quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

PRECISAMOS DEIXAR OS FILHOS "VOAREM"

O primeiro milagre de Jesus relatado pelos Evangelhos ocorreu numa festa de casamento onde o vinho tinha acabado. Veja o relato a seguir:
No terceiro dia houve um casamento em Caná da Galileia. A mãe de Jesus estava ali. Jesus e seus discípulos também haviam sido convidados. Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: "Eles não têm mais vinho". Respondeu Jesus: "Que queres de mim, mulher? A minha hora ainda não chegou". Sua mãe disse aos criados: "Façam tudo o que ele lhes mandar". Ali perto havia seis potes de pedra, do tipo usado pelos judeus para purificações cerimoniais... Disse Jesus aos criados: "Encham os potes com água". E os encheram até à borda. Então lhes disse: "Agora, levem um pouco do vinho ao encarregado da festa". Eles assim o fizeram e o encarregado da festa provou a água que fora transformada em vinho, sem saber de onde este viera... Este sinal miraculoso... foi o primeiro que Jesus realizou. João capítulo 2, versículos 1 a 11
Um casamento judeu sem vinho era uma tragédia: as famílias dos noivos iriam ficar extremamente embaraçadas perante os convidados. E aí Maria resolveu tomar providencias. Isso indica que ela tinha influência na casa onde a festa estava sendo realizada - provavelmente por ser parente de um dos noivos.

Jesus é chamado pela mãe para resolver o problema, pois ela sabia do poder do Filho para fazer milagres. Em outras palavras, Maria demonstrou fé absoluta nessa passagem.

E é interessante perceber o desenrolar do diálogo entre Maria e Jesus. A mãe contou para o Filho que o vinho tinha acabado, implicitamente pedindo-lhe para resolver o problema. E mesmo tendo sido surpreendido com o pedido, qual o filho que não atende um pedido da própria mãe, se estiver a seu alcance. E Jesus não foi exceção: realizou o milagre pedido por ela.

Maria fez algo muito interessante: disse para os criados obedecerem a Jesus e ficou numa posição secundária, deixando que Ele conduzisse os acontecimentos. Esse tipo de postura seria esperada de um discípulo, mas Maria era diferente. Ela era mãe de Jesus.

Sabemos que entre mãe e filho(a) costuma haver um "cordão umbilical" emocional, que muitas vezes dura por toda a vida. Uma ligação que se estabelecesse a partir do medo, tanto da mãe como do(a) filho(a), de que um não possa viver sem o outro.

Agora, ao colocar-se numa posição secundária e dizer para os criados obedecerem ao que Jesus mandasse, Maria deixou em segundo plano seu papel de mãe. Foi como se simbolicamente tivesse cortado naquele momento o "cordão umbilical" emocional que a ligava ao filho e deixasse que Ele seguisse adiante seu ministério, de forma independente dela.

Maria não transmitiu para o filho a angústia tão comum das mães, quando os filhos se tornam independentes, conhecida como "síndrome do ninho vazio". Ela deixou que Jesus voasse livremente.

A palavra de Maria foi de confiança no Filho - "façam tudo o que Ele lhes mandar". Ela deu espaço para o Filho vir a ser quem precisa ser. Vir a fazer o que tinha de ser feito.

E nesse sentido, Maria mostrou ser uma pessoa muito à frente do seu tempo, o que não é de causar surpresa, pois somente uma pessoa admirável poderia ter sido escolhida para ser mãe de Jesus.

Maria aceitou não ser "dona" do Filho. Não quis controlar sua vida. Deixou que Ele voasse livremente e assumisse plenamente sua missão.

E esse é um grande ensinamento para quem é pai ou mãe. Precisamos sim cuidar de nossos filhos(as), protegê-los(as) e guarda-los(as) de todo mal. Mas precisamos também deixá-los(as) voar livremente. Realizar todo o potencial que têm para suas próprias vidas. 

Com carinho

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