que está nos livros de Esdras e Neemias. Os que ficaram na Babilônia passaram a gozar de muito maior liberdade e a colônia judaica floresceu – vemos ecos disso nos relatos dos livros de Daniel e Ester. Em resumo, o povo judaico como que renasceu nos dois locais.
3. O renascimento trazido pelo Messias
O terceiro renascimento aconteceu com a vinda de Jesus ao mundo. Mas, o grosso do povo judeu não percebeu bem o que estava acontecendo, pois as pessoas esperavam um Messias que as viesse libertar do domínio romano, re-estabelecendo no trono judeu a linhagem de Davi. Esse é o significado dos gritos que deram quando da entrada de Jesus em Jerusalém, montado num burrico, no domingo de Ramos: Hosana, em hebraico, significa “salva-nos”, ou seja, o povo clamou para que Deus o libertasse.
Quando Jesus afirmou que seu reino não era deste mundo, muitos judeus se frustraram, pois queriam um libertador, quem os liderasse em batalha, como Moisés, Josué ou Davi. Mas, Jesus veio pregar o amor ao próximo.

Isso não significa que o renascimento não aconteceu, pois uma verdadeira revolução mundial começou ali, com o nascimento do cristianismo. O renascimento não foi cultural, econômico ou político. O renascimento trazido por Jesus foi emocional e espiritual.
E o seu renascimento?
O renascimento de uma sociedade passa essencialmente pelo renascimento individual dos seus integrantes. Se Thomas Friedman estiver certo, e tudo indica que ele está, cada um de nós vai ter que, de certa forma, renascer depois dessa quarentena. 
Períodos de renascimento costumam gerar um resultado geral positivo e acabam sendo bons. Mas, sempre embutem problemas e muita ansiedade, especialmente por conta da resistência das pessoas às mudanças inevitáveis. Afinal, estruturas econômicas e sociais acabam sendo modificadas, algumas profissões desaparecem, enquanto outras surgem, alguns hábitos apreciados mudam e assim por diante. E isso não é fácil de fazer.

Precisaremos aprender a fazer as coisas de formas diferentes no trabalho, no estudo, nas compras, no lazer e até nas práticas religiosas. E mais do que isso, vamos precisar aprender a olhar para as coisas de forma diferente: nem tudo que é maior é melhor, a natureza precisa ser mais preservada, a vida humana é o valor maior e assim por diante.

A dificuldade de fazer essa transição fica bem clara num comentário que Thomas Friedman fez na entrevista que citei acima:
Estamos começando a viver mais da metade das nossas vidas no ciberespaço ... [Mas] não sinais de trânsito no ciberespaço. Não há tribunais ... A questão da ética e dos valores se torna muito importante ...
O ciberespaço ainda é em boa parte desconhecido e uma “terra” meio sem lei. Mais do que nunca vamos precisar de valores que nos guiem a fazer a coisa certa, mesmo onde não há controle e onde a liberdade de ação é quase total.

A Bíblia ensina que isso só é possível com uma mudança de dentro para fora. A partir de um renascimento pessoal. E Jesus falou exatamente sobre isso.
Certa noite Ele foi procurado por um homem importante chamado Nicodemos. E o diálogo entre Jesus e Nicodemos é extremamente revelador (João 3:1-16):
Havia um fariseu chamado Nicodemos, uma autoridade entre os judeus. Ele veio a Jesus, à noite, e disse: "Mestre, sabemos que ensinas da parte de Deus, pois ninguém pode realizar os sinais miraculosos que estás fazendo, se Deus não estiver com ele". Em resposta, Jesus declarou: "Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo". Perguntou Nicodemos: "Como alguém pode nascer, sendo velho? É claro que não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe e renascer! " Respondeu Jesus: "Digo-lhe a verdade. Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito. O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito ... Perguntou Nicodemos: "Como pode ser isso?" Disse Jesus: "Você é mestre em Israel e não entende essas coisas? Asseguro-lhe que nós falamos do que conhecemos e testemunhamos do que vimos, mas mesmo assim vocês não aceitam o nosso testemunho. Eu lhes falei de coisas terrenas e vocês não creram; como crerão se lhes falar de coisas celestiais? ... Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
Jesus falou de renascimento individual no campo espiritual e ensinou que isso se dá através da aceitação dele como Salvador. A última frase desse texto (João 3:16) é o versículo mais conhecido e usado da Bíblia e resume o “nascer de novo” do cristão, bem como sua entrada na estrada aberta por Jesus.
Concluindo, precisaremos fazer grande esforço de adaptação ao “novo normal” que se apresenta diante de nós. Haverá riscos e ansiedade, mas, em compensação, novas portas vão se abrir e oportunidades inesperadas vão aparecer em muitos campos da vida humana.

Precisaremos passar por um renascimento espiritual. E isso começará com a aceitação de Jesus e a decisão de verdadeiramente andar nos caminhos que Ele indicou. E esses caminhos podem ser resumidos em dois aspectos: 1) amar a Deus sobre todas as coisas e 2) amar ao próximo como a nós mesmos.

O renascimento proporcionado por Jesus não é apenas ter uma fé intelectualizada e/ou estéril. Trata-se de viver aquilo que se acredita. É ter uma fé que muda tudo, que faz tudo novo.

Amém

Nenhum comentário:

Postar um comentário