segunda-feira, 10 de agosto de 2015

CUIDADO COM A RELIGIÃO DO "NÃO"

"Você não pode fazer isso porque é pecado". "Você vai para o inferno se fizer aquilo". Frases assim são ouvidas com frequência em muitas igrejas cristãs. É como se muitos(as) cristãos(ãs) fossem forçados a viver uma religião baseada no controle externo sobre suas vidas - o que eu apelidei de "religião do não". 

Será que isso agrada a Jesus? Penso que não e me explico. Se olharmos para os ensinamentos d´Ele, veremos que Jesus não se preocupou em estabelecer um esquema para controle da vida das pessoas. Por exemplo, quando lhe perguntaram como fazer para cumprir a lei do "amor ao próximo", Jesus simplesmente contou a parábola do "bom samaritano" (Lucas capítulo 10, versículos 30 a 37). Demonstrou que, para Ele, a melhor forma para ensinar as pessoas a viver era dar um bom exemplo

Jesus agiu assim porque desejava que as pessoas introjetassem o espírito das leis dadas por Deus e assim passassem a viver normalmente com base nelas. Em outras palavras, Jesus não defendia a ideia que a vontade de Deus deva ser imposta de fora para dentro, com base num controle externo, inclusive apelando para ameaças de punição com o inferno. O comportamento correto precisa se alcançado a partir de uma mudança interior (que começa na conversão).

O apóstolo Paulo completou esse ensinamento afirmando que as leis deixariam de ser necessárias se as pessoas mudassem de fato, pois aí a própria consciência delas passaria a ser um guia confiável para suas vidas.

Ora, se foi isso que Jesus e Paulo ensinaram, por que o cristianismo continua frequentemente sendo uma religião baseada no controle externo, uma "religião do não"? Por que tantos líderes cristãos ainda entendem ser preciso regular a vida das pessoas, chegando a detalhes como controlar a música que elas ouvem, os lugares que frequentam e até como se relacionam com o sexo oposto?

Penso que há duas razões para isso. Primeiro, porque é mais fácil liderar uma comunidade cujo comportamento é controlado por regras bem definidas, quando não há mais nada a debater e cabe às pessoas apenas obedecer e cumprir o que lhes foi imposto. 

E não podemos esquecer que tudo fica ainda mais facilitado quando é estabelecido um "patrulhamento" dentro da comunidade religiosa, isto é os próprios membros dela se encarregam de tomar conta uns dos outros, denunciando os eventuais "desvios" de comportamento.

A segunda razão para a predominância da "religião do não" é que tal linha de conduta dá muito poder aos(às) líderes religiosos. Afinal, cabe a eles(as) definir o que as pessoas podem ou não fazer - é frequente encontrar comunidades cristãs onde as pessoas pedem permissão aos(às) pastores(as) até para comprar uma geladeira nova. Um verdadeiro absurdo.

Reconheço que as pessoas, logo depois de se converterem e antes de serem discipuladas adequadamente, precisam passar por uma fase da sua vida espiritual onde se torna necessário dizer para elas o que fazer, especialmente quando essas pessoas viviam antes uma vida muito desregrada. Mas isso só deve acontecer por pouco tempo, até que as pessoas aprendam a distinguir o certo do errado, isto é sejam adequadamente discipuladas ("educadas" espiritualmente).

Essa estratégia é a mesma que usamos no processo de educação das crianças. No início da vida delas, antes de serem devidamente educadas, os pais precisam lhes dizer o que fazer. Mas depois elas precisam aprender a tomar suas próprias decisões.

Concluindo, se sua igreja tenta controlar a vida dos membros, se nela o que mais se ouve é "você não pode fazer isso ou aquilo" e se você não é incentivado(a) a aprender a tomar as decisões certas, com base num conhecimento sólido da doutrina cristã, provavelmente esse não é o melhor lugar para você viver o cristianismo. Pense seriamente em passar a congregar em outra comunidade.

Com carinho

4 comentários:

  1. Vinicius
    Sinto isso onde estou..no Salao do Reino dsd Testemunhas de Jeova. Fui Tj a vida toda, mas de 2013 pra ca desanimei..duvidei..creiobem algumas doutrinas piamente, mas questiono outras como o exclusivismo parecido com o que comentou.
    Conhece as Testemunhas?

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    1. Conheço bem. E é importante você entender que as Testemunhas não é uma denominação considerada cristã. E falo isso sem qualquer desrespeito, apenas no intuito de esclarecer as coisas para você.

      Isso porque eles não vêem Jesus Cristo como o Salvador da humanidade. O Filho de Deus. Seu papel paras as Testemunhas é outro.

      Além disso, a Bíblia que seguem, normalmente editada pela Sociedade Torre de Vigia, teve partes do texto original expurgadas.

      E sem dúvida trata-se de denominação que é profundamente legalista e a ela se aplica sem dúvida tudo que falei aqui. Como também há denominações cristãs que também estão no mesmo caso.

      Eu tenho muita dificuldade com esse tipo de religião, como meu texto deixa bem claro. Sinceramente não recomendo para ninguém.

      Abs
      Vinicius

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    2. Entendi. Obrigada Vinicius, me ajudou muito. Tem posts aqui no seu blog que falam sobre elas ? Tenho buscado muito outras opinioes.

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    3. Falo sobre esse tema diversas vezes aqui no blog. É só procurar.

      Abs
      Vinicius

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